Rosa Vermelha. escrita por Butterfly


Capítulo 2
Rosa e espinho




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Ao longe de um vilarejo estava ali a mostra e destaque de todo o lugar uma bela arquitetura branca, uma mansão com um jardim bonito e bem cuidado em sua entrada, um chafariz com uma estátua de uma mulher segurando um jarro no meio enfeitando o lugar juntamente com os tipos diferentes de flores que desabrochavam naquele lugar, mas em destaque as rosas tão vermelhas quanto o sangue.

Adele Vauthier agora dona e administradora daquela casa estava sentada em seu escritório, daqueles bem antigos mesmo com mesa feita de madeira, uma janela atrás de sua cadeira com vista para o jardim, uma enorme estante de livros, um globo e um telefone em cima da mesa, a mulher no momento assinava uns documentos.

-Seu café da manhã senhora. –O mordomo entrou com uma bandeja.

-Ah sim pod...

-Hayaaaa... –A mulher virou a cadeira olhando do lado de fora vendo Eleonora treinando com uma espada.

-Ai essa garota. –Suspirou fazendo um sinal de dor de cabeça. –A Azura tudo bem, mas ela...?

-Perdoe-me por dizer isso, mas acho que a senhora não queria ver nem a Azura em combates.

-É Leonard. –Fitou seu próprio reflexo na taça de água. –Não queria.

No Jardim a moça de cabelos pretos já treinava, com o cabelo preso num rabo de cavalo, uma calça larga da cor preta e uma camisa branca, treinando com sua espada já há tanto tempo que o suor escorria pelo rosto e os olhos vermelhos brilhavam com os raios de sol da manhã, lançou golpes contra uma árvore dando um chute em seguida subindo por ela num impulso correndo pelo tronco segurando um galho jogando o corpo pra frente até ficar de ponta a cabeça em seguida parando de pé em cima do galho continuou a desferir golpes de espada no ar cortando alguns pequeninos galhos e no meio de tantos movimentos acabou perdendo o equilíbrio caindo junto com o galho que havia quebrado, o galho caiu na grama, mas a garota foi segurada.

-Tome cuidado onde pisa. –Azura falou com Eleonora no colo. –Até mesmo um belo jardim pode ser um campo minado.

-Ei, me solte. –A moça de cabelos pretos se remexeu querendo sair do colo de Azura que acabou pondo-a por ela mesma no chão. –O que está fazendo aqui?

-Ronda matinal. –Deu um peteleco na testa de Eleonora.

-Tsc. –A menina estalou a língua. –E você não está usando o seu uniforme por que?

Realmente, Azura estava vestindo um sobretudo preto com botões dourados, short preto, meias listradas até a coxa e botas, seu cabelo preso em Maria Chiquinha e uma mini cartola presa na cabeça com uma fita branca que estava amarrada no queixo.

-Nem mesmo vestida assim você parece um garoto, pelo menos você não precisa usar vestido e não tem que ouvir aquele papo de “moças elegantes usa vestido.” –Revirou os olhos. –Sem querer ofender.

-Isso nem passou pela minha cabeça. –Se virou de costas caminhando em direção a mansão. –A senhora está te esperando pra tomar café.

-“Que?”-Eleonora tentou aproveitar que Azura estava de costas e sem fazer nenhum barulho avançou pra cima dela com a espada quase acertando-a se ela não tivesse desviado o rosto cortando apenas uns fios de cabelo. –“Merda, desviou.”

-Pode não fazer barulho com pés, mas ainda ouço sua respiração. –A mulata armou-se com a sua espada defendendo-se dos ataques de Eleonora que novamente havia avançado pra cima dela tentando acerta-la, as lâminas chocavam e soltavam faíscas e num choque as duas tanto atacaram quanto defenderam parando com o rosto um perto da outra fitando aos olhos. –Não venha com tanta pressa.

-Só estou começando.

As duas empurraram uma a outra, Eleonora ergueu a espada para estocar Azura que se abaixou para dar-lhe uma banda se ela não tivesse pulado pra trás e num rápido movimento a mulata usou a espada deixando a de cabelos pretos na defensiva atacando-a diretamente fazendo a moça andar pra trás tentando defender o que estava cada vez mais difícil levantando o braço fazendo a espada de Eleonora girar no ar a desarmando.

-Senhor... –A espada caia na direção do mordomo que se jogou pra trás caindo no chão com o susto e a espada fincando bem perto de si no meio de suas pernas.

Não seria uma espada que faria a moça de cabelos negros desistir facilmente atacando Azura com um soco tão forte e rápido que a mulata nem teve tempo de desviar sendo levada pra trás apoiando as mãos no chão dando um mortal pra trás ficando de joelhos enquanto limpava o sangue da boca.

-Essa foi boa.

-He. –Sacudiu os ombros.

A mulata avançou rapidamente pra cima dela dando um soco que a moça teve sorte que conseguiu defender em seguida dando um chute rápido, mas teve o pé segurando pela de cabelos pretos aproveitando isso girou o corpo dando outro chute na lateral de seu corpo aproveitando a queda de Eleonora levando as pernas até o pescoço dela o prendendo pegando pelo braço se jogando no chão junto com ela finalizando aquilo.

-Acabou?-Azura perguntou sem se mover.

-Tsc, tá.

As duas se levantaram sacudindo a sujeira da roupa e limpando o suor com uma toalha.

