-O quê?! Filho meu não assume cagada dos outros! Não! Se ela que fez, ela que se vire! – Meu pai se levantou com a intenção de bater em Helena e aquilo já era o suficiente. Levantei-me e fiquei a frente dela, já que eu não permitiria tal ação.

-Sai da frente menino! Ela merece isso! – Ele gritou.

-Você não vai fazer isso! – Adverti.

-Quem vai impedir?! – Ele desafiou.

Sem hesitar, proferi um soco no rosto de meu pai, o que o fez virar o rosto involuntariamente, mas quando ele se deu conta de que eu havia lhe agredido, fez questão de devolver-me um soco com toda força que pôde, o que fez meu maxilar estralar.Sua aliança cortou minha boca. Quando senti o gosto metálico em minha boca, levei a mão até ela e limpei o sangue que escorria.

-Isso foi só o começo, garoto! – Ele foi até lá fora buscar algo, do qual não fazia ideia do que era.

Quando voltou carregava consigo um cabo de vassoura, o que me assustou.

-Pra quê isso?! – Gritei.

- Um presente para a menininha aí! – Ele estava com um sorriso sarcástico no rosto e caminhava até Helena, mas na hora em que ele iria bater nela com o cabo de vassoura, me virei, o que fez o mesmo se quebrar em minhas costas.Após o impacto, ajoelhei-me no chão.

-Por... Que... Fez... Isso? – Eu estava sem ar, pronto para desmaiar, e como havia pensado, foi o que fiz.

Acordei no outro dia deitado em minha cama. Helena estava ao meu lado,também deitada, esperando eu acordar.

-O que aconteceu? – Perguntei meio confuso.

-Seu pai... Quebrou o cabo de vassoura em suas costas e você desmaiou. – Ela levou a mão até minha cabeça e começou a acariciar meus cabelos.

-Nossa... – Fui tentar me sentar, mas minhas costas não ajudavam.

-Ei, ei, pare! Não se mexa, vai ser pior. – Ela me ajudou a deitar novamente.

Eu estava incapacitado de fazer qualquer coisa. Senti minha boca arder e logo levei a mão até a mesma. Olhei para Helena, confuso.

– O que aconteceu? – Ela ficou triste, mas resolveu falar.

-Depois de você dar um soco em seu pai, ele devolveu... Mas a aliança dele cortou sua boca. – E ela deu um beijo em cima do pequeno corte. – Você vai ficar bem.

-Eu espero – Sorri.

-Vai sim, sei disso. – Ela continuou a mexer em meus cabelos.

-É, mas eu não consigo nem me mexer – Eu estava com dor, meu corpo inteiro estava doendo.

-Acho melhor te levar ao hospital... – Ela sabia que eu tinha problemas com essa palavra. Hospital significava médico e médico, agulha.

-Não! Eu vou ficar bem! –Entrei em pânico.

-Calma! Só falei por falar. – E ela caiu na gargalhada.

Tentei rir, mas as costas estavam doendo ainda, e a risada ia piorar as coisas.

-Ok, não te faço mais rir, desculpa... – Ela ficou mal.

-Fica assim não. – a abracei e ficamos deitados juntos. Adormeci de novo.

Acordei e percebi que Helena estava dormindo abraçada comigo – o motivo que me fez sorrir. Movi-me devagar e peguei o celular na cabeceira da cama para ver que horas eram – 01h00min AM. Seria melhor eu voltar a dormir. Quando estava pegando no sono, ouvi um barulho no andar de baixo. Resolvi levantar para ver do que se tratava, então caminhei devagar para não acordar Helena.

Andei com cautela enquanto me apoiava nas paredes. Foi difícil descer as escadas, mas consegui. Quando cheguei lá em baixo, ouvi barulhos na cozinha novamente. Enquanto andava, me apoiava em tudo o que encontrasse pelo caminho. Ao chegar, encontrei um ladrão na cozinha, mas ele não percebeu minha presença ali. Andei até o fogão, peguei a frigideira que estava em cima do mesmo, e fui para perto do ladrão, mas na hora que fui para bater nele na cabeça com a frigideira ele virou, e carregava consigo uma arma, e sem hesitar ele atirou.

Senti meu ombro doer e com o tiro, que fez muito barulho, acordou a todos na casa, que acabaram vindo para cozinha. Eu ainda estava de pé, mas depois que o ladrão viu todos, fugiu. Helena veio ao meu encontro e chegou a tempo de me segurar antes de eu desmaiar... Novamente.

4 Meses depois 

Acordei totalmente confuso. Estava em um quarto, sozinho. Olhei em volta e analisei o quarto: eu estava em um hospital...

–“O que aconteceu?!” – Pensei.

Havia muitos aparelhos ligados a mim. Um que me ajudava a respirar me irritou. Eu estava bem! Não precisava daquilo! Então o retirei e removi os outros fios que estavam ligados a mim. Ao levantar, notei uma bolsa em cima de uma poltrona e peguei a mesma. Fui até uma porta extra no quarto e a abri. Logo, vi que era um banheiro e entrei no mesmo, abri a bolsa e notei que, dentro dela, havia algumas roupas minhas. Por fim, resolvi tomar um banho.

Demorei um pouco, confesso. Mas ao terminar de me arrumar, fechei a bolsa e saí do quarto. Percebi que seria melhor eu ir embora, afinal, eu estava bem.Parecia que eu tinha passado tanto tempo ali que pensei em estar totalmente renovado!

No corredor, encontrei com Helena e ela estava... Gorda.

Não. Gorda não seria a palavra correta. Acho que grávida ficaria melhor. Seu vestido largo afirmava isso. Quando ela me viu, veio ao meu encontro e me abraçou.Automaticamente, joguei a bolsa no chão, retribuí ao abraço e a beijei. Parecia que fazia tanto tempo que não nos víamos...

Depois do beijo, nos abraçamos novamente e ela começou a chorar.

-Por que está chorando? Tá tudo bem... Agora estou aqui, estou bem... – Confuso, completamente confuso, mas estou bem.

-É por isso que estou chorando! Porque você esta bem! – Ela chorava com um sorriso no rosto. Olhei para baixo e vi sua barriga.

-Nossa! Como ele cresceu! – Fiquei assustado.

-Ela – Corrigiu.

-Não! Ela?! – transbordei de felicidade, só sei que gritei no hospital - EU VOU SER PAI! –As enfermeiras pediram silencio, pedi desculpas, e comecei a acariciar a barriga de Helena.

-Já escolheu o nome? – Perguntei curioso.

-Eu estava esperando você para fazer isso! – Ela falou animada e pousou a mão na barriga.

-Mas você deve ter pensado em algum nome. – Argumentei.

-É verdade... Pensei mesmo. – Ela estava sorridente.

-Diga! – Eu estava muito animado.