- Ele não poderá falar muito, então evite fazer perguntas. - A enfermeira nos informou enquanto caminhávamos em direção ao quarto. 

- Ok. - Louis disse e me olhou. - Você está bem?

- Sim. - Disse baixo e olhei a enfermeira. - Ele já sabe como o Harry está?

- A mãe dele achou melhor não dar muitos detalhes, não queremos que o sr. Horan tenha complicações em sua recuperação. - A enfermeira disse parando em frente a uma porta. - Ele sabe que o estado do amigo não é tão estável.

- E quando pretendem contar? - Zayn questionou intrigado.

- Quando ele tiver alta. - A enfermeira disse colocando a mão na maçaneta. - Entrem aos poucos, é melhor. Primeiro, os dois garotos, por favor.

- Tudo bem para você, Jenni? - Louis indagou me olhando preocupado.

- Tudo bem, Lou. - Disse e tentei sorrir.

   Zayn e Louis entraram no quarto e a enfermeira os acompanhou. Eu acabei sozinha em um corredor de hospital. E isto era estranhamente familiar e atormentador. Lembranças ruins voltavam a minha mente, me torturando. Escorei na parede e fechei os olhos fortemente. Tentei respirar fundo repetidamente para amenizar aquela dor horrenda em meu peito. Lágrimas escorriam e minhas mãos tremiam. Eu sabia que para poder ver Niall teria que me controlar, mas naquele momento parecia impossível. A minha única vontade era de sair correndo pelo hospital, procurando por Harry. Eu queria vê-lo. Queria poder fazer algo para ajudá-lo. Senti-me extremamente egoísta. Eu também me preocupava com Niall, mas essa vontade esmagava toda a minha compaixão.

- Ok, você entra daqui alguns minutos, de preferência quando eles saírem. - A enfermeira disse novamente enquanto saía do quarto acompanhada pela Catarina e a mãe de Niall.

- Ok. - Disse e minha voz mais pareceu um sussurro.

- Jenni... - Catarina disse me olhando e me abraçou. - Ele vai conseguir se recuperar. - Ela apertou o abraço e as minhas lágrimas aumentaram. - Eu vou estar com você, ok? 

- Hunrrum. - Disse enquanto enxugava o rosto.

- Eu só vou levar a Maura para comer alguma coisa. - Catarina disse sorrindo e olhando para a mãe de Niall. 

  Apenas sorri e ela desapareceu pelo corredor. Alguns minutos depois, longos e dolorosos, os garotos saíram do quarto.

- Nós vamos estar na recepção. - Zayn disse enquanto segurava a porta para mim entrar e eu apenas assenti.

- Oi. - Disse tímida ao entrar no quarto.

- Oi. - Niall disse com dificuldade.

- Eu espero que você esteja melhor. - Disse me aproximando da cama e o olhando, seus lábios estavam inchados. 

  Os olhos dele, agora, extremamente claros, estavam fixados no meu rosto. Procurando por algo, talvez, lágrimas. Tentei sorrir e peguei sua mão com cuidado. 

- Pelo o que eu estou sabendo, você não demorará ter alta. - Disse sorrindo fraco.

- E o Harry? - Niall perguntou baixo.

   Reúni todas as minhas forças novamente, agora, as extras e fitei as nossas mãos.

- Ele ficará bem Ni. - Disse, tentando convercer a mim mesma disto.

- Todos falam isso. - Niall disse e sua voz abafada pareceu irritada. - Ele é meu amigo, eu quero saber a verdade. 

- Olha, - Disse me sentando na cadeira ao lado. - eu prometo, que assim que você conseguir levantar-se dessa cama, eu pego uma cadeira de rodas e te levo para vê-lo.

- Mesmo se as enfermeiras não deixarem? - Niall indagou e vi um sorriso se formar em sua face.

- Foda-se as enfermeiras. - Disse rindo baixo. - Nós vamos ver o nosso amigo.

   Passei bons minutos com Niall. Ele não conseguia falar muito, mas ver que ele estava consciente e melhor, era ótimo. Ás vezes, eu conseguia arrancar alguns sorrisos dele, mas eu via que eram momentâneos. Ele parecia tão preocupado com o Harry, quanto eu. 

- Eu preciso ir, acho que deve ter outras pessoas querendo te ver. - Disse me levantando.

- Espere. - Niall disse me puxando um pouco e eu o fitei. - Não tenha medo de desabar ás vezes, ok?

- Como? - Indaguei intrigada.

- Eu sei que o estado do Harry não deve ser um dos melhores e que você vai fingir ser forte, mas... Prometa que sempre que você quiser desabafar, venha conversar comigo. Eu vou estar aqui, pelo menos por um bom tempo. - Niall disse sorrindo e uma lágrima minha escapou.

