Sai do escritório e fui direto para a sala. Peeta estava sentado no sofá, e seus olhos azuis, olhavam o nada. Quando ele notou minha presença sua afeição mudou. Parecia que a vida dele dependia das minhas próximas palavras.

Não falei nada. Não sabia por onde começar. Quem quebrou o silencio foi ele.

– O que o Dr. Aurelius disse?

– Na verdade, ele não disse nada. – Ele não estava entendendo direito o que estava acontecendo. – Quem fez as perguntas foi ele, e eu as respondi.

– E o que você decidiu? Nós vamos para a Capital ou não?

– A gente só vai se você me prometer uma coisa. – Fui até o sofá e sentei em seu colo.

– Você sabe que faço qualquer coisa por você.

– Então Sr. Mellark você vai ter que prometer que em nenhum momento você vai me deixar sozinha na Capital.

– Sinto muito Sra. Everdeen, mas ESSA promessa não será possível...

– Como assim? – Sai de seu colo e me sentei na almofada ao lado, estava surpresa com a resposta.

– Eu prometo que NUNCA irei te deixar sozinha, não importa onde estivermos.

Estava olhando para seus olhos e via que era verdade. Nos Beijamos e deitei em seu colo. Passamos a tarde inteira vendo TV juntos.

Já era noite quando fomos para o quarto. Pegamos uma mala que Peeta guardava embaixo da cama. Dividimos a mesma mala, pois não íamos passar muito tempo na Capital. E mesmo assim, nós não usávamos muito luxo, apenas o essencial.

– Agora que terminamos – Peeta falava enquanto procurava alguma coisa que não sabia o que em meu armário. – Vamos dar uma volta? – Ele me vestiu com a velha jaqueta de meu pai. Ele colocou uma jaqueta qualquer e estendeu sua mão.

Descemos as escadas e saímos pela porta em direção a antiga cerca do distrito doze. Agora, onde antes tinha a cerca elétrica, só tinha algo feito de madeira super improvisado. Passamos entre duas estacas de madeira fomos andando até uma parte da floresta onde dava para ver o céu. Soltamos as mãos e deitamos um ao lado do outro. Olhávamos para o céu. Estava lindo. Cheio de estrelas que brilhavam e iluminavam nossos rostos.

Fui ao encontro de seus braços. Estava deitada em seu peito. Ele acariciava meus cabelos.

– Peeta você se arrepende de alguma coisa?

– Muitas... Principalmente, me arrependo de ter falado com você só nos jogos.

– Como nunca percebi?

– Todos sempre te admiraram. – eu olhava para seus olhos e ele para os meus. -Primeiro por sua beleza e sua voz, depois que seu pai morreu, te admiravam pela sua coragem e determinação em manter sua família viva.

Era isso que pensavam de mim...

– Concorrentes... – pensei alto.

– Sim, concorrentes – Peeta falava como se fosse uma péssima lembrança.

– Quem?

– Ah Katniss... Tinha Gale, Tony, James... – ele não parecia confortável falando sobre isso.

– Tudo bem, não precisa falar sobre isso se você não quiser amor... – Peeta sorriu. Foi a primeira vez que tinha chamado Peeta de “amor” e em minha opinião havia soado muito bem. Retribui o sorriso e o beijei. – O que foi? – Ele me olhava diferente.

– Eu te amo.

– Eu também.

Voltei a deitar em seus braços. Trocamos poucas palavras depois disso. Olhávamos as estrelas e eu pensava em tudo. “Essa noite foi perfeita.”, foi meu último pensamento antes de dormir.

Quando acordei, estava no inicio da manhã. Peeta estava dormindo então não me mexi para não acordá-lo. Notei que minha mão estava doendo, mas não olhei, pois Peeta havia acordado logo em seguida. Sua voz tomou conta do silêncio da manhã.

– Bom dia Kats, dormiu bem?

– Sim e você? – levantei para dar um beijo nele quando percebi as olheiras em seus olhos. – O que houve? Você não dormiu?

– Eu to bem – eu sabia que era mentira por causa do tom que ele usava. Seus olhos não estavam mais com aquele azul brilhante.

– Peeta... Você não está bem.

– Olhe seus punhos – havia marcas de mão neles. Era por isso que eu sentia dor. Uma lágrima escorria do rosto de Peeta. – Fui eu. – Eu estava confusa e ele percebeu pois continuou a explicação. – Tive um pesadelo. Você estava caindo de uma montanha e eu ia te perder para sempre. Então eu segurei sua mão para você não cair, mas não adiantou. Eu deixei você morrer na minha frente e não fiz nada, só fiquei olhando. – ele fez uma pausa mas não o interrompi. – Quando acordei, percebi que você não estava morta. Vi que você estava segura, ou nem tanto. Percebi que eu segurava seus punhos e quando soltei... Eles estavam assim.

– Tudo bem Peeta, não está doendo.

– Katniss, você não está bem... – Fiquei quieta. De fato a dor continuava. – Eu não sei se isso é certo.

– Do que você está falando? – Eu estava errada, ele não poderia estar falando o que eu estava pensando que era...

– Katniss... Eu não sei se isso é certo. Eu não sei se nós somos certos. Eu não sei se os amantes desafortunados do distrito doze são certos... – Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e ele limpou-a com seus dedos. – Katniss, você tem que enten...

– NÃO PEETA! –Eu berrava, a idéia de deixar ele partir me deixou desesperada. – VOCÊ QUE TEM QUE ENTENDER! EU TE AMO! – Fui beijá-lo, mas ele impediu.