Propositais e Premeditados (HIATUS) escrita por isthattoomuch


Capítulo 5
Culpa dele


Notas iniciais do capítulo

to demorando a postar né :c como eu disse, muito trabalho escolar. mas muito, muito obrigada a quem está acompanhando (((:



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POV Melissa

– Foi bom no seu ônibus? - perguntou Carol com interesse, ajeitando seus materiais nos braços. Seus cabelos loiros caíam nos olhos frequentemente, levando-a a erguer o rosto.

Encarei o chão, andando lentamente pelo corredor do colégio, as mãos nas alças da mochila. Com sorte, talvez ninguém soubesse o que havia acontecido na volta de nossa excursão para casa; os passageiros do 1º ônibus pensaram que estivéssemos no 2º ônibus e vice-versa. Ninguém sabia que, novamente, eu e Ícaro havíamos nos metido em uma situação de perigo juntos. Ninguém sabia que fizemos toda a trajetória de volta a pé - o museu da excursão não era tão longe, afinal. Ninguém sabia que chegamos - arrasados física e psicologicamente - em casa aproximadamente quatro horas depois dos ônibus.

Melhor assim.

– Foi legal - engasguei, a voz ligeiramente aguda. É, eu precisava encerrar o assunto antes que houvesse interação entre os ônibus 1 e 2. - Prova hoje, né?

– Pois é - confirmou ela, desinteressada. Chegamos ao final do corredor, à porta de nossa classe, e nos entreolhamos com hesitação, as mãos de ambas erguidas em direção à maçaneta.

– Pode abrir - murmurei recolhendo a mão.

Entramos na sala discretamente, cada uma procurando seu devido lugar, e meu primeiro vislumbre foi de Ícaro sentado esparramado no “fundão”, os pés na base da cadeira de Jessica, que se sentava à sua direita. Nossos olhares se cruzaram e ele arregalou um pouco os olhos cor de mel, retomando a postura rapidamente em um reflexo.

Se eu gostei do beijo? Sim, eu havia gostado. Sorria involuntariamente sempre que me lembrava do momento, e uma parte de mim precisava repetir. Queria estar com ele, e isso não me saía da mente por nem um minuto.

E estudar com Ícaro não ajudava nem um pouco.

Me sentei em meu lugar, que ficava na outra extremidade do “fundão”, no meio de murmúrios animados de começo de semana, e longe do casal mais perfeito do colégio - obviamente, Ícaro e Jessica. E eu simplesmente não podia estragar aquilo.

Muito irônico eu ter essa habilidade.

– Melissa! - sussurrou Jessica, acenando. Seus perfeitos cachos castanho-escuros balançaram com graça. Acenei de volta com um sorrisinho amarelo.

Sobre ela: nenhuma vadiazinha fútil que rouba seu homem, como geralmente aparecem nas histórias. Na verdade, talvez eu fosse a vadiazinha que rouba namorados.

Enquanto eu tirava os materiais da mochila e colocava na carteira, me chamando de monstro e adjetivos pejorativos do gênero, o professor de História começou a comentar sobre a excursão. Arfei e afundei na cadeira, me imaginando bem sem graça, bem opaca, aquele tipo de garota que não chama a atenção na sala de aula. Muito menos quando seu professor começa um assunto no qual essa garota não pode tocar.

Em alguns longos e cansativos minutos o professor encerrou o assunto, entregando as provas de mesa em mesa, fiscalizando-nos ferrenhamente. Seu olhar duvidoso me furava a alma. Eu não tinha o hábito de colar, mas o prof. Luigi sempre me fazia sentir uma delinquente juvenil quando passeava pela sala nos vigiando.

Já respondia a segunda questão aberta quando senti outro olhar me furando a alma. Me virei para o lado, instintivamente. E lá estava Ícaro, atrás de várias cabeças concentradas em suas respectivas provas - algumas nem tão concentradas -, formando com seus lábios tão desejáveis a frase “Precisamos conversar”.

“Esquece”, respondi nervosa, também movendo os lábios. Estava tão tensa com tudo aquilo que até me esqueci da presença do professor ali na frente. Nem ao menos me preocupei com o que Jessica poderia constatar se me visse conversando em silêncio com seu namorado em meio à uma prova.

Ícaro respondeu com um semblante sério e decidido, e aquilo bastou para que eu me desesperasse. O que ele queria conversar? Ele tinha Jessica. Abri a boca para protestar silenciosamente, quando...

– Melissa - ressonou o prof. Luigi, e eu pulei de susto. - Ícaro. A conversa tá boa? - ironizou irritantemente, como sempre fazia. Puxou as calças para cima em um gesto habitual.

– Profess... - comecei baixinho, mas eu sabia que não adiantava argumentar. Não importava a situação, para aquele professor, eu sempre estava errada. Mas, provavelmente, nenhum outro professor aceitaria qualquer desculpa defronte à aquela situação. Suspirei, e senti vários olhares da classe se virando para mim.

– Já não é a primeira vez. Diretoria, vocês dois - anunciou calmamente.

Perfeito.


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Notas finais do capítulo

críticas, elogios, enfim, deixem sua opinião pls :33