Revenge escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 5
Capítulo V




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Depois de uma breve conversa com Tsukasa, Tadase correu até a entrada da escola, onde todos o esperavam, alguns sentados na beirada do grande chafariz, juntamente com Kairi e Yaya, que haviam sido chamados até o prédio do ginasial, e Utau e Ikuto, que também foram contatados e chegaram a tempo.

— Gomen pela demora, minna-san, eu fui falar com o Tsukasa-san – ele disse, quando já estava perto bastante para ser ouvido.

— Certo, e como ele nos orientou a seguir para a caçada aos batsu-tamas? – Nagihiko indagou, seriamente.

— Ele disse que, como não sabemos ao certo qual o foco das alterações dos tamagos, o melhor a fazer é nos separarmos e campear por toda a cidade. Somos 12, então dividirmos seis duplas é a maneira mais eficaz. – Tadase liderou – Porém, antes disso, eu acho que é pertinente saber, Gonçalves-kun, Lewis-san e Blanca-san, como vocês cuidavam dos Batsu-tamas em suas cidades?

— Bem... – Miguel começou, colocando a mão no queixo pensativamente – O garoto que ocupava o posto de valete na escola tinha o sonho de ser médico, e assim, ele era capaz de “curar” os ovos negros, na Transformação de Caráter. Tudo o que os outros tinham a fazer era capturá-los, e então, eles os curava...

— Entendo... – Tadase assentiu – E você, Lewis-san? – ele perguntou, dirigindo-se à garota, que brincava com a água do chafariz naquele momento.

What? Ah, sim! – ela se sobressaltou, quase caindo dentro da água, mas se equilibrando a tempo – Na minha escola... – ela ajeitou os óculos, tentando parecer séria, mas falhando miseravelmente quando olhou para Tadase e corou levemente ao ver a atenção dele completamente concentrada nela. Yaya cutucou Stéffanie, sentada ao seu lado, cochichando um “eu não disse, Onee-chan?” – Well, na Holy Trinity, a Queen tinha uma personalidade muito... ahn... perfectionist... gostava de ter tudo muito exato, e completo e... hmm.. acho que ela não gostava muito de mim... so, the Queen usava seu Character Change para tornar todos os X-eggs da maneira que eram antes, perfect again.

— En Guadalupe, mi hermana era quem cuidava dos casos con los huevos negros. Ela era una freira, que trabajó como professora en la escuela, e fazia um tipo de exorcismo com los huevos, deixando-os puros otra vez – Stéffanie explicou sensatamente.

— Pelo jeito, não há nada que possamos aproveitar aqui... – Nagihiko observou com pesar – E então… como vamos fazer com a divisão das duplas, Hotori-kun? – indagou à Tadase, que parecia pensativo e concentrado.

— Nós podemos fazer um sorteio! Ou jankenpo!! – Yaya sugeriu, levantando-se de pé.

— Não acho que seja prudente, Ás – Kairi pronunciou-se pela primeira vez – Nós estamos indo para uma batalha, não para uma excursão escolar. Para começar, eu sugiro que os Shugo Charas se espalhem pela cidade. Com a visão aérea, teremos muitos pontos de vigilância. Vocês concordam comigo?

— Sim, está certo, valete – Kiseki se pronunciou por todos – Nós iremos nos espalhar pelos ares e observaremos toda a cidade, e contataremos vocês quando acharmos algo estranho.

— Mas isso não iria diminuir nossa possibilidade de ataque? – Nagihiko indagou – Sem os Shugo Charas não poderemos fazer Chara Change nem nada, então como vamos fazer?

— Não poderíamos fazer nada nem que tentássemos, já que o Open Heart da Hinamori-san já não surte efeito. Tudo o que podemos fazer é verificar a incidência e de alguma forma, conseguirmos descobrir qual a origem desses ovos.

— Está certo, é melhor irmos então – Musashi disse ao seu dono, puxando a espada como se estivesse indo para uma guerra, e partindo na frente, sendo seguido por todos os outros Charas.

— Ei, esperem, insolentes! Eu sou o Rei, eu que devo ir à frente e conduzir os plebeus! – Kiseki berrava, começando a voar atrás dos outro. Assim que sumiram no horizonte, Kairi voltou-se para seus colegas.

