As Filhas De Calipso escrita por Liz Jensen, Laís di Angelo


Capítulo 22
Amigos?


Notas iniciais do capítulo

Oi, genteney!!!
Sou eu, Liz.
Eu sei que vocês devem ter se perguntado em algum momento "Onde estão as autoras e os capítulos de As Filhas de Calipso?". Pois é, aqui.
A Laís, como eu disse, está com problemas pessoais e eu fiquei completamente sem inspiração durante esse tempo.
Mas isso acabou.
Dia desses eu estava voltando de viagem e comecei a reler a fic e decidi que ela merecia mais atenção.
Se eu vou conseguir terminar a fic sozinha? Não sei, mas posso tentar.
Se alguma coisa acontecer, venho aqui avisar vocês, prometo.
Mas enfim, quem está pronto para mais um capítulo? o//////



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POV Dean

Não se pode nem sair pra dar uma volta que seus amigos desaparecem.

Depois que o trem parou, eu fui um dos primeiros a descer pois estava disposto a encontrar alguém que trabalhasse na estação para perguntar de havia outro trem pra Nova York, já que Cristal pretendia trocar de trem. Ao entrar na estação tive que admitir que perdi o fôlego. O teto era inteiramente de vidro sustentado por colunas, de mármore assim como o piso. Parecia que tínhamos voltado no tempo, a única coisa que denunciava o ano em que estávamos eram as pessoas com suas roupas modernas.

Fui até um segurança que estava encostado em umas das colunas e pedi a informação que precisava. Ele disse que tinha um trem para Nova York, mas partiria em cerca de meia hora. Agradeci a ele e voltei para a plataforma esperando encontrar meus amigos lá, mas não havia ninguém.

Dei uma olhada pelas janelas do nosso vagão, mas estava vazio também. Me toquei que eles podiam ter entrado na estação e termos nos desencontrado, até escutar um baque surdo vindo do segundo vagão. Disparei até lá, prestando atenção aos sons ao redor: os barulhos que o trem emitia, meus passos no chão de concreto, minha espada sendo retirada da bainha... e um grito. Um grito de garota.

Subi as escadas com tanta pressa que quase caí duas vezes. A porta estava trancada. Eu podia dar um chute e abri-la facilmente, mas não queria fazer barulho, então encaixei a ponta da minha espada na fechadura e a forcei. Escutei o clique do trinco e entrei. Caminhei silenciosamente por entre os bancos da primeira classe, diretamente para a porta de onde vinha o barulho. Quando fiz menção de entrar, escutei um grito assustado e um baque. Me desesperei e quase fiz tudo errado, mas não importava, pois o grito era de Cristal.

Pensa, Dean. Pensa.

Olhei pela janelinha da porta e vi a cena. Aquele moça dos doces gata, Kimmi, que falou com a gente mais cedo tinha se transformado num demônio, com uma perna de bronze e a outra de burro. Seu rosto ficou branco como giz e seus olhos, vermelhos-sangue. Basicamente ela tinha virado uma Mulher Burra Metálica, geneticamente modificada, se é que isso é possível. Ou em outras palavras, uma empousa. Percebi que era ela por seu uniforme. Enfim, a empousa estava virada pra Nico, que brandia sua espada de ferro estígio. Cristal, que tinha sua lança em mãos, estava à esquerda do monstro. Pensei no porquê dela ter gritado, então vi o corte em sua testa. Não localizei Alexander em lugar nenhum e pensei se isso não seria bom, mas logo mudei de ideia, afinal ele era o motivo da nossa missão. Não queria voltar ao acampamento como um fracassado por deixar o próprio irmão morrer. A coisa boa de tudo era que a mulher estava de costas pra mim.

Enquanto Nico investia contra o monstro, Cristal me viu. Por um momento ela pareceu aliviada, enraivecida e encantada ao mesmo tempo, mas seu rosto voltou ao que estava antes, pois ela sabia que Kimmi não podia saber que eu estava ali. Troquei um olhar significativo com ela que assentiu na mesma hora. Desde quando tínhamos essa sincronia?