-Vou tomar um banho pra tomar café. –Eleonora saiu andando na frente em direção a mansão.

Azura deu um passo arregalando os olhos sentindo uma dor do lado esquerdo do rosto pondo a mão ali fitando-a vendo sangue, um corte havia se aberto em sua bochecha lembrando-se do momento que a moça de cabelos pretos havia tentado lhe acertar com a espada.

-Então ela me acertou afinal. –Murmurou pra si mesma.

Na sala de jantar Adele e Eleonora que já estava vestida com um vestido Gothic Lolita preto com rendas brancas e a manga vindo debaixo da manga preta bufante, laços e uma fita branca com um pequenino laço que complementavam as rendas, meias até a coxa de cor preta com enfeite de renda branca e fita, sapato também de laço, as duas estavam sentadas comendo sem dizer nenhuma palavra uma para outra, os empregados e Azura estavam de pé ali esperando-os acabar de comer, na mesa havia muita coisa, pão, queijo, frutas, bolos e sucos.

-Não se esqueça que hoje a tarde você tem lição de piano. –A mulher mais velha comentou.

-Eu sei. –Eleonora apenas disse isso levando um pedaço de bolo a boca.

-Quando acabarmos aqui você e eu iremos a cidade fazer umas compras.

-Tá. –Concordou secamente terminando de comer saindo imediatamente da sala de jantar.

-Azura, você acha que sou péssima mãe?-Adele perguntou a mulata.

 -Não acho. –Azura fitou o reflexo no escudo em cima da lareira. –Com certeza não é.

Do lado de fora, perto da senzala havia um bando de escravos, e um feitor açoitando a um rapaz negro que estava acorrentado ao tronco, o grupo apenas assistia enquanto uns fechavam os olhos, guardado pelos outros feitores para que não tentassem nenhuma fuga ou rebelião. O líquido carmesim já escorria pelas costas e pingava ao chão, os flocos de areia foram pintados de vermelho, os gemidos baixos de dor eram ouvidos juntamente com os risos de satisfações que brotavam dos lábios do feitor.

-É pra você aprender, seu negro imundo. –Sangue havia jorrado e caído nas feridas nas costas da pessoa negra, o feitor tinha o braço segurado por Azura que o apertava, um barulho de osso se quebrando foi ouvido. Seguindo com os gritos de dor e agonia.

-Sua vagabunda. –Um dos feitores abriu caminho entre os escravos e avançaram de imediato pra cima da jovem, mas imediatamente foram empurrado caindo no chão.

-Que bagunça é essa? –Eleonora surgiu estalando os punhos.

-Senhorita, esse escravo foi pego roubando pão. –O que foi derrubado no chão respondeu, ajeitando o chapéu bege sobre a cabeça. –Estava perambulando na cozinha da casa grande.

-Não se usa castigos físicos. Já se foi o tempo em que a escravidão ocorria. –A jovem de cabelos negros que havia tirado a chave do homem, soltava o rapaz negro. –Você está bem?

-O-Obrigada senhorita.

-Sua mãe deixou ordem bem específicas para açoitar o ladrão.

-Não se usam mais isso. –Azura jogou o feitor no chão e com o chicote em mãos bateu no chão perto dele. –Se fizer de novo eu uso esse chicote, mas pra enfiar na sua bunda, entendeu?

-E-Entendi.

A confusão toda havia passado, Eleonora que estava sentada embaixo de uma árvore lia um livro para se distrair, odiava a escravidão e era uma das poucas abolicionistas da França. Sua mãe ainda era a favor da escravidão tendo nascido em época que fora acostumada ao bom luxo.

Eleonora encarava a foto de um rapaz de cabelos negros e olhos azuis sua roupa era um uniforme de mosqueteiro azul e estava empunhando a espada na fotografia e segurando seu chapéu.

-Sente a falta dele, não?-A jovem de cabelos castanhos surgiu em cima de uma árvore.

-Tsc, não diga besteiras. –Guardou a foto voltando ao que estava fazendo, a mosqueteira havia pulado da árvore e sentado ao seu lado. –Está lendo o que?

-Não interessa.

-Que mal educada. –Azura suspirou. –Está revoltada por causa do que aconteceu hoje né?Por causa das ordens de sua mãe... –A mosqueteira foi interrompida por um tapa que levou no rosto.

-Ela não é minha mãe. –Eleonora apesar da reação respondeu calmamente.

-Pode não ser, mas mesmo assim está com sua guarda. –A morena abraçou a de cabelos negros, passando os dedos nos fios lisos. –E eu prometi cuidar de você não é?

-Só você mesmo pra consertar uma situação assim.

Os rostos das duas se encontraram, os lábios se tocaram formando um beijo carinhoso e apaixonado, o roçar dos lábios ficavam cada vez mais intensos e profundos, a língua de Eleonora ia de encontro com a de Azura movimentando-as numa calma e lenta dança, entrelaçando e enroscando-as.

A mão da jovem de cabelos negros foi levada até a nuca de Azura, a mosqueteira segurou o rosto acariciando a pele macia e branca de Eleonora e a outra mão foi levada até a cintura trazendo a jovem pra mais perto de si. Do escritório Adele assistia a tudo com a cara mais indignada do mundo, mas mesmo assim continuou quieta na sua.

Assistindo as duas garotas, que faziam apenas se amar.


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