— Como eu ia dizendo, não podemos simplesmente decidir equipes de vigilância a partir de sorteios. Temos que usar de estratégia e prudência. Acredito que a melhor forma de organizar equipes é levar em conta as habilidades pessoais de cada um, para que fiquem em equilíbrio – ele ajeitou os óculos, verificando que todos prestavam atenção em seu breve discurso – Como por exemplo... a Ás – ele apontou para Yaya, que se ajeitou lampeira, esperando pelo veredicto – Ela é preguiçosa e indolente. Não me olhe assim, é a verdade. Desse modo, alguém ativo e motivado, como o Souma-senpai, seria o mais adequado para formar dupla com ela. Por outro lado, Souma-senpai costuma ser irrefletido, e um tanto alheio. Yuiki-san é de fato muito atenta, e presta atenção ao seu redor, o que equilibraria os dois, formando a equipe A. Estão de acordo?

Sugoooii!!! Como você consegue analisar tudo isso, Iinchou? – Yaya exclamou, pulando para junto de Kukai, e esquecendo rapidamente de ter sido chamada de preguiçosa.

— Realmente, isso é muito bom, Sanjou-kun – Tadase observou – Por favor, continue.

— Eu apenas observo os fatos, Ás – Kairi respondeu, circunspecto – Hai. Eu já pensei antecipadamente na possibilidade de termos que nos dividir, por isso tenho tudo em mente. Mashiro-senpai e Hinamori-senpai formariam a equipe B. Hinamori-senpai costuma ser muito indecisa, e por isso, alguém objetivo como Mashiro-senpai a ajudaria. De outra forma, Hinamori-senpai costuma ser benevolente quando se trata de Batsu-tamas, o que compensaria a atitude usualmente rude da nossa Rainha.

Rima bufou, cruzando os braços e virando para o lado, e Amu riu sem graça, assentindo com a cabeça.

— Hum... Sanjou? – Miguel chamou, um pouco deslocado – Você... não conhece a mim e às outras raparigas tão bem quanto os seus colegas, como vai fazer para nos alocar?

— Eu não levei em conta apenas traços de personalidade, embora possa dizer que mesmo nesse curto tempo é possível de notar algumas características mais evidentes. Você, por exemplo, Gonçalves-san. Eu optei por coloca-lo como parceiro da Hoshina-san, pelo simples fato de ela saber falar português, o que facilitaria a comunicação entre vocês, e formando a equipe C.

— Entendo... – Miguel murmurou, olhando para Utau, que se deslocou para seu lado.

— O parceiro de Fujisaki-senpai, que costuma ser alguém ponderado e calmo, mas com grandes habilidades ofensivas, seria alguém mais... temperamental, e claramente defensiva, como Blanca-san. Juntos, vocês formam a equipe D.

— T-temperamental? – Stéffanie indignou-se, encarando Kairi, que apenas continuou a falar.

— Hotori-senpai, você habitualmente age com liderança, e é prudente, sensato e discreto. Isso compensaria... bem... a Lewis-san. E vocês seriam a equipe E. – ele disse, indicando Anna com um gesto retraído, e Tadase concordou modestamente.

I don’t understand... – Anna balbuciou, olhando de um para outro, sem perceber os olhares de indulgência que eram lançados para ela.

— Ano... Kairi! – Yaya chamou, afoita – Nesse caso... você faria dupla com o Ikuto?? Por que??

— Como vocês pode observar, Tsukiyomi-san é alguém que age impensadamente, impulsionado pelos seus instintos. E quanto a mim, costumo pensar racionalmente sobre as questões, então, formaremos a equipe F.

— Isso aí, Megane-kun! – Ikuto abraçou Kairi pelo pescoço, displicentemente – Nós vamos vencer!!

— Nãaao!!! A Yaya e o Kukai que vão venceeeer!!! – Yaya berrou, de pé na beira do chafariz, e abraçando Kukai pelas costas.

— Não é uma competição, Yaya e Ikuto... – Amu observou, sentindo uma gota descer pela sua cabeça.

 — É melhor começarmos a procurar o quanto antes, ou acabará ficando tarde demais! – Tadase se apressou em dizer, querendo acalmar os ânimos – Tsukasa-san me orientou quanto alguns pontos importantes da cidade – puxou um pedaço de folha de caderno no bolso - então poderemos fazer assim... Nós nos dividiremos, e no final, nos reuniremos no Café, está certo? – quando todos os guardiões de Seiyo assentiram, sabendo a que lugar ele se referia, Tadase continuou – A equipe A... – ele apontou para Kukai e Yaya – Irão para a estação de trem, e farão o caminho pelas estações, que são lugares com grande aglomeração de pessoas, ainda mais nesse horário do fim das aulas.

— Ceeerto! Vamos lá Kukai! – Yaya pulou para o chão, rebocando Kukai com animação – Quanto antes começarmos, melhor!

Tadase e os outros viram os dois se afastarem, e então, ele continuou.