Cristal cutucou a barriga do monstro pra chamar a atenção dela.

– Ei, idiota.

– Menina tola! - disse Kimmi, com a voz rouca e assustadora. - A mestra tem planos pra você.

– A mestra? - disse Cristal, surpresa, abaixando a lança, mas já levantando-a novamente. - Ora, quem é a mestra?

Esperei o monstro responder antes de realizar o plano.

– Bah, não interessa. Na hora certa você vai descobrir, ao contrário do namoradinho da sua irmã.

– Como sabe da minha irmã? - perguntou Cristal, chocada.

– Já disse que não interessa! - disse Kimmi. - Fique quieta enquanto eu mato seus amiguinhos.

Ela avançou na direção de um dos bancos, então percebi que Alexander devia estar caído lá. Abri a porta em silêncio, caminhei até a empousa e com um golpe, arranquei sua cabeça que caiu ruidosamente no chão. Seu corpo se desfez em pó.

– Eca. - disse Cristal. Olhei pra ela. Seus cabelos estavam bagunçados e grudavam no sangue do corte em sua testa. A manga de sua jaqueta estava rasgada. - Finalmente, né?

Sorri ao ver que ela fazia o mesmo.

Nesse momento, Alexander gemeu num dos bancos. Nico foi até ele.

– Melhor não chegarem perto - alertou, se afastando um pouco. - Acho que ele vai vomitar.

Alexander se sentou, levemente esverdeado.

– O que aconteceu? - perguntei.

– Estávamos te procurando, quando vimos um movimento nesse vagão. - disse Nico. - Achávamos que era você, mas no fim foi uma armadilha.

– Então aquele... ser - continuou Cristal, apontando para Alexander. Percebi que ela ia usar uma palavra menos delicada do queser. –, quase estragou tudo. Quando eu ia matá-la, ele ficou hipnotizado e pulou em cima de mim, impedindo o ataque. Felizmente, Nico conseguiu distraí-la por tempo suficiente até que você chegasse.

Demorei um instante pra processar toda a história.

– Um dos poderes das empousai é hipnotizar homens. - afirmei. Me virei para Nico. - Como você não foi afetado?

Ele corou um pouco.

– Não achei ela tão bonita assim a ponto de me hipnotizar. - disse ele. - Conheço uma ruiva bem mais bonita e hipnotizante.

Cristal riu.

– Isso vai dar em casamento.

– Cala a boca. - disse Nico, corando mais. Ele se virou pra mim. - E onde você estava?

Contei a eles que fui atrás de informações e falei sobre o trem que partiria dentro de alguns minutos.

Alexander gemeu mais uma vez. Quase esqueci da presença do meu irmão irritante.

– E o que aconteceu com Alexander depois disso?

– Dei um soco na barriga dele pra ele me soltar. - falou Cristal, simplesmente. - E acho que a verdadeira face da Kimmi não ajudou muito.

Molenga.

Cristal se aproximou da cabeça da empousa, que continuava ali, como prêmio pela batalha.

– O que ela estava fazendo aqui? - perguntou Cristal, parecendo perguntar mais a si mesma. - E quem será a mestra?

– Taí uma boa pergunta. - falei. - Com certeza ela estava aqui a mando dessa mulher, mas por quê?

– Outra boa pergunta. - respondeu Nico.

Ficamos em silêncio por um tempo, até Alexander voltar a gemer.

– Alguém faça ele calar a boca. - pedi. Não sei como eu aguentaria esse moleque morando comigo no mesmo chalé.

– Acho melhor levarmos ele pra estação. - disse Cristal, pensativa. - Precisamos voltar pra casa o mais rápido o possível.

