(Até o Fim - Strike)

02h07 AM– Está cada vez mais complicado dormir. Agora, estou encarando a pequena rachadura que se formou no vidro da janela. É didícil acreditar que Josh Steiner esteve aqui apenas para pedir desculpas. Talvez ele tenha mudado. Fui muito grossa com ele, mas já passou. Qual é?! Eu tenho meus motivos. Lembro perfeitamente de quando ele me beijou a força, na frente do irmão. Por essa e outras coisas, é difícil acreditar que ele tenha ficado legal agora.

[...]

08h30 AM – Nesse momento, Logan Steiner está ajudando Chloe Adams em matemática. Argh, alguém me mata! Por mais que a loira tenha tido um surto de mudança no comportamento – assim como o Josh, por pura conhecidência -, ela é a ex do Logan! Ninguém muda assim, sem motivos.

– São bonitinhos juntos, não acha?! – A Sra. Morgan comentou comigo. – Acho que ele ainda gosta dela!

Tentei me controlar, porque qualquer coisa que eu fizesse em resposta à isso, seria considerado agressão física.

– Por que acha isso?! – Perguntei, grossa.

– Ele se ofereceu para ajudá-la. – Suspirou. – Talvez ele queira se aproximar dela. O Logan nunca deveria ter terminado com ela, foi a maior besteira que ele já fez, com certeza.

Revirei os olhos e tentei ignorar. Nunca gostei da Sra. Morgan e, depois disso, eu quis asfixia-la com uma sacola plástica. Na verdade, eu também queria matar o Logan. Como ele se oferece para ajudar a loira?!

Até o final da aula, os dois ficaram conversando “sobre a matéria”. Matemática não é engraçado, não é? Por que os dois não param de rir?! Assim que o sinal tocou, joguei a mochila nas costas e caminhei até a porta.

– Ei, Brianna. – Josh me deu um beijinho na ponta do nariz. – Viu o Logan?!

– Não. – Dei um sorriso forçado. – Ele deve estar ensinando matemática para a Adams.

– Quem, o Logan? – Riu. – Ele é péssimo em matemática, sério.

Isso só me fez ficar mais irritada do que eu já estava.

– Vou embora, Josh! – Cruzei os braços. – Hoje, não vou esperar o seu irmão. Ele está ocupado demais.

– Ei, relaxa, tá? – Me segurou pelos ombros. – Ele não é louco de fazer alguma besteira e te perder!

Engoli seco e olhei nos olhos do Josh. Eles eram bonitos, mas eu nunca tinha reparado nisso.

– Tudo bem. – Suspirei. – Pode me soltar agora?!

– Ah sim, desculpe. – Me soltou devagar.

Ficamos um tempo calados, apenas olhando nos olhos um do outro. Era estranho fazer isso, mas ao mesmo tempo, era bom.

– Não quero que fique brava com o Logan, sim?! – Pediu. – Se você quiser, pode vir comigo em um lugar. Só para relaxar.

Assenti com a cabeça e caminhei ao lado do Josh.

[...]

– Espera, eu conheço esse lugar. – Parei de andar, assim que reconheci as árvores grandes e os matos por toda parte.

– É, o Logan já deve ter te trago aqui. – Hesitou em falar no irmão, mas fez.

– Sim, ele me trouxe. – Disse, baixinho. – Mas acabou se perdendo e voltamos para casa molhados pela chuva.

Josh riu e me puxou pela mão.

– Não se preocupe, eu conheço o caminho! – Sussurrou.

Depois de caminharmos por mais três minutos, pude ouvir o barulho de água caindo. Andamos mais um pouquinho e havia uma cachoeira, com umas pedras grandes do lado.

– Eu e o Logan vinhamos aqui quando éramos menores. – Sentou na pedra. – As vezes, eu venho aqui só para pensar.

Sentei do seu lado e ficamos aproveitando o silêncio. O vento forte ali, era bom. Me acalmava e por um momento, eu esqueci do Logan.

– Vou entrar, você vem?! – Josh tirou o uniforme, ficando apenas com uma boxer cinza.

– Não sei. – Mordi os lábios. – Acho que não é uma boa ideia.

Realmente não era uma boa ideia! Eu teria que me controlar bastante. Logo, logo, ele estaria com uma boxer molhada. Se eu nem olhasse, era melhor.

– Qual é?! – Chegou mais perto. – Se quiser, pode entrar com a roupa mesmo.

– E como vou voltar para casa?! – Cruzei os braços.

– Então, tire a roupa! – Riu.

Já era a segunda vez que eu recebia uma ordem assim. Primeiro, foi o Logan, depois, o Josh. Por que os Steiner sempre consegue o que eles querem?! Droga...

– Tudo bem, Josh! – Tirei a blusa. – Você venceu!

Ele permaneceu sentado na pedra, me observando. Isso é totalmente constrangedor, cara!

– Se tentar alguma gracinha – Avisei -, você morre, Steiner!

Josh levantou as mãos em sinal de rendição e sorriu.