— Equipe B.. etto... Hinamori-san e Mashiro-san, vocês irão para os cinemas e teatros, e os verificarão. Está certo?

— Certo. Vamos Amu. – Rima tomou a dianteira, e Amu não viu outra opção além de seguir a loira, depois de se despedir rapidamente de todos.

— Equipe C – Ele olhou para Miguel e Utau – Vocês podem ir para o Shopping.

— Tudo bem... – Miguel assentiu, e acompanhou Utau, que já havia começado a andar na frente.

— Equipe D... Fujisaki-kun e Blanca-san, certo? Vocês irão... até o Parque da reserva. Muitos dos ovos se escondem no bosque que há lá.

Esta bien... – Stéffanie concordou – Para que lado vamos?

— Por aqui – Nagihiko conduziu-a para fora do portão, indicando o lado direito. Assim que se afastaram, Tadase voltou os olhos para o papel que indicava lugares.

— Equipe E... ah, sim, somos nós dois, Lewis-san. Nós podemos ir pelo Distrito Comercial, está bem?

Okay, Prince Charming… – Anna murmurou distraída, novamente colocando os dedos na água da fonte.

— E Equipe F, Sanjou-kun e Nii-chan, vocês irão para o Parque de Diversões, de acordo?

Hai, Hotori-senpai – Kairi aquiesceu, começando a andar na direção da saída, e sendo seguido de perto por Ikuto, que andava de mãos no bolso e começando a bocejar.

— Então vamos, Lewis-san? – Tadase chamou a garota entretida.

All right, let’s go... – ela pronunciou, levantando-se prontamente, e os dois saíram pelo mesmo caminho que os outros tomaram anteriormente.

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Depois de algum tempo, não muito longe dali, Nagihiko e Stéffanie adentravam finalmente na Reserva, que nada mais era que um pequeno bosque no centro da cidade, normalmente usado para excursões escolares, piqueniques ou qualquer outra atividade ao ar livre. O sol já estava alaranjado, colorindo o céu com diferentes matizes, e estava baixando com uma velocidade surpreendente – e alarmante.

Usted está seguro de que hay algo que buscar aquí? – ela perguntou, depois de vários minutos andando pela trilha principal, entre as árvores. Durante o caminho, ela não conversara muito com Nagihiko, e desde que perguntara a ele as horas, muito antes, era a primeira vez que lhe dirigia a palavra.

— Eu não sei de muita coisa na verdade, mas já ouvi rumores de que há espíritos amaldiçoados por aqui, e eles podem ser Batsu-tamas, não é mesmo? – Nagihiko respondeu calmamente, olhando atento para os lados, vasculhando a procura de pequenos e negros ovos marcados com um X.

Pero... pero si los rumores sobre fantasmas forem reales? – Stéffanie indagou mais baixo, como se dividisse um segredo, com a voz tremendo infimamente. Ela forçou um semblante sério para disfarçar, mas suas pernas estavam tão bambas que qualquer um perceberia sua hesitação, principalmente alguém acostumado a atuar como Nagihiko.

Ele apenas sorriu de canto vendo o temor da garota. Apesar de parecer cruel, ele apreciou o fato de ver aquela garota que parecia tão destemida e independente estar visivelmente amedrontada nesse momento. Isso a tornou inesperadamente... fofa. E ele não resistiria a provoca-la ainda mais, se isso fosse causar esse tipo de reação.

— Ei, você ouviu isso? – ele indagou de repente, com uma expressão convincentemente alarmada.

E-esto o que? – ela replicou com voz aguda, olhando para todos os lados, aflita, com as mãos juntas ao peito. Inconscientemente, aproximou alguns passos de Nagihiko.

— Isso! Uma voz... parecia que estava chamando alguém... – Nagihiko disse em voz baixa, fazendo suspense. Se estivesse com uma lanterna, e a colocasse debaixo do queixo, estaria igual a um líder de acampamento contando histórias de terror às crianças.

 O mais incrível é que parecia estar funcionando, pois Stéffanie estava completamente pálida, tremendo muito e olhando para os lados apreensivamente. Nagihiko segurou o riso, achando que já estava na hora de acabar com a brincadeira. Mas antes que pudesse fazer isso, ela soltou um berro ensurdecedor e atemorizado, avançando contra ele e afundando o rosto em seu peito, enquanto segurava com força a camisa.

— A-alguna cosa... t-tocou meus pés... – ela balbuciou indistintamente, agarrando-se com mais força à Nagihiko, enquanto tremia sem parar.

