As Filhas De Calipso escrita por Liz Jensen, Laís di Angelo


Capítulo 21
Perigo


Notas iniciais do capítulo

Hello, everyone! Tudo bem?
Soy yo, Liz :)
Eu sei que demorei, mas estou com problemas de saúde e não estou conseguindo me organizar muito bem, então só vim hoje.
Anyway, espero mesmo que gostem do capítulo, esse eu escrevi sozinha ;)
Enjoy!



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POV Cristal

Acordei de um sobressalto. Olhei ao redor e vi Dean e Nico dormindo. Alexander devia ter ido dar uma volta. Esfreguei os olhos tentando me lembrar do sonho.

Hécate havia enganado meu pai, mas mesmo assim, algo ainda não se encaixava nessa história. Por que meu pai nos deixaria se nos amava tanto? Será que o poder lhe subiu à cabeça? Só de pensar nessas coisas, já ficava com dor de cabeça.

Olhei pela janela tentando afastar esses pensamentos. O trem passava por uma estrada, ao longe o sol se punha atrás dos campos de soja. Quanto tempo se passara desde que eu dormi?

Alexander voltou ao assento de frente pro meu.

– Que horas são? - perguntei com a voz um pouco rouca.

– Quase sete.

– E onde estamos?

– Iowa. Logo vamos parar em Des Moines.

Bufei e olhei para o corredor. Havia pessoas mexendo em seus notebooks, laptops e iPhones, sem se importar com nada que acontecia fora do trem. Uma garçonete passou por nós com um carrinho de doces e guloseimas. Seus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo, ela usava o uniforme do restaurante. Era muito bonita e Alexander pareceu hipnotizado. Em seu crachá estava escrito algo como Kimmi.

– Querem algo? - perguntou com uma voz melodiosa.

– Não, obrigada. - falei, apesar de estar com fome. Alguma coisa nela não parecia certo.

Ela sorriu mais uma vez e se afastou.

– Vou comprar alguma coisa pra comer. - avisei a Alex. - Volto já.

Me levantei e fui até o balcão do restaurante. Dei uma olhada pra trás e vi Kimmi conversando com Alexander. Não sabia se ficava assustada ou surpresa pelo fato de Alexander estar tentando passar uma cantada em uma garçonete suspeita.

Comprei três croissants com o dinheiro que sobrara e voltei para meu lugar. Os meninos já tinham acordado, então entreguei um pão para cada um e comemos em silêncio.

– Vai demorar muito pra chegar? - choramingou Dean. Ele parecia prestes a explodir.

– Calma, falta pelo menos uma hora. - falei.

Ele choramingou um pouco mais.

– Cara, você tá parecendo uma criança! - disse Nico, se mexendo desconfortável no assento. - Você sabe que nós também não gostamos de ficar sentados.

A moça dos doces, Kimmi, voltou para onde estávamos.

– Doce? - perguntou, como se fosse a primeira vez.

Instantaneamente os garotos pararam e olharam pra ela.

– Uau! - exclamou Dean. - Que gata!

Olhei dos garotos para Kimmi várias vezes. Ela sorria docemente para os garotos.

– Eu quero um! - disse Alexander, tirando um pouco de dinheiro do bolso e o estendendo à moça.

Puxei o dinheiro de sua mão.

– Não queremos nada, obrigada. - falei com firmeza.

– Tudo bem - disse ela. - Volto mais tarde.

Ela se afastou mais uma vez.

– Ela não é normal. - afirmei aos garotos. - Não comprem nada. Quando chegarmos em Des Moines, trocamos de trem.

– O quê? Por quê? - perguntaram os garotos, parecendo confusos e chateados.

– É isso mesmo! E vocês vão comigo nem que eu tenha que arrastá-los até Long Island.

Olhei para o sol que se punha a distância. Ficamos em silêncio por mais alguns minutos.

– Argh, não aguento mais! - exclamou Dean depois de um tempo. - Vou dar uma volta.

Ele se levantou e foi caminhando pelo trem.

– Também não aguento mais ficar aqui. - disse Nico, depois de um longo silêncio. - Vai demorar muito ainda?

Nesse instante, ouviu-se uma mulher falando no alto-falante.

– O trem irá parar dentro de quinze minutos. Ficaremos na cidade durante uma hora antes de continuar a viagem. Aproveitem os pontos turísticos próximos... - E continuou falando sobre as maravilhas da cidade.

– Bem, acho que sua pergunta foi respondida. Só espero que encontremos Dean logo. - falei, olhando para o corredor, sem encontrar nenhum sinal dele.

