PDV Cristal Kane

Aquele barulho irritante me acordou. Relutante, abri meus olhos e joguei na parede, fazendo o coitado do despertador virar mil. Olhei para a cama de minha irmã e vi que estava vazia. Violet já tinha acordado. Nossa... Que garota pra gostar de acordar cedo! Oh, santo Deus!

– Violet? – Eu a chamei.

Ela saiu do pequeno banheiro já vestida. Seus cabelos ruivos e levemente ondulados caíam por suas costas. Seus olhos eram azuis e por cima deles havia uma leve maquiagem; Usava em seu corpo esguio uma calça jeans clara, uma blusa branca cheia de detalhes vermelhos e um tênis. Era um pouco mais baixa que eu e sua pele era clara, assim como a minha.

– Fala, maninha. – Ela falou sorridente.

– Como consegue acordar cedo e continuar feliz? – Perguntei pegando uma peça de roupa e indo para o banheiro.

– Não sei. – Ela respondeu.

Bem... Sou Cristal Kane. Moro em um Orfanato no centro de Nova York, desde que tinha um ano e divido o quarto com minha irmã mais nova, Violet Kane. Tenho 15 anos e ela 13; fomos deixadas aqui com menos de dois anos sob o cuidado de Mary Cristini, dona e coordenadora do Orfanato. Por falar nela... Ela é meio maluca, sabe? Tipo... Ontem a noite ela disse que eu e Vi, apelido muito fofo da minha irmãzinha, somos um tipo estanho de Semideusas... Eu ri tanto da cara dela que acabei ficando de castigo, tendo que ajudar a lavar a louça do Orfanato. Aí, foi a vez de Vi rir da minha cara.

Depois de um demorado banho, vesti minha roupa e saí do banheiro. Violet socava as coisas dela dentro de uma mochila.

– Tenha amor ao seu material... Lembre-se que nós moramos em um Orfanato. – Falei como se ela fosse uma criancinha que estivesse tentando comer pilhas-palito.

Ela me lançou um sorriso falso.

– Anda logo, Srtª Tome Cuidado. Estamos atrasadas. – Falou ela já saindo do quarto.

Acabei de me arrumar e saí do quarto indo em direção a uma “sala de jantar” que ficava no andar abaixo dos dormitórios femininos. Na verdade aquilo ali era uma verdadeira bagunça: Pivetes jogavam comidas um nos outros, pré-adolescentes discutiam... Por isso eu e Violet apenas pegávamos algo pra comer e saíamos dali.

Nós estudávamos numa escola perto do Orfanato. Então, íamos a pé todo dia e ficávamos sentadas esperando a hora de entrarmos no inferno.

– Sabe... – Vi começou a dizer. - Cris, eu fiquei pensando, por que será que a Senhora Cristini ia mentir para nós?

– Ah! O que fizeram com minha irmã cética? Você não acha que é verdade, acha?

– NÃO! - Respondeu rapidamente. – Mas... Por quê? Por que tirar a gente da sala de aula e nos levar de volta ao Orfanato pra falar uma mentira?

– Não sei. Aquela mulher é uma louca! – Respondi. – E por causa disso eu tive que lavar a louça ontem!

Violet se manteve em silencio. Prossegui o caminho sem me importar muito com a preocupação nos olhos de minha irmã.

PDV Violet Kane

Depois de acordar, cedo como sempre, tomei um banho rápido. As palavras da senhora Cristini não saiam da minha cabeça e eu nem sabia o porquê. Ouvi Cris, minha irmã mais velha me chamar e saí do banheiro.

– Fala maninha. – Sorri pra disfarçar.

Ela começou a reclamar de com eu conseguia acordar feliz e entrou no banheiro. Arrumei a minha cama e quando percebi que Cris com certeza não ia arrumar a dela com a desculpa de estar atrasada, arrumei pra ela.

Me chamo Violet Kane, moro num Orfanato em Nova York com minha irmã mais velha, Cristal, desde de sempre. Tenho 13 anos e blá, blá, blá.

Novamente comecei a pensar no porquê de Senhora Cristini ter dito que éramos semideusas e tal... Fiquei com aquilo na cabeça, que dizer... Não que eu ache que é verdade, mas por que ela mentiu? Se bem que eu adoraria se isso fosse verdade…

Meus pensamentos foram interrompidos pela entrada de minha irmã no quarto.

– Tenha amor ao seu material... Lembre-se que nós moramos em Orfanato. – Ela disse.

Então percebi que estava socando minhas coisas na mochila. Lancei a Cris um sorriso falso.

