Pov. Bella

Estava correndo há algum tempo, mas precisamente três dias. Eu saí de Veneza em disparada, atravessei todo o oceano Atlântico a nado e agora pouco me importava o fato de minhas roupas estarem molhadas ou que o sol cintilasse em minha pele de mármore. A única coisa que me lembrava de é que tinha de encontrar um lugar seguro. Mas agora eu tinha acabado de entrar no estado de Washington, sempre fui muito boa em geografia. Senti cheiro de humanos e para a minha própria sanidade e a segurança deles, prendi a respiração. Eu corria pela mata, ninguém me veria. Tentei lembrar-me exatamente porque eu estava correndo;

“Eu estava fazendo dancinha da vitória, acabara de vencer o Alec no xadrez. Meus pais gargalhavam enquanto eu dançava e o Alec tentava achar de indícios de um possível roubo de minha parte. Finalmente ele levantou-se, estendeu as mãos para cima como se estivesse se rendendo e declarou:

-Tudo bem, eu assumo, você ganhou! – Meus pais ririam ainda mais com essa declaração. De repente todos ficaram sérios e minha mãe foi à única que deixou que o medo que a tomava transparecesse.

-Bella, Alec, CORRE! – Minha mãe estava apavorada e eu queria poder consolá-la, mas o Alec puxou minha mão e começamos a correr. Paramos quando estávamos em frente ao Mar Mediterrâneo. Alec virou-se apertou minha mão e disse:

-Corra. Vá até o Norte de EUA, e fique em um lugar seguro. Irei te buscar depois.”.

Eu queria chorar, queria desabafar tudo que me matava por dentro. Queria ver meus pais rindo por causa de minhas brincadeiras, queria poder ver a olhar de quem procura indícios de trapaça na expressão do Alec quando eu o superava em algum jogo. Mas primeiro eu iria achar um lugar seguro para ficar. Certifiquei-me que não havia cheiro humano no ar. Então voltei a respirar. Os cheiros da floresta me inundaram: rosas, pinheiros... Mas havia cheiros diferentes no ar, algo como... OUTROS VAMPIROS!  Eu tentei parar, mas minhas pernas não me obedeciam. Eu tinha corrido por tempo demais, agora teria de ser parado, caso contrario não conseguiria sozinha.

Estava absorta demais em meus pensamentos e não vi a raiz em meu caminho. Agora, era tarde demais. Meu pé foi de encontro à raiz, me fazendo tropeçar e cair, mas não senti o impacto do chão embaixo de meu corpo. Eu caíra sobre algo. Correção: sobre ALGUÉM.

Olhei pela primeira vez, quem havia sido jogado no chão junto comigo. E eu que sempre achei o Alec o cara mais lindo do planeta: ou estava cega ou meus padrões eram muito baixos. O ser era perfeito: sua pele era branca como giz, seus cabelos eram cor de bronze e desalinhados, mas o que mais me impressionava eram seus olhos: eram claros, da cor de topázio, em contraste com suas olheiras pequenas e claras. Mas nada disso importava. Eu sempre tive reações muito defensivas (o que gerava a agressividade) em relação a pessoas que poderiam me humilhar de varias maneiras possíveis.

- O que você está fazendo embaixo de min, seu imbecil? – Rosnei.

-Você quer mesmo que eu te responda? – O modo como ele arqueou a sobrancelha, me fez me sentir ainda mais desprezível e medíocre. O que gerou uma reação que nem eu esperava. Minha mão se abriu e foi certeira na direção do maxilar daquele Deus-grego.

-Tarado! – Guinchei.

-O que foi que eu disse? – Finalmente compreendi exatamente o que ele quis dizer. Agradeci silenciosamente por não poder ter rubor caso contrario, meu rosto estaria vermelho como um pimentão.

-Esquece. – Saí de cima dele e coloquei-me de pé. Estendi a mão para ajudá-lo, mas ele já estava de pé.  Ele olhava para min com duvida, depois com desconfiança. Finalmente percebi que ele tentava penetrar meu escudo, mas eu não facilitaria a vida dele.

-Pode me dizer, por favor, o que exatamente você pensou?

- Não é você quem deveria saber disso, maninho? – Disse uma voz grave. Percebi que eles haviam acabado de chegar. O homem era grandalhão, musculoso, tinha a pele igualmente pálida.  Seus cabelos eram escuros e crespos. Seus olhos eram dourados. Ele parecia ter saído de um seriado policial dos bons, um halterofilista inveterado. A mulher era pequena, mas era dois centímetros mais altos que eu. Extremamente magra, com feições miúdas. O cabelo era de um preto intenso, longo, repicado com cachos nas pontas. Ela parecia uma fada. Seus olhos também eram dourados. Todos me encaravam com real curiosidade.

-Ela tem algo que me impede de ler seus pensamentos. Como... Um escudo. – Lembrei-me de Alec dizer que não conseguia usar seus poderes em min, por causa de meu escudo.

-Vocês não têm educação? – Ralhou a garota baixinha de cabelos compridos. De repente ela virou-se para min e com um sorriso presunçoso. – Meu nome é Alice. Estes são Edward... – E apontou para o cara lindo que a pouco amortecera minha queda. – E Emmett. – Agora apontando para o filhote de King Kong. – Qual é seu nome?

- Bella. –Respondi de prontidão.

-Só Bella? – Perguntou o filhote de King Kong chamado Emmett. Cara, ele era burro ou o quê?

-Lógico que não seu imbecil. É Isabella... Isabella Swan. Mas prefiro que me chamem de Bella. – De repente a baixinha que se chamava Alice, colocou-se ao meu lado e segurou minha mão.

-Vou te levar a um lugar. Certas pessoas precisam te conhecer. – Ela sorriu. Por mais que eu quisesse fugir não havia como desconfiar daquela baixinha com feições de fada. Além disso, se fosse morta agora e aquele deus-grego a fazê-la eu não me importaria nem um pouco, desde que tivesse algumas experiências com ele antes. Retribui o sorriso, e começamos a correr, ela me guiando.