O trem foi diminuindo de velocidade até pararmos numa estação no que parecia ser o centro da cidade. As pessoas fecharam seus notebooks, pegaram a mala de mão e foram saindo do trem. Olhei pelo corredor novamente.

– Onde será que está Dean? - perguntei. - Ele já devia ter voltado.

Os garotos deram de ombros.

– Talvez esteja nos esperando lá fora. - disse Nico.

Peguei minha mochila.

– Vamos dar uma volta. Sinto que algo vai dar muito errado.

O trem parecia deserto. Depois de verificar nosso vagão, decidimos descer do trem, afinal Dean podia estar nos esperando na estação, certo?

Errado.

Não havia nenhum sinal dele por entre os turistas que se acotovelavam pra sair da estação.

– Tudo bem, isso já está estranho demais! - falou Nico.

Deuses, cadê ele?

– O que é aquilo? - perguntou Alexander apontando pro trem.

Segui seu olhar até o segundo vagão. As janelas estavam fechadas por uma cortina, mas havia um fresta por onde eu consegui ver uma movimentação.

– Dean. - falei.

Saímos correndo para o vagão. A porta estava destrancada, portanto não tivemos dificuldade de entrar. Parei no corredor entre os bancos de couro da primeira classe, tentando escutar algo.

– O que foi? - perguntou Nico, puxando a espada e vindo pro meu lado. - O que está escutando?

– Nada.

– Então qual é o problema? - questionou Alexander.

– É esse o problema - disse eu. - Não escuto nada.

Nesse instante, escutei um baque surdo vindo da outro lado da porta que separava o vagão.

Puxei minha lança, que estava escondida magicamente dentro da mochila e avancei para a porta. Nico a chutou e vi que minhas suspeitas estavam certas. Dean não se encontrava em lugar nenhum, mas havia alguém na sala. Ela nos lançou um sorriso malicioso.

– Que bom que chegaram - disse Kimmi. - Estava justamente esperando vocês pra começar a festa.

POV Violet

A conversa por mensagem de Íris não saiu da minha cabeça até a hora do jantar.

Afinal, o que aquela garota quis dizer com "Então é essa a garota?"? Isso não fazia o menor sentido! E por que Nico ficara tão corado, querendo mudar logo de assunto? Eu não gostava de pensar nessas coisas, mas era impossível. Tentei me distrair o resto da tarde, mas a conversa voltava à minha cabeça como se o botão replay estivesse ligado no meu cérebro.

Após o jantar, eu estava tão distraída, que nem reparei quando armaduras e armas surgiram em cima da mesa depois que os pratos desapareceram.

Me levantei, lembrando que dia era hoje.

Sexta-feira, o que significa, caça à bandeira.

Mike se aproximou, já com a armadura completa, parecendo o Homem de Ferro da Antiguidade.

– Pronta pra estraçalhar o outro time?

Bufei. Isso é ótimo! Como se eu tivesse com cabeça pra lutar.

Beatrice e Ellena se aproximaram, acompanhadas de Andrew que embainhava a enorme espada.

– Quem é do nosso time mesmo? - perguntei, tentando parecer muito interessada, pegando uma peça da armadura.

– Você é do meu time, junto com os chalés de Hermes, Afrodite, Apolo, Perséfone e Deméter. Estamos contra Atena, Poseidon, Dionísio e Hefesto.

– Isso é tão emocionante! - disse Ellena dando pulinhos no mesmo lugar, fazendo com que Andrew tivesse dificuldade de prender a armadura nela. - Podemos matar alguém? Tipo aquelas meninas metidas de Afrodite. Sem ofensas, Beatrice.

– Acho melhor não, Ellena. - falei, preocupada com a ideia de vê-la segurando uma espada. - Além do mais elas são do nosso time.

Enquanto isso, Mike ajudava Beatrice e os dois não paravam de dar selinhos a cada dois segundos.

Tentei prender minha armadura, mas não sabia como. Na única vez que usei uma, Nico me ajudou com as amarras.

Desviei o pensamento.

– Precisa de ajuda, Vi? - perguntou Mike e veio andando até mim. - Aqui, deixa que eu faço.

– Espero que não se importe, Beatrice. - falei.

Ela deu de ombros.

– Pode ficar, nem quero mais.

Eu ri e Mike a encarou.

– Obrigado, amor.

– Você sabe que eu te amo, né, fofuxo? - disse ela, beijando sua bochecha.

– Fofuxo? - falei, deixando um sorriso transparecer.

