Parte Três

Bella mais uma vez acordou cedo, ao contrario de seu apartamento em Londres, em Forks ela sempre acordou cedo, talvez fosse devido o ar de Forks. Bella se levantou e foi em direção da janela de seu antigo quarto, estranhamente o dia amanhecia com o brilho radiante do sol. E isso era quase inédito em Forks, costumava brincar quando criança que a chuva era inimiga mortal do sol e que o sol era mais fraco e sempre perdia em uma batalha.  Bella sorriu timidamente a essa lembrança, se virou e resolveu fazer o que havia planejado, ela não podia esperar nem mais um dia. Após seu ritual matinal, Bella desceu nas pontas dos pés para não acordar o Charlie que trabalharia mais tarde naquele dia. Como Bella já havia o informado seus planos na noite anterior nem se preocupou em deixar um recado. Ela se lembrava do conselho do seu pai de não procurar o “louco” da aldeia. Talvez fosse sábio, mais Bella não o achou um doido, e sim um homem com suas crenças e opiniões. Na verdade Bella sempre gostou do velho Bill, brincava com seus netos nos verões, quando vinha visitar o Charlie. Adorava as historias do velho Bill e não acreditava nas historias que os moradores contavam. Ele era uma boa pessoa, muito amável com todos e ela sentia um forte carinho por ele.

Bella estava tão perdida em seus pensamentos que não notou que já estava bem perto, seus pensamentos giravam ao redor do seu medo, da perda e da separação que tinha fazer. As lembranças da clareira vieram com toda intensidade, uma lagrima solitária teve acesso, Bella a limpou com firmeza. Tinha que seguir em frente, tinha que aceitar.

Bella desceu do carro e bateu na casa do velho Bill, o bruxo como todos o chamavam. Bella escutou movimentação e o som característico da sua cadeira de rodas no piso.

Bill abriu a porta e sabia de quem se tratava, poderia ate dizer, outros achariam que era bruxaria, mais não. Ele conhecia a batida da sua Bells. Fazia tempo.

—oi Bells - disse Bill antes de ela o cumprimentar. Ele a olhou e ele logo percebeu que algo a preocupava.

—ola Bill - cumprimentou Bella o abraçando em seguida. — sentia sua falta.

—entre minha criança, ta gelado ai fora.

—obrigada. —agradeceu Bella entrando e indo direto para a cozinha, como nos velhos tempos. Ele o seguiu e já estava pegando o bule de chá e a servindo.

—como tem passado?

—bem... quer dizer. —tentou Bella mais falhou.

—continue. —ele a encorajou.

—Bill aconteceu algo, e eu sei que só você acreditará em mim.

—do que se trata meu bem? Pode confia em mim.

—eu sei... Por isso estou aqui.

—conte-me.

—bom, eu conheci um espírito, um tipo de fantasma, eu posso vê-lo e ouvi-lo e mais ninguém. Ele estar em coma há semanas, quer dizer seu corpo. porque o seu espiro anda me perturbando.

—ohh, e você o ama? —perguntou Bill mesmo sabendo a resposta.

 —sim, eu preciso de ajuda... por favor me diz o que fazer. —pediu Bella

—meu bem. —disse Bell pegando sua mão e a confortando. —pelo que entendi esse espírito estar preso entre dois mundos, e isso altera a ordem das coisas. Ele tem que fazer a travessia, liberta-se. Sei que isso deve machucá-la, mais você tem que deixá-lo ir. Ele tem que se desprender desse mundo, ele não pode ficar no meio.

—oh, eu sei disso, mais ele acha que vai voltar.

—ele estar muito ligado a terra ainda, os sentimentos dele o controlam. —disse Bill a analisando. —tem que esquecê-lo minha criança, pro seu próprio bem.

—oh Bill, eu estou disposta a deixa-lo, mais porque dói tanto. —disse Bella entre as lágrimas.

—o tempo. O tempo cura tudo minha doce Bells e eu sei que um dia encontrara uma pessoa digna de você. —disse Bill.

—obrigada, eu sabia que podia contar com você.

—sempre, estarei sempre aqui.

Eles conversaram mais um tempo e depois Bella se despediu entre as lagrimas, ela só queria retardar o inevitável. Chegado a sua casa ainda encontrou o Charlie e falou de seus planos, ele ficou triste mais aceitou a desculpa que a Bella havia contado, que precisava voltar para o trabalho. Bella se despediu de seu pai e prometeu-lhe que o visitaria logo, isso o acalmou e assim ela se foi.

