Música Tema: Crushcrushcrush - Paramore

ALICE POV

Segunda, terça, quarta... pra onde esses dias tinham ido mesmo? Já era quinta-feira e eu não sabia como as coisas naquela cidade passavam tão rápido. É com dizem por aí, tudo é mesmo relativo: uma colher cheia de remédio parece muito, já uma colher cheia de brigadeiro parece pouco; um dia no Brasil parecia muito, já um dia em Huntington Beach, na presença daqueles caras, parecia apenas uma hora.

Me levantei com minha cara de zumbi usual, lavei bem o rosto e me vesti. O despertador de Jú tocava incessantemente no quarto dela, mas nem por isso ela se atrevia a meramente mudar de posição.

– Vamos, Jú! A gente infelizmente tem aula! – eu disse desligando o despertador e abrindo as cortinas.

– Ah, não! Droga, Ali, as minhas retinas! Quer que eu fique cega? – Júlia apertava os olhos me fazendo rir.

– Para de ser dramática garota! Levanta logo!

Fui pra cozinha e tomei meu café, coloquei uma roupa confortável: coloquei uma blusa preta com a imagem do Raul Seixas e o escrito embaixo “toca Raul” e velhos shorts rasgados também. Amarrei meu cabelo em um coque como eu sempre fazia quando não queria penteá-lo e pus um lenço nele. Jú apareceu com seu short de cintura alta favorito, uma blusa de caveirinhas, all star preto e a típica cara de sono.

– Vamos logo, vadia! Você não tava morrendo de vontade de ir pra escola tanto é que me acordou, então vamos logo!

– Ih, Júlia, para de ser uma biscate mal comida, falou? Vai encher o saco do seu môzinho Synyster Gates. – Jú odiava que falassem dessa forma pra ela o que era apenas um incentivo pra mim.

–Oh – ela disse pressionando a palma da mão como se fosse um botão – Dá um “pause” aí, falou?

Eu ri da cara dela e fomos em direção ao inferno, mais conhecido como escola. Ou seria o contrário? De qualquer forma, éramos obrigadas a isso.

Cheguei dando um pulo nas costas de Jimmy que se desequilibrou um pouco, mas não caiu. Cumprimentei a todos e Jú fez o mesmo engatando logo numa conversa com o Matt e a Valary. Eles tinham realmente se acertado e Matt estava sendo um pouco mais homem e aos poucos se aproximando de Val. Obviamente ele ainda tinha medo de estar sendo precipitado e perder a amizade, mas a Jú não quer saber de conversa e está sempre tentando dar uma de cupido.

– Hey, cadê o Zacky? – na hora em que eu perguntei isso Jimmy e Brian trocaram olhares cumplices que eu não intendi muito bem e portando resolvi ignorar.

– Ele pegou uma gripe bem forte, Ali! Está de cama! – Syn disse seriamente – Sabe você deveria ir visita-lo, acho que ele vai gostar... vocês estão virando grandes amigos não é mesmo?

Sabe, Brian, eu não sou tão boba quanto pareço... o que está havendo? – Jimmy ia começar a falar, mas eu o interrompi – Nem vem Rev, eu quero a verdade!

– Como sabia que eu ia falar mentira?

– Eu te conheço, oras!

– Ok, mas você não pode contar pra ele que foi a gente que falou, promete? – Jimmy pediu. Eu já podia vê-lo tentando segurar o riso.

– Ok eu prometo!- ele esticou o dedinho e eu segurei com o meu dedinho. Eu sei isso é muito infantil, mas fazer o que se às vezes nós tínhamos a mentalidade de 5 anos?

– Ontem, a gente bebeu pra caralho! – Brian começou a rir fortemente e Jimmy acompanhou travando um pouco em seu relato. – E ele tava tipo “Cara eu preciso de tomar um banho, só um banho, tô fedido demais!” – ele imitava exatamente a voz de Zee quando ele estava bêbedo fazendo tudo ficar mais engraçado. – Aí eu falei “Beleza, cara! Vamo te levar em casa e você toma banho e dorme antes que sua mão expulse a gente à vassouradas... de novo”. Aí beleza, fomos e ele entrou no banheiro sozinho né! Eu e o Brian não íamos entrar com ele.

– Daí á uns 3 ou 4 minutos a gente só ouve um barulho, “PÁ”, vindo do banheiro! – Brian continuou o relato porque Jimmy não conseguia mais parar de rir – Aí a gente arrombo a porta e entrou preocupado! – os dois se olharam e começaram a rir bem forte.

– Ô, caralho! Conta logo! – falei impaciente.

– Aquele, filho da puta cortou a porra da bunda toda! – Jimmy não parava de rir.

– Como? – perguntei já rindo também.

– Aquele retardado do caralho tentou tomar banho na pia! Com aquelas banhas todas é claro que não deu certo! A pia quebrou e agora ele não está podendo nem sentar! – Brian falou segurando a barriga que já doía depois de tanta risada.

