Revenge escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 42
Capítulo XLII




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Miguel passou o resto do dia dormindo para repor suas energias, e quando acordou, já era noite. Do dia seguinte. Ele havia passado vinte e quatro horas desacordado e nem sequer se dera conta disso. Quer dizer, ele se lembrava de ter acordado algumas vezes. Em algumas ocasiões, ele olhava ao redor do quarto, confuso, e sempre via Shunsuke ao seu lado, ou preparando algo para ele comer, ou trocando suas ataduras, ou lendo alguma coisa pra passar o tempo, e logo depois voltava a dormir. Lembrava-se do amigo tê-lo obrigado a ficar desperto por mais alguns minutos para poder alimentá-lo, mas ele estava tão sonolento que nem sequer conseguia lembrar se tinha conversado alguma coisa com ele. Apenas uma única vez, no meio da noite, que agora ele supunha ter sido durante a madrugada anterior, foi que ele se lembrou de ter acordado e não ter visto Shunsuke ao seu lado. Ao invés de simplesmente voltar a dormir como tinha feito nas ocasiões anteriores, ele se levantou e se arrastou para fora do quarto com dificuldade, se apoiando nas paredes e no corrimão da escada. Ouviu os gritos escandalosos das amigas vindo de uma das salas do andar de baixo, e quando chegou lá, viu que se tratava de uma sala de jogos, com todo o tipo de jogo que você possa imaginar, e que não possa também. A maioria dos Guardiões estavam reunidos lá, isto é, os mais escandalosos para ser mais preciso. Tadase estava sentado imóvel em um sofá, e Anna tinha adormecido, aparentemente há bastante tempo, escorregando até que sua cabeça ficasse apoiada no colo dele. O Rei estava imóvel e de costas para a porta, então não havia como saber se Tadase também tinha dormido ou não. Ikuto estava sentado em uma poltrona, fazendo piadinhas sugestivas e rindo delas em seguida. Yaya estava aos pulos, gritando coisas como "É isso aí!" e "Ganbatte!" E Utau estava sentada em um sofá ao lado dela, rindo, aos berros. De frente para uma tela enorme de 50 polegadas, estava um console de videogame antigo, com dois controles ligados nele, cujos botões estavam sendo esmagados pelas mãos de Nagihiko e Stéffanie. A espanhola estava sentada em um canto do sofá, uma das pernas ainda enfaixada, o que indicava que ela provavelmente ainda não estava boa o suficiente pra ficar de pé e andar por aí, mas sua costumeira irritação voltara com força total.





– No és así, niño estúpido! Tiene que hacer su dragón pular em cima da bolha para poder subir e matar él monstruo!– ela gritava para Nagihiko
– Mas não dá pra subir na bolha, ela sempre estoura! - Nagihiko rebateu - Faz você estão, já que é tão esperta, vai lá!
Yo no puedo, mío dragón está com él tiro de fuego, no puedo hacer bolhas! - ela defendeu-se - Já disse que no és así... saia daí niño tonto, e faça bolhas para mim!!





Miguel olhou com mais atenção para a tela e viu que eles estavam jogando algum videogame antigo, cujo cenário era uma espécie de labirinto, todo amarelo, com o fundo da tela preto. Haviam dois pequenos dragões, um verde e um azul, que provavelmente eram os bonequinhos dos dois, e um monte de outros pequenos monstros que lembravam cabeças gigantes de Frankenstein azuis. Aparentemente, os personagens de Nagi e Stéffanie deveriam trabalhar juntos para passar de fase, mas obviamente não estava dando certo.



– Ok, vou voltar pra cama - Miguel resmungou para si mesmo, e tornou a subir as escadas, sem que ninguém nem sequer notasse a presença dele. Chegando lá, viu que Shunsuke estava de volta, como se nunca tivesse saído do quarto. Ele obrigou o português a se deitar novamente e ralhou com ele, dizendo que Miguel ainda não estava bom pra sair andando sozinho por aí, e o Rei estrangeiro concluiu que Shunsuke deveria apenas ter ido ao banheiro ou coisa assim, mas mesmo em seu estado de sonolência conseguiu notar que o garoto tinha guardado o celular no bolso às pressas, antes de obrigá-lo a voltar a dormir, como se não quisesse que Miguel notasse que ele estava telefonando para quem quer que fosse. No entanto, não teve muito tempo para pensar nisso, pois logo o cansaço venceu sua curiosidade e ele voltou a dormir.