– Não vou tentar nada, prometo! – Disse, pulando na água.

– Está gelada, pirralho?! – Perguntei.

– Espera, me chamou do quê?! – Riu.

– Esqueça, Josh! – Cruzei os braços. – Não vou entrar, deve estar gelada!

– Quer que o “pirralho” vá até aí te buscar?! – Sorriu.

Essa proposta do Josh foi tentadora, mas resolvi entrar sem a ajuda de ninguém. Me joguei na água de uma vez e sim, estava gelada.

– Droga. – Fechei os olhos e tremi.

– Relaxa, depois de um tempo, você se acostuma. Vai esquentar! – Chegou mais perto de mim.

Interpretei esse “vai esquentar” como um abuso da parte do Josh, mas resolvi ficar calada quando percebi que ele se referia a água. Fiz uma careta e recuei uns passos quando percebi que o pirralho já estava perto demais. Bati minhas costas na pedra de leve. Estava gelada também, me provocando um arrepio.

– Calma, não precisa fugir, tudo bem? – Riu. – Não vou te morder.

Senti que não tinha como fugir. Realmente, olhando o Josh assim, ele não representava perigo nenhum, mas eu estava com medo do que eu mesma poderia fazer. Ficamos nos olhando por um bom tempo, até que eu senti os lábios quentes do Josh nos meus. Tudo que fosse quente em uma hora dessas, era aceito – menos a pele do Josh, porque eu não podia.

Eu queria que ele se afastasse, mas eu mesma não conseguia me afastar dele. Minha respiração não era a mesma. Estava falha por causa da água gelada e pelo Josh. Ele abriu a boca um pouquinho e depois, fechou, sugando de leve meu lábio inferior. Pude sentir o quanto seus lábios eram doces e quentes. Feito isso, consegui estremecer mesmo com a água congelando até os meus ossos.

– Não, eu não posso! Mas que droga... – Sussurrou para si mesmo, se afastando de mim. – Desculpa, eu não devia.

Dei um longo suspirou de olhos fechados. Por mais que eu dissesse que eu não queria, eu gostei um pouco disso. Gostei desse choque térmico que o Josh conseguiu provocar em mim.

– Você não tem culpa. – Sai da água. – Eu que não devia.

– Não está brava?! – Sentou do meu lado, na pedra.

– Deveria estar? – Perguntei.

– Não sei. – Suspirou. – Não quero que as coisas mudem por isso, tudo bem?!

– Não vão mudar. – Assenti. – Isso nem ao menos, foi um beijo de verdade!

– É, não foi. Eu só... – Se interrompeu. – Não sei o que deu em mim. Desculpa, de novo.

– Tudo bem, Josh. – Vesti minhas roupas. – Apenas me deixe em casa, sim?!

– Vamos lá.

Pov’s Josh

14h30 PM – O clima estava totalmente tenso e no caminho, não dissemos nada. A Hooper nem ao menos, me olhava direito. Por mais que ela dissesse que as coisas não iriam mudar, eu senti que elas já estavam mudando.

– Obrigado, Josh. – Disse, assim que paramos em frente a sua casa.

– Não precisa agradecer. – Mordi os lábios, olhando para o chão. – Eu é que tenho que agradecer por não ter ficado brava comigo. Desculpe por hoje.

– Não me peça mais desculpas, certo?! – Suspirou, cansada. – Só faz com que eu me sinta culpada também.

– Então, obrigado?! – Segurei seu rosto fino com as duas mãos, a fazendo olhar para mim.

– Assim está melhor. – Assentiu. – De nada, Steiner.

Beijei a sua testa e caminhei até o outro lado da rua.

• Manual da Conquista, segundo Josh Steiner •

Capítulo V

Significado de Impulso: Ato de impelir; impulsão. Agir sem pensar, por impulso.

Significado de Desejo: Querer a realização.

Foi a união dessas duas coisas que me levaram a beijar a Brianna. Vamos combinar que isso nem foi um beijo, mas eu pude sentir seu gosto. Eu quis, eu desejei e não foi só isso, eu não pensei antes de fazer. No começo, era tudo pensado. Cada passo era milimetricamente calculado, mas hoje não foi assim. Na verdade, eu só tenho agido por impulso e vontade quando estou perto da Brianna.

Hoje, foi o mais perto que eu consegui chegar de um beijo. Se quer saber, eu nem me importo mais com essa aposta. Eu só quero poder tocar a Brianna de novo, porque foi tudo muito rápido e eu pude sentir apenas por alguns segundos. Seus lábios estavam gelados e ela tremia. Não consegui saber se ela tremia pela água gelada ou se era por mim. Talvez fosse pela água, que ela reclamava desde o começo, mas isso não importa. Ela é doce, a sensação foi boa. Por mais que tenha sido apenas um sugar de lábios, eu gostei. O melhor de tudo é que, depois disso, ela não me bateu ou me chutou como o esperado. Talvez estivesse muito confusa para isso – assim como eu. Nunca pensei que alguém fosse capaz de mexer assim comigo!