POV Narrador.

       No sábado seguinte Mirela foi a festa com Pedro vestida com um shorts jeans curto que tinha rasgos propositais, uma camiseta rosa escura e uma maquiagem clara. Quando ela chegou viu a festa mais estranha que já tinha ido: pessoas completamente bêbadas, muitos casais quase se engolindo e a casa parecia um pouco abandonada exceto por estar cheio de jovens fora de consciência. Ela entrou logo atrás de Pedro um pouco apreensiva:

  -Tudo bem? – Pedro perguntou para Mirela.

  -Sim. – Ela respondeu tentando disfarçar.

  -Vou pegar uma bebida.

  -Certo. – Ela esperou por muito tempo e ele não voltava.

POV Pedro.

      Se eu fui embora? Claro que sim! Vamos ver se esse Felipe conseguirá salvá-la. Eu tirei o celular dela só por precaução. Já que fui trocado por aquele gay do Felipe ela que o chame de algum jeito.

POV Mirela.

       Como não encontrei o Pedro procuro meu celular, mas ele não está mais comigo. Começo a me sentir tonta e ando até a parede. Quando vou desmaiar minha mão encontra o braço de um desconhecido e eu apago completamente.

       Quando acordo, me vejo em uma sala deitada no colo de um menino loiro de olhos azuis. Dou um pulo:

  -Desculpe te assustar. É que você desmaiou e não tinha nenhum documento ou celular com você então eu te trouxe pra minha casa. Meu pai é médico e cuidou de você. – Eu estava sem fala! Por que aquele garoto faria isso por mim? Um homem entrou na sala e me viu assustada apenas fitando o garoto.

  -David, vejo que ela já acordou... Você está bem? – Ele olhou para mim.

  -Sim – respondo- Eu desmaio direto.

POV Narrador.

  -Por causa da operação... não deve se preocupar!

  -Como você sabe?

  -Eu vi a marca dos pontos na sua cabeça e como não tem cicatrizes no rosto eu suponho que foi uma cirurgia.

   -Foi.

   -Isso é comum... Você só não pode ingerir muito açúcar. Agora, David, Por que você não leva ela para casa? – Ele se retirou.

   -Claro... Pequena, onde você mora?

   -São Paulo, Zona oeste.

   -Como você veio parar aqui nesse fim de mundo? Vai demorar algumas horas, ok?

  -Um idiota me convenceu a ir até aquela festa. Ok.

  -Namorado? – David perguntou sem esperanças.

  -Não, apenas um colega que eu quero matar nesse momento. – Ele sorriu.

  -Relaxe, eu te levo para casa!

  -Obrigada.

       Mirela entrou no carro e os dois começaram a conversar. David fazia Mirela rir a maior parte do tempo. Eles tinham muitas coisas em comum e Mirela estava gostando de conversar com David. Ele parecia ser um ótimo rapaz:

  -Uma cor? – Ele perguntou.

  -Azul, A cor dos seus olhos.

  - Mel, A cor dos seus. Um lugar?

  -Casa de campo.

  -Praia.

  -Você é um tarado!

  -Por que? Enlouqueceu?

  -Vai dizer que você só gosta de praia porque tem meninas de bikini.

  -Não... Isso é um bônus! Falando nisso, vamos para a praia comigo um dia desses?

  -Idiota – Os dois gargalharam.

  -Quantos anos você tem?

  -15 e você David?

  -16.

  -Mentiroso. Você está dirigindo.

  -Eu estava estudando nos Estados Unidos e tirei a carteira lá. Juro que é verdade. Eu voltei há uma semana.

  -Onde você estava?

  -Chigago... Foi maravilhoso... Que nem você! – Ele se aproximou dela. Ela recuou.

  -Você é muito engraçado. – Ele ficou sem jeito e olhou para frente.

  -A sua sorte é que a minha mãe mora perto da sua casa. Senão você teria que dormir comigo!- Ele gargalhou. Ela o fitou por um momento.

  -É.

  -Podemos parar para eu tomar um café?

  -Claro. – Ela saiu de seus devaneios.

     Eles pararam e tiraram o cinto. A porta do carro ainda estava trancada e os dois fitavam um ao outro. De repente David se aproximou dela, mas ela não se moveu. David deu um selinho longo em Mirela até que a língua dele pediu passagem e ela cedeu. Foi um beijo voraz e carinhoso ao mesmo tempo. Se beijaram até perderem todo o ar e se afastarem. David colocou a mão em torno da cintura dela e ela segurava a nuca dele. Quando ela conheceu David ela esqueceu do resto do mundo. Eles se beijaram varias vezes depois dessa. Depois de horas, ele decidiu ligar o carro. Mais tarde o carro estaciona na frente de casa dela. David a beija mais uma vez:

  -Você é encantadora.