E agora, por volta das seis da tarde do dia seguinte, Miguel finalmente tinha acordado, com energia renovada, sentindo como se tivessem acabado de tirar um enorme caminhão das costas dele. Olhou ao redor, confuso, esfregando os olhos para espantar qualquer resquício de sono que pudesse restar, até que ouviu uma voz:


– Bom dia, Bela Adormecida! Ou será que deveria dizer boa noite? - a voz de Shunsuke chamou sua atenção, e Miguel viu o amigo sorrindo para ele, parecendo incrivelmente aliviado que Miguel finalmente tivesse acordado, embora tentasse disfarçar isso - Já são cinco e meia da tarde, sabia? Você dormiu por dois dias seguidos! - o maior informou - Como está se sentindo?
– Como se tivessem tirado um enorme peso dos meus ombros - o português respondeu sinceramente - E também... estou com fome
– Bem, isso é um bom sinal - Shunsuke falou - Vá tomar um banho e se arrumar, vou pegar alguma coisa pra você comer. Você consegue tomar banho sozinho, não é? Se ainda estiver fraco, eu te ajudo...
– Não!!! D-Definitivamente não precisa, e-e-eu posso f-fazer isso s-sozinho, obrigado! - Miguel gaguejou nervoso, o rosto em chamas, tentando por tudo no mundo não criar uma imagem mental daquela cena
– Nossa, você é mesmo tímido, Miguel-kun... nós somos garotos, não tem problema nenhum nisso! - Shunsuke exclamou, e Miguel foi obrigado a discordar internamente. Havia muitos problemas com isso, mas do que Shunsuke poderia imaginar, mas é claro que ele não podia dizer isso ao amigo - Mas, já que você diz que está bem, vá logo tomar um banho e se arrumar então, anda
– Está be... espere, me arrumar? - ele repetiu - Me arrumar pra que??
– Para o Festival, esqueceu?! Aquela ruivinha barulhenta vai fazer o maior escândalo se você não for! - o maior exclamou, e Miguel tratou de se apressar e correr pro banheiro logo. Ele é que não queria ser motivo para Yaya fazer mais escândalo do que o normal.


Miguel tomou um banho rápido, em parte por ainda estar meio fraco e não conseguir ficar muito tempo de pé sozinho sem se apoiar nas paredes, apesar da maioria dos seus machucados já terem cicatrizado, e quando voltou ao quarto, hesitante, pois estava apenas enrolado em uma toalha, viu que Shunsuke não estava mais ali, para seu alívio. Começou a se vestir depressa, e só então lembrou que, geralmente, em Festivais japoneses as pessoas costumavam usar yukata, e ele obviamente não tinha nenhuma. Decidiu vestir a primeira roupa limpa que encontrou e talvez pedir uma yukata emprestada para algum dos garotos, mas quando desceu até o andar de baixo, viu que as outras duas estrangeiras também não estavam prontas ainda, e sentiu um certo alívio. Pelo menos ele não seria o único a escutar uma bronca de uma anãzinha como Yaya. Na verdade, outra pessoa parecia estar levando um sermão dela agorinha mesmo.