Quíron foi para o centro do refeitório e bateu com o casco na pedra.

– Campistas - falou, a voz ecoando pelo refeitório agora em silêncio. - Lembrem-se das regras: o riacho é a divisa. É proibido matar ou machucar gravemente. Eu serei o juiz e médico do campo de batalha. Boa sorte a todos.

Andrew pegou um estandarte com uma bandeira vermelha mal-pintada com uma cabeça de javali no centro.

– Time vermelho, em suas posições. Marchem!

Peguei meu elmo com plumagem vermelha e saí caminhando atrás de Mike.

Caminhamos durante uns cinco minutos até chegarmos ao extremo oeste do bosque. Andrew fincou a bandeira no topo de uma pedra e analisou o bosque.

– Tudo bem - disse Andrew descendo da pedra. - Josh e Emily cuidam da bandeira. Kim e Russell, fiquem por perto. Eu, Mike, Ellena e Violet vamos atrás da bandeira pelo sul. Beatrice, quero que pegue um grupo de cinco pessoas do chalé de Afrodite e os guie pelo norte, precisamos de uma distração ali. Karl, leve os campistas de Ares pelo meio. Travis e Connor, vão em pequenos grupos, espalhados pelo bosque, mas não fiquem muito ao sul. Os outros ficarão na defesa. - Houve um muxoxo de alguns campistas. - Protejam a bandeira com a vida se for preciso, mas precisamos vencer, por Clarisse, que como todos sabem ainda está se recuperando na ala hospitalar. Alguma pergunta? - Ninguém disse nada. - Ótimo. Permaneçam em seus postos, não importa o que aconteça. Boa sorte a todos.

Todos foram a seus postos e quando a trombeta soou, desapareceram entre as árvores em disparada.

– Legal - falou Ellena, parecendo super feliz por ficar no grupo de Andrew. Segundo ela, Andrew ficava "extremamente sexy" de armadura.

A armadura de Ellena parecia um pouco maior que ela, mas nada preocupante. A aparência dela estava, sem sombra de dúvida, melhor que a minha durante a primeira vez que participei do jogo. Também arrumaram uma espada curta pra ela, que não demonstrou ter problemas.

Começamos a caminhar/correr em direção ao sul.

– Por que nos colocou no seu grupo? - perguntei a Andrew num sussurro, após nos escondermos de um grupo de cinco pessoas do time azul, atrás de uma árvore.

– Bom, Mike é ágil e esperto, você é muito boa com a faca e ainda tem o lance da magia. E eu não podia deixar Ellena sozinha, certo? - disse ele, lançando um sorriso arrebatador para a garota que quase desmaiou.

Ele e Mike foram caminhando na frente, enquanto eu tentava trazer Ellena de volta à realidade.

– Ele quer me proteger! - murmurou ela, com os olhos arregalados e brilhantes.

– Tá, isso é ótimo. - falei, quando os garotos estavam longe demais. - Vamos.

Quando chegamos aonde os meninos estavam, Andrew colocou um braço na nossa frente, impedindo a passagem.

– Shh! - sussurrou, apontando para frente.

Olhei pra onde ele indicava e vi a bandeira azul, fincada numa área aberta. Havia dois campistas guarnecendo-a e um mais à frente, mais próximo da margem da clareira.

– Tudo bem - sussurrou Andrew. -, vamos ao plano.

Claro que ele havia nos instruído muito bem para aquela parte. Assenti e fui silenciosamente até a região norte da clareira, andando afastada da borda. Chegando no lado norte, tomando muito cuidado pra não encontrar ninguém do time azul, comecei a procurar uma pedra de tamanho relativo. Comecei a procurar, mas ali não havia pedras do tamanho que eu queria. Me agachei para enxergar melhor na escuridão, achei uma pedra um pouco maior que minha mão, quando bati a cabeça em algo. Me levantei, assustada, com a pedra na mão, pensando que fosse alguém do time adversário, mas na minha frente havia uma mulher trajando um vestido negro com um véu preto sobre a cabeça, cobrindo o rosto.

Ela retirou o véu com calma.

– Olá, Violet.

Eu não sabia se ficava mais assustada pelo fato de seus olhos serem completamente negros, globo ocular e tudo, ou pelo fato dela saber meu nome. Obviamente a mulher era uma deusa.

A mulher olhou ao redor e seu olhar parou por instante na bandeira e em meus amigos.

– Vejo que está ocupada, mas isso não irá demorar muito tempo. Eu sei o que você pensa, Violet. Está se apaixonando por aquele garoto de Hades. Você confia nele.