— Ah... e-ei... – ele não sabia o que dizer, e vacilou um passo, com as mãos erguidas no ar, hesitantes entre abraçar a garota de volta ou não. Antes que pudesse decidir, no entanto, uma sombra que se movia atrás de Stéffanie o assustou – É um batsu-tama, mite! – ele apontou para o pequeno ovo negro, que flutuava rente ao chão, querendo não ser encontrado. Stéffanie o viu também, e então empurrou Nagihiko para longe, pulando para trás, em posição ofensiva.

Usted! – ela apontou para o batsu tama, com a voz absolutamente ameaçadora – Usted será capturado, huevo estúpido! Setsuna, ahora!

— Etto... Blanca-san, nossos Shugo Chara não estão aqui! – Nagihiko alertou, e Stéffanie recuou, lembrando-se.

Qué faremos entonces? – ela indagou, alerta, fitando seriamente o ovo para não perde-lo de vista.

— Vamos tentar pegá-lo! – Nagihiko respondeu, posicionando-se como se estivesse em um jogo de basquete, e tivesse que tomar a bola.

Estoy de acuerdo! – Stéffanie afirmou, também se preparando.

Quando ouviu essas palavras, o ovo ergueu-se, berrando melancólica e irritadamente, e espalhando sua energia negra pelo ar. O ovo pareceu enfurecer-se ainda mais quando Nagihiko avançou contra ele, pronto para pegá-lo, e o empurrou para longe. Stéffanie correu na sua direção, dividida entre tentar pegar o ovo também, ou ajudar Nagihiko que estava no chão. Enquanto começava a correr, o ovo também avançou na mesma direção, gritando e intimidando. Não era a atitude comum de um batsu-tama. Eles normalmente fugiam, mas este estava querendo atacá-los!

Hayaku, oide! – Nagihiko bradou, levantando-se em um salto e segurando a mão de Stéffanie no mesmo movimento, e então, rebocando-a em uma desabalada corrida. O ovo não recuou, e começou a persegui-los, também em alta velocidade. Nagihiko tentou acelerar, mas Stéffanie atrapalhava-se com as pernas, não conseguindo acompanha-lo.

Estoy caindo! – ela anunciou, quando viu que estava prestes a perder-se entre a corrida. Nagihiko apenas a segurou com mais força, aumentando a velocidade.

No escuro, era difícil distinguir o ovo, e ainda mais difícil de encontrar o caminho entre as arvores, que passava por eles, batendo os galhos em seus rostos e impedindo a passagem com as raízes. Stéffanie já não enxergava nada, e apenas deixava-se ser guiada por Nagihiko, que ia abrindo espaço entre os galhos com as mãos, enquanto corriam. Atrás deles, apenas os gritos de “nuri, nuri” deixavam claro que ainda estavam sendo perseguidos. Estavam avançando assim, cada vez mais lentamente e começando a se cansar, quando Nagihiko sentiu o chão mexer-se sob seus pés. Tentou alertar Stéffanie sobre aquela repentina descida íngreme, mas antes que pudesse, ela também escorregou, agarrando-se ao braço dele para manter-se em pé, e então o puxou para baixo. Os dois rolaram ladeira abaixo, por vários metros, e então, os berros do ovo cessaram. Agora, tudo o que se ouvia naquela floresta era o tilintar suave de grilos e duas respirações ofegantes, emolduradas por interjeições de dor, no meio do nada.

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Enquanto isso, do outro lado da cidade, no distrito comercial...

Woow! This is soooo amaziing! – Anna exclamava a cada segundo, enquanto admirava o lugar, vendo toda a massa de pessoas que passavam, apressadas e em uniformidade, os letreiros luminosos, as vitrines e as lojas.

Mattekudasai, Lewis-san! Você vai se perder assim! – Tadase tentava segui-la, entre a multidão, com medo de perdê-la de vista, o que poderia acontecer a qualquer momento, levando em conta o fato de que ela andava despreocupadamente na frente, saltitando para um canto diferente a cada instante.

— Aaah! Nós temos que encontrar X-eggs, right? – ela pareceu lembrar-se agora, parando no meio do caminho e deixando que Tadase a alcançasse.

Hai. Acho melhor nós começarmos procurando por crianças que pareçam estar com seus kokoro no tamago marcados, será mais fácil considerando o número de pessoas que passam por aqui há essa hora.

Okay! – ela concordou, virando-se para o lado e franzindo os olhos, enquanto segurava a ponta dos óculos com a mão, como se isso fizesse com que ela enxergasse além da aglomeração. Tadase riu da careta concentrada que a garota fazia.