Cállate Yaya, yo já falei que não quero ir!! - Stéffanie gritava para ela, as mãos tampando os ouvidos numa tentativa de abafar os berros da ruiva, embora ela mesma estivesse gritando agora
– Mas Onee-chan, você precisa ir!! Todos nós temos que ir ao Festival!! - a Às exclamava de volta, fingindo choro
She is right, não vai ser a mesma coisa se você não for, Spanish Girl! – Anna tinha se colocado ao lado dela, choramingando de verdade. Ela ainda tinha um curativo na cabeça, no ponto onde tinha começado a sangrar durante a luta contra Matthew, mas fora isso, parecia completamente recuperada - Come on, let's go, please!– ela puxou um dos braços da espanhola, tentando fazê-la se levantar do sofá. Anna nunca tinha ido à um Festival japonês antes, obviamente, estava esperando por isso desde que Yaya sugeriu a idéia, e não era o mau-humor de Stéffanie que iria impedi-la de ir
Ya le dije que no, suas Ases irritantes!! - Stéffanie gritou de volta, desvencilhando-se de Anna
– Por que não? - quis saber Yaya
– Primeiro, ainda me duele la pierna, no voy a ser capaz de camiñar direito - ela apontou para o próprio tornozelo, que não estava mais enfaixado, mas ainda parecia um pouco inchado e tinha uma leve mancha roxa - Segundo, en esos Festivais las personas usam yukata, no es? Yo no tengo nenhuma. Y terceiro, estoy exausta de ter virado a madrugada jogando videogame, ainda estoy con sueño y quiero dormir! Portanto yo no voy e pronto!
– Ah, sim... você passou a madrugada inteira acordada... sozinha com o Nagi - Yaya escancarou um sorriso pra lá de sugestivo - O que foi que você ficou fazendo acordada a noite inteira sozinha com o Nagi, hein Onee-chan?! Aposto que fizeram muito mais do que jogar videogame, huhuhuhu...
Ah! Y-You mean... - Anna exclamou antes que a espanhola pudesse dizer alguma coisa, e Yaya balançou a cabeça fervorosamente, confirmando - Kyaaa I knew it! I always knew! Mesmo ela negando, eu sempre soube, ela nunca me enganou!!
Qué está resmungando aí, inglesinha? - Stéffanie estreitou os olhos para ela - Yo no sé o que usted pensa que viu, pero yo sí, vi usted e o seu querido "Prince Charming" no sofá, com usted com la cabeza apoiada en las piernas dele, usando o colo dele de travesseiro...
Noooo!!! Don't say that!!!!!! – Anna berrou, corando furiosamente até a raíz dos cabelos
– Olha só, quem diria, hein Anna-tan... o sujo falando do mau-lavado - Yaya soltou o mesmo sorriso descarado para a inglesa - Mas nada disso vem ao caso agora! Pouco me importa se vocês passaram a noite jogando videogame, se usaram o os colos alheios como travesseiro, se não têm yukatas ou o que quer que seja, nada disso é motivo pra não ir ao Festival, Onee-chan! Vamos lá, é nossa última noite aqui e amanhã vamos embora cedo, você precisa vir com a gente! - Yaya exclamou, tentando desesperadamente encontrar algum argumento para obrigá-la a ir - Anna-tan aqui por exemplo, também não tem yukatas, e nós vamos emprestar uma à ela, é só você pegar uma emprestada também!
Yeah, yeah!– Anna balançou a cabeça fervorosamente, apoiando. Era a primeira vez que ela iria a um Festival japonês afinal, e estava mais do que empolgada, não podia deixar que nada nem ninguém estragasse seus planos - Come on, let's go Spanish Girl! É um Festival japonês afinal, quantas chances você vai ter de ver isso na vida de novo?!
– Anna-tan tem razão, você deveria ser grata e aproveitar a chance! - Yaya concordou
– Pero ainda estoy con sueño, y no puedo andar con esta pierna dolorida - Stéffanie lembrou, cansada daquela discussão
– Bem... se você está cansada e não pode andar, então... etto... ahh, já sei, o Nagi te carrega nas costas! Assim você não vai precisar andar, e ainda pode tirar um cochilo no colo dele, é perfeito!! - Yaya apontou para o Valete como se ele fosse a solução em pessoa
– Ano nee, Yaya-chan... está se esquecendo de que eu também varei a noite jogando videogame, também estou exausto e sem vontade nenhuma de ir à esse Festival - Nagihiko falou antes que a espanhola começasse a desferir uma nova onda de gritos - Isso sem falar que ela provavelmente acabaria com a minha raça antes de eu conseguir fazer algo assim
– Acabaria mismo! Ainda bem que usted sabe!! - Stéffanie gritou para ele, o rosto vermelho de raiva e vergonha misturadas.