Conseguir embarcar em outro trem foi a parte mais fácil. Contamos nossa história: quatro órfãos, que acabaram de perder os pais em um incêndio, precisavam chegar urgentemente a Nova York, para a casa dos tios que não tinham dinheiro suficiente para buscá-los, o único dinheiro que os órfãos possuíam foi usado para a viagem até Iowa e precisavam chegar o mais rápido o possível, pois o tio precisava ir trabalhar como caminhoneiro e não se veria durante semanas, quem sabe meses. Nossas caras de cansados deve ter ajudado bastante. A história nos rendeu quatro passagens para o trem que partiria em dez minutos, além de doces e bolos doados pela dona da confeitaria da estação.

Só quando Des Moines desapareceu no horizonte, que finalmente relaxamos. Comemos os doces que ganhamos enquanto a paisagem passava veloz pela janela do trem. Alexander parecia bem melhor depois que deram um remédio de enjoo pra ele na estação. Ele encostou a cabeça no banco e dormiu quase que instantaneamente.

Nico girava o anel de caveira no dedo. Eu nunca tinha visto ele daquele jeito. Havia alguns boatos no acampamento sobre ele e outras garotas, mas ele me confessou que nenhum era verdadeiro. Agora ele parecia estar apaixonado pela Violet, o que era novidade. Afinal, o garoto tinha quatorze anos, já tava na hora.

Mas eu não podia dizer nada, afinal, eu também nunca havia me apaixonado de verdade. Até agora.
Cristal estava com a cabeça encostada na janela. Havia um curativo no corte na testa. Ela inventou uma história que perdeu o equilíbrio certa hora no trem e bateu com a cabeça numa janela. Pensamento rápido. Sorri com a lembrança. Nenhuma garota me fizera sentir assim antes.
Ela me flagrou olhando pra ela e antes que eu pudesse desviar os olhos, ela sussurrou:
– Podemos conversar?
Assenti com a cabeça e fomos andando até o último vagão que estava praticamente vazio. Nos sentamos em poltronas, um de frente pro outro.
– Eu tive um sonho estranho noite passada. - disse ela.
E então me contou sobre seu pai, Hécate e a promessa não cumprida da deusa.
– Eu quero saber o que aconteceu. - concluiu ela. - De verdade.
Passei a mão no cabelo pra ver se uma solução se formava na minha cabeça de repente.
– Cris, a única que pode nos contar essa história direito, é Hécate e nós dois sabemos como ela é.
– Eu sei! Mas quero investigar. Quero saber onde fica essa casa, quero revirar meu passado até saber de tudo. Não só por mim, mas por causa da Violet também. Merecemos respostas.
Levantei e me sentei na poltrona ao seu lado.
– Tudo bem. Podemos perguntar pro Quíron ou pedir pra Apolo nos levar até Calipso.
– Nos levar? Você vai com a gente? - ela perguntou, esperançosa e aflita ao mesmo tempo.
– Se vocês quiserem... Aposto que Nico vai querer ir também.
Cristal se precipitou pra frente e envolveu meu pescoço com os braços, me apertando contra ela num abraço inesperado.
– Obrigada - ela sussurrou no meu ouvido. Um arrepio percorreu meu corpo.
Passei um braço em sua cintura, apertando-a contra mim, inalando seu cheiro de canela. Havia muitas coisas não ditas naquela abraço. Eu tentava transmitir confiança e mostrar a importância dela pra mim. Seus dedos começaram a brincar com os cabelos na minha nuca.
– Cris - murmurei. Ela olhou pra mim, sem tirar as mãos da minha nuca. - Eu não quero ficar sem falar com você. Não sei o que tá acontecendo entre a gente, mas quero continuar com a sua amizade. É muito importante pra mim.
Ela assentiu, encostou a testa e o nariz nos meus respectivos.
– É importante pra mim também. - Ela assentiu por um instante, talvez decidindo o que dizer a seguir. - Gosto de você.
Me movo, raspando levemente nossos lábios. A vontade de beijá-lá cresce a cada instante, mas não vou estragar tudo agora.
– Também gosto de você.
Ficamos mais um tempo nessa posição, unidos por um laço de confiança.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal? Gostaram?
Merecemos comentários lindos?
Beijos&Queijos
Liz*



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