– Q-quem é você? - perguntei, a voz tremida.

– Ora, Violet, você sabe quem eu sou. Ou não reconhece a própria avó?

Foi como ter levado um tapa na cara. Aquela mulher maluca não podia ser minha avó. Quer dizer, eu sempre quis ter uma avó, mas eu nunca a imaginei tão sombria. Era pedir demais que ela me desse ao menos um sorriso bondoso de avó? Esquece, era ainda mais assustador pensar naquela deusa sorrindo com bondade.

– Hécate. - falei, a voz mais firme agora. - O que quer?

– O que eu quero? - disse ela. - Apenas conversar, claro.

– Sabe o que é, eu estou meio ocupada agora... - disse eu, olhando para a bandeira.

– É só um jogo, Violet. Isso pode esperar.

Eu estava cogitando a ideia de sair correndo, terminar o plano e deixar aquela mulher falando sozinha, mas ela era uma deusa, afinal.

– Fale então. - disse eu.

– Esse garoto irá te levar pelo caminho certo, Violet. E se você não confiar nele, quem sabe ele não fique com a Cristal.

– Você está errada! - falei, quase falando alto demais, apontando a pedra para a deusa. - Nico nunca faria isso, eu confio nele, assim como ele confia em mim. Ele nunca faria isso comigo. Nunca!

Nesse momento, me toquei como fui boba e ridícula em pensar que Cristal e Nico tinham algo. Como fui cega! Idiota, idiota, idiota!

Joguei a pedra com força numa árvore, fazendo o barulho que desejava. Os guardas olharam na minha direção.

– Você vai pagar por isso, Violet Kane. - vociferou Hécate. E desapareceu em fumaça escura.

O campista que estava perto da clareira e um guarda da bandeira, vieram na minha direção. Saquei a faca, esperei eles chegarem bem perto e saí em disparada para o sul, mas mantendo distância dos meus amigos, para que eles conseguissem capturar a bandeira. Pelo o que eu ouvi, os adversários estavam me seguindo, o que era bom, então, quando cheguei o mais perto que podia do sul, me virei e comecei a lutar contra o primeiro campista. Ele usava uma espada, o que era uma desvantagem pra mim, que possuía apenas a adaga, mas consegui lutar contra ele, enquanto o outro campista voltava para a clareira. Graças aos deuses (ou não), o maior dos dois que veio lutar comigo, o que significava que o menor tinha voltado. Me concentrei numa pinha caída no chão e reuni toda minha raiva, o que foi fácil. O que foi difícil, foi me concentrar nas duas coisas ao mesmo tempo. Assim que toda a raiva aflorou, a pinha explodiu atrás do garoto. Ele se virou com o susto e eu o chutei no peito, derrubando-o no chão.

– Esteja preso! - falei, apontando minha faca para sua garganta.

Escutei uma grito de comemoração vindo da clareira. Com um alívio, reconheci a voz de Mike. Ouvi passos se aproximando e no instante seguinte, consegui ver os cinco campistas. Ellena segurando a bandeira e Mike a guarnecendo, Andrew segurando os dois campistas adversários pelos pulsos. Ele os largou junto ao garoto que eu derrotei.

– Vamos! - disse Andrew.

Saímos em disparada atrás de Ellena que carregava a bandeira. Toda vez que um oponente aparecia, um de nós o derrotava, sem deixar que encostassem em Ellena. Estávamos cada vez mais perto do riacho. Eu não sabia se estavam vindo com a nossa bandeira.

– Anda, Ellena. - falei, sem fôlego pela corrida.

Ela apertou o passo. Um campista de Atena apareceu, mas Andrew começou a lutar com ele e ficaram para trás.

Finalmente Ellena atravessou o riacho e a bandeira antes cinza-prateada, se transformou, ficando cor de terra, com uma rosa vermelha no centro.

– Ganhamos! - berrou Ellena, fazendo uma espécie da dança escocesa, largando a bandeira no chão.

O time vermelho deu vivas, mas Mike notou que eu não estava tão alegre quanto deveria.

– O que foi, Violet?

– Uma coisa muito estranha aconteceu. - respondi com a voz fraca. - Vem, eu vou contar pra você.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Reviews? Recomendações?
Ai, gente, vocês já leram A Culpa é das Estrelas? Eu estou lendo e AMANDO! É perfeito!
Whatever, mandem feliz dia das mães às suas progenitoras! :D
Beijos&Queijos
Liz



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