As Filhas De Calipso escrita por Liz Jensen, Laís di Angelo


Capítulo 14
Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Oii, gente! Sou eu de novo, Liz!
Aqui tá o capítulo! *0* ~opovovibra~
Divirtam-se ;)



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POV Violet

Vamos voltar mais um pouquinho? Não, gente. Não tô aqui apenas para atrapalhar a ordem certa da história.

Então vamos voltar ao assunto o-que-deu-na-Violet.

Depois de tudo que Andrew dissera, eu só confirmei minhas suspeitas. Eu tinha minhas dúvidas sobre Leon e Miguel, porque Annabeth nos dissera que os monstros se disfarçam de humanos para atacar semideuses indefesos. Então o segundo pensamento que tive depois que falei nossos nomes aos meninos foi "Como eu sou burra! Eu devia me jogar da ponte.", mas Cristal continuou falando com eles, como se não notasse nada de errado. Eu sei, fui estúpida por não ter contado nada a ela, mas essa intuição era apenas uma vozinha na minha cabeça que eu ignorei completamente no momento. E com momento quero dizer após a briga idiota com os dois idiotas que me chamaram de idiota.

Minutos antes do jantar, as palavras de Andrew fizeram meus instintos entrarem em alerta vermelho e meus nervos entrarem em combustão. As palavras de Andrew se misturavam à profecia e às minhas dúvidas e tudo isso fez meu cérebro doer. Quando encontrei as meninas no corredor, senti uma vertigem repentina, como se eu não estivesse mais sob o efeito da gravidade.

- Tudo bem? - Cristal perguntou.

Senti meus dedos formigarem.

- Acho que sim - respondi com a voz fraca, olhando pro chão. - Eu... Preciso falar com alguém. Vejo vocês depois.

E disparei pelo corredor.



O que eu estava prestes a fazer era loucura, insano, mas eu estava em uma situação de emergência, então deixei o orgulho de lado. Bati à porta do quarto.

Dean abriu a porta, usando uma roupa meio séria pra jantar. Ele se surpreendeu ao me ver ali.

- Violet? O que você tá fazendo aqui? Se veio me pedir pra ir falar com a sua irmã, eu...

- Não, não é nada disso! - respondi, os dedos tremendo. - Posso entrar?

Ele deve ter notado que eu não estava em meu juízo perfeito, porque me deixou entrar na hora.

O quarto dele era muito parecido com o meu, mas isso não vem ao caso agora.

- O que aconteceu? Pensei que vocês estivessem brigadas comigo e com o Nico...

- E estamos, mas essa conversa que a gente vai ter agora nunca existiu, certo?

- Nem sei do que você tá falando. - respondeu ele e quando o observei, vi que sorria, o que significa que ele manteria segredo. - Tudo bem, agora fala o que aconteceu.

Mordi o lábio, nervosa.

- Não é o que aconteceu, é o que vai acontecer. Posso confiar em você?

- Você sabe que sim. - ele indicou uma poltrona para que eu sentasse e ele se sentou na cama, atento.

Expliquei pra ele toda a história, sobre a conversa com Andrew, minhas dúvidas. Ele era um bom ouvinte. Por fim ele disse:

- Tínhamos razão.

- Ah, cala a boca! - mandei e ele obedeceu. Talvez pelo meu olhar homicida ou talvez por eu estar tão frágil mentalmente. - O que você acha?

- Eu sempre achei aqueles dois uns...

- Dean! - exclamei, com um olhar ainda mais homicida. - Do ponto de vista semideus, por favor. Não do ponto de vista tô-com-ciúme.

Foi a vez dele me lançar um olhar homicida. Ele respirou fundo.

- É o seguinte, Violet: suspeitos, eles são. Se eu fosse vocês eu tentaria me afastar. Ainda tem pontos soltos. Tipo, por quê? Por que monstros viriam aqui? E se aproximariam das descendentes de uma deusa ctônica e da filha de Pérsefone se não podem fazer nada contra elas? Por mais que eu odeie admitir não podemos ter certeza.

- Mas agora, agora, que realmente a vozinha na minha mente se abundou aqui dentro – eu bati na minha cabeça várias vezes – Ela não quer sair. Eu sei que eles tem algo de errado e é muito mais do que se aproximar de nós.

