Ironias da Vida escrita por Cahxx


Capítulo 1
Capítulo 1




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Capítulo 1

– Uma cerveja, por favor – Dean fez seu pedido no balcão do Coffee&Milk. O sujeito por trás do balcão ergueu uma sobrancelha para Dean, intrigado com o fato de alguém pedir uma cerveja numa lanchonete onde normalmente se serve café. Mesmo assim o homem virou-se para pegar o pedido.

Enquanto aguardada, Dean deu uma olhada nas pessoas ao redor. Já eram quase dez da noite, e o estabelecimento estava praticamente vazio. Dean lembrou-se de que poderia estar se divertindo em algum lugar mais animado se Sam não tivesse inventado uma nova missão.

– Aqui senhor – disse o balconista. Dean já ia se virar para pegar a bebida, quando tornou a olhar em direção a mesa dos fundos, onde uma mulher lia uma revista de ponta cabeça. Dean achou que ela fosse burra ou maluca, e pensou: "é dessas que eu gosto!". Ele pegou a cerveja e aproximou-se.

– Olá. Alguma notícia interessante? – e esbanjou seu sorrisão de macho em época de acasalamento.

A mulher o olhou por cima da revista e tornou a encarar as páginas.

– Que isso, gatinha! Vai me deixar no vácuo?

A moça corou furiosamente e quando Dean reparou bem em sua face, percebeu o quão jovem ela era: não deveria ter mais de vinte anos. No mesmo segundo ele se sentiu constrangido; sentiu-se na pele de um tiozinho pedófilo. Mas então se tocou de que ainda era jovem, de certa forma, e é de caras mais velhos que as mais novas gostam.

Mas para sua decepção, ela levantou-se ignorando-o, dobrou o jornal e saiu apressada. A porta fez o barulhinho de quando alguém entra ou sai, e Dean apenas suspirou. Ele tomou sua cerveja, com total desgosto. A culpa pela sua noite entediante e sua escassez de charme era toda de Sam, e ele pagaria por isso.

Não vendo outra alternativa, Dean saiu da lanchonete e enfiou as mãos no bolso da jaqueta. Estava consideravelmente frio, já que era noite. A rua estava praticamente deserta. Só havia um pequeno movimento logo adiante e Dean precisou apertar os olhos para enxergar o que era. E assustou-se ao enxergar: duas pessoas vestidas de preto estavam passando, mas não estavam andando, elas estavam deslizando. E de repente tudo pareceu mil vezes mais frio e triste.

Acostumado com coisas bizarras, Dean decidiu seguir as "criaturas", afinal, elas poderiam estar atrás de algum inocente. Após andar cerca de um quilômetro e estar quase desistindo da entediante perseguição, os encapados viraram em um beco sem saída. Dean olhou de esguelha para dentro do beco e ouviu um grito agudo: uma mulher estava sendo atacada pelas criaturas. Involuntariamente ele sacou sua Glock e atirou quatro vezes contra os seres, sem surtir efeito algum. O máximo que havia conseguido fora chamar atenção para que os bichos mudassem de alvo. Agora era Dean quem estava andando de costas para afastar-se deles.

Um empurrão invisível levou Dean a cair no chão; sua visão ficou embaçada, suas forças se reduziram a quase zero e ele teve uma vertigem. A única coisa que conseguiu ver foi um clarão e nada mais. Ao acordar, a mulher o olhava, preocupada.

– Você está bem? – ela perguntou ajudando-o a se levantar. Dean apenas concordou com a cabeça e encarou com curiosidade a mulher a sua frente. Como que entendendo o olhar do homem, ela respondeu:

– Não sei que pessoas eram... Só sei que outra pessoa apareceu logo ali – e apontou com o dedo para o lado oposto – e as pessoas foram embora atrás dele. E teve uma luz. Foi só isso que eu vi.

– Sabe pra onde foram?

A mulher assustou-se com a pergunta e Dean reconheceu aqueles olhos: eram os mesmos da garota da lanchonete anterior. Ela pareceu aceitar responder, sem muita convicção se estava fazendo o que era certo. Ela apontou para o céu.

