– O que houve? Aconteceu alguma coisa com a Maggie? Que tom de voz é esse? – perguntei já ficando preocupada.

– Filha, nós perdemos a casa.

– Pe-perdemos? Mas... pai, e agora? – perguntei, nervosa e com o coração quase saindo pela boca.

– Agora eu e Maggie vamos ter que ir para um abrigo enquanto eu tento achar outro lugar para morar – meu pai explicou, tentando parecer calmo, mas eu sabia que ele não estava.

– Mas eles não podem fazer isso! Eles não podem tirar a nossa casa! Não podem! – comecei a chorar desesperadamente e correr pra algum lugar mais escondido.

– Calma, meu amor. Tudo vai se resolver. Agora eu preciso desligar porque tenho que arrumar tudo aqui, temos que deixar a casa amanhã. Um beijo, te amo. – ele falou, desligando em seguida e nem dando tempo para que eu pudesse responder.

Eu não estava em condições de fazer nada, tudo que eu queria era abraçar o meu pai e ter o poder de fazer com que nada daquilo tivesse acontecido. Como Mag deve estar? Ela não deve estar entendendo nada... Eu preciso fazer alguma coisa!

Sentei no chão me encostando na parede e me encolhi, abracei minhas pernas e desabei, chorando de soluçar.

– Mel? – ouvi Justin se aproximar e me encolhi mais ainda, não querendo que ele me visse naquele estado.

– Mel, o que aconteceu? – ele perguntou, preocupado.

– Nada... – respondi, enxugando minhas lágrimas.

– Você pode me contar – Justin disse, segurando minhas mãos.

– Não precisa se preocupar comigo, Justin... – disse, levantando e andando na direção oposta.

– Preciso sim. Eu quero te ajudar. Me diz o que houve, você não está chorando sem motivo – ele disse, indo atrás de mim.

– Eu... o meu pai... – tentei falar, mas comecei a chorar de novo. Justin me abraçou forte e ficou fazendo carinho no meu cabelo pra que eu me acalmasse.

Respirei fundo e olhei nos olhos dele. Ele deu um beijo na minha testa e me transmitiu muita confiança, então eu decidi contar tudo.

– Quando eu tinha 13 anos, minha mãe descobriu que tinha câncer. O tratamento era muito caro e nós não tínhamos muito dinheiro, então meu pai pediu empréstimos no banco. Mas a doença tomou proporções maiores e minha mãe acabou não sobrevivendo. Meu pai não tinha condições de pagar o banco de volta, então nós tivemos que vender a casa em que morávamos e nos mudar pra uma cidade pequena, alugando uma casa menor. Mas quando fomos pra Baskerville, o salário do único emprego que papai conseguiu mal dava pra pagarmos o aluguel. Eu comecei a trabalhar numa agência de modelos pra poder ajudá-lo. Mas de uns tempos pra cá, o proprietário da casa começou a pressionar meu pai para pagar os meses atrasados, se ele não pagasse, perderíamos a casa. Mas ele não conseguiu o dinheiro e agora vai ter que ir pra um abrigo com a minha irmãzinha. – contei, enquanto sentia as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Justin passou o dedo nas minhas bochechas, secando as lágrimas e me puxou pra mais perto dele, fazendo com que eu apoiasse minha cabeça em seu ombro.

– Tudo vai ficar bem. Eu prometo – ele sussurrou.

– Por que tudo de ruim tem que acontecer justo com a minha família? Nós não merecemos isso! Meu pai é um homem tão bom e Maggie é tão inocente! – disse, irritada e com um nó na garganta.

POV Justin

Quando vi Mel naquele estado, senti que tinha que proteger ela, tinha que ajudá-la de alguma maneira.

– Ei, essas coisas quem decide é aquele homem lá em cima! – disse apontando para o céu, enquanto fazia carinho em seu cabelo.

– Tem tantas pessoas ruins do mundo, e isso acontece logo com a minha família! – ela disse com a voz manhosa.

– Justin, a Selena está te procurando por todo set... – Alfredo apareceu dizendo.

– Promete que vai ficar bem? – eu falei enquanto me levantava.

– Prometo! – Mel disse tentando dar um meio sorriso.

– Pinky promise? – falei pegando o dedinho dela.

– Pinky promise! – ela disse e eu dei um beijinho do dedo dela.

Deixei Melissa com Alfredo, mas não conseguia tirar essa história da minha cabeça, precisava ajudar ela de alguma forma, sentia que precisava proteger ela.

– Finalmente te achei, Justin! Preciso falar com você! – Selena apareceu me tirando dos meus devaneios.

– O que foi, Selena? – perguntei sendo curto e grosso.

– Bom, nossa relação não está bem, ultimamente você só sabe me ignorar, nossas brigas estão ficando cada vez mais frequentes, acho melhor a gente terminar – ela disse, me surpreendendo.

– Concordo com você, acho melhor terminarmos, era só isso que você queria falar comigo? – perguntei, não querendo demonstrar o que eu estava sentindo.

– Só isso, mas ainda podemos ser amigos como éramos antes não é? – perguntou dando um meio sorriso.

– Claro Selena, agora preciso ir! – falei e saí correndo para meu trailer.

Cheguei e me joguei no sofá. Nosso relacionamento não estava dando certo faz um tempo, mas eu gostava da Sel. O probelma é que que ultimamente a gente só brigava, acho melhor ser assim mesmo. Por mais que eu vá sentir falta dela, não dava mais pra continuar. Começaram a bater na porta.