- Mesmo assim. – Ele disse. – Nós damos conta de três monstrinhos, se for verdade mesmo. Se quiser posso ir ver agora mesmo...

- Não, isso só vai dar mais motivos pra... – Cristal ficar magoada com você e eu realmente quero vocês normais novamente. – Esqueça. Apenas deixe quieto. Você tem razão, talvez seja paranoia, não estou me sentindo bem o dia inteiro. – Menti.

Eu sabia que não estava sendo paranoica. E eu realmente não estava me sentindo bem. Era como se eu soubesse a resposta para aquele sentimento mas ela não estava lá.

- Dean, bem... Eu herdei alguns poderes do meu pai. Mas, ahn... O que exatamente você acha que ele faz?

- Ainda acredita que ele esteja vivo? – Ele perguntou gentilmente. Eu o encarei. Ele vacilou por um momento.

- Dean!

- Eu não acho que ele esteja vivo, Vi. Simplesmente não entra na minha cabeça...

- Por que ele nos abandonaria? Eu me pergunto isso todos os dias, desde que aprendi o que significa pensar. – Respondi.

Ele deu um sorriso sem humor.

- Hécate é a deusa da magia, poções, certas coisas relacionadas ao Mundo Inferior. Ela tem ligações com muitos fantasmas, sabe? Ela pode controlá-los, por trabalhar para Hades. No Acamapmento, há algum tempo, tinha um filho de Hécate que tinha problemas com visões.

- Visões? – Indaguei.

- É. Os filhos de Hécate vão evoluindo devido aos poderes muito distintos tragos pela magia. – Ele me olhou como se eu fosse um ser extremamente intrigante que ele acabara de conhecer. – Essas suas intuições podem ser meio que adaptações devido ao seu parentesco mais distante com Hécate.

Assenti novamente. Ouvir aquilo me fez bem.

- Entendo... Acho que pode ser. Isso quer dizer que estou certa?

- Você é quem esta tendo intuições malucas, não eu.

Percebi que Dean estava sendo sincero. Realmente, Cristal me pareceu carrancuda demais pra ele.

Respirei bem fundo.

- Obrigada. - Levantei e caminhei até a porta, mas Dean me chamou.

- Violet?

Me virei.

- Sim?

- Por que veio falar comigo? Estamos brigados, lembra?

Ele não parecia disposto a lembrar da briga.

- Porque você é experiente. E eu confio em você. - Falei sorrindo. – Já é quase parte da família! Que eu nunca tive, obviamente. – Acrescentei.

Ele sorriu também.

- Acho que o Nico não ia gostar disso.

- Como amigo, irmão, cunha... – Eu parei de falar quando vi a careta dele. - Essa conversa nunca existiu! - falei rapidamente, com a cara fechada.

Ele riu.

- O mesmo vale pra você.

Assenti.

- Acho que vou pedir o jantar no meu quarto - falei. - Pode avisar aos outros, por favor?

- Claro, Violet. Até mais.

Saí do quarto de Dean e voltei para o meu, pronta para uma refeição sozinha.


Acordei às sete e meia, completamente disposta. Levantei, tomei um banho e fui falar com as meninas. Bati à porta do quarto de Beatrice, que me puxou pra dentro tão rápido que quase caí. O quarto estava inundado no escuro.

- Beatrice?

Uma lanterna se acendeu ao meu lado, iluminando o rosto de Beatrice de baixo pra cima, como se ela estivesse prestes a contar uma história de terror em volta da fogueira.

- Que bom que chegou, Violet - disse ela, numa voz rouca assustadora. - Estávamos te esperando.

Ela pretendia me assustar, mas apenas estiquei o braço e acendi a luz do quarto.

- Ah, chata! - reclamou ela, desligando a lanterna. Ela foi até a janela e abriu as cortinas, fazendo a luz do sol iluminar o ambiente.

Ellena estava jogada na cama, mexendo em alguns CD's. Haviam várias joias espalhadas pela cama, em cima de vestidos diversos.

- O que é isso? - perguntei.

- O hotel vai realizar um baile hoje, depois do jantar - disse Beatrice, nas nuvens.

- Tá, e daí?

Ela me olhou, ofendida.