– Saíram voando...

Dean sentiu pena da garota: ver pessoas voarem era realmente perturbador para uma pessoa comum. Ele já estava acostumado com isso, mas soube que a jovem devia estar se sentindo ridícula por dizer aquilo. Dean tentou confortá-la.

– Vamos para um lugar seguro. Você precisa ir para casa.

A menina concordou e os dois começaram a caminhar em absoluto silêncio. Chegaram à casa da menina, cuja rua também estava deserta.

– Desculpa perguntar – começou Dean – mas o que você fazia tarde assim, sozinha, fora de casa? Seus pais não estão preocupados? Você deveria ter pensado que seria perigoso andar por aí sozinha. E o que fazia naquele beco horroroso?

A menina pareceu muito nervosa. Dean percebeu que não deveria ter perguntado. Ao invés de insistir, ele decidiu mudar a pergunta.

– Será que eu posso saber qual o seu nome...?

Ela fez que sim com a cabeça e respondeu:

– Hermione... Granger.

– Sou Dean Winchester. Sou... policial. Então, caso precise de ajuda... Pode me ligar – e entregou um pedaço de papel com seu número a ela. Dean sentiu-se meio bobo fazendo aquilo, mas nove horas atrás estava na "loja" de uma cartomante ouvindo uma estranha revelação e duas horas atrás estava debatendo com Sam quem iria vigiar aquela rua, pois segundo a "vidente", algo de ruim iria acontecer ali. Então no presente momento, Dean estava achando que aquilo poderia ter relação com tudo e que a menina poderia estar correndo perigo. Além do mais, não custaria nada ajudar uma jovem em perigo.

A menina entrou em casa e Dean voltou andando para a lanchonete. Entrou em seu carro e voltou para casa, para contar a Sam o ocorrido. Por que não levara a menina de carro? Porque com toda certeza ela não aceitaria entrar no carro.

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– Bom, pode ser mesmo que tenha relação – comentou Sam medindo a situação – mas ainda temos algo a fazer. A cartomante disse...

– Ah, pelo amor, Sam! Ainda está acreditando nessa mulher! Ela é pirada de tanto cheirar incenso! Esquece isso cara, vamos procurar outra coisa.

– Dean, ela sabe mesmo das coisas! Imagina se ela não tivesse nos dito que algo ruim aconteceria hoje à noite, naquela rua? Aquela jovem poderia estar morta ou coisa pior... Vamos! Vamos dar mais uma chance a essa vidente e ver no que dá... Se ela adivinha mesmo as coisas, pensa no quanto de gente que vamos salvar!

– Hunf. Só aceito porque amanhã a profecia vai ser em um grande jogo. Não vou perder por nada!

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Os irmãos chegaram ao Estádio de Preaton, que estava lotado para as finais de basquete. Após encontrarem seus lugares:

– Mesmo sendo um jogo maneiro temos que ficar de olho em tudo para se algo estranho acontecer – alertou Sam.

– Tá, tá – Dean concordou impaciente – Guarda meu lugar que vou comprar o rango.

E Dean saiu pisando em muitos pés e empurrando muitas cabeças. Chegou à lanchonete que para sua irritação, estava lotada. Não havia como se quer respirar naquele lugar! Postou-se no final da fila de quilômetros de comprimento, pelo menos era o que parecia, e revirou os olhos, irritado. Foi quando uma risada chamou sua atenção e Dean olhou em direção a ela: aproximando-se do balcão para fazer seu pedido, estava a mesma adolescente da noite anterior.

Ela estava com duas amigas, uma loira de olhos gigantes e azuis, e uma ruiva muito "descolada". Hermione, como Dean lembrava ser seu nome, virou-se em sua direção e avistou Dean. Ela parou uns instantes e o reconheceu. Então cochichou algo com a ruiva que concordou e Hermione fez sinal para que Dean aproximasse.