Enquanto as garotas continuavam gritando umas com as outras, Miguel só conseguiu pensar que o que ele vira na noite anterior não tinha sido apenas um sonho afinal. Ele realmente havia acordado no meio da noite, descido até o primeiro andar, visto Stéffanie e Nagi disputando feito loucos em um jogo antigo de videogame, embora seus personagens fossem supostamente aliados, enquanto Yaya, Utau e Ikuto gritavam incentivos e faziam piadinhas, e Anna dormia no colo de Tadase. Mas a única coisa que lhe interessava nisso tudo era que Shunsuke não estava ao seu lado quando ele despertou. E estava ligando para alguém desconhecido quando Miguel voltou para o quarto. Para quem o garoto teria telefonado? E se fosse... para alguma garota de quem ele gostava? Ou pior ainda, e se fosse para alguma namorada? Só aquela hipótese era suficiente para dilacerar o coração do português em mil pedaços, mas ele sabia que não havia nada que ele pudesse fazer afinal. Shunsuke e ele eram apenas amigos... e nunca seriam mais do que isso.


– Micchan? Are you okay?– uma voz feminina o despertou de seus pensamentos, e de repente Miguel viu Anna encarando-o há sabe-se lá por quanto tempo. Não tinha nem percebido quando foi que ela e os demais pararam de gritar uns com os outros e notaram sua presença na sala - You look meio pálido ... still has a fever? – ela colocou a mão na testa dele para medir sua temperatura, mas só então se lembrou de que não tinha a menor idéia de quando uma pessoa estava com febre ou não sem a ajuda de um termômetro
– Eu estou bem, Anna, não se preocupe - o português se desvencilhou das mãos dela antes que a garota revelasse esse fato - Eu apenas... estou com fome, parece que não como há bastante tempo
– E não deve comer mesmo, faz dois dias que você está de repouso afinal - Tadase lembrou, colocando-se de pé. Ele já estava pronto para o Festival e agora usava uma yukata azul clara com uma pequena coroa dourada bordada no peito. Miguel notou que Yaya e Nagihiko também já estavam prontos, sendo que o Valete trajava uma yukata roxa sem estampas, quase tão escura quanto seus cabelos soltos, e a Às vestia uma yukata rosa berrante com desenho de estrelinhas amarelas. Anna e Stéffanie ainda vestiam roupas normais
– Não se preocupe, você vai poder comer bastante no Festival, Micchan! - Yaya adiantou-se sorridente, finalmente deixando sua "Onee-chan" em paz por um tempo - Aliás, você precisa se arrumar logo! Só faltam vocês três, os outros já foram pros seus quartos se arrumar!
– Mas acontece que eu não tenho nenhuma yukata, Yaya... e suponho que vocês duas também não tenham - ele perguntou às outras duas estrangeiras, que balançaram as cabeças, concordando
– Isso não é mais problema! - Utau surgiu nas escadas que levavam ao segundo andar, sendo seguida de Rima, que estava quase invisível atrás da cantora - Finalmente terminamos de arranjar yukatas pra essas duas. Venham experimentar, depressa!
Ehh? A-Are you serious?! – Anna indagou incrédula
– É claro que é sério, por que brincaríamos com uma coisa dessas? Agora suba logo aqui e venha ver se o tamanho está bom, Anna - Rima chamou impaciente
B-But... I don't know como se veste isso... - a Às estrangeira murmurou sem jeito
– Ah, não se preocupe com isso, a gente te ajuda! - Utau desceu mais alguns degraus e rebocou-a pelo braço, fazendo com que Anna retornasse aos quartos e desaparecesse na curva do corredor
– Ande, venha logo você também, Stéffanie - Rima chamou no último degrau da escada
Pero ya hablei que não quero ir... - ela suspirou cansada
– Não diga isso, Onee-chan! Todo mundo vai, até o Micchan acordou à tempo de ir, você não pode ser a única a ficar no hotel! - Yaya exasperou-se
Yo sei, pero... espera aí - ela parou de falar abrupdamente, com um repentino pensamento se formando em sua cabeça - Usted hablou que até o Miguel vai?
– Sim, é claro! - Yaya exclamou, e o português balançou a cabeça confirmando
Y la yukata que ele vai vestir... acaso eres aquella que usted comprou para ele...? - ela perguntou, baixando o tom de voz, como se compartilhasse um segredo
"Por supuesto!" – Yaya exclamou sorridente, em uma péssima imitação do idioma e do tom de voz dela, o que geralmente teria irritado Stéffanie, mas nesse caso a fez levantar do sofá e mudar de idéia
– Pensando bem, cambiei de idéia. Yo voy ao Festival con ustedes – ela subiu a escada, ainda mancando, seguindo Rima, enquanto Yaya dava pulos em comemoração - Essa eu não perco por nada... - ela murmurou para si mesma
– Ué... o que a fez mudar de idéia tão de repente? - Miguel indagou inocentemente, com um mal pressentimento
– É que vai ter uma coisa muito interessante no Festival que a Onee-chan queria muito ver... ela não iria perder isso - Yaya respondeu, com um sorriso mais que suspeito estampado no rosto infantil
– Ah, é..? E... o q-que ela queria tanto assim ver? - ele perguntou, recuando um passo
– Huhuhuhu... você logo vai saber, Micchan... - Yaya alargou ainda mais seu sorriso, parecendo algum tipo de maníaca prestes a capturar sua presa - Agora venha comigo, nós arranjamos uma yukata pra você também!


