Corria como sempre sem destino, o mundo insiste em me magoar, como pude ser tão burra, corria rápido, para Drack não me alcançar, mais ele poderia correr mais rápido, ele correu mais rápido.

Ele me puxou pelo braço e com a força acabei caindo e o descontrolando, ele caiu em cima de mim.

_Me solta. – Gritei chorando.

_Você ouviu? – Ele me perguntou.

_Você acabou com minha vida, seu canalha. – Tentei me debater contra ele para que conseguisse sair de cima.

_Não fala isso! – Disse ele ainda em cima de mim.

_Você quer que eu acredite, você destruiu tudo que eu mais amava, você foi me destruindo e usou a morte da minha avó para se aproximar, eu nunca mais quero te ver! – Disse chorando.

_Eu sei, eu me arrependo, por favor.

_Você acha mesmo que depois disso eu vou acreditar em você?

_Eu te amo, e de tudo que já falei nesse mundo, talvez seja a maior verdade!

_Então me solta. – Disse eu e ele simplesmente saiu em cima de mim.

Eu o ignorei, limpei minhas lagrimas e sai andando ate a sala onde teria a audiência. Entrei e todos olharam para mim, logo sentei ao lado da minha mãe.

A audiência começou e muitas coisas foram faladas, muitas coisas que não entedia, muitas coisas e eu não conseguia prestar atenção, minha ficha ainda não tinha caído, como ele foi capaz de fazer tudo isso.

{...}

É hora dos depoimentos e a primeira a falar foi minha vizinha:

_Er... bem, Marry nem sempre foi uma mãe presente, sempre deixava sua filha mais nova na minha casa, já viajou as deixando sozinhas e muitas vezes a ajudei, mas estes fatos não a diminui, ela trabalha e luta para sustentar suas filhas e mesmo não sendo muito presente ela as ama...

{...}

_Marry pode ser uma ótima mãe, mas isso não tira o fato que ela foi irresponsável. – Disse Robert. – Ela é uma ótima mulher, mas como mãe talvez não esta fazendo seu papel direito. Deixei minhas filhas em sua responsabilidade, mas nunca deixei de mandar dinheiro, além do mais minha empresa cobri o plano de saúde delas e quando fui ver Rebecca havia muitas passagens em hospitais, não acho que ela cuidou bem das minhas filhas...

{...}

_Rebecca é uma menina muito imperativa, se foi parar no hospital não foi culpa de Marry! Ela sabe cuidar de suas filhas e fez isso muito bem dês de que Robert foi embora. – Uma velha amiga da minha mãe disse...

{...}

O Juiz batel o martelo e todos se sentaram em seus lugares.

_Todos os depoimentos já foram colocados à prova, abrimos um inquérito e voltaremos a sala daqui a cinco minutos! Por tanto, todos estão liberados a aguardar o resultado do lado de fora! – Disse o juiz.

Todos se retiraram da sala e ficamos do lado de fora.

_Rebecca, posso falar com você? - Perguntou Drack chegando a meu lado.

_Não tenho mais nada a falar com você, por favor, vai embora!

_Não, eu não vou desistir tão fácil.

_Drack se seu plano com a Megan era acabar com comigo, parabéns vocês conseguiram, agora me deixe!

_Vem comigo eu te explico tudo. – Disse ele me puxando.

_Eu não posso, é sentimentos que me sufocam, minha vida inteira sofrendo, eu nunca fiz mal a ninguém eu só gostaria de pedir para você me deixar, eu estou sendo fraca, ta doendo, ta difícil e vocês estavam querendo me destruir, por que? Eu não mereço isso, por mais que esteja errando, estou pagando ate por aquilo que não devo.

_Desculpas, eu tenho justificativas. – Disse ele quando paramos de andar.

_Tenho apenas três minutos e estou sendo muito boa com você!

