All Apologies. escrita por Catarina_Rocks


Capítulo 2
CAPÍTULO 1: De volta para minha terra.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! E aí? Gostaram do prólogo? UHSAUHSA. Esse aqui é o primeiro cap dessa minha fic, que está na minha cabeça a um bom tempo, mas só agora eu resolvi postar. Não se enganem pelas aparências esse é meu aviso com essa fic ela é um drama, mesmo que você não sinta isso. Todos humanos, os personagens e Twilight não me pertencem e blá blá blá. Comentem se gostam, eu preciso saber se continuo ou não. Bem, é isso. Aproveitem.



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CAPÍTULO 1: De volta para minha terra.

BPOV.       

“Merda! Merda! Merda!” Praguejei baixinho quando senti meu dedão do pé bater com força no pé do sofá.

Ouvi ronquinhos de Masen e lhe lancei um olhar mortal para não zombar de uma mulher no meu estado. Já se faziam quatro horas e meia desde que resolvi limpar a casa suja por duas semanas completas sem uma faxina, usando aquilo como pretexto para não pensar em nada que estivesse relacionado á Forks.

Eu sabia que uma hora ou outra eu seria obrigada a enfrentar o baque da realidade, mas como eu não havia pensado em nenhuma desculpa convincente para recusar o convite do casamento do meu irmão, eu tentei abstrair um pouco.

Talvez se eu dissesse que Masen sofria de uma doença terminal e que ele não poderia estar voando até lá, eles pudessem me dar um tempo. Ou talvez se eu dissesse que o percentual de radioatividade transmitida por uma viagem de avião aumentou e meu nível de resistência não agüentaria até lá, eles pudessem entender melhor que da última vez.

Certo, eu definitivamente estava perdida.

Era como se eu não conhecesse Alice ou Rosalie com seus poderes sobrenaturais de convencimento e teimosia.

Bufei sentindo o dedo latejar de dor e me arrastei até a borda do sofá, ali me encolhendo.

Fechei meus olhos suspirando e logo encarei a pulseira de plaquinha em meu pulso.

Em todos esses anos, eu nunca a tirei. Eu sabia que ela era muito mais que uma pulseira de amizade. Era como uma conexão direta para o coração de meus cinco melhores amigos.

Lembro-me como se fosse hoje que Jasper apareceu com um par distinto do outro dizendo que aquele era um símbolo da nossa amizade eterna.

As pulseiras possuíam gravadas na folheagem em ouro branco as simples palavras ‘super gêmeos’, como alusão ao nosso apelido de colegial. Com o tempo, a minha ganhou um adicional de um pequeno coração de diamantes como prova do amor eterno que ele tinha para comigo. Não havia um dia em que eu não olhava para aquela pulseira e não pensava neles. Ás vezes eu apenas lembrava das tardes comendo fritas no Billy’s Bar ou das noites da pipoca na enorme casa dos Cullen. Aqueles foram os melhores anos da minha vida e a pulseira era a única coisa que me unia ao passado, que eu ainda tinha coragem de manter.   

Eu nasci e cresci naquela pequena e chuvosa cidade de Forks. Qualquer pessoa em sã consciência diria a você que odiava o aspecto rústico e arcaico que a cidade proporcionava, mas eu era completamente diferente – eu amava aquela cidade e tudo nela. Principalmente a chuva, ela me acalmava e considerando que ela acontecia em oitenta por cento dos dias em Forks, apreciá-la parecia o melhor passatempo que você poderia conseguir.

Meus pais moravam em Forks desde adolescentes, onde se conheceram e casaram em conjunto aos seus melhores amigos.

Esme, Renée, Charlie e Carlisle eram como os três mosqueteiros, sendo sempre inseparáveis. Eles se casaram no mesmo dia, na mesma hora e foram até morar juntos na mesma casa. Meu pai, Charlie, era policial na época enquanto Carlisle fazia sua residência no hospital público de Port. Angeles. Minha mãe Renée e minha madrinha Esme eram donas de casa e eles viviam bem com a rotina de casados em conjunto.

