O fim de semana passou sem muitas agitações. Já que tínhamos chegados na sexta não havia muito o que fazer além de dar para aquela mansão uma aparência melhor.

      No sábado, eu e tia Daphne limpamos todos os cômodos e fizemos anotações do que precisava ser arrumado.

      No domingo, fizemos todo o resto: arrumamos roupa de cama, pintamos os quartos, fizemos compras e etc. estava tudo muito bem até que na noite de domingo minha tia veio me lembrar de que no dia seguinte eu deveria ir para a escola. Começou a discussão:

      -Não sei por que eu tenho que ir pra escola - resmunguei enquanto jantava.

      - você sabe sim, Quinn – respondeu minha tia.

      - eu não preciso! – respondi.

Minha tia não respondeu, só levantou pegou os pratos e colocou os na pia. Depois voltou e se sentou bem de frente pra mim.

      - Quinn, eu não posso dizer o quantos os últimos anos foram terríveis para você, mas não adianta fugir daquilo que só promete te fazer bem. Você sabe tão bem quanto eu que aqueles tratamentos idiotas e remédios sem necessidade, te estragaram por dentro, mas você é forte, Q., você é a pessoa mais forte que eu já conheci e também a mais bonita e mais inteligente. Você supera qualquer coisa. Então me responde: do que é que você tem medo?

      - Tenho medo de acabar surtando. De fazer algo que não deva e ir para em outra instituição. E a escola é o melhor lugar pra que isso aconteça. Faz anos que eu não entro em uma escola.

      -Você não tem medo do ambiente, Q. - disse minha tia, falando exatamente aquilo que eu já sabia e não queria ouvir - e sim das pessoas e do que você pode causar a elas. Por favor, não se preocupe com isso. Essa aflição vai passar. Tenho certeza e logo você será uma nova Quinn - ela se levantou e foi até a pia - agora se levanta daí e vem me ajudar com essa louça aqui.

Eu dei risada e ela me abraçou. Minha tia tinha razão. Talvez eu pudesse me renovar.

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      Se eu pudesse definir meu primeiro dia no McKinley com uma palavra eu diria confuso. Minha tia me deixou na porta da escola dizendo que me buscaria assim que eu ligasse pra ela. Pediu que eu só não ligasse nas próximas 2 horas porque provavelmente ela estaria em uma entrevista de emprego.

      Então, lá estava eu, na porta da escola com um monte desconhecidos e a qualquer momento eu poderia surtar.

      Quando entrei na escola fui direto à secretaria, onde peguei a relação de aulas e a chave do meu armário. Fui então conferir se pelo menos ele abria.

      No corredor, eu praticamente trombei com uma parede. A não ser pelo simples motivo de que paredes não se moviam. Era o tal do Finn Hudson. Droga.

      -Mas que..- disse ele se virando pra mim – mas o que é que você está fazendo aqui garota?!

      - Ah...- disse arrumando minha roupa depois da trombada – você...eu?!Vim estudar o que você acha?

      - acho que você é surda né? – disse ele apontando o dedo na minha cara. Eu simplesmente virei os olhos – disse pra ficar fora do meu caminho.

      - você não pode me impedir de querer estudar não é? Só porque é um frouxo não quer dizer que tenha sair descontando sua raiva nos outros..

      - do que é que você me chamou?- disse ele  praticamente bufando na minha cara.

      - Ei Finnbecil! Tá tentando assustar meninas novas agora?- gritou uma menina latina do outro lado do corredor. Anotei mentalmente de agradecer ela depois.

      - Fica fora disso, Lopez – disse ele se virando pra ela – o assunto é entre mim e a loira aqui. – eu apenas arqueei a sobrancelha quando ouvi ele falar assim de mim.

      - Além de idiota, é covarde Finn? – disse um garoto de moicano que estava do lado da latina.

      - Mas o que é que tá acontecendo aqui? O que é isso? Vocês nem sabem que essa garota é e o que ela fez! Parem de se meter onde não são chamados.

      - ok. E o que exatamente eu fiz pra você, Hudson? – eu falei cansada já de toda essa encenação do Finn.

      - Hum...

      - então quer dizer que você está enchendo ela à toa? Vai me dizer que está dando em cima dela? – disse a latina que o Hudson chamou de Lopez -  o que será que a mini Barbra acharia disso?

Finn ficou visivelmente incomodado quando a garota citou (eu acho) Rachel:

      - ela não ligaria... Não estamos mais juntos e tudo por causa dela – apontou pra mim.

      - eu? Sinceramente se você não consegue ser homem o suficiente para manter o seu namoro não venha me culpar. Rachel apenas trombou comigo na biblioteca muito tempo depois que vocês haviam discutido. Eu não tenho nada a ver nem com você e nem com Rachel Berry então, por favor, me dá licença porque eu tenho aula agora. - falei ficando irritada quem era aquele garoto pra me culpar de alguma coisa?

      - você.. Hum... Só falou com ela depois da briga?- perguntou ele com uma cara de idiota. Tinha quase certeza que aquilo era permanente.