Eu tinha que confessar, apesar da imensa pena que eu estava sentindo eu ri! Qual é, sou humana também falou. Na verdade eu ri pra caralho! Me julguem!

ALICE POV of/

Alice como de costume tinha que me acordar e me lembrar que teríamos que ir para o inferno. Como se não fosse o suficiente ter que ir para aquela merda, ela tinha que lembrar todo santo dia de manhã acompanhada com uma piadinha sobre o Brian.
Chegando à escola fui direto conversar com Matt e Val, bom, Matt estava tentando aproximar dela, mas eu precisava dar um empurrãozinho, quer dizer, um belo de um empurro.

– Oi Matt! Oi Val.

– Oi Jú. - Disseram eles. Rapidamente puxei Matt para um canto para ter uma conversinha:

– Já falou com ela Matt?

– Ainda não.

– Para de ser gay, um homem desse tamanho não consegue chamar uma mulher para sair.

– Mas acontece que você me fez chamá-la milhares de vezes.

– Ué, vocês tem que desenrola ou quer que eu peça a mão dela em casamento para você?

– Cala a boca.

– Posso saber o que estão conversando? - Val apareceu tentando entender o que estava acontecendo.

– Claro Val, então sabe o que é… é que o Matt tava pensando de vocês assistirem um filme de terror a noite e talz. Sabe?

– Ah pode ser, que horas vai ser Matt?

– Ah não sei. Ah… - Matt estava todo desconcertado e corando muito.

– Você vai também Jú?- Val perguntou curiosa.

– Eu? Não. - Saí e deixei os dois se entenderem para lá.

O sinal tocou e entrei para a sala. Dei de cara com Michelle e Brian. Mas o pior é que Michelle estava quase no colo dele, abraçada e tudo mais. Olhei em volta, mas a única carteira que tinha era do lado deles. Respirei fundo e fui.

– Oi queridinha, guardamos um lugar para você. - Michelle disse.

– Obrigada. - Tentei fingir ser educada.

– E aí pirralha. - Disse Brian.

– Oi.

– Hey, não está me xingando o que está acontecendo?

– Nada Brian, só estou afim de prestar atenção na aula, posso?

– Então tá.

Michelle acabou saindo do colo do idiota porque o professor pediu. Aquela vadia não se toca que aquilo é uma escola, não um puteiro. Se bem que na verdade é um puteiro, mas isso não vem ao caso.

As primeiras aulas passaram rápido, eu não falei mais nada com o Brian depois disso, acho que de um lado soava estranho, ele estava ficando nervoso com meu jeito. Me olhou várias vezes com aquele olhar que só ele consegue fazer, me encarou, fez de tudo para me chamar a atenção, mas minha raiva era maior. Eu nem sei por que estava daquela maneira, talvez só de ver a cara da nojenta da Michelle me deixava nesse estado… Ou Alice estava certa e eu era muito bipolar.

No último horário tive aula de biologia com o Brian, eu o ignorei o máximo que pude mas…

– Qual é a sua Júlia? Resolveu me ignorar agora? - Brian disse indignado.

– Eu? Não.

– Ah não? E agora resolveu nem olhar mais na minha cara direito, deve ter falado 4 palavras comigo hoje.

– Só quero prestar atenção nas aulas, que saco.

– Ah, você? O mundo iria acabar se você prestasse atenção em alguma aula, ainda mais em biologia.

– Não enche Brian.

– Não enche Brian, não enche Brian, não enche Brian… Brian… - Ele repetiu umas 5 vezes tentando me irritar.

– Deixa eu prestar atenção por favor?

– Jú, Juju, Jujuzinha meu bem. Eu não sou lá um Jimmy da vida, mas pode se abrir comigo. Quando digo abrir, é falar o que está sentindo ok? – falou fazendo aquela cara de safado dele.

– HAHAHA. Não é nada, só me deixa quieta.

– Jú, por favor. Não fica assim comigo, educada, sem conversar. Vamos brigar, discutir, pode me bater se quiser. Mas não fica assim… - Disse ele me abraçando e me dando beijos no rosto.

– Ihhhh, para Brian. Para, qual é? Essas coisas melosas? Desencosta.

– Então conversa com o Gateszinho aqui? - Disse ele me abraçando mais ainda.

– AI QUE PORRA, TA, SEU IDIOTA, TUDO BEM, MAS NÃO ME ABRAÇA MAIS. - Disse, o empurrando.

– Nossa, você é bipolar hein!

As aulas terminaram graças a Deus, Alice me deixou na mão de novo, já virou rotina. Acabei indo almoçar com Jimmy em sua casa. Sua mãe não estava lá o que nos dava liberdade total. Entretanto passamos o dia inteiro deitado no sofá jogando vídeo game. Bem eu estava perdendo, sou um desastre.

Acabei dormindo ali mesmo. Acordei com Jimmy falando que iria me levar para casa, era umas nove horas da noite. Como o dia passou tão rápido? Cheguei em casa tomei um banho e fui atacar a geladeira.

Coloquei episódios se Supernatural para assistir, peguei minha coberta e travesseiro. Já que sabia que iria acabar dormindo mesmo.