A alegria deles aumentou consideravelmente quando Esme Cullen anunciou estar grávida de um casal de gêmeos, mas então eles decidiram que era melhor cada um viver em sua própria casa para melhor conforto das crianças. Meu pai conseguiu ser promovido e se tornou Chefe de policia da cidade, podendo comprar uma casa simples, mas bonita no centro da cidade, enquanto Carlisle terminava com êxito o curso de medicina e com pouco dinheiro comprou uma pequena casa nos limites de Forks. Eles passavam certas dificuldades financeiras devido à idade jovem deles, mas nada que os fizesse mal e um sempre ajudava o outro em momentos de dificuldades.

Foram nessas e outras que Marie Alice Cullen e Edward Anthony Cullen nasceram para se tornarem o xodó dos quatro amigos.

Mas, em apenas três meses após Esme dar a luz, minha mãe anunciava sua gravidez sendo incrivelmente, também de gêmeos e sendo eles um casal.

Foi em uma aula de parto em que minha mãe e Esme freqüentavam que elas conheceram a mãe solteira grávida Irina Hale. Irina morava com a mãe e pretendia ter seus também filhos gêmeos sozinha e nas aulas se tornou grande amiga de Renée e Esme. Um tempo depois, Rosalie e Jasper Hale nascem seguidos de dois meses após eu, Isabella Marie e Emmett Swan nascermos.

Bem, e o resto, como dizem, é história. Nada como ser melhor amiga dos filhos dos melhores amigos de seus pais.

Rose, Jazz, Emm, Edward, Alice e eu nos tornamos como uma panela repleta de arroz muito grudento. No primário, mesmo Alice e Edward sendo um ano mais velhos, nós sempre estávamos juntos. Costumávamos dormir um na casa do outro toda a semana, brincávamos de tudo, vivíamos um na cola do outro, em resumo, éramos como irmãos.

As pessoas falavam muito de nós, pois nosso grupo sempre foi algo impenetrável e exclusivo. Com o tempo, fomos crescendo e amadurecendo – todos sempre comentavam sobre quem seria o primeiro casal que sairia da turma dos gêmeos. E claro, que se existe uma turma de três meninas e três meninos, tão unida como a nossa, todo mundo irá achar que sairá casamento.

Mas não era tão fácil assim, muito porém. Alice e Jasper eram melhores amigos – eles se identificavam mais um com o outro do que com qualquer um de nós. Então, era aquela coisa; os dois estavam sempre juntos e falavam sobre tudo. Para falar a verdade, Alice nunca viu em Jasper um potencial namorado e vice-versa, eles eram mais para dois irmãos que qualquer outra coisa. Claro, se você prestasse bem atenção saberia que os dois haviam sido feitos um para o outro, pois Alice mantinha aquela pose controladora e histérica que apenas a calma e paciência de Jasper seria possível de agüentar. Mas isso era algo que para os dois sempre foi irrelevante, e então nenhum tipo de declaração ou passo a frente foi dado até eles realmente ficarem mais velhos.

Rose e Emm eram um caso á parte. Todo mundo sabia que aquilo daria samba, mas não por eles combinarem ou parecerem perfeitos um para o outro. Era porque um sempre queria matar o outro. As coisas com eles eram assim: aquela tênue linha entre o ódio e o amor, onde Rose sempre provocava Emmett com piadinhas sobre sua masculinidade e Emmett sempre abdicava do fator loira de Rose. Era uma constante guerra entre os dois, até o dia em que eles estavam na nossa casa no meio de uma discussão acalorada, e Emmett mandou Rose calar a boca, fazendo-a gritar como uma louca, não deixando ao meu irmão escolha a não ser calá-la com um beijo. E bem, a partir daí eles viviam entre tapas e beijos, literalmente.

E por último, havia Edward e eu. Eu sempre soube que ele era O cara para mim. Foi uma coisa inevitável, não sei explicar. Desde pequenos, nós sempre gostávamos de nos chamar de namorados, ele sempre me tratava com cuidado e me protegia de tudo e todos. Posso dizer claramente que talvez já tenha me apaixonado por ele aos dois anos de idade, quando disse minha primeira palavra. Havia sido ‘Ewaud’, e foi um certo desafio aos meus pais decifrar aquilo como o nome dele, mas assim que eu disse, parecia que nós fomos predestinados a algo a mais.