_Eu me meti com drogas, com caras da pesada e se eu não pagasse eles poderiam me matar! É isso... – Disse ele sentando no chão e abaixando a cabeça. – Megan foi morar comigo e nosso pai, eu era o filho exemplo, se meu pai descobrisse que eu me meti com drogas não ia me deixar o substituir na empresa daqui a uns anos. Megan foi morar com a gente e descobriu, eu tinha vinte quatro horas para pagar e não podia contar para meu pai. Meu pai só deixaria Megan voltar a morar aqui em San Diego se eu viesse junto por que ele não acha seguro ela vim sozinha depois que aquele cara tentou a sequestrar. Então Megan conseguiu o dinheiro só que ela só me daria o dinheiro se eu voltasse para cá e a ajudasse. Eu poderia morrer ou acabar com a harmonia do meu pai comigo. Então eu vim, mas nunca imaginei me apaixonar por você desse jeito, eu ia te contar a verdade, mas então você descobriu. –Ele deu uma pausa. – Me perdoe Rebecca, sei que tudo que fiz foi errado e eu devo pagar caro, mas eu me arrependo.

_E agora você espera que eu sinta dó e volte para você? – Perguntei.

_Rebecca eu te amo!

_Quem ama cuida e não machuca, você teve a sua chance. Agora tenho que ir! – Sai e o deixei, por mais que sua história tem sido dramática isso não justifica que eu deva o perdoar, ele me machucou e me usou, ele foi cruel e não pensou duas vezes e que me garanti que seja verdade. Sai andando e voltei para sala onde todos estavam.

O juiz bateu o martelo mais três vezes e começou a falar:

_Devido à lei numero 382372, Rebecca Marry Gonçalves da Silva Rosso tem dezesseis anos, então será direito dela escolher com quem ela quer ficar!

Olhei para minha mãe que deu um sorriso de leve, ela sabe que vou a escolher.

_Não, isso não é justo! Ela tem apenas dezesseis anos! – Manifestou meu pai.

_É uma lei Robert! – Disse minha mãe entrando no meio.

_Para! Os dois... – Gritei. – Não aguento mais isso, esses fingimentos. Dizem que me amam mais não sabe o que acontece comigo. Robert me deixou apenas com nove anos e foi morar com outra mulher, teve filhos e me esqueceu... E agora você volta? Você não sabe quantos dias chorei por chegar na escola e ver os pais as deixando lá, ou quantas vezes teve apresentações as quais só minha mãe ia, além do mais não tinha muitas amigas pois suas mães não achavam legal elas andarem com uma menina que é filha de uma mãe solteira. Quantos aniversários você esqueceu? E quantas vezes você me ligou depois que se foi? Só me lembro de uma... E foi quando eu te liguei e você me retornou uma semana depois! Eu disse milhares de vezes que não tinha pai e de certo modo não tinha. Você resolve voltar agora, por que? – Eu estava decidida a ficar com minha mãe, mas vi Drack e Megan entrando na sala. Acho que já sofri muito aqui e se eu continuar só vou ter lembranças que me fazem sofrer: Justin, Kamilla, Josh, Raphael...

De repente todos aqueles momentos foram passando sobre minha cabeça:

“Ao terminar de xeretar a casa voltei para entrada, e me escorei na porta e comecei a observar as outras casas do bairro... Quando vi um deus grego correndo em câmera lenta em frente a minha nova casa.”

“_Oi sou a Kamilla Farrer. - Ela estendeu a mão.

_Prazer sou Rebecca! - Estende a mão também.

_Como a gente tem os mesmo horários, a moça da secretaria pediu para te acompanhar hoje.”

“_Kamilla, quem é aquele menino loiro de blusa azul da mesa a sua esquerda?

_Ele é o Justin, mas já pode desistir dele.

_Por quê?

_Porque a menina a direita é a Mag, sua namorada.”

“fazendo meu caderno cair no chão. Mag se aproximou e abaixou para pegar. Olhei para capa do caderno e lembrei que é o caderno que eu escrevo na ultima folha I LOVE JUSTIN BENSON quando estou entediada.”