      - foi o que você ouviu.

      - hum...ok então..- disse ele se virando e indo embora do corredor.   

Eu suspirei e me virei em direção ao meu armário.

- ei! Menina loira! Quem é você e o que exatamente você fez pra que Finn Hudson desse esse show no meio do corredor? – perguntou a latina que estava bem atrás de mim.

       Junto com ela estavam o garoto de moicano e uma menina loira de olhos azuis. Estava cansada desse interrogatório então nem me dei ao trabalho de virar só respondi.

      - meu nome é Quinn Fabray e eu simplesmente estava no lugar errado na hora errada quando ele me encontrou e por um acaso acabei me metendo em uma briga entre ele e a namorada.

      - Ok...agora tem como você virar pra que a gente possa olhar pra você direito?- perguntou o garoto.

      Eu me virei e tinha certeza que estava com a maior cara de tédio. A latina era alguns centímetros mais baixa que eu, poucos mesmo. Tinha o cabelo preso em um rabo de cavalo e usava um uniforme de líder de torcida assim como a garota loira que ria e acenava pra mim.

      Tentei não rir disso. O garoto de moicano usava uma roupa preta e tinha um sorriso no rosto. Foi ele quem começou a falar:

      - Eu sou o Puck e estas são Santana e Brittany e garota... Você com certeza colocou o Finn no lugar dele. - eu apenas sorri- olha só além de corajosa você é muito bonita...

      - ok Puckerman, para com isso. Bem garota, Nós nos vemos por aí. Com certeza você conseguiu aliados nessa escola. Não é todo aluno novo que tem essa sorte, mas inimigo do filhote de orca é meu amigo – disse Santana.

      - hum... Tudo bem então.

      - até mais – disse Brittany enquanto os três saiam andando. Eu apenas respondi com um aceno.

      Que loucura. E eu ainda nem havia tido a 1ª aula.

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      Três aulas depois eu já estava de saco cheio de tudo aquilo. Era praticamente tudo o que eu já sabia. E por incrível que pareça eu ainda não tinha encontrado Rachel. Não que eu esperasse que isso fosse acontecer, mas foi estranho não vê-la em nenhuma das aulas já que ela me disse que me veria na escola. Mas enfim, fui procurar um canto isolado da escola pra pensar um pouco. Entrei em uma porta que dava direto ao auditório da escola.

      Sentei lá em cima onde podia ver tudo. No palco, tinha apenas um piano. Eu fiquei lá até que terminasse as aulas e eu pudesse ligar pra minha tia pra poder voltar pra casa. Fiquei distraída por alguns instantes e quando dei por mim havia alguém entrando no auditório e ia em direção ao palco. Quando a pessoa chegou ao piano, pude ver quem era. Era Rachel. Ela nem notou minha presença ali. Apenas se sentou ao piano e começou a tocar algumas notas. Parecia distraída ou triste. Eu não sabia dizer. Estava muito longe do palco e então quis me aproximar mas alguma coisa  me denunciou. Ela apenas se virou e perguntou:

- Quem está aí? Finn?

- Não.. Não é o Finn sou eu Quinn...

-Ahh sim..Quinn Fabray.. Como está sendo o primeiro dia de aula?Maçante eu suponho...

- é..realmente é um saco quando você já sabe praticamente tudo o que está na lousa mas enfim...o que você faz aqui sozinha?- ela parecia triste então resolvi perguntar.

-sempre venho pra cá quando quero pensar.. – ela respondeu tão evasivamente que parecia que nem queria responder

- e esta pensando no que agora? – não sei por que mais queria que ela respondesse.

- em como vai ser daqui pra frente sem o Finn... - ela falou e nos olhos já tinham lágrimas.

Me comovi com a cena. Sério. Não e fácil ver alguém chorar perto de mim. Só tenho aparência de durona. Então subi no palco, e cheguei perto dela enquanto ela choramingava de cabeça baixa e coloquei meus braços nos ombros dela, numa tentativa muito desajeitada de dar um abraço. Acho que ela se assustou, mas não se afastou de mim. Quando eu senti que ela havia parado de chorar, me afastei e segurei-a pelos ombros e olhei dentro daqueles olhos castanhos e disse:

            -você vivia antes dele, é só voltar a ser o que era antes...se quiser eu posso te ajudar -  de onde é que veio isso??

            Ela sorriu e o sorriso dela era o mais lindo que eu já tinha visto.

             - você vai me ajudar? como?

- é só você dizer o que eu preciso fazer... você foi a primeira pessoa que veio falar comigo, posso me considerar sua amiga?

- é claro que sim Quinn. agradeço a sua amizade e espero que sejamos grandes amigas – quando ela falou isso senti um incomodo no peito como se não quisesse que ela me tratasse assim mas tinha certeza que isso ia passar.

-então vamos sair daqui? – perguntei pra ela.

- vamos sim..

E nos duas saímos juntas do auditório. Nunca me senti tão alegre nos últimos dias. Acho que comecei a encontrar uma razão para gostar de Lima.