- E daí que o Mike vai estar lá!

- E o Andrew! - completou Ellena, pegando um CD. – Encontro quádruplo! – Ela riu sozinha.

- Eu vou ter que ir? - perguntei.

Beatrice me olhou, como se só tivesse me visto agora.

- Violet - disse pausadamente. - Você não jantou com a gente ontem.

- Bem observado - resmunguei.

- O que aconteceu? - perguntou Ellena se aproximando de mim. - Dean nos disse que encontrou você no corredor e que você não estava bem, por isso voltou pro quarto. Eu até ia te ver, mas pensei que você estivesse dormindo.

- Nada, gente. Eu só me senti mal. Já estou melhor. Obrigada por se preocupar, Ellena. - agradeci, sorrindo.

A porta do quarto se abriu atrás de mim e Cristal entrou, radiante.

- O que aconteceu, menina? - perguntou Beatrice. - Parece que viu um unicórnio rosa!

Cristal suspirou, com a cabeça nas nuvens.

- Dean. Ontem. Piscina. Desculpas...

 – Deixa eu ver... - Comecei. - O Dean, ontem, caiu na piscina junto com você e te pediu desculpas. É isso?

Ela acenou com a cabeça.

- Não necessariamente nessa ordem.  – Ela deu de ombros.

– Mais alguma coisa? - Questionei.

O sorriso dela aumentou.

– Ele te beijou? - Perguntei, surpresa.

– Infelizmente não. - Disse, agora, desapontada.

– Fico feliz que ele tenha se tocado. - disse Beatrice.

- Pois é... - disse Cristal, nas nuvens.

Ela nos contou tudo, nos mínimos detalhes.

- Ai, o amor é lindo, não é? - comentou Ellena.

- Amor? - questionou Cristal, ficando vermelha. - Que amor? Não tô vendo amor nenhum aqui.

- Ah, como é ingênua! - disse Beatrice.

Todas rimos da cara da Cristal.

- Olha, gente, somos só amigos e não temos nada ainda...

- Relaxa! - cortou Beatrice. – Pelo menos já é um começo. Pena que eu e o Mike nem começamos. Eu jogo tantas indiretas e ele nem liga...

– Não se preocupe, Beatrice - Acalmou-a Ellena. - Eu sei que ele gosta de você também.

– Tá falando isso porque tem o Andrew aos seus pés. - retrucou ela visivelmente abalada.

– A culpa não é minha se eu sou irresistível. - Disse Ellena, jogando o cabelo pra trás fazendo todas rirem.

– A única que não tá feliz aqui - Disse Cristal. - é a Vi que ainda está brigada com o Nico.

Lancei lhe um olhar homicida (eu sou muito boa nisso).

- Obrigada por me lembrar, querida irmã.

- Não há de quê. - disse ela sorrindo.

- Enfim, vamos tomar café? - perguntou Ellena. - Estou morta de fome.

- Me diz quando ela não tá com fome! - ironizou Cristal saindo do quarto.

- Ela e o Andrew são um casal perfeito! - afirmou Beatrice. - Dois mortos de fome.

- Nossa, que amigas eu fui arranjar, não? - brincou Ellena, chamando o elevador. – Tomara que no Acampamento tenha gente melhor.

Chegamos ao restaurante e encontramos os meninos nos esperando. Dean e Cristal trocaram sorrisos e ela se sentou ao lado dele.

Ah, ótimo. Olha a Violet segurando vela aqui de novo.

- Violet - chamou Beatrice. -, você pode trocar de lugar com o Mike? Eu queria sentar perto dele.

- Claro, Beatrice.

Me levantei e fui na direção da cadeira de Mike, que era na ponta da mesa. Mike passou por mim e sussurrou:

- Boa sorte.

Fiquei confusa com o aviso dele até ver quem sentaria na minha frente.

Nossa, mas a minha sorte é péssima mesmo!

Sentei rapidamente na frente de Nico e olhei para as pessoas ao meu lado.

Ah, ótimo! Simplesmente perfeito!

Todos estavam sentados como num encontro triplo. Ou quádruplo, Ellena acertou!

Passei o café-da-manhã inteiro tentando ignorar o ser maravilhoso que estava sentado na minha frente. Confesso que foi muito difícil. Quase impossível.