ALICE POV

A aula finalmente havia acabado. Eu tenho que admitir, eu estava um pouco preocupada com o Zacky, mesmo que risse sozinha só de imaginar a situação dele.

– Vamo pra casa, Ali, eu estou com uma fome!- Jú falou se escorando em mim.

– Então... eu vou demorar um pouquinho... eu, vou passar na casa do Zacky! Foi mal, Jú você vai ter que parasitar outra pessoa dessa vez. – falei rindo.

– Hey, eu não sou um parasita!- ela falou revoltada.

– É sim! E daqueles bem asquerosos! – Brian falou fazendo cara de nojo pra ela que por sua vez começou a bater nele e xingá-lo de tudo quanto é nome.

Saí à passos largos em direção à casa do Zacky. Ela ficava um pouco mais distante da escola que nosso apartamento, mas ainda sim não era muito longe. Toquei campainha e uma mulher de cabelos escuros atendeu.

– Hey, ahm, você deve ser a senhora Baker! Sou Alice, amiga do Zacky! – Na mesma hora ela abriu um sorriso e seus olhos brilharam como se ela soubesse de algo... ou eu estava apenas paranoica mesmo.

Era difícil acreditar, mas eu nunca tinha realmente conhecido a mãe do Zacky. Ela raramente estava quando eu ia pra casa dele o que não era lá muito frequente também. Ele ia mais ao meu apartamento que eu à casa dele.

A mãe dele era extremamente simpática me convidou para entrar, ofereceu algo para beber e ao ouvir minha recusa disse que Zacky estava lá em cima e que adoraria me ver com certeza. Bom, eu tinha lá minhas dúvidas, mas resolvi ser teimosa e ir assim mesmo.

Subi a escada e fui pelo corredor em direção ao quarto de Zee. Ele estava lá deitado de bruços, sem camisa, apenas uma bermuda extremamente larga. A cabeça voltada para mim, mas seus olhos estavam fechados e os fones de ouvido impedindo que ele me ouvisse. Eu estava lá parada no batente da porta com receio de me manifestar de qualquer maneira, eu só queria poder admirar aquela cena por mais um tempo, mas como a sorte não gosta lá muito de mim eu, num impulso, dei um passo pra frente, acabei embolando os pés nos fios do vídeo game e caí feito uma jaca madura!

– Ali o que você está fazendo aqui? – ele perguntou assustado se levantando bruscamente e por isso mesmo fazendo cara de dor.

– Calma, Zee! Pode continuar deitado. – empurrei o corpo dele para a cama e ele cedeu.

– Ah, não, não acredito que aqueles idiotas contaram tudo pra você! – ele falou enfiando a cabeça no travesseiro.

– Quem? Han? Não estou sabendo do que você está falando não! – me fiz de sonsa. Eu tinha prometido.

Zacky se limitou a balançar a cabeça ainda enfiada no travesseiro negativamente. Eu me sentei ao lado dele, no espaço que ele mesmo havia deixado e comecei a passar levemente minhas mãos pelas costas dele, acariciando-o. Ele enrijeceu ao meu toque por um momento, mas logo relaxou e retirou a cabeça do travesseiro pra olhar pra mim.

– Eu fiquei realmente preocupada com você Zacky! – falei olhando diretamente nos olhos dele.

– Tá vendo aí? Essa pena no seu olhar? Eu não preciso disso, Ali, eu não sou nenhum retardado! – ele disse raivoso. Aquele Zacky... eu odiava aquele Zacky.

– Ah é?! Porque você está sendo um comigo agora! – falei balançando minha cabeça negativamente em descrença.

Me levantei indo em direção à porta. Eu não estava com pena dele, eu estava preocupada. Ele... ele não tinha o direito de falar aquilo comigo.

– Não, não, Ali! Não vai embora assim, por favor! Me desculpa! – ele se levantou exasperado e agarrou meu pulso me puxando pra perto dele e me abraçando forte, como se ele quisesse me prender ali. Eu retribui o abraço e ele sorriu.

– Me desculpa, Ali, sério! Mas você tem que admitir que essa situação toda é meio constrangedora. – ele riu levemente acariciando a própria bunda.

– Um pouquinho! – eu disse fazendo um sinal com os dedos indicando o que eu acabara de falar e ri. – Isso é pra você aprender a criar juízo e não beber tanto!

– Ah, falou a Rainha do bar! – Zacky disse lembrando uma festa que a gente foi e eu bebi tanto que comecei a dançar na bancada do barzinho. No dia seguinte fiquei morrendo de vergonha, mas hoje eu rio muito lembrando disso!

– Nem me lembre!- falei e começamos a rir muito.

Com Zacky era sempre fácil assim! Ficamos por horas a fio apenas conversando bobagens. Não sei de onde surgia tanto assunto. A mãe de Zacky levou o almoço pra gente no quarto. Agora eu sabia por que ele era um folgado! Fui embora apenas muito tarde, cheguei em casa e encontrei a Jú desmaiada no sofá.

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