Não me dei ao trabalho de levantar a cabeça para que a pessoa não visse meus olhos vermelhos e marejados.

-Pode. – Falei tentando disfarçar a voz de choro, mas acho que não deu certo. Então uma mão segurou meu cabelo tirando do meu rosto. Era um jovem de uns dezesseis, talvez dezessete anos não mais que isso. Com um lindo par de olhos verdes, um cabelo castanho cacheado e uma expressão angelical, mas que no momento parecia um pouco preocupada.

-Esta tudo bem, quer dizer você esta bem? Posso te ajudar em alguma coisa? – O que eram aqueles olhos, não sei explicar parecia que eles podiam falar, sei lá se expressar por si só.

-Não é nada, estou bem.

-Tem certeza, você esta chorando. Eu não te conheço, mas posso apostar que não é de felicidade. – Então ele deu um leve sorriso e pude ver que quando ele sorria se formavam duas covinhas nas suas bochechas. Achei lindo, mas não disse. O sorriso dele também era muito bonito.

- É não são lagrimas de felicidade, mas eu não te conheço não sei se devo desabafar com um completo estranho.

- Não seja por isso meu nome é Harold Edward Styles, muito prazer.

- Eu me chamo Elizabeth Kezan, muito prazer.

-Pronto não somos mais completos estranhos agora você pode me dizer o que esta te deixando triste.

-Não sei, será que posso confiar em você?

- Tudo bem lá vai. Eu não sou de Londres, sou de Cheshire. Eu só estou aqui porque estou fazendo testes para entrar no The X Factor. E pra ser sincero eu não sei se vou passar da primeira fase, mas resolvi tentar. Eu não tenho nenhum parente aqui por isso estou em uma pequena pensão longe do centro. Estou com medo de estar me esforçando em vão, estar sei lá dando um tiro no escuro, mas mesmo assim acho bom tentar.

-E você canta bem?

-Não sei você quer me ouvir cantar alguma coisa? Você pode escolher.

- Sei lá, gosto de musicas que com certeza você não saberia cantar.

-Posso escolher então?

-Pode. – Então ele começou cantar uma musica do Elvis, a voz dele era muito afinada e melódica. Não pude conter o sorriso quando ele terminou a sua apresentação.

-Você canta muito bem mesmo, com certeza vai ganhar.

-Obrigado. Agora é a sua vez por que você estava chorando, sendo que você tem um sorriso lindo?

-Eu também não sou daqui.

-Não, de onde você é?

-Do Brasil.

-Longe hein, como você veio parar aqui chorando?

-Faço intercambio e estava tentando uma vaga que uma professora me indicou em uma revista como correspondente, ela me deu muita esperança disse que era quase certo, e eu claro fiquei nas nuvens, mas o prazo pra resposta acabou hoje e ninguém me ligou até agora então acho que perdi a vaga.

-Mas o dia só acaba a meia noite e ainda são só sete da noite.

-É, mas o pessoal da revista não trabalha até a meia noite.

-Desculpe, eu só...

-Tudo bem, eu entendo. Vou continuar tentando quem sabe um dia eu não vou trabalhar no The Sun e entreviste o Harold Styles um famoso cantor.

-Quem sabe!  Ai você pode dizer ‘lembra daquela vez no metro’. Quanto tempo.

-E você pode me contar como vai ser a sua vida, cantar uma música sua e a platéia cheia de meninas vai gritar do começo ao fim te chamando de lindo e etc. – Começamos a rir imaginando como seria e em meio as risadas ouvi meu celular tocar, demorei a atender porque não conseguia parar de rir com ele fazendo reverencias a uma platéia invisível fingindo jogar flores para suas fãs.

-Alo. Sim é ela. – Falei ainda rindo um pouco, mas logo fiquei séria e extasiada ao mesmo tempo. – Sim, isso mesmo. Posso com certeza, às dez horas. Tudo bem estarei lá. Até amanhã. Obrigada, boa noite. – Quando desliguei o telefone nem podia acreditar, acho que precisei de uns dois minutos para sair do choque. Pisquei repetidas vezes e só então percebi os lindos olhos verdes me olhando curiosos e apreensivos, novamente a expressão de preocupação pairava naquele rosto jovem. Sem conseguir mais se conter ele me sacudiu e perguntou:

- O que aconteceu? Você ficou seria e estática de repente esta tudo bem?

-Sim esta era da revista.

-E então?