- Peeta eu quero que você faça uma coisa para mim.

- Pode falar.

- Quero que você reabra a padaria.

- O que?

- Isso mesmo. Sei como fazer pães e bolos te deixa feliz. E é isso que eu quero.

- Não. Desculpa mas isso eu não posso fazer KAtniss.

- Por quê?

- Por que... Tenho medo! Eu não sei... Eu acho que... Sei lá Katniss. Só acho que não vou conseguir. Não sozinho.

- Temos um ao outro.

- Mas Katniss, era meu pai. Ele que fazia as coisas eu praticamente só confeitava os bolos.

- E queimava os pães – “arranquei” um sorriso de seu rosto. – Vai ser bom. Para todos nós... Eu te ajudo.

- Tá, mas acho que não ainda...

Eu estava fazendo muitos planos para nosso futuro de propósito. Ultimamente se eu não estivesse em público, eu conseguia falar até que bastante. Se Peeta concordava com os meus planos era porque ele também queria continuar comigo. Então, por que ele não me pedia em casamento?

Ele esperou onze anos para falar comigo. Quanto tempo demoraria para ele me pedir em casamento? Eu queria isso. Cada dia mais eu não queria deixar Peeta. Não queria ter filhos, a idéia me assustava, mas o que mais me assustava era que um dia ele podia me abandonar.Ele ainda tinha lembranças. Nunca chegou a me machucar, mas...

Estava acabando a novela com uma cena romântica, quando Haymitch entro na sala.

- Que lindo, dois pombinhos juntos vendo TV sobre pombinhos. -  não conseguia decidir se ele estava sóbrio ou não. – O que aconteceu com você docinho? Ultimamente você não desgruda do garoto do pão. Só quando alguém passa mal...

- E o que aconteceu com você Haymitch, que durante a guerra resolveu esconder Effie?

- É diferente – agora percebia que ele estava sóbrio pois ainda estava de pé. – Só estava ajudando a salvar a vida de uma amiga.

- Certeza que é só amiga? – Ninguém mandou ele me provocar, iria deixar ele nervoso também.

- Amor! – disse Peeta.

- Ah? – Eu e Haymitch exclamamos juntos.

- A explicação para as duas respostas é o amor.

- Concordo – afirmei para Peeta.

- Eu não – Haymitch sentou no sofá a nossa frente. – Ridículo.

Nunca tinha visto Haymitch com essa expressão antes. Ele não estava nervoso, nem chateado, apenas estava confuso.Provavelmente pensando sobre o que Peeta tinha falado. Depois de seu momento inteligente, Haymitch ficou bravo.

- Vocês já inventaram historias de mais paara sair da arena e agora querem inventar mais uma para tirar os holofotes de vocês.

- Será Haymitch? – eu queria que ele falasse, queria que ele admitisse que gostava da Effie. – Será mesmo que é mentira?

- Parem – disse Peeta – Haymitch onde está Effie?

- Tá na Capital. A gente vai se encontrar no almoço.

- AHA!- Exclamei jogando na cara dele. – Vai ser o primeiro encontro ?

- Não! – Ele estava confuso. – Não vai ser nós dois!

-  A é? E quem mais vai?

- Vai... Vai a Annie, Plutarch – ele meio que gaguejava – Paylor e...

- Tá bom Haymitch, você finge que fala a verdade e eu finjo que acredito,,,

- Quer saber quem mais vai no melhor restaurante de Panem? Você e o garoto do pão! – (pensamento do Haymitch: “Falei besteira”)

Olhei para Peeta. Ele parecia estar super bravo com Haymitch. Eu não estava entendendo. O que que eu iria fazer em um restaurante com Peeta? Eu e ele éramos contra ir em restaurantes se não fosse para eventos especiais. Nos restaurantes eles desperdiçavam comida de mais, até ofereciam aquela bebida transparente para vomitar.

- O que? Agora você pegou pesado

- Vamos encerrar esse assunto. – Peeta estava nervoso. Acho que Haymitch  falou o que não devia, mas eu não estava entendendo. – Que horas sai o jantar?

- Já deve estar saindo – Haymitch estava ajudando Peeta a mudar de assunto. – Vou na cozinha ver se vai demorar muito.