Assim que terminei de comer, esperei alguma menina sair da mesa para eu ir junto. Graças aos céus, foi Ellena quem levantou.

- Eu vou pegar um pouco mais de torrada - anunciou ela, falando num tom que só eu conseguia escutar. - Você também vem?

Olhei para a mesa e vi que todos olhavam pra mim, inclusive Nico.

- Claro. - respondi, com um sorriso forçado.

Saí correndo atrás de Ellena.

- Veio aqui pra fugir do Nico, não é? - perguntou Ellena, se servindo.

- É - respondi, olhando pra nossa mesa. – Obrigada.

- Então vaza daqui, garota! - disse Ellena. - Aproveita que não tem ninguém olhando. Eu invento uma desculpa.

Sorri pra ela agradecida e saí do restaurante o mais rápido que pude.

- Violet? - chamou Ellena do lado de fora do quarto.

- Pode entrar.

Ellena entrou sozinha no quarto. Fiquei surpresa ao perceber que ela estava séria.

- As meninas já estão subindo - avisou. Ela sentou do meu lado na cama. - Violet, sobre o que aconteceu no restaurante...

- O quê? Mas não aconteceu nada!

Ela ergueu uma sobrancelha.

- Vi, você não pode evitar o Nico pra sempre, sabia?

Suspirei pesadamente.

- Eu sei! Mas ele foi estúpido comigo, lá na piscina.

- Você está sendo orgulhosa.

- Eu sou orgulhosa - admiti.

- Olha, Vi, eu sei que o que ele fez foi errado, mas dá uma chance. Ele tava com ciúme. É normal. Ele gosta de você, só isso. Se ele tentar falar com você, escuta o que ele tem pra dizer. Vocês precisam se entender.

Encarei Ellena, perplexa. Ela era a última pessoa do mundo que eu pensava que podia me dar um conselho desses, isso era mais a cara de Beatrice, mas percebi que Ellena tinha razão e, afinal, ela não era tão louca quanto parecia, e uma excelente amiga.

- Obrigada - falei, me inclinando pra frente e abraçando a garota. Ela retribuiu o abraço.

Eu a soltei e ela respirou fundo.

- Mudando de assunto: você viu como o Andrew tá especialmente gostoso hoje?

Eu comecei a rir e Beatrice e Cristal entraram no quarto.

- O que aconteceu? - perguntou Cristal, sentando do nosso lado.

Ellena repetiu a frase e as duas riram junto comigo.

- Nossa, Ellena, como você tá safada hoje! - comentou Beatrice.

Rimos um pouco mais.

- Tenho culpa se é verdade? - retrucou Ellena. – É meio que organizado: Ele, gostoso; eu, safada. Ele, sério; eu, sexy...

Continuamos escutando asneiras, até que me lembrei de um assunto especialmente importante.

- Gente, o baile é hoje? - perguntei.

- Você não escutou nada do que eu te disse, não é? - disse Beatrice. - É hoje e você vai, nem que eu tenha que te arrastar pelos cabelos.

- Nossa, é muito amor com as amigas - resmunguei. - Tudo bem, eu vou. Mas eu que vou escolher a minha roupa e você nem pense em se intrometer - falei apontando um dedo pra Beatrice.

- Tem certeza? - perguntou ela. - Mas eu tenho um vestido rosa que ficaria lindo em você!

- Não, obrigada. - respondi educadamente.

- Tuuuuudo bem! - disse ela, erguendo os braços num gesto de rendição. - Agora, com licença que eu tenho que ir me arrumar.

- Mas são dez horas da manhã! - exclamou Cristal, perplexa assim como eu e Ellena.

- Já são dez horas? - berrou Beatrice, entrando em desespero. - Meus deuses, eu não tenho nada pronto. São tantas coisas que eu tenho que fazer... Cabelo, maquiagem... - disse ela contando nos dedos. - Ah, minha santa Afrodite! Vejo vocês depois!

E saiu em disparada do quarto.

- Que desespero. - comentei. - Bem, o que vamos fazer hoje?

- Bom... Os meninos comentaram que iriam pra academia agora. - disse Ellena. Eu olhei pra ela inquisitivamente e ela suspirou. – Eu escutei eles comentando entre si que iriam malhar.