– ENTRA! – gritei.

– E ai, bro... o que houve, Justin? – Alfredo perguntou.

– Selena terminou comigo! – falei.

– Como assim, cara? – Alfredo perguntou, enquanto puxava uma cadeira para sentar.

– Nosso namoro já não ia bem, aí resolvemos terminar.

– Mas você tá bem? Eu sei o quanto você gosta dela.

– Tô bem sim. Não estou feliz por isso ter acontecido, mas foi o certo. Tô mais preocupado é com outra coisa...

– Com o que?

– A Mel.

Resumi a história que Mel me contou pra Alfredo e disse que precisava dar um jeito de ajudá-la. Ela não merece passar por todas essas coisas. Fredo me entendeu e disse que se eu conversasse com Scooter, ele com certeza faria alguma coisa.

POV Melissa

Depois que Justin saiu, Carin me chamou e disse que o maquiador havia chegado. Eu estava muito feia e com o rosto inchado, iria precisar de muita maquiagem mesmo.

Fui até o trailer que Carin indicou e conheci Kevin, meu maquiador a partir de hoje. Ele era tão divertido que me fez esquecer o telefonema do meu pai por algum tempo. Mesmo depois de pronta, fiquei conversando com Kevin esperando as gravações começarem.

– Melissa, está pronta? Vamos? – Anthony, o diretor, entrou perguntando.

– Sim! – levantei da cadeira e fui na direção dele – Tchau, Kevin e obrigada!

– Disponha, lindona! – Kevin respondeu.

Anthony me levou até um local que parecia com um parque e disse que gravaríamos algumas cenas ali. Logo em seguida, Justin chegou. Ele estava lindo, usando um chapéu preto e uma blusa de gola V.

– Tá melhor, Mel? – ele perguntou.

– Um pouco... – respondi.

Justin sorriu e estava prestes a falar alguma coisa, quando o direitor interrompeu dizendo que começaríamos. Ele pediu para que sentássemos em um banco que tinha no local.

– Melissa, deita com a cabeça no colo do Justin! – exclamou e eu me posicionei – Ação!

A música começou a tocar e Anthony dava algumas ordens do que deveríamos fazer. Justin acariciava o meu rosto enquanto cantarolava a letra da música.

– "We're under pressure, seven billion people in the world trying to fit in" – cantou e roçou levemente seus lábios no meu rosto.

Eu sorri e me virei, ficando com a cabeça apoiada em seu peito.

– "Keep it together, smile on your face even though your heart is frowning" – Justin continuou, colocando a mão em minha nuca e chegando perto do meu ouvido.

– No final, tudo vai dar certo, ok? – ele disse e eu soube que ele estava se referindo à minha família.

– Eu espero... – respondi, abrindo um leve sorriso.

– Quero que vocês pareçam estar muito apaixonados. Olhem nos olhos um do outro! – Anthony falou.

Justin segurou minha cintura e me puxou pra cima, fazendo com que eu me sentasse no banco. Ele se virou e nós ficamos de frente um pro outro. Nossos rostos estavam a poucos milímetros de distância e eu podia sentir seu hálito quente enquanto ele cantava. Cada pêlo do meu corpo se arrepiou e, antes que eu pudesse perceber, ele havia selado nossos lábios. Não chegamos a nos beijar propriamente, mas demos um selinho que demorou alguns segundos.

– Ótimo! Isso mesmo! – o diretor gritou, batendo palmas – Corta!

Nos levantamos e Justin continuou me olhando fixamente, me deixando muito sem graça. Saí de lá e fui beber uma água.

– Vocês dois tem uma química incrível – Robert disse, chegando por trás de mim e me dando um susto.

– O que? Não, claro que não! – disse, envergonhada.

Robert riu e avisou que iríamos ter uma pausa para almoçar, mas que comeríamos lá no set mesmo. Fomos caminhando juntos até o local onde serviriam o almoço e todos que estavam envolvidos com o clipe já estavam lá.

Durante o almoço, avisaram que iríamos filmar só mais uma cena e seríamos liberados, então resolvi ligar pra Hilary e ver se ela podia fazer alguma coisa mais tarde. Eu tinha que me distrair. Liguei e ela disse que passaria no hotel onde estou pra saírmos às 18h.

Todos acabaram de comer e o diretor pediu pra que eu e Justin voltássemos para o local que estávamos antes. Chegando lá, um dos caras da produção nos deu duas bicicletas. Anthony explicou que tínhamos que pedalar pela praça de mãos dadas e rir como se estivéssemos nos divertindo muito.

– Não vamos ter que fingir, isso vai ser divertido! – disse Justin, com um sorriso lindo no rosto.

Ele subiu na bicileta e começou a pedalar muito rápido, fazendo umas manobras estranhas e perigosas, depois passou do lado de um canteiro e pegou uma flor. Veio pedalando em minha direção e pulou da bicicleta, fazendo ela cair no chão.

– Swag! – disse, me entregando a flor e gargalhando.

– Doido! – exclamei, rindo.

– Isso ficou muito bom! Mas sem essas manobras todas. Pega outra flor e entrega pra ela, Justin. Ação! – Anthony disse, animado.

Justin fez o que o diretor mandou e nós continuamos a cena, conforme deveríamos. Tivemos que repetir várias vezes porque Justin sempre fazia alguma gracinha e, quando era por volta de 16h, acabamos.

– Mel, quero falar com você... – Justin disse, me puxando pela mão.