Era o terceiro ano de Tiago, Sirius, Remo e Pedro na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, eles haviam regressado de férias a uma semana, na qual tudo havia voltado ao normal: aprontavam as mesmas travessuras de sempre, recebiam detenções e exploravam a floresta proibida cobertos pela capa de invisibilidade.
Mas nem tudo estava certo.
POV Sirius
Acordei na manhã de domingo com um morno sol de verão batendo no meu rosto e o som dos passarinhos cantando na rua. Eu e Tiago tínhamos combinado que eu daria uma volta na vassoura dele. Mesmo que eu não tivesse entrado no time, ás vezes nós íamos ao campo para eu dar uma volta, adorava voar.
Vendo que Tiago ainda roncava, toquei um travesseiro na cara dele.
– Acorda logo, preguiçoso – falei. Era incrível a capacidade de Tiago se esquecer dos seus compromissos
– O que você quer? Devem ser no máximo 6 horas da manhã. Vá dormir! – retrucou ele, mal-humorado.
– 6 horas? 6 horas? Tiago, seu abestado, já são 9:30h!
– O quê? Então quer dizer que eu perdi o café da manhã?
– É claro que não. O que deu em você hoje? Acontece que você, seu patético, ia me emprestar sua vassoura, mas pelo jeito não – eu já estava me irritando.
– Ah, era hoje não é? Desculpe, não quer ir a tarde? – perguntou
– Não, temos que terminar os deveres ainda, está lembrado? Vamos tomar café.
POV Remo
Ouvi Tiago e Sirius brigando de manhã cedo, quase azarei os dois. Poxa, o único dia em que eu posso dormir até mais tarde eles ficam fazendo bagunça? Percebi que não conseguiria dormir de novo e levantei também para chamar Pedro e ir tomar café.
Fomos para o Salão Principal e chegamos na mesma hora em que entravam pelas janelas as corujas com notícias dos pais e parentes, jornais...
Recebi o Profeta Matinal, não continha nenhuma notícia interessante exceto que a cantora Miranda Goshawk lançara uma nova música: Feitiço em Meu Coração.
Deixei meu pensamento vagar enquanto pegava uma torrada.
Estava pensando no que eu diria para Sirius, Pedro e Tiago quando eu, mais uma vez, tivesse que escapulir da vista de todos quando escurecesse.
Já falara que eu estava cumprindo uma detenção, fazendo deveres na biblioteca, que a professora McGonagall havia me chamado à sala dela... O que eu diria dessa vez? Não gostava de mentir para os meus melhores amigos, mas era necessário guardar este segredo sob sigilo, as únicas pessoas em Hogwarts que sabiam eram o professor Dumbledore e Hagrid. Enfim, iria pensar em alguma coisa.
POV Pedro
Achei Remo muito esquisito hoje, ele estava desastrado, sem olhar aonde pisava ou o que estava a sua frente, fiquei vigiando-o atentamente o dia todo, eu teria que descobrir o que havia acontecido.
– Remo, o que deu em você hoje? – Perguntei, todos os três me olharam.
– O quê? Ah... sim, bem, o quê? – Ele pareceu confuso.
– Eu só quero saber por que você está tão estranho hoje. – Insisti
– Estranho? Estranho como? Eu não estou estranho. Vou ao banheiro, até depois.
E saiu correndo dos jardins, mas não em direção ao banheiro, em direção a cabana de Hagrid, o guarda-caça.
Sim, nós havíamos se aproximado dele no ano anterior e descobrimos que ele era um ótimo amigo. Íamos visita-lo frequentemente. Mas eu não gostava tanto assim do meio-gigante, se bem que eu acho que ele nunca gostou muito de mim.
– Então, você também está achando Remo diferente hoje, Pedro? – Perguntou Sirius.
– Sim, percebi isso desde hoje de manhã. E você não, Tiago?- Falei
Tiago que estava distraído admirando a lula gigante mergulhar no profundo lago, se surpreendeu ao perceber que eu estava falando com ele.
– Ã? Ah, verdade, também achei. Enfim, loucuras a parte, por que não vamos para o Salão Comunal jogar Snap Explosivo? Vão indo na frente que eu vou até o Hagrid chamar Remo – Disse Tiago, se levantando dali e seguindo o rastro de Remo.
Eu e Sirius fomos para o Salão Comunal.
POV Tiago
Quando cheguei à cabana de Hagrid, estava prestes a bater na porta, quando ouvi os dois cochichando lá dentro e resolvi espiar pela janela.
Eu sabia que aquilo não era certo, mas Remo era meu amigo e estava escondendo alguma coisa, eu queria ajuda-lo.
Então Hagrid disse:
– Remo, você não vai poder ficar escondendo isso deles por muito tempo. E eles são seus melhores amigos, sabe que pode confiar neles.
– Eu sei, Hagrid. Mas e se ele sentirem medo de mim? Ou pior, vergonha. E se eles não quiserem mais ser meus amigos depois que eu contar? Hagrid, eu passei a minha infância toda sem nenhum amigo, eu não quero simplesmente perder a chance de ter amigos verdadeiros, que gostam de mim pelo que eu sou. – Remo falou, parecendo chateado.
– Seus amigos só gostarão de você pelo que você realmente é, se você contar a verdade pra eles. E é claro que eles não vão deixar de ser seus amigos, Remo, eu conheço aqueles três. Se você quer saber, eles vão adorar saber que você é um...
– HAGRID! Aqui não! – Berrou Remo
– Me desculpe! – Disse Hagrid
– Bom, é melhor eu ir andando para eles não desconfiarem mais ainda. Então vou dizer que tenho um dever extra de Transfiguração e que vou até a sala da Minerva pedir ajuda a ela. É isso. Obrigada pelo chá, Hagrid. Até mais. – Remo se despediu, abrindo a porta da cabana.
Só tive tempo de me esconder atrás de um pé de abóboras gigantes.
Resolvi dar a volta na floresta para chegar antes dele no lugar onde estávamos e esbarrar nele “sem querer” dizendo que eu estava indo procura-lo.
Mas de uma coisa eu sabia, iria descobrir esse tal segredo que ele não queria nos contar.