Assim que Haymitch saiu olhei para Peeta e ele sabia o que esse olhar significava.

- ele devia esta bêbado. – Peeta se defendia. – Não ligue para o que ele fala.

- Mas você acha mesmo que ele ama Effie?

- Se ele ama ela eu não sei – Peeta falava olhando para mim. – Mas de uma coisa eu sei. Eu te amo

- Eu também. – ele me beijou. Acho que ele não queria falar sobre a conversa que tivemos com Haymitch então tentei mudar de assunto. – Onde vamos morar quando voltarmos para o doze?

- Não sei... acho que podemos continuar morando na minha casa.

- Mas você não quer usar sua casa como ateliê?

- Não sei... se reabrimos a padaria não terei tempo para pintar. – sorrimos. Peeta pensava em reabrir a padaria. Meus lábios foram de encontro aos seus. Um calor estava surgindo em meu corpo, quando alguém pigarreou. Olhamos para o lado e era minha mãe.

- Desculpa Sra. Everdeen – Peeta estava sem jeito.

- Não queria atrapalhar vocês – minha mãe falava serio – mas o jantar está servido. – Ela saiu da sala.

- Eu acho que ela não gostou – falei a Peeta.

- Ela vai gostar menos ainda se demorarmos.

- Tem outra coisa também, já sou maior de idade, sei cuidar da minha própria vida.

Fomos a sala de jantar com as mãos dadas. Quando chegamos todos estavam la. Annie dava comida para Flin que estava em sua cadeirinha. Minha mãe e Haymitch estavam conversando sobre alguma coisa.

- Mas ele a ama – Haymitch falava.

- Mas eles são muito novos para isso.

Quando notaram nossa presença eles pararam de conversar. Na mesa havia apenas dois lugares disponíveis, e era um na frente do outro. Cheguei a pensar que minha mãe não queria eu ao lado de Peeta. Mas por quê? Já morávamos juntos e a gente se amava.

Sentei na mesa ao lado de minha mãe e Peeta ao lado de Haymitch. A janta estava saborosa. Como dois pratos de sopa, recusei o prato principal e comi a sobremesa.

Fiquei quieta durante o jantar inteiro. Minha mãe, Haymitch e Annie conversavam e riam, e Peeta só disfarçava. Ele estava pensando em algo muito sério. Quando estava quase acabando meu segundo pedaço de bolo, notei que faltava alguem na mesa.

- Onde está Gale? – perguntei

- Ele esta na cabine. Não esta se sentindo bem – minha mãe falou olhando para o meu prato. – Quem não vai ficar nada bem se continuar comendo assim vai ser você mocinha...

- Deixa eu adivinhar – falei grossa, - isso também é errado! – Levantei da mesa e gritei – EU NÃO FAÇO NADA CERTO!

Sai da sala de jantar e fui para minha cabine.  Qual era o problema dela? Agora que ela vivia no quatro ela tinha voltado a ser como era antes de meu pai morrer. Agora, infelizmente, ela se importava comigo. Até de mais! No fundo ela não apoiava meu namoro com Peeta. Sei que ela sempre quis que eu ficasse com Gale.

Alguém batia na porta. Não falei nada devia ser minha mãe, mas não queria falar com ela. Um tempo depois a porta se abriu.

- Kats ta tudo bem? – Peeta entrou na cabine e sentou ao meu lado na cama. Sentei em seu colo.

- Você me ama?

- Claro que sim! Sem dúvida alguma o que está acontecendo?

- Tenho medo Peeta...

- Medo de que?

- Medo de que minha mãe nos afaste – era tão bom estar com ele ali. Em seu colo, sentindo seu cheiro, seus braços me envolvendo em seu abraço.

- Katniss, você acha mesmo que sua mãe pode nos separar? Nem o telesequestro conseguiu. Vamos ficar juntos para sempre.

Ele me beijou. Um calor diferente estava nascendo em meu corpo. Os beijos foram ficando mais intensos e apaixonados. Quando deitamos, Peeta parou por mais um segundo. Esse segundo ele perguntou sem palavras: “Certeza?” Puxei ele e dei mais um beijo e depois outro e outro como resposta. Naquela noite me deixei levar pelo fogo que estava dentro de nós, sem pensar nas conseqüências.