- Pra deixar aqueles tanquinhos mais definidos? - Cristal abanou o rosto. - Ai, eu não me aguento!

Rimos junto com ela.

- Então... Estão afim de manter esses corpos gostosos e sexy? - questionou Ellena, nos lançando um sorriso malicioso.

- Ah, não, Ellena! - reclamei. - Você só quer ver o Andrew todo suado!

- É verdade! - admitiu ela, rindo. - Vamos?

Ou - falei -, a gente pode fazer um tour pela cidade, porque da última vez os meninos foram e ficamos no spa.

As duas pareceram pensar por um instante.

- Hum, tem razão - disse Cristal.

- Tudo bem, mas acho que a gente devia avisar os meninos, para não deixá-los preocupados - sugeriu Ellena.

- Ok.

As meninas foram para seus quartos, para pegarem umas coisas antes de irmos. Nos encontramos no corredor em cinco minutos, avisamos Beatrice de nossos plano (que disse que ainda estava se arrumando e não poderia ir conosco) e fomos até a academia, avisar os meninos. Ellena e Cristal entraram sozinhas na academia e fiquei do lado de fora esperando as duas. Elas foram bem rápidas e voltaram suspirando, comentando sobre como a camiseta ficou grudada em seus corpos esculturais. Pegamos um folheto com um mapa da cidade na recepção e saímos do hotel.

Visitamos todos os pontos turísticos da cidade e na hora do almoço, mandamos uma mensagem para Beatrice avisando que almoçaríamos no centro. Encontramos um restaurante simpático e nos sentamos em uma das mesas que estavam na calçada.

- Nossa, que fome! - disse Ellena, largando sua bolsa em uma cadeira.

- Que novidade... - ironizou Cristal, pegando um cardápio.

Almoçamos rapidamente e continuamos o tour. Voltamos ao Royal Resort por volta das seis da tarde, completamente cansadas.

Entramos no hall principal e encontramos Beatrice e Mike conversando em um dos sofás. Passamos despercebidas pelos pombinhos e voltamos para o nosso andar.

- Nossa, gente - disse Ellena consultando um relógio. - Precisamos nos arrumar.

- Arrumar? - perguntei, então me lembrei do tal baile. - Ah, é verdade.

- Nos vemos mais tarde - Cristal falou entrando em seu quarto.

Entrei no banheiro e enchi a banheira, enquanto escolhia uma roupa.

Tomei um banho rápido, me arrumei mais rápido ainda e conferi o relógio. Já eram quase sete horas.

Saí do meu quarto e bati na porta do quarto de Cristal. Ela abriu a porta, usava roupão branco e seu cabelo estava preso no baby liss.

- Quer ajuda? - ofereci.

- Por favor!

Entrei no quarto e fechei a porta.

- Calma - falei. - Senta ali.

Cristal se sentou em uma poltrona, de frente pra um espelho, como uma penteadeira improvisada.

- Espera, deixa eu tentar - disse eu, pegando o baby liss. O cabelo de Cristal estava preso mesmo. - O que você fez aqui?

- Como se eu soubesse, né, Violet?! - respondeu ela, brava. - Só sei que prendeu e não quer soltar.

- Se segura - alertei.

Tentei desprender o cabelo loiro dela do aparelho, mas não queria soltar. Apoiei um pé nas suas costas e me inclinei pra trás, puxando o cabelo dela junto. Cristal gritou em protesto, mas o diabo do cabelo soltou, deixando uns fios presos no baby liss.

- Pronto! - falei, mostrando o baby liss. - Problema resolvido.

- Você arrancou um tufo! - berrou Cristal, com a mão na cabeça, de onde eu arranquei seus fios.

- Ah, deixa de drama! - arranquei os fios do aparelho e fingi colá-los na cabeça dela de novo, rindo feito louca. - Podia ter sido bem pior. Agora senta lá que eu vou te ajudar.

Ela voltou a se sentar na poltrona e deixou que eu cuidasse do seu penteado. Terminei de fazer os cachos sem nenhum outro problema.

 - Prontinho! - avisei. - Agora é só colocar o vestido.

- Obrigada, Vi! - agradeceu ela, me dando um abraço rápido. –E depois vou fazer sua maquiagem.