Quando eu tinha meus onze anos e Edward doze, num dia qualquer, resolvemos assistir um filme bobo de sessão da tarde. Á essa altura eu já podia me dizer perdidamente apaixonada pelo meu amigo de olhos verdes profundos e rosto perfeito de anjo. Então, quando ele propôs que nós imitássemos a cena do filme em que os  personagens principais se beijavam, eu não titubeei e naquela tarde chuvosa dei em Edward meu primeiro beijo. Eu estava flutuando, mas nós permanecemos amigos que se beijavam de vez em quando nas horas vagas, até o dia em que no meu aniversário de quinze anos Jacob Black me chamou para sair e eu aceitei.

Edward entrou em colapso e num ataque de ciúmes me seguiu no encontro até Port. Angeles e no meio do cinema onde eu e Jacob estávamos, ele puxou o coro de Jazz e Emm e eu presenciei meus amigos prestarem o ridículo papel de cantar Linger dos Cranberries, como uma serenata para mim. Apesar da vergonha imensa e do fora colossal que eu tive que dar em Jacob, foi naquela noite em que nós dois nos declaramos e oficializamos o namoro.

Ele era minha alma gêmea, meu par perfeito, o amor da minha vida. Éramos perfeitos um para o outro... bem, até aquela noite.

Pisquei meus olhos perdida em pensamentos, quando ouvi murros na porta e resignada levantei-me sendo seguida pelos passinhos pesados de Masen.

“Quem é?” Perguntei encostada ao portal.

Ouvi uma bufada de fora e a voz abafada falou. “Sou eu, Bree.”

“Oi.” Disse lançando-lhe um sorriso sem graça, quando abri a porta de dei de cara com minha doce e linda amiga Bree.

“Você está horrível! O que foi que aconteceu com você?!” Ela perguntou assim que bateu seus escuros olhos castanhos em mim, observando a minha provável aparência de Frankenstein em um dia ruim.

Rolei meus olhos, dando espaço para ela entrar. “Olá pra você também.” Eu disse enquanto ela dava de ombros e andava em direção a Masen que chiava por atenção.

“Olá lindinho!” Ela exclamou com voz de bebê, abaixada, brincando com ele. “Por que parece que sua mãe não toma um banho á um bom tempo?!”

Bufei alto. “Porque banho é a última coisa que eu posso fazer, quando penso em maneiras de como devo me matar.” Eu respondi, batendo a porta e me jogando de costas no sofá.

Bree bateu rapidamente os olhos em minha direção e arqueou uma sobrancelha, sentando-se na poltrona em frente ao sofá. “Certo, certo sua nojentazinha suicida, o que foi que houve?”

Bufei fechando os olhos e me concentrei em responder. “Aperte a secretária do telefone.” Ordenei e a vi fazer o que eu pedi, sentando-se quando as duas mensagens voltaram a aparecer.

Ao fim delas, Bree me olhava com os olhos arregalados e mão sobre a boca. “Então, o quê? O Edward vai casar?”

Fechei a cara. “Sim, quer dizer, não. Não, não agora. Quem vai casar é o Emm, mas talvez não demore para o Edward casar. Você ouviu, ele está noivo.”

“Mas agora, você tem de voltar?” Ela perguntou e eu assenti. “Deus, eu estou me sentindo em O casamento do meu melhor amigo... E isso não é legal, pois nesse caso eu seria o amigo gay.” Ela brincou.

“Não tem graça!” Exclamei jogando uma almofada em sua direção. “Você não entende a gravidade da situação?!”

“Entendo Bella. Mas, você sabe, todos esses anos longe tiram de você a obrigação de ir.” Ela disse séria.