Vários minutos depois, estavam todos reunidos no primeiro andar novamente, dessa vez todos trajando yukatas: Kukai vestia uma yukata verde-musgo sem estampas, com o obi na cor preta; Kairi trajava uma yukata azul marinho, com estampas de shurikens; Ikuto vestia uma yukata toda preta e com o obi também preto, sendo que ela havia sido deixada meio aberta propositalmente, deixando boa parte de seu peitoral desenvolvido à mostra; Shunsuke trajava uma yukata cinza, com um pequeno desenho de duas espadas cruzadas no peito, e o obi azul, também um pouco mais aberta do que deveria, embora não se soubesse se tinha sido proposital ou não; Amu vestia uma yukata toda branca, com o obi vermelho e com estampa de peixinhos multi-coloridos, fazendo parecer que se tratava de um desenho de vários arco-íris no fundo do mar. Tinha os cabelos presos em um coque no alto da cabeça, com alguns fios soltos; Rima trajava uma yukata laranja e amarela, com o obi branco, o cabelo loiro preso em um alto e volumoso rabo-de-cavalo; Utau vestia uma yukata verde claro, com estampa de várias rosas vermelhas, amarelas, brancas e cor de rosa, dando a impressão de que se tratava de um imenso jardim de flores. Os cabelos estavam soltos, como uma cascata dourada caindo por suas costas; Anna trajava uma yukata rosa claro, com estampa de vários tipos de flores de todos os tipos, cores e tamanhos, o obi azul claro e com algumas flores estampadas nele também. O cabelo estava preso em um pequeno rabinho-de-cavalo no alto da cabeça com um lacinho rosa, da mesma cor da yukata;

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Stéffanie trajava uma yukata amarela, com alguns detalhes em vermelho nas mangas, e o obi azul escuro, da mesma cor que seus cabelos, que possuíam duas trancinhas nas pontas presas com lacinhos amarelos;

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E, para a surpresa da maioria ali presente, Yaya vinha arrastando Miguel pelo corredor, com uma força impressionante, considerando que ele tinha quase o dobro de seu tamanho, embora ainda não parecesse totalmente recuperado da luta. O português agora vestia uma yukata vermelho-berrante, com várias flores brancas como estampa, o obi cor de vinho, e um chamativo enfeite de flores vermelhas em seus cabelos. O rosto do estrangeiro estava inteiramente escarlate, tão ou mais vermelho do que a yukata feminina que trajava, e ele parecia querer apenas se enfiar em algum buraco bem fundo e escuro e nunca mais sair de lá de tanta vergonha que sentia.

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As meninas gritaram, escandalosas e em uníssono, diante daquela visão. A maioria dos garotos estavam boquiabertos, sem nem saber o que dizer numa situação dessas. Ikuto começou a rir assim que se recuperou do estado de choque, sendo imitado por Kukai logo em seguida. Nagihiko desviou os olhos, compadecido. Tadase e Kairi começaram a censurar Yaya por fazer aquilo com o pobre garoto, mas as meninas riam e gritavam tão alto que o sermão deles foi abafados pelos berros histéricos das garotas. E Shunsuke corou. Corou muito, muito mesmo, à ponto de seu rosto ficar mais vermelho do que a yukata escarlate que o português usava, e ele simplesmente não conseguia desgrudar os olhos de Miguel.


