Jade acenou novamente para a filha. Chris segurava Liz no colo e ela estava indo deixar Liz numa creche por perto, apenas para deixar Jade descansar um pouco. Embora a garota não gostava de ficar longe da mãe.

Jonas havia saído cedo, e esse era o motivo da agoniação que Jade sentia. Ele nem havia ligado ou mandando alguma mensagem! Ela balançou a cabeça e foi em direção ao banheiro, tratar daquelas manchas roxas que estavam começando a doer.

Ela não sabia o que fazer, seu coração já estava fora dos limites. Ela sentia tantas saudades de Beck, como nunca sentiu de ninguém. Como se estivesse morrendo a cada dia...

Jade se olhou no espelho do banheiro, aquelas marcas roxas e arranhões avermelhados em sua pele pálida. Ela derramou uma lágrima. Não pela dor agonizante em todo seu corpo, mas sim pelo vazio que sentia em seu coração.

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Eram quase dez horas da manhã, e Beck estava sentado em um banco, um dos milhares que haviam naquele parque. As pessoas caminhavam juntas, riam, conversavam no celular ou então apenas se aborreciam com os filhos ou os cachorros. Beck suspirou, nada para fazer.

Sentiu seu celular vibrando no bolso e o pegou para ver o visor. Uma mensagem da Alex. Ele revirou os olhos.

De : Alexy♥

Para : Beck

Ms : Olá baby, como está ai? Já ta indo gravar né?

Ele não queria responder ou conversar com ela. Simplesmente isso. Colocou de volta o celular no bolso e passou a observar novamente as pessoas que caminhavam pelas sombras das árvores.Talvez fosse melhor terminar com ela...

Havia um lago cercado por perto.  Todo mundo parecia parar para tirar fotos e fazerem posses ridículas. Casualmente seus olhos pairaram sobre uma figura morena a distância.

Ela parecia ter de 20 anos para cima, era alta e usava botas de combate. Ela era incrivelmente bronzeada e tinha traços japoneses, havia uma mecha loira ao lado contrário da franja. Era bonita, mas não conseguia ter o primeiro lugar da Jade.

A morena tinha em seus braços uma garotinha. Tão branca como a neve e com cabelos pretos. Ele se lembrou novamente do que o fazia se arrepender a cada minuto que ficou longe. Beck suspirou e apoiou a cabeça nas mãos, fechando seus olhos.

Ele continuava sempre pensando nela, e não tinha como inverter essa situação.

A mulher começou a andar, ela iria passar na frente dele. Beck imaginou que ela estava indo para alguma rua famosa que havia por perto. Talvez para algum salão de dança ou então uma creche para aquela garotinha. Ele balançou a cabeça e voltou a olhar para as pessoas. Tão sem graça e tão ridículas.

Seus olhos pairaram novamente naquela morena por insistência, ele sorriu automaticamente ao ver a garotinha sorrindo para ele. O sorriso mais lindo do mundo, em segundo lugar. É claro. Aqueles olhos eram tão expressivos, azuis escuros como o mar e ao mesmo tempo tão claros quanto o céu. Ele já havia visto olhos assim uma vez, eram os olhos da Jade.

E doeu mais ainda ver como aquela garotinha, de dois anos talvez, se parecia tanto com a sua Branca de Neve perdida. E outra coisa que mais o deixava inquieto, era perceber que aquela garota não usava roupas comuns para crianças daquela idade, eram pretas, roxas ou verdes escuras. Nada rosa, com flores ou babados. Ele entrelaçou as sobrancelhas. Automaticamente se lembrou do que a Jade falava para ele quando o assunto eram crianças.

- Eu apenas odeio elas! São tão insuportáveis. – Ela resmungou. Beck revirou os olhos. Não havia um motivo válido para sua namorada odiar tanto assim as crianças. Ele decidiu fazer um jogo.

- Falaria isso de seus filhos? – Beck sorriu maliciosamente. – Dos nossos filhos?

Ela mordeu os lábios, segurando um sorriso de orgulho. – É claro que não. Seriam meus filhos e eles não seriam insuportáveis.

Beck entrelaçou as sobrancelhas. – Seriam como qualquer outra criança...

Jade o interrompeu. – Não. – Ela sorriu. – Eles não usariam essas roupas coloridas estúpidas e teriam personalidade. Eles seriam diferentes...

Beck assentiu. – Uma mini Jade?

Jade negou com um sorriso, olhando fixamente para ele.- Um mini Beck.

Talvez fosse...? Não. Não... De maneira alguma Jade teria um filho, ou filha. Aquela garotinha não era filha da Jade, por mais que fosse super parecida ou usasse roupas que a deixavam uma versão-mini, aquela garotinha não seria filha da sua Jade. Ele estava apenas enlouquecendo.

Beck observou as duas saírem rapidamente do seu campo de visão, e olhou as horas no celular. Ele suspirou e se levantou, seguiria aquela mulher.

Agora você pode achar que ele deve estar ficando maluco, mas não. Talvez aquela garotinha fosse a única capaz de dá-lo tanta felicidade assim, ele sentiu algo diferente a vendo. Ele queria a ver de novo.

Beck fez seu caminho entre as pessoas, e não demorou muito para ver aquela morena e a garotinha do outro lado da rua, ele apenas observou a medida em que se aproximavam de uma creche. Elas entraram, Beck sorriu.

Talvez amanhã estariam aqui de novo, ele pensou. Seria muita perda de tempo aparecer aqui no mesmo horário só para as verem novamente? Aquela garotinha havia chamado atenção dele, ele queria a ver sorrir de novo... Parecia tanto a Jade.

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Jonas havia chegado em casa, e obviamente eu não iria me atrever novamente a perguntar o porque da demora. Há meses ele não é mais ele.

- Como está? – Ele beijou-me friamente na bochecha. Revirei os olhos. Desde então meu mau humor domina. Eu sinto que estamos perto de separar e isso dói, e se eu não achar mais ninguém? E se Liz não suportar ficar sem ele?

- Bem. – Suspirei, ignorei o fato do meu corpo estar com manchar roxas. -... Onde esteve?

- Ah... Com Adam, estávamos jogando tênis. Bom, amanhã ele estava vindo aqui. Vamos jantar juntos, aceita cozinhar? – Ele olhou para mim. Assenti pesadamente.

- É, tudo bem. – Me levantei e fui em direção a ele, o beijando docilmente. Como um beijo de palco. Eu não queria terminar com ele. Sentia meu coração doendo por ter passado por aquilo.

Era como se aquela minúscula felicidade que existiu quando o conheci, fosse desaparecendo conforme os dias passavam...

- Onde está Liz? – Ele passou os braços pela minha cintura. Eu sei o que ele quer. Jonas realmente não presta.

Mas eu devo o agradecer, pois afinal, se não fosse ele... Em dois anos eu não conseguiria tanto assim em uma carreira.

- Com Chris. – Olhei no fundo dos olhos dele, e pela primeira vez desde que nos conhecemos, me surpreendi ao não encontrar os olhos castanhos do Beck. Levei um susto, mas preferi não demonstrar.

- Temos a casa inteira vazia? – Um sorriso malicioso preencheu o rosto dele. Assenti, agora com um sorriso falso.

- Temos. – Me inclinei e voltei a beijá-lo, agora ele estaria ciente do que fez ao meu corpo. Tornei o beijo rude e nada amoroso.

Era apenas prazer que ele queria, então era só isso que manteria nossa relação por mais um tempo, antes de eu pensar no que fazer para Liz. Eu não queria ser uma mãe solteira com minha filha implorando para ver pai dela.

Mesmo se não fosse o pai de verdade.