   -Obrigada por... tudo.

  -Isso é um adeus? – Perguntou chateado.

  -Só se você quiser que seja. – Ela beijou o rosto dele e ele beijou o pecoço dela. Ela não aguentou e o beijou novamente com fervor o que o deixou sem ar rapidamente. Ela abriu a porta do carro, mas ele a segurou e a beijou uma ultima vez.

POV Mirela.

   Eu iria recuar, juro que iria; mas aquele sorriso, aqueles olhos, aquele cabelo, aquele rosto, o calor dele e o seu beijo eram irresistíveis! Quando acordei e dei de cara com ele... O mundo inteiro parou de existir. Eu sei que foi a pior coisa que eu podia ter feito, mas eu não aguentei: Aqueles lábios chamavam um beijo meu! Só quando saí do carro que percebi o que tinha feito... Uma das coisas que eu mais abominava: Traí meu namorado! Subi as escadas ainda com aquele gosto doce e maravilhoso na boca e tomei um banho antes de dormir.

        Sonhei com aqueles beijos, sonhei com David. Quando acordo, desço as escadas e me deparo com dois meninos na minha sala de estar.

  -PEDRO, VÁ EMBORA, SAIA DA MINHA CASA, EU NÃO QUERO TE VER AQUI –Gritei.

 -Então coma esse seu namoradinho! Como foi a festa ontem? Como voltou para casa? – Ele perguntou sínico.

 -SAAAIIII SEU INFELIZ! – Gritei com toda a força que tinha e ele saiu batendo a porta.

 -Que festa você foi ontem, Mirela? – Felipe me perguntou bravo.

  -O Pedro me levou em uma festa e me abandonou lá sem nenhuma explicação.

  -Como você voltou para casa? – E agora? O que eu iria responder?

    -De ônibus. – Tive que mentir, não queria que Felipe descobrisse sobre David.

   -E que merda é essa? -  Ele me estendeu uma rosa e um cartão, ainda lacrado, com o meu nome.

     -Se você não me deixar ver, eu não vou saber...- disse puxando das mãos dele – E onde estava isso?

  -Na sua porta.

       Eu abri o cartão e li a mensagem : “ Quero te encontrar de novo em qualquer dia, em qualquer lugar. Você é minha cafeína! O melhor gosto do mundo permanece em minha boca: O do seu beijo. Ontem foi incrível e assim que eu puder eu passo para te ver e sentir o melhor gosto do mundo novamente em minha boca... De um idiota apaixonado... David.” Eu queria abraçá-lo novamente, beijá-lo novamente, sentir aquele cheiro... Espere, eu estou com Felipe e não com David!

  -De quem é? – Ele perguntou impaciente.

  -De um antigo professor que não sabia que eu havia operado.

  -De verdade?

  -Sim, eu já menti? – Sim.

  -Não.

      Me sinto culpada e não beijo Felipe com a desculpa da abstinência. Depois de um tempo ele vai embora. No dia seguinte ele chega na escola um pouco chateado e eu decido não contar para ele para não magoa-lo ainda mais. No intervalo ele me abraça por trás e beija meu pescoço:

  -Para Dav... Fê. –  Eu estou recebendo beijos de Felipe e pensando no David?Digo seu nome virando de frente para ele e dando um selinho.

  -Do que você ia me chamar, mor?

  -De fê... Não é seu apelido?

  -Sim, mas pensei que tivesse escutado você me chamar pelo nome de outra pessoa.

  -Você está muito ciumento ultimamente... Não acha?

  -Desculpe.

  -Sem problemas. Tenho que ir para a aula.

  -Nos vemos mais tarde.

       Quando saio minhas amigas me param:

  -Quem são os amigos do Fê?

  -Que amigos?

  -Uns que estão aí na porta falando com ele há muito tempo! E não estudão aqui!

  -Não sei. Vou ver!

       Sigo até a porta com elas e quando os vejo não sei o que fazer: Felipe, Vinicius e David estão conversando e rindo. Felipe conhece David? De onde? David não pode ter contado. Eu grito e me escondo atrás de minhas amigas para nenhum dos três me ver. Quando elas viraram para mim eu comecei a correr loucamente até chegar em casa. Algum tempo depois de chegar em casa alguém bate na porta...