“Eu não posso simplesmente não ir. No enterro do papai, foi aquele vexame, em que eu fiquei longe de todo mundo e não falei com ninguém até ir embora. E no casamento da Allie, eu nem mesmo apareci, se eu não for agora eles vão me odiar muito mais do que já odeiam.” Suspirei.

“Bem, pela mensagem da Rosalie ela não pareceu odiar você.” Bree consolou.

“Ai, eu não sei... Eu não sei se consigo voltar. Eu fiz todo esse esforço pra me afastar e agora vai tudo por água a baixo?”

“Olha,” Ela começou andando até mim e sentando-se ao lado do sofá no chão. “talvez, isso seja um sinal de que você deve voltar a falar com eles. Lembra que você prometeu a si própria não fazê-los sofrer e por isso você foi embora? Então, eles já sofreram sentindo sua falta, você não acha que já está na hora de voltar atrás nessa promessa e... só... ver no que dá depois?” Ela aconselhou com um olhar calmo e apreensivo.

Eu mordi o lábio inferior odiando-a por fazer aquilo. Eu já sabia como era o esquema de Bree, eu iria acabar fazendo o que ela queria, porquê ela conseguia ser mais letal que Rose ou Alice juntas.

Eu conheci Bree numa das minhas primeiras viagens que fiz logo depois que fui embora, ou fugi – use como preferir – de Forks. Eu esbarrei nela no ônibus que ia em direção ao Canadá e acabei contando á ela tudo sobre mim. E eu contei tudo mesmo, incluindo, o segredo.

A partir dali, nos tornamos amigas e ela me acompanhou em todo lugar possível, viajando comigo e Masen pelo mundo. Quando ela conseguiu um emprego de contadora em Chicago, pensou em desistir da vida maluca de andarilha e me chamou para vir com ela para que nós duas descobríssemos o mundo novo que aquela oportunidade nos traria. Eu, obviamente, aceitei e nós resolvemos morar juntas, enquanto eu tentava sobreviver com meu “bico” de escritora amadora, onde eu publicava histórias em um site e ganhava um pequeno salário que me ajudava a cobrir as contas e olhe lá.

Com o tempo, Bree se tornou muito bem sucedida e eu fui sendo reconhecida em minhas publicações e cheguei á um ponto onde eu já podia comprar meu próprio apartamento e podia deixar Bree convidar seu novo namorado, Ryan, para morar com ela sem ter minha presença atrapalhando.

Nós morávamos aqui a mais ou menos dois anos e não havia um dia em que eu não agradecia por ter vindo morar em Chicago. Eu passei a amar a cidade, as luzes, seus pontos turísticos que iam desde ir ao o John Hancock Center apreciar a vista, até ir ao Michigan Lake patinar em dias de inverno. E em resumo, minha vida aqui era parcialmente boa. Eu não tinha muitos amigos além de Bree e Ryan, mas ainda sim eu me sentia feliz – eu sabia que cultivar amigos, para uma pessoa como eu, apenas me faria sofrer mais. Afinal de contas, foi por isso que eu decidi cortar relações com a minha vida em Forks. Seria tudo muito doloroso.

“Eu estou tão... confusa.” Desabafei com Bree. “Eu tenho tanto medo de voltar e ver que todos estão ressentidos, tenho tanto medo de ver tudo o que eu perdi, tanto medo de olhar de novo nos olhos dele!”

“Bella, por favor, pare de ser absurda!” Bree implorou, olhando-me nos olhos. “Você é a mulher mais forte que eu conheço, eu sei que você dá conta. E não é como se eles odiassem você, você foi e ainda é a melhor amiga deles, vocês são família, não dá pra odiar a família, por mais que a gente queira.”

Choraminguei e levantei num impulso, andando de um lado para o outro. “Ok, digamos que eu vá.” Ponderei. “Como você acha que eu vou reagir quando chegar lá e ver... ver... você sabe.”

“Oras, mulher, você vai levantar a cabeça e encarar tudo com fibra.” Bree falou autoritária. “Ele seguiu em frente, não era isso o que você queria? Pois bem, agora você verá o quão feliz ele está com outra pessoa.”

“Isso não ajuda muito.” Eu retruquei.

