As carruagens foram abrandando, fazendo um nó se formar na minha barriga.

-Está tudo bem? – perguntou Ally, com sua preocupação lufana, como a de Tonks.

-Tudo, só nervos.

Apenas aí percebi uma situação estranha que ali se passava. Kathy olhava zangada para Ron, que olhava triste para Ginny, que olhava incomodada para os gémeos, que olhavam cúmplices um para o outro.

-Kathy, o que se está passando com você e os Weasleys?

- Nada não…

-É, e meu nome é Draco Malfoy, tenho a testa rachada ao meio, leio livros e sou apelidada carinhosamente de Lord Voldemort. Fala logo, ou eu te arranco tudinho. Serei tão chata que você vai desejar nunca ter nascido, agora fala logo Vankovi!

-Não é nada!

-Depois te cobro, como vou cobrar à Dada e a muitas outras pessoas daqui. Comigo ninguém tem segredos!

- Você é toda misteriosa… - falou Ginny.

- Fica no seu canto Weasley, não tou de bom humor… Ainda acho que devia ter batido com Hogwarts, uma História na cabeça do idiota do seu irmão…

-Não dá resultado, a Mione já o fez muitas vezes e não deu em nada…

- Merlin… Dai-me paciência… Mas não me dê força senão eu mato aquele ruivo…

- E se esquecêssemos o que aconteceu no trem? -  sugeriu Jessy.

- Tá, tréguas Samantha?

- Ok, Ronald. – e apertaram as mãos, mas via-se claramente que estavam desconfiados um do outro.

- VAMOS LOGO MINHA GENTE!

- Ela é assim todos os dias? – perguntou Victor, com a sua tradicional expressão fechada.

- É… Mais ou menos…

- Tenho pena de ti Harry… - falou Cedrico.

- Todos temos… - disse Neville.

- Até tu contra mim?! Isso é conspiração!

- Eu gostei dela… Mas é um pouco barulhenta… Isso atrai zonzóbulos…

Como numa situação daquelas seria normal, tavam todos com a maior cara WTF?! que existe no mundo.

- Padma, você e a Beka já levaram ela a um especialista? -  perguntou Parvati.

- Como nos esquecê-mos disso?!

- Meninas, acho que temos de ir… - falou Ernie.

- VAMO LÁ CAMBADA!  - gritaram os gémeos, mas eu continuava
estática, da parte de fora da carruagem. Era como se um nó me prendesse à terra.

-Que se passa? – perguntou Beka.

- Estou nervosa…

- Ei, vai correr tudo bem! – animou-me Demi.

Seguimos conversando até ao portão, onde me juntei aos primeiristas. Entre eles reconheci Charlie, que suava frio e estava nervoso.

- Eu tenho medo de não ficar na Lufa-Lufa, Ally...

- Tem calma. Olha, se tu não ficares na Lufa-Lufa comigo, Cedrico e com o Ernie, podes ficar na Corvinal, com a Padma, Luna, Beka e Jessy, ou na Grifinória com todos os outros, ou até mesmo na Sonserina, com a Cherrý. Tu vais dar-te bem em qualquer lugar, e eu não vou deixar de te amar, de te apoiar e ajudar, independentemente da casa em que ficares, ok?

-Ok… - disse ele mostrando um sorriso ingénuo.

Os outros entraram e sentaram-se nas suas mesas. A vovó irada explicou algumas coisas sobre as casas, coisas banais que Tonks já me avia explicado. Depois entrámos. Muitos olhares se viravam curiosos para mim, claro, tenho 16 anos e estou com os primeiristas, muito estranho… Apenas Luna me olhava a sorrir, mas eu não esquecia aquela coisa dos
zonzóbulos… É sério, aquela garota tem problemas… Depois ela chamou alguns nomes, coisas desinteressantes. Prestei mais atenção quando ela chamou Cho.

Ela sentou-se nervosa e eu reparei que tal e qual como Tonks me falou, o chapéu a maior parte das vezes falava dentro da cabeça. Passado algum tempo…

- CORVINAL! – Cho lançou um último olhar a Charlie, acompanhado de um sorriso triste, e se sentou na mesa que a aplaudia. Depois foram dois rapazes de aspeto feroz para a Sonserina e uma menina para a Grifinória.

- McMuffin, Charles!

Lancei-lhe um sorriso e ele foi, ainda a remer. Passado bastante tempo (Minha vontade era gritar para o chapéu mandar logo o menino para a sua casa) ele gritou:

-Lufa-Lufa!

Passou pouco tempo quando me chamaram.

- Miranda, Carla.

O meu nó apertou-se e eu suei frio. Bora lá! Subi, e a professora me lançou um olhar raivoso (acho que ela ainda está zangada rsrsrsrs) colocando-me o chapéu.