— Vamos por ali, nós podemos observar a rua enquanto sentamos em um daqueles bancos – ele apontou para o lugar do outro lado da calçada. Anna assentiu, preparando-se para andar na direção que ele indicava, mas assim que deu o primeiro passo, seus pés se atrapalharam, e ela foi empurrada pelas pessoas que passavam, praticamente sendo levada pelo mar de gente que atravessava a avenida – Lewis-san, tome cuidado! – Tadase se apressou em ir atrás dela, preocupando-se, e finalmente a encontrou de joelhos no chão, aparvalhada – Daijoubou ka, Lewis-san? O que houve? Está machucada?

— My glasses... meus óculos... – ela dizia para si mesma, alarmada, enquanto tateava o chão, alheia ao chamado do garoto.

— Aqui... – ela ouviu a voz gentil dizer, e então seu mundo se clareou, subitamente desembaçando sua visão. Ela focou o olhar e viu o semblante doce de Tadase, sorrindo para ela, enquanto ajeitava a armação dos óculos em seu rosto, iluminado pelas luzes de neon dos anúncios e letreiros.

Thank you... – ela murmurou, admirada, aceitando a ajuda para levantar que ele ofereceu logo depois – You... you are... really .. a Prince Charming... Está sempre me salvando...

— Lewis-san... – Tadase exclamou, corando irremediavelmente. Ia dizer mais alguma coisa, mas sua fala foi cortada por um som arrastado, que se prolongou. Anna se assustou, sentindo o rosto esquentar e escondendo a barriga com os braços, constrangida – Está com fome, Lewis-san? – Tadase indagou, em voz baixa.

A... little... – ela admitiu, corada. Tadase sorriu compreensivo, lembrando-se de que eles não comiam desde o almoço, e já era noite.

— Nós podemos ir até uma loja de conveniência ou uma lanchonete, e depois continuamos a busca...

Ah! I always wanted... E-eu quero conhecer... um daqueles... Maids Coffee... – ela foi balbuciando indistinta, baixando a voz gradualmente, sentindo-se muito atrevida por sugerir-se dessa forma. Tadase certamente ficaria irritado com ela, mas agora, era tarde e ela já tinha falado – Sorry, eu não quis... não quis...

— Está tudo bem, Lewis-san! Eu nunca fui a um desses, mas... deve haver um em algum lugar... – ele foi olhando para os lados procurando, e Anna se espantou com o quanto ele era prestativo e gentil com alguém como ela, que não passava de uma completa estranha para ele – Por ali, acho que aquele lugar é um Maid kisa...

Anna sorriu, seguindo o garoto entre as pessoas até o local, enquanto sentia algo inominável aquecer-se dentro do seu peito. Talvez fosse apenas a animação por estar todos os lugares que antes ela só conhecia de imagens. Ou, a hipótese que sequer passava pela cabeça dela, isso fosse apenas por causa da presença daquele garoto...

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— Waa! Que vestido lindo! Eu tenho que falar para a Yukari-san dessa loja! – Utau bradou, praticamente apoiada no vidro de uma das vitrines do shopping. Ela e Miguel já haviam rodado dois shoppings inteiros, vasculhando cada canto, e até mesmo exploraram os subsolos, já que os batsu-tamas gostavam de se esconder no escuro, mas não encontraram nada, e agora, ela caminhava mais calmamente, apreciando o passeio.

— Com certeza... a moda japonesa é realmente a melhor... – Miguel comentou distraído, também admirando as delicadas roupas femininas expostas.

— Você gosta de moda? – Utau perguntou, surpresa, virando-se para olhar o garoto diretamente.

— Anh? O q-que...? N-não é como se eu... – ele se atrapalhou, e fechou os olhos com força, esperando por um comentário nada discreto de Grace, e só então lembrou que não estava com ela. Abriu novamente os olhos, mas tudo o que viu foi Utau sorrindo para ele. Não entendeu.

— Olha, eu não vejo nada de errado com um garoto gostar de moda – ela disse, ceticamente, voltando a andar e sendo acompanhada por ele – Na verdade... acho muito fofo...

— Mesmo? – Miguel exclamou surpreso, corando ligeiramente.

— Claro. No ramo musical existe uma variedade enorme de pessoas, cada uma com suas peculiaridades. É assim em todos os lugares. As pessoas não são iguais. Seria muito chato se fosse assim, você não acha?

— Tem razão – Miguel murmurou, baixando os olhos, e então sorriu de volta para Utau. Ela não era como ele imaginara primeiramente. Apesar de ser famosa, ela não era arrogante ou irritante. Era na verdade, muito gentil. Ele poderia até mesmo se apaixonar por alguém como ela… se não fosse por um pequeno detalhe. Isso era um pouco decepcionante, e fazia Miguel querer, com todas as suas forças, ser alguém diferente. Utau sorriu também, embora estivesse um pouco estranha. Quase… envergonhada.