“É a verdade.” Ela deu de ombros. “Pense nisso como uma oportunidade de resolver suas coisas pendentes com todos eles, talvez você tenha um adeus decente.”

Suspirei. “É talvez... talvez você tenha razão. Mas o ponto não é só eu reencontrar todo mundo e fingir que isso não é nada demais, Bree. Não é como se eu não tivesse pensado nisso pra ele quando tudo aconteceu, eu queria e quero que ele esteja feliz, mas... dói saber que não sou eu quem está o fazendo feliz.”

“Bella tente não... tente não pensar nisso, ok?” Bree me pediu e eu assenti resignada.

Fechei os olhos e respirei fundo, me virei para Masen que me olhava com o focinho para cima e pigarreei. “Bebê, acho que nós dois vamos voltar pra casa.” Informei, porém ele continuou me olhando sem nenhuma reação.

Ele devia estar em choque.

 “Você vai comigo, não vai?” Me virei, encarando Bree.

Ela balançou a cabeça em negação, com um sorriso triste. “Eu adoraria ir lá e te dar apoio, mas eu vou ter que ir trabalhar.”

“É só um dia, pra ir e voltar, consegue uma folga e vem comigo.” Insisti.

“Você é a Dama de honra.” Ela disse como se justificasse tudo e eu franzi o cenho. “Você tem que ir o mais rápido possível, ajudar com ensaios e essas frescuras todas – sem falar que, você pode ir ficar lá umas duas semanas, matar as saudades de todo mundo e tudo mais.”

“Você está falando de ir, tipo, amanhã?” Perguntei incrédula.

Ela assentiu e sorriu docemente. “Vamos lá Bella, eu sei que você consegue. Se você topar, eu posso contratar um prostituto de aluguel.” E eu a olhei como se um terceiro olho tivesse nascido em sua testa.

“Você sabe, como em Muito bem acompanhada – o final é mais feliz que em O casamento do meu melhor amigo.” Ela brincou e lhe lancei um olhar mortal.

“Não zombe da porcaria da minha vida, Bree.” Disse irritada.

“Estou apenas quebrando o clima. Desculpe.” Ela pediu. “Mas, agora, eu acho que você devia ir fazer suas malas.” E a única coisa que pude fazer, foi gemer em resposta.

(...)

Atenção passageiros do vôo um cinco meia com destino a Port. Angeles, aterrissaremos em cinco minutos ao nosso destino, por gentileza, aguardem as instruções da aeromoça para desembarcarem do avião.”  A voz do piloto surgiu pelos auto-falantes fazendo com que eu acordasse instantaneamente.

Respirei fundo tomando consciência de onde estava naquele momento. O vôo de mais de sete horas, me deixou com tempo de sobra para pensar mais sobre tudo o que havia acontecido em um curto espaço de um dia. Porém, eu não hesitei em tomar um calmante que havia me feito dormir durante toda a viagem. Eu apenas não gostava da idéia de ficar divagando sobre a possível raiva que Alice tinha de mim, do repentino noivado do meu irmão com a minha melhor amiga, ou com a notícia de que o provável amor da minha vida estava noivo e havia seguido em frente desde que eu quebrei seu coração. Não, todas aquelas informações pareciam ser demais para alguém com um já grande potencial de problemas nervosos.

Quando o avião pousou em Port. Angeles, inevitavelmente, estava chovendo. Eu tive um leve lapso de nostalgia ao encarar novamente o complicado clima da Península Olímpica, no noroeste do estado de Washington. Algo em como as nuvens se formavam de forma mais acinzentada ou que a chuva batia de jeito mais barulhento e forte, tornava aquele lugar único. Era quase ridículo de se pensar, mas a verdade era que em  nenhum lugar chovia como chovia ali – talvez ela ficasse mais especial naquela parte do país, não sei, ou talvez fosse apenas minha mente fértil entrando em ação. Mas eu apenas senti vontade de sorrir ao ouvir o inconfundível barulho da água se chocando ao chão que ouvi durante toda a minha adolescência.