– Senhoras e senhores, apresento à vocês minha obra de arte! Ta-dan! - Yaya apontou teatralmente para o Rei estrangeiro, que parecia prestes a desmaiar de tanta vergonha
– "Ta-dan" uma ova! - Tadase começou a censurá-la - Yuiki-san, você não pode simplesmente....
– Ficou lindo Yaya!! - Utau berrou com voz aguda, atropelando as palavras do mais novo - Uma verdadeira obra-prima! Você merece um prêmio por isso!!
– Aiinnnn ficou mesmo tão kawaii que tenho vontade de deixar o Festival pra lá e passar o resto da noite admirando essa fofura - Amu exclamou, com as duas mãos nas bochechas coradas - Se bem que dá até um pouco de raiva... aposto que ele está muito mais kawaii do que muitas garotas por aí
– P-P-Pa-Parem com i-isso e deixem e-eu me t-trocar! - Miguel gaguejou com dificuldade - E-Eu não sou uma garota, não faz sentido me fazerem v-vestir e-essa c-co-coisa!!
– Ah, é aí que você se engana, Micchan... você é muito, muito melhor do que isso! - Yaya sacudiu um dedo na cara dele - Como a Amu-chi aqui mesma acabou de dizer, você é tão kawaii que fica mais fofo do que muitas garotas usando yukata, essa que é a graça!
– M-M-Mas e-eu não...
Kyaaah you're so pretty, Micchan!!! – Anna gritou com voz aguda, interrompendo o que quer que ele fosse balbuciar - Is amazing, you look really a girl! Was so beautiful, você devia se vestir sempre assim!!
Rayos... odeio admitir, pero... él está realmente muy hermoso – Stéffanie admitiu à contragosto. Estava com vontade de gritar e pular como as demais garotas, mas tentava ao máximo se controlar, e estava fazendo uma estranha careta para isso. Apertava a manga da yukata de Nagi entre os dedos numa tentativa de se controlar, sem nem mesmo perceber isso
– Certo, certo, todos concordamos que o Micchan está lindo e fofo... mas precisamos da aprovação do Juíz Final! - Yaya exclamou, ficando séria de repente, e voltou-se então para Shunsuke - O que achou Shun-chan? O Micchan ficou bem assim ou não?
– Ahn... - ele balbuciou, despertando bruscamente de seus devaneios para a realidade, perguntando-se por que raios tinha sido nomeado o "Juíz Final" - A-Acho que está... quero dizer... - ele olhou de esguelha para Miguel, que agora estava tão vermelho que era impossível definir o que era o tecido da yukata e o que era pele - Bem, pra um garoto, ele... até que ficou... bastante fofo, eu acho
– O Juíz Final aprovou! - Yaya ergueu o punho no ar em comemoração - Agora que temos a permissão do Juíz, podemos ir! Adiante, companheiros!
– Pare de falar como se isso fosse um RPG, Yaya... - Kukai comentou com uma gota na cabeça, mas a seguiu para fora do hotel
– Ahahahahaha... gomen, gomen, a mania de videogame da Onee-chan me contagiou - ela respondeu rindo
– Ei, não me culpe! Yo no puedo evitar, tengo jogado aquello juego há más de diez años!– a espanhola rebateu - Ainda no creo que finalmente virei ele... valeu a pena passar la noche acordada...
– Então acho que você deve a sua vitória no jogo ao Nagi, não é, Onee-chan? - Yaya alfinetou
– Como é que é??
– Bem, é que, se ele não tivesse aceitado jogar com você, e não tivesse encontrado os itens mágicos que faltavam, você não teria virado o jogo! - a ruiva explicou
– A Yaya-chan tem razão - Nagihiko intrometeu-se - Eu encontrei os Espelhos Mágicos e a chave pra abrir a última porta. Se não fosse por mim você ainda não conseguiria passar da última fase.