— Ah... e o que você acha dessa minha roupa? – ela indagou, divertida, disfarçando o embaraço. Miguel analisou o vestido negro, cheio de babados, fitas e rendas, por alguns instantes, com a mão no queixo.

— Hmm... eu gosto muito. Eu adoro o estilo Gothic Lolita, e lhe cai realmente muito bem. – ele disse, sinceramente, e Utau empolgou-se.

— Verdade? Doumo arigatou. Você é mesmo muuuito kawaaii, nee? Aaah~ eu já to ficando com fome, você não quer ir comer alguma coisa não? – ela mudou de assunto repentinamente, e Miguel corou com o comentário distraído da cantora.

— Bem, agora que você falou, eu já estava a sentir fome também.

— Então vamos, eu conheço um lugar ótimo! Você já comeu rámen? – ela indagou, animadamente.

— Não… o que é? – ele disse inocentemente, e se sobressaltou quando a garota segurou-o pelo braço, levando-o para o outro lado.

— Você vai adorar! Eu tenho certeza! Nee… passear no shopping, comer rámen… isso está começando a parecer com um encontr… - ela foi impedida de falar, quando viu um grande volume de pessoas assomarem-se a sua frente, todas falando ao mesmo tempo.

— Hoshina Utau, Hoshina Utau!!!

— Eu amo você!

— Me dá um autóoografo!!!

-- Tira uma foto comigo!!

Utau soltou Miguel, sorrindo do modo “idol”. Atendeu a todos os fãs, tirando fotos, assinando agendas, pôsteres, CD’s, e tudo o mais que colocavam na sua frente. Miguel ficou um pouco afastado, vendo todas as pessoas rodearem a loira, chamando-a simultaneamente, querendo abraça-la, e mesmo assim, ela continuava sendo educada com todos. Então era assim a vida de uma estrela...

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A noite já ia alta clareada por inúmeras estrelas, e com a lua minguante que parecia rir da cena que se desenrolava logo abaixo. Na rua deserta e mal iluminada, dois indivíduos caminhavam lentamente, exaustos e doloridos. Stéffanie e Nagihiko, ambos completamente sujos de barro, com os cabelos recheados de galhos de árvores, folhas secas, terra, e talvez alguns insetos também, e nenhuma vontade de falar qualquer coisa, avançavam sem motivação pelo caminho.

Depois de rolarem pelo barranco, que era cheio de raízes e arbustos espinhentos, eles pararam na beira da reserva, cambaleantes e perdidos. Os dois tentaram se levantar, e depois de verificar que tinham apenas arranhões superficiais, além das dores musculares, resolveram encontrar a saída do lugar. Após vagarem sem saber para onde ir por muito tempo, enfim encontraram novamente a estrada, e dali, Nagihiko sabia que caminho tomar. Durante esse tempo, não viram sinais de Batsu-tamas.

— Eu acho que devo um pedido de desculpas a você... – Nagihiko murmurou com a voz suave, sobressaltando Stéffanie, depois de tanto tempo em silêncio.

No veo por qué! Yo e usted... solamente... escapamos do  huevo e então...

— Etto... antes disso. Eu quis brincar com você, e falei sobre fantasmas... Não quis deixa-la com medo, quero dizer...

Usted estava bromeando conmigo? – ela repetiu, indignada. Preparou-se para avançar contra ele, com fúria assassina emoldurando-a, como uma áurea negra, mas m repentino – e constrangedor, pensamento tomou sua mente. Aquele garoto... era bonito demais para apanhar no rosto. Ela corou ao pensar assim, é claro, e ficou indecisa de como proceder, quando Nagihiko baixou os olhos arrependido.

Gomenasai, eu não deveria... itaai!! – ele exclamou, pois Stéffanie havia avançado contra ele, e distribuía golpes aleatoriamente em suas costas e braços. Apesar de ter fraquejado, ele ainda merecia um castigo por tê-la feita de boba, e embora sentisse um pouco de receio de bater em um rosto tão bonito, sua irritação ainda era grande demais para ser apenas contida.

— Estúpido! Tonto! – ela bradava, enquanto esmurrava Nagihiko sem parar. Ele tentava desviar, sem sucesso. – E yo no estaba con miedo!!

— Está bem, eu não vou fazer de novo! – ele pronunciou indistintamente, protegendo-se da garota com os braços. Ele percebeu que os socos diminuíram de intensidade, provavelmente por que ela ainda estava sentindo os efeitos daquela descida forçada, e quando teve a chance segurou-a pelos braços, impedindo-a de se mover.