Ela pegou um vestido bonito na cama e entrou no banheiro. Depois de alguns instantes, ela gritou:

- Violet!

- O que foi? - perguntei, me aproximando da porta do banheiro.

Cristal abriu a porta.

- Fecha o zíper, por favor?

- O que você faria sem mim, hein, Cris?

- Eu chamaria a Beatrice ou a Ellena. - respondeu, simplesmente.

Olhei pra ela, ofendida.

- Você sabe que eu te amo, né? - disse ela. - Agora fecha o vestido, por favor.

Terminei de fechar o zíper e virei Cristal pra mim.

- Hum, gatinha! - falei. - O Dean vai amar!

- Ah, cala a boca! - Mandou ela, corando.

Ela me obrigou a sentar na “penteadeira improvisada” e começou a me maquiar. Nada demais, apenas base, pós e uma rica camada de rímel.

Assim que ela acabou, alguém bateu na porta do quarto.

- Meninas? - chamou Ellena do lado de fora. - Já estão prontas?

- Sim! - respondi.

Assim, que abrimos a porta, encontramos Ellena e Beatrice, arrumadas.

- Capricharam no visual, hein? - falei.

- Ao contrário de você! - disse Beatrice. - Preto, Vi? É uma festa, preto não combina!

- Ah, me deixa!

Descemos até o restaurante e Mike veio até nós enquanto os outros nos esperavam na porta.

- Minhas duas meninas estão muito gatas! – Mike disse abraçando a mim e Cristal. Depois ele foi falar com Ellena e sussurrou algo pra ela que a fez se dobrar de tanto rir. Depois ele deu um beijo na bochecha de Beatrice e lhe lançou um olhar sedutor.

Como boas amigas, eu e minhas duas companheiras de baile (que me deixariam sozinha pra ficar com Dean e Andrew) fomos caminhando até a porta, deixando os dois pra trás.

Falamos com os meninos educadamente, mas ninguém se atreveu a tocar na gente. Nos olhavam como se nós fossemos bonecas frágeis. Ao contrário do Mike, que tinha um quê de irmão mais velho por nós.

Chegamos ao enorme salão do Resort. Era um dos poucos lugares que eu não tinha ido. As luzes coloridas se espalhavam por todo o local. Haviam mesas e mesas de petiscos e bebidas, além de um enorme bar no fim do salão. A maioria das pessoas estava na pista de dança e as outras se dispersavam nas mesas e lugares mais privados. A decoração tinha algo a ver com cassinos e Romeu e Julieta da cidade de Vegas.

Uma música agitada estourou nos autos falantes.

 - Gente, eu AMO essa música! - disse Ellena. - Vamos dançar, meninas?

Ela agarrou Beatrice e Cristal.

- Você vem, Vi? - perguntou Beatrice.

- Claro! - me levantei e segui as meninas até a pista de dança.

- Pensei que isso seria um baile - disse Cristal, dançando no ritmo da música.

- E é! - afirmou Ellena. - É porque eles não poderiam ter falado "E depois do jantar vamos fazer uma balada". Tem gente velha aqui.

Dançamos até não aguentarmos mais nossos pés. E por incrível que pareça, apenas nós quatro durante umas três horas!

Voltamos para nossa mesa quando finalmente nos enjoamos. Me surpreendi ao ver que os meninos não estavam lá.

- Cadê eles, gente? - questionou Beatrice, se largando em uma cadeira.

- Acho que estão dançando. - disse Ellena, apontando pra pista de dança com o polegar.

Imaginar Mike dançando era até bem fácil, agora Dean, Nico e Andrew? Impossível.

Nos sentamos ao redor da mesa e beliscamos alguns petiscos que os meninos deviam ter pedido.

- Nossa, nunca dancei tanto na minha vida! - Cristal falou, beliscando um doce.

- Não é a única! – exclamei.

Descansamos um pouco, mas logo voltamos pra pista de dança, pois havia começado a tocar Gangnam Style. Dançamos igual ao Psy, que nem as retardadas que nós somos. Assim que acabou a música eu fui saindo da pista. Ao mesmo tempo, começou uma música lenta e romântica. Todos formaram casais e começaram a dançar, desajeitados. Caminhei em volta da pista, observando os pares que se formaram e procurando por Mike e Beatrice, que provavelmente deviam estar dançando.