As minhas mãos estavam suando, resultado de um nervosismo absurdo, enquanto eu passava para a sala de desembarque de animais e cargas pesadas. A gaiolinha onde Masen se encontrava dormindo – devido á um leve remedinho que eu lhe dei antes da viagem – chegou a minha visão e eu sorri ao encontrar meu bebê bem. Só Deus sabia como eu fiquei perdida e preocupada durante todo o vôo sem ele. Eu via as pessoas ao meu redor estranhando o fato de eu estar segurando um porco de estimação de tamanho pequeno no meio do aeroporto, mas eu já estava acostumada com aquilo.

Masen beirava aos seus oito anos de idade. Eu o ganhei de presente de Edward no meu aniversário de dezenove anos, como lembrança de uma vez em que nós éramos pequenos e nossos pais nos levaram para um restaurante chique em Seattle e eu fiz certo escândalo ao descobrir que eles matavam os porquinhos para depois comê-los como canibais. Edward sempre ria desse dia – o dia em que eu surtei e virei uma vegetariana radical aos oito anos de idade – e disse que Masen seria sempre a lembrança de como eu era estranha. Eu resolvi chamar o porquinho de Masen em homenagem ao falecido avô de Edward e eu não preciso dizer que ele só faltou chorar de emoção quando eu lhe contei isso. Eu gostava de me lembrar daqueles dias, os primeiros dias de Masen comigo. Todos o amavam muito, mas sempre que eu o levava para a casa dos Cullen, Sue pirava de medo achando que ele iria acabar atacando um de nós.

De alguma forma, Masen se tornou parte de mim. Depois de um mês que eu havia o ganho, minha mãe, Renée, sofreu um infarto do coração e faleceu em instantes. Eu sabia que todo mundo havia ficado mal, mas lembro-me que eu praticamente desabei e se não fosse o fato de Edward e Masen estarem comigo, talvez eu não tivesse agüentado.

Depois de pegar minhas malas e ligar para a companhia de aluguel de carros me trazerem a Mercedes-Benz 2012 preta, eu me preparei para a viagem de uma hora até Forks. Eu havia escolhido aquela Mercedes por dois motivos. Primeiro, ela era o carro que Edward queria ter com dezessete anos, mas teve que se contentar com uma caminhonete Chevy. E segundo, eu estava particularmente um pouco mais masoquista hoje.

O trajeto da viagem pareceu surpreendentemente mais longo, mas eu não sabia se era pelo meu nervosismo aumentando a cada quilômetro percorrido ou se pelo fato de eu não ter passado por ali por mais ou menos quatro anos, desde o enterro do meu pai.  Ao som de Un-break My Heart de Toni Braxton – sim, eu não estava apenas nostálgica, eu estava perigosamente melosa e brega – fui percebendo a proximidade á Forks e observei as mudanças a cada vez que avançava.

Tudo continuava verde: as árvores, os troncos cobertos de musgo, os galhos pendurados formando uma cobertura, o chão coberto com plantas. Até mesmo o ar que ficava meio verde ao passar pelas folhas. Era muito verde, sempre foi – era como um planeta alienígena. Mas, de algum modo, era possível perceber as mudanças sutis que ocorreram com o tempo. Quanto mais próxima eu ficava, mais lojas eram vistas na beira da estrada – muitas de construção, algumas de produtos esportivos. Perguntei-me se o senhor Newton estaria encarando mal esse nível de concorrência com sua loja, já que aquele velho era completamente muquirana. Eu me lembro do modo em que ele me renegava folgas e salários adiantados por puro capricho na época em que eu trabalhava para ele. Claro, eu também desconfiava que seu filho, Mike, o pedia para fazer isso como tentativa de me fazer me aproximar dele, mas talvez fosse apenas paranóia minha.