– Eu? – ele perguntou apontando para si mesmo. Ela fez que sim sorridente. Dean pensou se deveria ou não perder seu lugar na fila, mas acabou saindo desta e aproximando-se.

– Eu queria agradecer por ter me ajudado ontem, senhor Dean – falava a jovem, timidamente – Então, pode ficar na nossa frente.

Dean arregalou os olhos surpreso e agradeceu.

– Vocês gostam de basquete? – Dean perguntou para se enturmar.

– Não – respondeu Hermione – Mas nossos amigos jogam no Grifinória, então viemos pra torcer.

– No Grifinória? Sério? É meu time desde que nasci!

– Que legal! Então depois a gente os apresenta pra você.

Dean agradeceu, e elas saíram. Ele alertou a si mesmo para lembrar-se de beijar Sam por este tê-lo feito sair à noite atrás de problemas. Voltou para seu lugar e decidiu pagar a promessa do beijo depois.

– E aí? – perguntou Dean.

– Até agora nada...

– Perguntei do jogo!

– Tá começando agora!

Os times entraram: de um lado cinco rapazes vestidos de vermelho, os Grifinória; do outro, o time de azul, Corvinal. Sonserina era o time rival da Grifinória, mas Corvinal apresentava-se como um desafio grande também.

A partida começou e o jogo foi sendo narrado. Dois minutos após o início da partida, Dean começou a procurar o lugar onde Hermione deveria estar; é claro que era apenas para garantir se a jovem estaria bem. Durante o jogo, ele passou a dividir sua atenção entre os jogadores e Hermione, que vire e mexe fazia caretas provocadoras de sorrisos na face de Dean.

Faltando trinta segundos para o final, os times estavam em puro empate. Grifinória estava dois pontos na frente e Corvinal se preparava para sua última cesta que significaria empate, terminando na vitória da Corvinal pelos pontos, ou poderia ser vitória da Grifinória. Dean, que já tinha o local de Hermione marcado depois de procura-la por cerca de dez minutos, olhou pra ela sem perceber, talvez para saber sua reação contra toda a pressão que se estendia por ali. Ela estava estranhamente olhando para os lados, e suas amigas olhavam apreensivas para a cesta. Hermione curvou uma mão sobre a boca, como se fosse tossir e pareceu dizer algo. Dean voltou a olhar para o jogo. O jogador Terêncio Boot arremessou contra a cesta e... a bola caiu fora.

Urras vieram direto dos torcedores da Grifinória e de seus jogadores vermelhos que saíram correndo e gritando pela quadra. Dean olhou para Hermione mais uma vez, mesmo contra sua vontade – era estranho o magnetismo que ela tinha, que o fazia querer olhar pra ela a todo instante, só pra saber o que estava fazendo; Dean pensou que talvez isso acontecesse normalmente com pessoas que encontravam conhecidos num Estádio durante um jogo – e esta estava sorrindo envergonhada, como se tivesse aprontado algo.

Dean despertou com Sam chamando-o para irem embora.

– Parece que a vidente errou... Não aconteceu nada de ruim aqui – disse Sam levantando-se.

– Claro que aconteceu! Grifinória ganhou por só dois pontos! Quase que perde... Essa mulher é boa mesmo, Samizinho.

Sam soltou um muxoxo de impaciência e foi embora. Dean pensou em ir até Hermione e pedir para conhecer os jogadores, mas pensou que talvez ela só o tivesse convidado por generosidade. Então deu meia volta e seguiu Sam.

Já na saída do estádio, alguém o chamou:

– Senhor Dean!

Dean e Sam viraram-se: Hermione estava com os cabelos bagunçados e respiração ofegante.

– Gostaria de saber se o senhor quer conhecer meus amigos... Não esqueci da minha promessa.

Dean olhou para Sam e este olhou intrigado para ele. Dean fez uma careta de "ah, não temos nada melhor pra fazer mesmo", e os dois seguiram a jovem. Sam olhou para Dean mais uma vez e este retribuiu o olhar com um sorriso enorme no rosto.


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