-Hum… Interessante…

Só aí apercebi-me de que ele não falava a cabeça. Filho da puta…

- Vingativa… Violenta, mas simpática.

WTF?!

- Leal, mas muda constantemente de umor… Não é muito inteligente, isso não…

-Obrigadinha pela parte que me toca!

O salão riu-se e ele continuou a falar.

- Muito corajosa… Sensivel, sim, muito sensível...

- Sensível é sua mãe, ó chapéu desgraçado!

Mais uma risota.

- Insegura, até um pouco tímida. Meu Merlin, essa garota tem a mente complicada. Como se tivesse duas faces... Agora onde te ponho? ... Já sei! SONSERINA!

Empalideci, e apenas a Sonserina plaudia, os meus amigos arregalavam os olhos.

- Cê tá brincando né? VOCÊ PIROU Ó CHAPÉU DESGRAÇADO! NEM MORTA! Sem ofensa Samantha... TÁ DOIDÃO SÓ PODE! NÃO VOU PARA A SONSERINA! MUDA!

O salão se calou. Um morcegão na mesa os professores me fuzilava com o olhar, a vovó irada, pela primeira vez, esboçou umpequeno sorriso, os Sonserinos estavam pálidos e boquiabertos, mudos como todo o salão, e meus amigos sorriam para mim.

-Se assim é, então você vai… - depois calou-se. Cá para mim avariou! 5 minutos e nada!

- Cri, cri, cri! – gritaram os gémeos.

- Agora não Weasleys! Sentados! – e eles se sentaram – Agora você, chapéu dos infernos, para onde eu vou?

- Não dá para negar, não dá mesmo. GRIFINÓRIA!

O salão explodiu em aplausos dos professores (menos o morcegão,
claro, a Sonserina também ficou quieta, menos Cherrý, que se levantou e
aplaudiu, juntamente com meus amigos Lufanos e Corvinais). Na minha cabeça falei com o chapéu.

- Obrigada…

- Um
dia a armadura vai cair… Ela irá caindo aos poucos, mas um dia o seu verdadeiro
eu vai-se mostrar. Tente fazê-lo ante que seja tarde…

Me levantei com as palavras do chapéu na cabeça, me sentando ao lado da Ginny e Dino.

- Só você para discutir em voz alta com um chapéu - falou Dino.

- Não enche dinossauro!  - disse eu, já de mau humor.

- Tá sensível? – falou Dada.

- Tá com vontade de levar uma voadora? – disse eu dando o meu sorriso mais falso.

- Já me calei...

- Cá o Georginho ficou preocupado que você fosse para a Sonserina... - zoou o Simas.

- Cala a boca careca! - irritou-se o George.

- Xi… Hoje tão os dois de TPM… - falou o Fred.

Antes de falarmos algo (ameaçar-mos o
Fred) montanhas de comida apareceram à minha frente, me fazendo abrir a boca.

- É assim todo o ano. Volto para casa com 7 quilos a mais - falou Demi.

- E eu com 10! – falou Kathy.

- VAMOS COMER! – gritei eu e Ron,
atacando a comida, fazendo Hermione refilar, nada que a perna de frango que Dada lhe enfiou na boca não calassem.

Passado muita comida, risos, conversa e
animação o sono começou a pesar. Começaram aos poucos todos a retirarem-se e a
irem dormir. Cheguei no meu dormitório. Partilhava-o com: Kathy, Dada, Demi
e  uma outra rapariga, de cabelos loiros
e pele avermelhada, com um leve sotaque australiano. Chamava-se Sally, ou algo
parecido. Também não falou muito, andava com suas amigas da Lufa-Lufa.
Deitei-me e dormi na hora. No dia seguinte acordei com a Kathy a catucar-me.

- Acordas-te Cami? – perguntou com uma voz doce e gentil.

- Hum… Porquê?

- PORQUE AS AULAS COMEÇAM À OITO E SÃO SETE E MEIA!

-AAAAAAAAH! – sai da cama a correr e a
tropeçar e me arranjei rapidamente. Quando cheguei tive 10 minutos para tomar o pequeno-almoço. A professora distribuia horários.

-Senhorita Miranda, escolha uma ou mais
matérias dessa lista. – me entregou uma lista com algumas disciplinas e eu
assinalei Adivinhação (mesmo que eles me prevenissem, eu quero conhecer essa
louca) e Estudo dos Trouxas, matéria em que me sairei bem, afinal, eu vivi
trouxa. Claro que não escolhi Runas (tomara eu escrever sem erros ortográficos
e saber o mínimo de Francês ^^) nem Aritmância (Matemática? Cruz-Credo!).

Seguimos para nossa primeira aula,poções, com o Snape… Bora lá conhecer o Seboso!