Eu estava sentada no sofá chorando quando o Nicolas chegou. Ele chegou perto de mim me puxando para um abraço.

-Nininhah, o que foi? Eu não gosto de te ver chorando. – Ele disse sentando no sofá. Eu sentei do lado dele. Ele pegou a minha mão.

Veja bem, depois que eu cheguei em casa do médico, eu finalmente me toquei da gravidade do meu problema e entrei em pânico.

-Nininhah respira e me diz o que está acontecendo. –

-Eu posso ter câncer. – Eu falei com o rosto escondido nas mão.

-Se tá brincando né? – Ele me encarou esperando eu começar a rir.

-VOCÊ ACHA QUE EU BRINCARIA COM UMA COISA DESSAS? – Eu gritei irritada.

-Explica essa história direito Ninah.

-O médico falou hoje que o exame que ele fez só sai amanhã então é ainda só uma possibilidade. E ele disse que os sintomas estão mais fortes por causa de um grande estresse. E que eu tenho que parar. – Ele me olhou como se não estivesse entendendo. – Eu não posso mais viajar com você pras lutas.

-E eu vou te deixar sozinha aqui quase todo fim de semana?  E depois quando você não tiver condições de ficar sozinha, o que eu faço? – Ele levantou do sofá.

-Aonde você quer chegar? – Eu perguntei olhando pra ele.  

-Ninah, eu posso conseguir a vaga das olimpíadas que eu tanto sonhei, eu não posso ter um… – Ele não terminou a frase e ficou encarando o chão.

-Você não pode ter um peso? – Ele não respondeu. – EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TÁ DISSENDO ISSO NICOLAS. – Eu fiquei irritada. As lagrimas começaram e escorrer de novo pelo meu rosto.  

-Nininhah, você tem que entender que … – Eu dei um tapa na cara dele. DEPOIS DE TODO O APOIO QUE EU DEI PRA ELE, ELE ME CHAMA DE PESO E DIZ QUE EU TENHO QUE ENTENDER?

-SAI DAQUI NICOLAS. – Eu gritei chorando e apontando pra porta. –SAI AGORA. EU NUNCA MAIS QUERO TE VER NA VIDA. SAI. – Eu empurrei ele pra fora e bati a porta na cara dele.

Me joguei na minha cama chorando. Depois de alguns minutos eu levantei e tomei um banho.

-Ok, o que eu vou fazer agora? – Eu me perguntei enrolada numa toalha. Eu não podia ficar em casa.

– Hora de beber. – Eu decidi.

Botei uma blusa tomara que caia preta, uma mini-saia e um salto alto. Cheguei a um bar que eu ia , onde o barmen já me conhecia.

-Fala Ninah, cerveja? – Ele falou enquanto eu sentava no bar. – Que carinha é esse?

-Eu to mal Josh. Me vê uma tequila. – Ele encheu o copinho e colocou na minha frente. Eu virei a bebida sacudindo a cabeça. 

-Posso sentar aqui? – Perguntou um homem bonito, forte,  de cabelos negros. Um cara muito lindo. Ele segurava um copo de Whisky.  Eu balancei a cabeça em um sim.

-Bota mais uma pra mim Josh. – Eu falei desanimada.

-Posso perguntar seu nome? – O cara bonito falou olhando pra mim.

-Ninah. – Eu falei virando o copinho na boca.

-Nunca vi alguém chamada Ninah. Meu nome é Guilherme. – Ele falou e eu dei uma risadinha. – Você é muito bonita Ninah. – Ele falou e eu olhei pra ele.

-Você não quer dar em cima de mim. – Eu falei encarando o meu copinho vazio.

-Por que não? – Ele perguntou.

-Eu to cheia de problemas. Eu sou cheia de problemas. 

-Bem vinda ao clube. – Ele falou erguendo o copo e brindando o ar. – A minha namorada me traiu com o meu melhor amigo, e agora ela fica falando que eu sou infantil e tudo mais. – Ele falou dando um sorrisinho sem humor.

-Eu posso ter câncer e o meu namorado disse que eu sou um peso. Como se fosse minha culpa. – Eu falei imitando o gesto dele e ele riu.

-Acho que nossos namorados … –

-Ex. Pelo menos o meu.  – Eu corrigi.

-Nossos Ex são babacas. – Ele falou e eu ri. – Ainda não posso dar em cima de você?

-Não. – Eu falei virando outra dose da bebida.

-Então eu posso ser seu amigo? Eu preciso de uma amiga agora. – Eu sorri.

-Isso é uma boa ideia. Eu também to precisando de um amigo.