– Anda logo, Srtª Tomo Cuidado. Estamos atrasadas.

Saí do quarto e fui para a cozinha. Depois de alguns minutos Cristal chegou. Reparei que ela estava mais simples que o normal geralmente ela se produz tanto… Cristal tem cabelos loiros e ondulados, olhos caramelos e é um pouco mais alta que eu, esguia e pele clara. Não sei por que éramos irmãs... Só nossa certidão provava isso. (O problema é que nunca vimos nossa certidão.) Cristal estava usando uma calça jeans escura, uma camisa rosa e tênis.

Eu cheguei a perguntar a Cris o que ela achava das coisas que Cristini havia dito... Mas ela simplesmente disse que era impossivel. Não sei porque isso me incomodava tanto…

***

Eu e Cris voltávamos do Colégio e enquanto andávamos ela reclamava dos professores que brigaram com ela só porque ela disse que não estava a fim de estudar. E eu apenas ria dela.

– É hoje que os pirralhos foram para o Empire States? – Ela perguntou.

– Sim! – Respondi animada. – Uma hora no Orfanato sem os pirralhos!

Parece pouco, mas não imaginam como isso é bom!

– Ainda bem que temos uma hora sem pivetes, não é? – Falei.

– Pois é. Só preciso aguentar mais um ano pra sair daquele lugar.

– Você tem que agradecer por termos um lugar pra ficar sabia? – Eu a repreendi.

Ela soltou um gemido de desprezo e começou a andar mais rápido. Chegamos em frente ao Orfanato rapidamente e entramos. Não vou nem dizer que quase desmaiei quando o fiz.

Aquilo era uma ilusão... Não era?

POV Cristal Kane

Aquilo era uma ilusão... Um monstro de cabeça de leão, corpo de cabra e rabo de serpente não podia ser verdade.

Mas isso não foi o pior. Havia um garoto e uma garota lutando com ele. E o corpo de Senhora Cristini estava caído no chão todo ensanguentado...

– Senhora Cristini! – Eu gritei. Mas não consegui sair do lugar... Olhei para o Monstro que lutava com aquele casal. O garoto tinha uma espada na mão e atacou pelo flanco direito do bicho. Enquanto isso a garota tentou enfiar uma faca no braço esquerdo dele, mas foi jogada no chão. Nesse minuto de distração do animal o garoto cravou a espada em sua cabeça e ele virou pó. O garoto ajudou a garota a se levantar gentilmente e eles se viraram para nós.

Eu e Violet estávamos paralisadas. Que bom pelo menos não era só eu que estava vendo coisas.

– Percy... – A garota falou. – Acho que são elas.

– Também acho Sabidinha. – Respondeu... Percy. Ele andou na nossa direção. – Ahn... Sou Percy Jackson. E vocês devem ser Cristal e Violet Kane.

– O que aconteceu com ela? – Perguntou Violet, lentamente. Ela já estava ao lado do corpo ensanguentado de senhora Cristini.

– Ahn... Isso foi obra da quimera. – Falou Percy.

– Garotas, sentimos muito. – Completou a garota.

Fui para o lado de Violet.

– O que aconteceu aqui? – Perguntei.

– Simples. – Respondeu Percy. – Vocês são Semideusas, isso era uma quimera que veio atrás de vocês e acabou por matar a única pessoa que sabia do segredo de vocês. Fora os deuses. Fomos enviadas para levá-las ao Acampamento.

– Percy, vai com calma. Sou Annabeth Chase. – A garota se aproximou. Preciso dizer que eu estava atordoada, paralisada e angustiada? – Acho que vocês sabem sobre mitologia grega... Então... Bem, isso é real... Deuses, Monstros, Ninfas...

– Que brincadeira é essa? – Perguntei com os olhos cheios de lagrimas.

– Acha realmente que é uma brincadeira? – Perguntou Annabeth.

– Não, só não quero parecer uma louca por acreditar! – Me justifiquei.

Eu olhei para o corpo da senhora Cristini. Ela nos dissera a mesma coisa. Depois olhei para Vi.

– Cris... – Ela disse. – Acho que isso é verdade. Ou então eles estão fingindo muito bem que o coração de Senhora Cristini parou de bater.

Por que pra ela era tão fácil acreditar?

– Vocês não podem ficar aqui... – disse Percy. – É perigoso. Mais monstros virão e vocês não irão gostar de enfrentá-los sem treinamento. A vida de vocês corre sérios riscos.

Troquei um olhar com Violet. Meu coração parecia que ia explodir, fora que aquele garoto me encarando não era nada legal…

– Vão vir com a gente ou vão correr o risco?