— Que... que estás haciendo, estúpido! Solta-me! – ela sibilou, furiosa.

— Seus braços estão gelados... – ele observou.

No cambie el assunto! Estoy hablando...

— Aqui – ele soltou os braços de Stéffanie e começou a tirar o próprio paletó, colocando-o sobre os ombros da garota, que ofegou, perdendo as palavras. Ia insultá-lo mais uma vez, e tirar o casaco na mesma hora, mas o fato era que estava realmente com frio. Assim, ela deteve-se a colocar os braços nas mangas, enquanto desviava o olhar, irritada, com o semblante contrariado – Vamos indo, nós queremos chegar ainda hoje, não é? – Nagihiko disse, recomeçando a caminhada. Estava começando a se acostumar com a personalidade difícil da espanhola, por isso não esperou por nenhum agradecimento ou algo do gênero.

Stéffanie não conseguiu dizer nada, e apenas o seguiu. O tecido do casaco estava bem quente, e tinha um cheiro bom. Ela ofegou quando constatou isso, e surpresa, corou furiosamente. Olhou de relance para Nagihiko, que parecia distraído, fitando as estrelas com as mãos nos bolsos. Seria uma cena tocante, se não fosse por toda aquela sujeira que cobria a ambos, fazendo-os parecer dois indigentes, sobreviventes da guerra, ou de um naufrágio. Definitivamente não era a maneira como ela havia imaginado sua estadia no Japão. Mas... de alguma forma, não parecia tão ruim quanto deveria.

Gracias... – Stéffanie sussurrou tardiamente encolhendo-se no casaco, tão baixo que mal passava de um sopro. Nagihiko ouviu, e sorriu de canto, discretamente.

Logo depois, eles chegaram a um lugar perto da escola. Era um pequeno estabelecimento, com grandes janelas de vidro dos dois lados que refletiam as luzes chamejantes e modestas do interior, e sofás quadrados e vermelhos ao redor das mesas que ficavam perto da janela. Um grande letreiro iluminado no alto dizia que aquele era o Amakawa Coffee.

— Esse lugar pertence ao Tsukasa-san, e você pode vir aqui sempre que tiver vontade de tomar um café... – Nagihiko explanou, abrindo a porta. Um sininho colocado logo acima soou e os dois adentraram ao local. Na mesa mais afastada, todos os outros já estavam reunidos, apenas à espera do valete honorário e da rainha estrangeira.

— Nee, vocês demoraram e.... O que foi que aconteceu com vocês, heeiin? – Yaya exclamou, levantando-se de pé, indignada ao ver os dois, que mais pareciam um casal de mendigos que alimentavam pássaros no Central Park. Exceto pelos guardiões, o café estava vazio, o que era bom, considerando toda a eloquência da ás de Seiyo, e o estado dos dois que chegaram agora.

— Algunas cosas... – Stéffanie murmurou em voz baixa, virando o rosto e cruzando os braços. Com o movimento, algumas folhas caíram do seu cabelo, que ainda estava repleto de galhos secos e outras coisas.

— Fomos perseguidos por um batsu-tama e caímos pelo barranco – Nagihiko disse, tomando um lugar na mesa ao lado de Kukai, e Stéffanie fez o mesmo, sentando perto de Anna – Eles estão muito mais ofensivos... isso é como se houvesse a intervenção de alguma outra coisa alterando a natureza dos ovos, é o que parece.

— Foi o que eu pensei também, Fujisaki-kun, mas, bem, parece então que nenhum de nós conseguiu muitos resultados – Tadase suspirou – No distrito comercial, Lewis-san e eu encontramos algumas crianças que pareciam ter seus ovos do coração arrancados, mas não havia nem sinal dos Batsu-tamas por perto – ele disse, e Anna assentiu, tomando um gole de café, servido em uma xícara de gatinho. Parecia extremamente contente, Stéffanie observou, quando viu a inglesa tomar mais café e suspirar sonhadoramente para o teto.

— Eu e Yaya não conseguimos encontrar nada das estações também, além de alguns estudantes de aparência abatida, desmotivada, que poderiam muito bem serem donos de batsu-tamas. – Kukai disse.

— A Yaya tentou conversar com alguns deles, mas nem deram atenção para a Yaya! – ela exclamou, atacando um pedaço de bolo de morango, completamente exaltada por causa da falta de atenção recebida.

— Bem, eu e a Rima-chan encontramos um ovo que se escondido na sala de cinema, mas não chegamos nem perto de pegá-lo – Amu explicou, e Rima concordou.

— E aquele filme era horrível – a Rainha completou ceticamente, concentrada no seu chá.