Eu finalmente avistei a placa de Bem vindo á Forks, e assim que meu carro alcançou aquele território eu pude sentir os olhares em mim. É óbvio que as pessoas iriam comentar. Mesmo não tendo a mínima idéia de que era eu, Isabella Swan, a filha sumida dos falecidos Swan, a cidade inteira ficaria curiosa com a chegada de um carro de luxo como aquele naquela época do ano. Seria sempre assim: cidade pequena, um antro para a fofoca reinar. Não havia muitas pessoas andando pelas ruas; em Forks era mais comum andar de carro, pois por mais que fosse minúscula, ainda ninguém queria se molhar toda vez que tivesse que sair de casa. O número de casas e comércio havia aumentado, porém, nada muito exagerado – apenas o progresso comum do tempo.

Estava indo em direção ao conhecido trajeto da casa dos Cullen, podia ser um lugar meio escondido de se achar, mas eu me lembrava do caminho como a palma de minha mão. Masen acordou e começou a dar seus grunhidos barulhentos. Talvez ele já estivesse familiarizado com a volta á sua antiga e primeira casa, e por mais que eu gostasse de ouvi-lo, o barulho foi ficando um tanto alto demais. Eu estava tentando fazê-lo se calar quando ouvi um barulho de sirenes logo atrás de mim e não deixei de rolar os olhos ao perceber a ironia da situação. Encostei observando um homem moreno e alto saltar do velho carro patrulha.

“Carteira de motorista, por favor.” O rapaz, que eu não reconhecia, pediu olhando um bloquinho de notas quando eu abaixei as janelas do carro.

“Mas eu estava na velocidade permitida.” Me defendi antes de qualquer coisa.

O oficial, que parecia mais um garoto do que um guarda de trânsito, baixou seus olhos para mim e me avaliou com uma sobrancelha arqueada. Percebi que a plaquinha de seu uniforme tinha o nome Quil Alteara e logo associei ao velho Quil, um amigo de pesca de meu pai. “Carteira de motorista.” Ele repetiu com a voz autoritária.

“Você é filho de Quil Alteara, não é?” Perguntei ignorando seu pedido.

Ele arqueou mais sua sobrancelha grossa e me olhou desconfiado. “Você o conhecia?”

“Ele pescava com o meu pai.” Sorri, não me abalando com sua carranca mal-humorada e estendi minha mão através da janela. “Sou Isabella Swan.”

Vi seus olhos se arregalarem e um sorriso finalmente brotar por seus lábios quando ele virou-se para seu carro e gritou alto. “HEY, CARA, VENHA ATÉ AQUI!”

Eu já podia ver alguém da época do colegial saindo daquele carro e me fazendo mil perguntas, querendo fofocar sobre o tempo perdido e tudo mais. Honestamente, eu não estava com o mínimo saco para aquilo.

Quando o rosto familiar, porém diferente apareceu em minha visão, eu sorri e corri sem pensar abrindo a porta do meu carro e abraçando-o pela cintura. “Seth!” Exclamei feliz por vê-lo.

“Bella?!” Ele indagou confuso. Eu me afastei e o encarei. Ele estava tão mudado! Agora, ele tinha meu tamanho quase e seu rosto e voz estavam muito mais amadurecidos. Eu nunca pensaria que ele era um garoto de dezesseis anos, se eu o visse pela rua.

“Deus, olha só como você cresceu!” Eu disse sorrindo e ele corou.

“Você chegou hoje?” Ele perguntou me abraçando. “Eu senti sua falta, pra caramba!”

“Cheguei agora. Nossa, eu não consigo acreditar. A última vez em que eu te vi você era do tamanho de uma pulga.” Eu brinquei socando seu braço.

“Ei, eu tinha dez anos, mas não era tão pequeno assim.” Ele se defendeu sorrindo.

Um chiado alto veio do carro e virei meu rosto em direção a Masen que agora lutava por atenção.

Seth sorriu mais largo e bateu seus olhos em compreensão para o carro. “É ele?” Perguntou feliz e eu assenti. A próxima coisa que eu vi foi Seth abrindo o carro e pegando Masen no colo e o acariciando. O tal Quil olhava a cena de longe, talvez para dar mais privacidade, mas eu percebi que ele não pode deixar de rir com a excitação palpável de Seth com o Masen.