“_Você gosta dele há muito tempo? - Alguém me perguntou-

Fechei meu armário rapidamente e olhei para frente e comecei a encarar Josh.

_Eu? Gostar de quem?- Dei um risinho meio envergonhado-

_Não se faz de boba, eu sei que você gosta do Justin!”

“Justin virou meu rosto lentamente para seu lado e ficamos nos encarando.

_Você é importante... Muito... Eu que não tinha percebido isso antes, esse foi meu maior erro-

_Errar é humano!

_Persistir no erro é burrice!

_Mais você não ta persistindo, você terminou com ela.

_Mais mesmo assim to errando em não conseguir dizer o que eu sinto - Ele disse ainda me encarando-

_Porque de vez você falar, você demonstra agindo!

Ele se aproximou, eu sentia sua respiração cada vez mais... Então nos beijamos lentamente... Foi um beijo verdadeiro, foi sincero, foi prazeroso, afinal maravilhoso... Meu sonho se realizou.”

Todas aquelas lembranças de momentos felizes que se foram chegam a me sufocar e talvez o melhor a fazer seja começar uma nova vida.

_Rebecca! Rebecca! – Ouvi alguém me gritar, balancei a cabeça e voltei a mim.

_Eu não sei o que fazer! Minha vida esta uma bagunça, todos querem me ver sofrer, eu apenas estou sendo sufocada por pensamentos bipolares! Eu preciso de ajuda! – Comecei a chorar e me ajoelhei no chão, algumas pessoas vieram ate mim e ignorei, eu não estava bem.

Olhei para o lado e vi Drack saindo, já Megan continuou ali, talvez estivesse sendo legal para ela me assistir chorando e sofrendo.

_Filha, calma! – Disse minha mãe.

_Não, eu não quero ficar calma, ninguém se importa comigo, estão brigando para saber quem fica comigo, não sou um objeto!

Pela terceira vez o juiz bateu o martelo.

_Se a garota quiser a audiência pode ser remarcada.

_Não! – Eu gritei. – Eu já sei com quem quero ficar!

_Então volte a seu lugar e diga! Sentados! – Disse o juiz.

Limpei minha lagrimas e voltei ao normal como uma menina bipolar. Sentei-me e respirei fundo.

_Com tudo que estou passando, eu escolho ficar com... – Dei uma pausa vendo todos me olharem e na minha mente passou a ultima lembrança de Justin:

“_Eu te amo! – Sussurrou baixinho.

Ele me abraçou forte e o que eu mais queria era não sair de seus braços.”

_Tem certeza que esta bem para dizer? – Perguntou o Juiz quebrando mais uma onda lembranças nos meus pensamentos.

_Sim. – Dei uma ultima pausa. – Vou da uma chance para meu...pai! – Disse fazendo todos os presentes ficarem com cara de surpresa!

_Não! Isso não pode acontecer! – Gritou minha mãe.

Talvez ela não entenda, mas construir uma nova vida e conhecer novas pessoas talvez seja o melhor a fazer.

_Se acalme senhorita Marry, se não serei obrigado a pedir que se retire! – Disse o Juiz.

_Não, ela não pode o escolher, por que ele não é seu pai! – Quando ouvi aquilo simplesmente paralisei, a verdade veio à tona. – Seu verdadeiro pai é Willian Brown Parker.

_Meu pai! Como assim? – Gritou Megan com cara de espanto.

“Não chame o meu amor de Idolatria

Nem de Ídolo realce a quem eu amo,

Pois todo o meu cantar a um só se alia,

E de uma só maneira eu o proclamo.

É hoje e sempre o meu amor galante,

Inalterável, em grande excelência;

Por isso a minha rima é tão constante

A uma só coisa e exclui a diferença.

'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;

'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;

E em tal mudança está tudo o que primo,

Em um, três temas, de amplo movimento.

'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;

Num mesmo ser vivem juntos agora.” - William Shakespeare