Jogando a mochila no banco ao seu lado, Bella ligou o carro e partiu. Mais antes ela tinha que faze algo, um lugar para ir e uma pessoa para visitar.

Bella entrou no hall e sentiu o característico cheiro de hospital, e não era qualquer hospital que ela já tinha entrado. Aquele era bem equipado e bonito. Não tinha muito barulho e corre-corre de médicos e pacientes.

Bella avistou o Dr.Cullen, ele acenou e Bella foi ao seu encontro, no processo o viu, agora ele estava ao seu lado, um pouco irritado notou Bella.

—onde você estava? te procurei a manha inteira Bella. —disse Edward bravo.

Bella o ignorou e foi ao encontro do seu pai.

—obrigado Dr. Por me permitir visitá-lo, prometo que serei Breve.

—claro Bella sempre será bem vinda. A levarei ao quarto. —disse Carlisle.

Ao chegar à porta do quarto ele a abriu e a convidou a entrar. Mais antes a advertiu.

—infelizmente só poderá ficar por uns minutos, são normas.

—sim, claro. Serei breve. —disse Bella olhando Edward pelo ombro do seu pai. Ela entrou, o quarto estava na penumbra. Era espaçoso, contava com vários aparelhos, mais o que chamou a sua atenção foi o monitor cardíaco, Bella sentiu um aperto no peito, pela vida perdida, pelos sonhos que ele não havia concluído, pelo marido e pai que ele não podia ser, por seu grande amor, amor esse impossível. Ela andou lentamente ate ele, era como estivesse dormindo, Bella o olhava pela cortina de lagrimas que aquela altura já estava descontrolada. Sua mão foi automaticamente a dele, sua pequena mão se perdeu na de Edward. Ela queria lhe gritar que lutasse, que acordasse para ela. Mais ela sabia que já era tarde demais.  Ao virar-se encontrou o par de olhos que a enfeitiçara.

—Edward você tem que se desprender, tem que ir.

—não, não a deixarei. Não agora que te encontrei Bella.

—Edward você não vê que isso estar me matando, eu não posso ficar. eu não posso. —disse Bella entre as lagrimas.

Edward se aproximou e Bella deu um passo para traz, ele a olhou magoado.

—o que estar fazendo? Bella eu te amo, você não pode desistir de nos.

—não há nos Edward. Olhe—disse Bella apontando para o Edward imóvel na cama. —eu não posso te esperar pela vida toda. Viver com uma esperança, e você não pode fazer isso com sua família. Você tem que ir. Tem que Deixar os sentimentos de lado e seguir em frente.

—não, você não entende.

—não Edward, você não entende. Eu simplesmente não posso. —disse Bella parando ao lado do Edward que dormia um sonho sem sentido, alheio ao mundo, a ela. Bella se curvou e o beijou pela ultima vez, um suave rosar de lábios, o corpo do Edward cada vez mais translucido. Ele ia se apagando.  E ele sentiu isso, ele sentiu que estava indo, e ele não queria, ele viu Bella se curvar e beijar o Edward deitado na cama, ele teve ciúme de si próprio. Ele tentava chegar perto dela, mais algo o puxava, ele não podia se mover, sua visão foi ficando embaraçada, Bella estava abrindo a porta, ele gritou mais Bella não o ouviu mais. E Edward se foi.

Bella corria desesperada no corredor, sua visão embarcada devido a lagrimas, as pessoas a olhavam preocupadas, águem gritou seu nome, mas ela não se virou pra ver de quem se tratava. Ela só queria sair dali, ela só queria deitar na sua cama, colocar seu pijama depressivo e chorar ate dormir.

Bella entrou em seu carro e o ligou com mão trêmula, os soluços faziam seus delicados ombros chacoalharem, mais ela continuou. Ela só queria que a dor parasse, que todas as lembranças a abandonassem, que a deixassem em paz. Mais elas viam como para lembra-la da sua estupidez, de ter se deixado fantasiar e se apaixonar completamente, por um amor impossível, por um homem que não poderia ser seu. Sua consciência a reprovava e dizia. “Eu avisei sua tola”. Bella parou o carro no acostamento e deu vazão a sua dor, ela só queria que aquela dor parasse.