Eu sorri á imagem, pois eu sabia que Seth e Nessie eram apaixonados por Masen e brincavam sempre com ele quando eu ainda estava aqui, e mesmo com a aparência mais velha, eu ainda podia ver o brilho infantil em seus olhos. Ele era o mesmo Seth bobinho que eu havia deixado aqui.

“Você está indo para lá agora?” Ele perguntou desviando a atenção de Masen para mim, e eu assenti.

“Eu podia jurar que você não vinha. Na verdade, só a Esme e a Rose tinham profundas esperanças de que você iria aparecer. Não, Nessie também, mas acho que ela só disse isso para me contrariar.” Sorri tristemente, mas logo respondi.

“Eu vim, então pode desfazer sua aposta.”

Ele levantou os ombros em rendição. “Quem disse que eu apostei alguma coisa?!” Fingiu inocência.

Balancei a cabeça em negação. “Eu apenas conheço a Nessie, você e meu irmão, muito, muito bem.”

“Certo, certo.” Ele murmurou. “Eu posso ir com você? Meu turno estava acabando mesmo e uma carona seria ótimo.”

Sorri. “Claro que pode, eu tenho mil perguntas pra você e uma delas inclui como diabos você virou policial.”

“É só um estágio temporário, mas sabe como é, eu tenho esse sonho desde pequeno.” Ele respondeu sem graça.

“Sei sim.” Ri.

Seth se despediu de Quil e entrou no carro comigo. Eu fiquei impressionantemente mais aliviada quando ele passou estar comigo. Eu não precisava pensar em coisas idiotas ou lembranças dolorosas.

Ele passou o caminho todo me contando histórias desses anos todos de distância. Eu não sabia se ficava feliz por todos estarem bem, ou se ficava triste ao me dar conta de que eu havia perdido tudo aquilo.

Eu sabia de algumas coisas de suma importância agora. Alice estava grávida de sete meses – ninguém nunca havia mencionado isso nos postais de feriados em que eu mandava e vice e versa, mas deixei passar. Ela e Jazz estavam morando na casa Cullen, pois Jasper e Alice haviam montado um ateliê de artes em Port. Angeles. Emm e Rose compraram uma casa em Seattle e lá moravam á três anos, mas sempre estavam de visita por aqui. Nessie, segundo Seth, estava mais irritante que nunca, com suas coisinhas de menininhas frescas e blá blá blás, mas eu apenas ri vendo como não passava da implicância típica dos dois. Ele disse que Leah havia saído de casa e foi morar com a prima deles, Emily, em La Push – isso me deu uma brecha para saber de Jacob, que havia assumido os negócios do pai e era agora gerente do Billy’s Bar. Mas é claro, ele deixou o melhor para o final e já começo dizendo que não me senti muito bem ao descobrir que Edward morava há um ano e meio com a namorada, Izzy, e aparentemente a amava muito. Ele tinha um consultório aberto em Nova Iorque e de vez em quando passava por aqui por natais ou feriados importantes. Ele não era tão próximo como Allie e Jazz ou Rose e Emm, mas sempre dava um jeito de estar por perto, mesmo que por Skype.  

Como se eu já não estivesse mal por todas aquelas informações e com Seth me dizendo o quão negligente eu fora, mesmo que sendo totalmente inocente ao insinuar isso, eu descobri que Edward e sua noiva já estavam aqui, assim como todos os meus melhores amigos, se adiantando para o casamento.

A única coisa que eu vi quando estávamos próximos ao nosso destino, foi a fileira de três belos carros estacionados em frente a casa, que agora, estava mais como uma mansão que qualquer outra coisa. Meu coração crepitou nervosamente e minha cabeça começou a doer. Eu não conseguia acreditar que estava aqui e que em menos de cinco minutos, veria todos eles novamente. Eu sabia que precisava de força, eu só não sabia onde consegui-la.

Ao meu lado, Seth me olhou e sorriu encorajadoramente. “Bem vinda de volta, Bee.”  

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Amanhã tem mais! E aí eu explico tudinho aquilo que vocês não entenderam nesse cap. ;D Beijos. CaahRocks. Comentem, hein!