Já vi que eu ia ficar sozinha ali de novo, então eu vi algo que me assustou. Miguel, que estava do outro lado do salão, sorriu pra mim e começou a se aproximar, passando pelas pessoas que assistiam. O alerta vermelho piscou em meu cérebro. Toda aquela onda de terror que tive na outra noite estava voltando. Olhei desesperada pros lados, tentando achar algo que me salvasse.

- Vi - alguém sussurrou em meu ouvido.

Por um momento assustador, pensei que fosse Miguel, mas aquela voz não era dele. Me virei e deparei com lindos olhos negros.

- Nico - murmurei.

- A senhorita me concederia a honra desta dança? - perguntou ele, como um cavalheiro, me estendendo a mão.

Deuses, como ele podia ser tão perfeito?

Pensei em recusar, por estarmos brigados e tal, mas as palavras de Ellena ressoaram na minha mente: "Olha, Vi, eu sei que o que ele fez foi errado, mas dá uma chance. Ele tava com ciúme. É normal. Ele gosta de você, só isso. Se ele tentar falar com você, escuta o que ele tem pra dizer. Vocês precisam se entender".

Respirei fundo. Segurei a mão de Nico, sem falar nada, e ele me conduziu até a pista. Colocou uma das mãos em meu quadril e segurou uma das minhas, enquanto eu colocava minha mão livre em seu ombro. Ele estava particularmente lindo hoje, com os cabelos negros bagunçados como se tivesse acabado de acordar, os lindos olhos negros. Ele estava usando calça skinny preta, jaqueta de aviador e uma camiseta preta de caveira, como sempre. Apoiei minha cabeça em seu ombro, incapaz de olhá-lo nos olhos. Ficamos balançando devagar por um tempo. Depois de alguns minutos, Nico se inclinou levemente pra trás, me obrigando a olhá-lo.

- Violet - disse ele, de um modo que só eu conseguia escutar. - Me desculpa. Eu não devia ter te tratado daquele jeito, mas eu estava nervoso e descontei em você. Eu fui um estúpido.

Era impossível resistir àqueles olhos. Ficamos apenas dançando por alguns instantes, porém sem desgrudar os olhos. Por fim, eu disse:

- Nico, eu sei que você não é culpado. Mas você bem que podia controlar isso, não acha?

Ele sorriu.

- Quer dizer que eu estou perdoado?

- Eu não disse isso - falei, sorrindo também.

Apoiei minha cabeça novamente em seu ombro, inalando o odor de sua jaqueta favorita.

- Eu ainda tenho uma chance de ser perdoado? - sussurrou Nico, próximo à minha orelha. Me arrepiei.

Voltei a encará-lo. Por um instante, pensei que ele fosse me beijar.

- Não - respondi, fazendo o seu lindo sorriso se desmanchar. - Já te perdoei.

E tornei a colocar a cabeça em seu ombro, mas pude perceber que ele estava com o sorriso ainda maior que o anterior.

A música foi substituída por outra melodia romântica. Continuamos dançando mais um pouco, como se nada tivesse mudado. Eu queria que o tempo parasse agora e ficássemos dançando eternamente, mas tudo que é bom dura pouco. Assim que a segunda canção romântica acabou, começou uma música mais agitada e eu e Nico nos separamos e saímos da pista de dança.

- Já vai subir? - perguntou ele.

- Acho que sim... - falei, olhando ao redor. - Você viu as meninas?

Nico olhou ao redor também.

- Acho que elas já subiram.

- Que belas amigas! - exclamei.

- Você tá comigo, não está? - disse ele, sorrindo.

Lentamente, nós fomos caminhando até o elevador. Nico me acompanhou até a porta do meu quarto, enquanto conversávamos sobre coisas sem importância.

- Até amanhã, Vi - disse ele, me dando um beijo na bochecha, bem próximo dos meus lábios.

Entrei no meu quarto, nas nuvens. Troquei de roupa rapidamente e caí na cama, com um sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente? Gostaram? Deixem lindos reviews, ok? u.u
Relaxem que já, já a Laís vem postar o próximo!
FreeKisses&ExpensiveCheeses



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