Colorblind escrita por HeyWonderland


Capítulo 12
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Alice's P.O.V

Era um dia não frio, não quente. Era um dia qualquer. Eu não sabia mais o que esperar a uma altura dessas. A sensação do quê Harry havia feito comigo naquela noite perdurava e eu ainda estava me sentido alegre, embora eu não pudesse sair da cama pelo menos por mais quatro horas. Eu tinha tido um surto forte, e minha medicação foi aumentada durante todo o dia anterior, o que me fez ficar fraca.

Mas pelo menos, eu tinha a chance de sentir Harry dessa vez. Claro, se ele viesse.

– Alice? - Anny abriu a porta com um sorriso gigante, o que me fez sorrir também. - Tem uma pessoa ai querendo te ver! Na verdade, duas!

– Duas? - Me ajeitei na cama e tentei espiar pela porta. - Quem?

– Entrem. - Anny disse para as pessoas do lado de fora, quando a porta se abriu.

Harry estava lindo. Como sempre. Eu apenas o encarei com um sorriso enquanto ele se aproximava de mim.

– Levantaria e te abraçaria forte se pudesse! – Eu disse com animação na voz.

– Qual o problema? – Harry me beijou a testa, e se sentou ao meu lado na cama. Sua presença parecia colorir o meu quarto.

– O surto durou mais de um dia e minha medicação está meio que... Reforçada. – Eu serrei os lábios. – Mas vou ficar bem, daqui algumas horas já poderei me levantar!

Ele sorriu e olhou para trás. Havia um garoto na porta. Seus cabelos eram loiros, e sua expressão era de poucos amigos. Ele nos encarava, mas parecia desconfortável.

– Não vai entrar Steve?

– Eu não mordo não. – Brinquei.

O garoto começou a se mover quarto à dentro, com a mesma expressão, e parou ao nosso lado.

– Esse é Steve, meu melhor amigo. Steve, essa é Alice. – Estendi à mão quando Harry disse meu nome, mas Steve não parecia muito encorajado a apertá-la. Harry lhe lançou um olhar ameaçador, fazendo-o apertar minha mão rapidamente.

– Então é ela. – Steve disse sem muito entusiasmo. Harry sorriu de um jeito tão sincero que eu fiquei feliz de estar se referindo a mim com aquele “ela”, seja lá o que isso significasse.

– Ela? – Eu pedi.

– A garota que o Harry está apaixon... –Harry bateu no genital do amigo discretamente, e sua cara de dor me fez querer rir. Apenas segurei a risada enquanto Harry me encarava, como se nada tivesse acontecido. Steve apenas respirou fundo enquanto endireitava sua posição. – Quando ele falou de você... Bem, eu esperava uma garota que... Andasse.

– Desculpe pela decepção, querido. – Disse monótona.

Eu já havia me acostumado com o jeito das pessoas me tratarem havia muito tempo, mas foi um choque como Steve se comportara. Eu nunca trataria desse jeito alguém por quem, segundo eu mesma, meu melhor amigo está apaixonado. Ele me olhava como se eu não fosse boa o suficiente.

– Steve. – Harry parecia incomodado, como quem estivesse sendo insensível fosse ele e não o garoto. – Se não sabe se relacionar com pessoas, porque não me espera lá fora?

– Você já percebeu em quê está se colocando, Grades? Acho que não. Estarei no carro. – Steve apenas bateu continência com um ar de zombaria. – Hasta la vista. – E saiu.

O quarto ficou com um clima pesado por um momento, até Harry pesar o ar.

– Eu não sabia que ele se comportaria assim. – Ele parecia arrependido.

– Tudo bem. – Eu disse, tentando consolá-lo. Aquele garoto tinha sido um babaca só pelo jeito que me olhava.

– Eu senti sua falta. – Harry se aproximou, e eu sorri levemente.

– Eu também. Esses dias foram uma droga... Não pude levantar sozinha, não me senti muito bem... Mas parece que tudo está melhorando.

As mãos quentes de Harry tocaram meu rosto, enquanto seus olhos me fitavam. Como as pessoas podem ser tão diferentes e ainda assim se misturarem? Os olhos de Steve me davam nojo, e os de Harry pareciam ser a única coisa que fazia o mundo valer a pena.

Pelo que vejo, entre as pessoas, não existe essa regra de óleo e água não se misturarem. De qualquer jeito, é até estranho quando estamos com pessoas muito parecidas. É como se olhar no espelho: Percebemos os quão falhos e imprecisos nós somos.

Harry começou a rir.

– O que houve?

– Você estava com uma cara de pensativa... Em quê estava pensando?

– Eu normalmente tenho muitos devaneios. Acostume-se. – Eu sorri.

Ele não insistiu em perguntar sobre o quê eu pensava. Harry chegou perto do meu rosto e sorriu antes de colar seus lábios nos meus. Mas dessa vez, nada pode me impedir de sentir. Minhas mãos formigavam. Talvez fosse muita informação para o meu sistema nervoso debilitado transmitir pelo meu corpo. Pude perceber que seus lábios eram molhados, quentes e macios. Acho que se assemelhavam a uma nuvem.

Se partir ao céu fosse como o quê eu estava sentindo, para quê temer à morte? Ela era apenas um beijo entre o eterno e minha alma. E eu sabia que esse era um beijo que eu não poderia recusar ou evitar. Aos poucos, nosso beijo aumentou o ritmo, e eu não sabia ao certo se era boa nisso, mas era uma sensação celeste que nada poderia me roubar.

– Eu vou levar Steve para casa e volto mais tarde, certo? – Ele beijou minha testa. Eu sorri e concordei com a cabeça. Harry puxou algo do seu bolso e eu não pude identificar o que era até ele me entregar. Era um celular. – Aqui. Tem o meu número, se você quiser falar comigo, é só ligar. Agora podemos conversar quando eu não vier!

Eu apenas o abracei apertado e sussurrei um “obrigada” em seu ouvido. Ele sorriu.

– Não precisa agradecer. – Ele me encheu de beijos enquanto eu ria. - Fique boa para irmos jogar lá fora!

– Vou fazer o meu melhor! – Ele saia do quarto quando o gritei. – Grades! – Harry voltou e olhou para mim. – Adivinha quem vai perder no basquete hoje? – Eu pisquei, e um sorriso instantaneamente se formou em seu rosto.

– Veremos Coltrain, veremos! – Ele riu e desapareceu.

Me deitei e respirei fundo. Eu nunca estive tão despreocupada em ver a morte. Minha vida estava valendo a pena agora e se eu por acaso a deixasse, a deixaria com o gosto de Harry em meus lábios.


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