— Eu e o Miguel-kun não achamos nada no Shopping – Utau pronunciou, mexendo contemplativamente na sua taça de sundae. Nada além de uma loja fabulosa, completou em pensamento.

— Tsukiyomi-kun e eu também não tivemos sucesso em nossa busca – Kairi articulou, ajeitando os óculos.

— Aaah, esse valete de vocês é um franguinho! Não aguentou a montanha russa, e quase vomitou... – Ikuto disse, mordendo um croissant.

— Você disse que não ia contar – Kairi sibilou, corado – E de mais a mais, nós estávamos lá para procurar evidências, não para nos divertirmos. Você faz parecer que passamos um dia agradável do parque.

— E não é verdade? Foi um primeiro encontro perfeito! – Ikuto sorriu de canto, afagando a cabeça do valete, que quase engasgou com seu chá.

— Concentre-se, Ikuto! – Tadase replicou, querendo retomar a ordem dos fatos.

— Nós, Shugo Charas, encontramos muitos Batsu-tamas escondidos pelas cidades, mas não pudemos conversar com eles, e nem captura-los – Kiseki se pronunciou, interrompendo, e só então os recém-chegados repararam que na mesa ao lado estavam todos os Charas, incluindo os seus próprios.

— Eu marquei os lugares onde eles se revelavam com mais frequência, e poderemos fazer mais buscas e incursões futuramente – Musashi mostrou um pequeno pedaço de papel, evidentemente retirado do bloquinho de Miki, ou talvez do de Peach. Era necessário uma lupa para lê-lo, mas as intenções do pequeno samurai eram muito boas, e ele foi parabenizado.

— Hey! – Anna levantou os olhos de repente, parecendo reparar em algo só agora – Eu não sabia que nossos uniformes novos já tinham chegado! It’s so pretty! – ela exclamou, admirada, apontando para o casaco que Stéffanie usava. A espanhola corou na mesma hora, vacilando o olhar, e hesitando para responder. Utau sorriu de maneira sugestiva, trocando olhares cumplices com Miguel. Os dois foram os primeiros a entender o que havia de fato acontecido.

— No... es mío... – ela disse apenas, evitando o olhar fixo da inglesa.

— Waaaa~ Stéffanie!!! – Setsuna exclamou, voando até sua dona – Ele te deu o casaco!! Esto... es como una história de am... – ela foi interrompida pelas mãos de Stéffanie, que a seguraram com força, impedindo-a de falar.

Cállate! – ela censurou a pequena, que apenas assentiu, inconsolável – Lo que importa é que no hay resultados! Como vamos hacer ahora?

— Bem, isso é de fato preocupante – Tadase concordou – Eu sugiro que nós retornemos para casa agora, é o melhor a fazer. Estamos todos cansados e... precisamos um bom descanso... e de longos banhos, correto? – ele olhou categoricamente para ambos, Stéffanie e Nagihiko, e os dois assentiram, conformados – Amanhã... pensaremos no que fazer. De acordo?

— Hai! – Yaya bradou animadamente, levantando-se – Agora, Onee-chan, é melhor irmos para casa logo. Do jeito que está, é capaz de confundirem você e o Nagi com duas árvores. E você precisa de um banho mesmo...


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Notas finais do capítulo

VOCABULÁRIO


Inglês
What: O que?
Well: Bem...
Perfectionist: Perfeccionista
so, the Queen: Então, a Rainha...
perfect again: perfeito de novo.
I dont understand: Eu não entendo
All right, lets go... : Está certo, vamos lá!
Woow! This is soooo amaziing! : Isso é tão incrivel!
My glasses: meus óculos
You are really a Prince Charming: você realmente é um príncipe encantado
Thank you: obrigada
A... little... : um pouco
Ah! I always wanted... : Eu sempre quis
Sorry: desculpa
Its so pretty: Isso é tão bonito


Espanhol
mi hermana: minha irmã
huevos negros: ovos negros
trabajó: trabalhou
Esta bien: está bem
Usted: você
hay: há
Pero... pero si los rumores - Mas... mas e se os rumores
reales: reais
Esto : isso
alguna cosa: alguma coisa
ahora - agora
Qué faremos entonces - o que faremos então?
Estoy de acuerdo - COncordo!
No veo por qué: Não vejo por que
Solamente: somente
bromeando: brincando
E yo no estaba con miedo: E eu não estava com medo
que estás haciendo: o que está fazendo
No cambie el assunto! Estoy hablando: não mude de assunto, eu estou falando...
Gracias: obrigada
No... es mío: Não é meu
Cállate! : Fica quieta!



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