- Eu vou tentar. - Disse e beijei sua bochecha.

   Saí do quarto e as lágrimas voltaram. Eu deveria ter sido melhor, deveria não ter demonstrado fraqueza. Niall precisava de mim, tanto quanto Harry. Mas ele estranhamente me conhecia e sabia muito bem que eu não estava nada bem. Na verdade, eu já me esquecera da última vez que estive realmente bem. Desde que a Caroline anunciou a maldita gravidez tudo havia ficado sofrido. E a cada momento, a vida nos jogava uma nova bomba. Um novo problema. Uma nova parede para nós quebrarmos.

- Ai meu Deus. - Zayn cochichou revirando os olhos.

- Isso não pode estar acontecendo. - Reconheci a voz de Caroline; ela estava sentada na recepção ao lado de Gemma.

- Concordo com você. - Louis respondeu baixo e irônico.

   A vadia chorava desesperadamente enquanto a minha cunhada a abraçava e acalmava. Já não bastava o acontecido, ver aquela cena era mais que repugnante. Para a minha sorte, Zayn e Louis estavam tão motivados a ver aquilo como eu.

- Vamos comer alguma coisa. - Zayn disse me puxando pelo braço e Louis nos acompanhou.

- Desculpe-me, mas a Gemma não deveria estar doando sangue para o irmão? - Questionei enquanto me sentava.

- Ela já fez os exames, está esperando os resultados e aquele show que você acabou de ver é porque a Caroline não pode doar sangue. - Louis disse enquanto trazia três cafés.

- O que não é surpresa, desde quando uma grávida pode doar sangue? E outra, ela nem tem o mesmo tipo sanguíneo que ele. - Zayn disse tomando um gole de seu café. 

- Então... Tem mais alguma notícia sobre o estado dele? - Perguntei e senti meu estômago contorcer.

- Precisam de mais doadores. Pode acontecer da Gemma não poder doar. - Louis disse fitando a mesa. - Niall tem o mesmo tipo, mas não está em condições de doar. Zayn, Liam e eu não podemos doar, tipos diferentes.

- Droga. - Disse colocando as mãos no rosto. - E onde está o Liam?

- Com o nosso agente, tratando de assuntos da banda. - Zayn disse mexendo no celular.

- São muitos shows e entrevistas cancelados. - Louis disse e me olhou. - Pelo menos o Niall está bem.

- É. - Disse tentando sorrir. - Mas ele insiste em querer saber do Harry.

   Todos ficamos em silêncio. Terminamos de tomar o café e voltamos a recepção. Liam estava ao lado da Anne que conversava com o médico. Nos aproximamos e o médico se afastou.

- Mais alguma notícia? - Louis perguntou esperançoso.

- Não. - Liam disse nos olhando e Anne sentou-se na cadeira. - Precisam de mais doadores. Anne e Robin não são compatíveis. Estamos tentando pessoas mais próximas, familiares, mas não conseguimos ninguém.

- Ele precisa o mais rápido possível. - Anne disse entre soluços.

- Também não é compatível. - Liam informou triste. - O sangue dele é o mais raro.

- Espera ai. É O? - Questionei olhando para todos eles e Liam assentiu. - Esse é o meu tipo sanguíneo.

- Sério? - Louis perguntou animado e eu assenti sem conseguir segurar o sorriso. - Chamem o médico!

- Não grite Lou. - Zayn disse e nós rimos baixo.

  Procuramos o médico rapidamente e ele logo me colocou para fazer o exame de sangue. Os meninos me acompanharam todo o tempo. De um certo modo, estávamos com mais esperança. A espera pelo resultado pareceu se estender lentamente como a eternidade para um solitário. Todos estávamos apreensivos. Zayn fitava o chão sem piscar. Louis batia os pés no chão compassadamente e Liam andava de um lado a outro da sala. Anne apenas tremia ao meu lado. Todos ignorávamos Caroline chorando loucamente em algum local por perto enquanto gritava.

- Boas notícias. - O médico apareceu e todos nos pusemos a sua frente. - A senhorita poderá doar.

- Oh meu Deus! - Disse alegre e abracei Liam que estava ao meu lado. - Quanto precisa? Podem tirar o quanto ele precisar. 

- Você pode acompanhar a enfermeira. - O médico disse e eu sorri

- Oi Jenni. - Catarina disse chegando ao meu lado. - Eu preciso falar com você.

- Pode ser rápido? Eu vou doar sangue.  - Disse sorrindo e a olhando. - Eu sou compatível. Ele vai melhorar!

- Err...Eu sei que não é hora para isto, mas... O Charlie ligou e pediu para te avisar. - Catarina disse olhando nos meus olhos. - Você tem quarenta minutos para chegar no aeroporto e pegar o jatinho que a multinacional mandou. O processo foi revogado e precisam de você lá urgente.