Stéffanie o olhou com uma cara de quem iria fazer igual ao seu dragão do jogo e cuspir fogo nele, mas antes que falasse ou fizesse qualquer coisa, Miguel exclamou:


– Ei! Não estão esquecendo de nada não?! Eu não vou sair na rua assim, não mesmo! Vão vocês para aquela porcaria de Festival, eu vou é voltar pro meu quarto!!
– Ahh, mas não vai mesmo, Miguel-kun! - por incrível que pareça, não foi Yaya, e sim Shunsuke quem o deteve dessa vez. Ele passou um braço ao redor do corpo do menor e começou a guiá-lo para fora do hotel - Como a Yaya-chan disse, você está fofo demais, não pode ficar escondido em um quarto de hotel, tem que compartilhar essa fofura com o resto da humanidade e deixar que as pessoas te vejam!
– O que?! M-M-Mas Shunsuke! - ele exclamou, vermelho até as orelhas - E-Eu estou p-parecendo uma ga-garota...
– E daí? Não esquenta, se algum desavisado der em cima de você, eu finjo ser seu namorado e pronto - ele falou como se aquilo resolvesse a questão, e arrastou Miguel para fora do hotel.


O grupo mal chegou ao Festival, e já se separam, cada um indo para um lado: Yaya correu imediatamente até a primeira barraca de takoyaki que encontrou, arrastando Kukai junto com ela; Kairi decidiu desafiar um homem que se dizia ser um descendente de samurais e a pessoa mais forte de todo o Festival, e que daria um prêmio em dinheiro para quem o derrotasse, e Ikuto o seguiu, curioso pra saber se o garoto era tão bom com a espada quanto dizia; Amu foi tentar pegar peixinhos dourados, e resolveu arrastar Rima com ela, que acabou acompanhando a Coringa sem reclamar quando percebeu que tinha uma barraca de chás exóticos ao lado da barraca de peixes; Utau foi até uma barraca onde estava havendo uma espécie de desfile de yukatas, para decidir quem era a garota mais bonita de todo e Festival, e resolveu participar também; Shunsuke levou Miguel até a barraca de algodão-doce, pensando que, talvez se ele comesse alguma coisa, doce de preferência, esqueceria a yukata e melhoraria seu humor, mas uns caras ali perto realmente pensaram que o português era uma menina e deram em cima dele. Aquilo irritou Shunsuke mais do que ele imaginava e, antes que percebesse, ele realmente estava fingindo ser namorado de Miguel, e o arrastou pela mão para longe do algodão-doce e dos delinquentes, em direção à barraca de maçãs-do-amor. Stéffanie foi direto para a barraca do jogo de argolas, e desafiou Nagihiko em um jogo no qual eles enfim poderiam competir, visto que não tinha dado muito certo no videogame; E Anna foi até a barraca de tiro ao alvo apenas porque tinha visto um cachorrinho de pelúcia como prêmio muito, mas muito fofo mesmo, com Tadase em seu encalço. Anna comprou uma ficha, ajeitou os óculos no rosto, segurou a arma de mau jeito, já que era bem pesada para as mãos frágeis dela, e começou a jogar, mas errou mais da metade dos tiros.


Ah damn, I'm really horrible at it... eu nunca tive uma mira muito boa mesmo - ela comentou cabisbaixa
– Não fique assim, Lewis-san... você só não está segurando a arma direito, precisa colocar mais firmeza nas mãos - Tadase explicou gentilmente - Eu vou te mostrar como se atira... etto... b-bem, com licença.


Antes que se arrependesse daquela idéia maluca, ele comprou outra ficha e, antes que a garota percebesse, Tadase posicionou-se atrás dela em um meio-abraço, aproximando tanto seus corpos que ela podia sentir o peito esguio do garoto roçando em suas costas. Segurou a mão trêmula dela, firmando a arma em suas mãos, à apontou para o alvo, e falou tão próximo ao seu ouvido que ela podia sentir o hálito quente dele em sua nuca:


– Mire em um único alvo, não atire pra acertar qualquer um. Firme bem as mãos, feche um dos olhos, concentre-se e atire - ele explicou, puxando o gatilho em seguida, e acertando o alvo mais próximo. O rosto dele estava muito vermelho agora, mas como estava de costas para Anna, ela não podia ver isso - Agora tente você - ele mandou, e Anna fez como ele instruiu, mas estava tão nervosa em ter Tadase assim tão perto dela que errou o alvo por pouco. Tadase suspirou e demonstrou de novo como mirar direito, dessa vez colocando com firmeza uma das mãos sobre a dela, a que segurava o gatilho - Vamos lá, não é tão difícil... feche um dos olhos, isso ajuda a se concentrar em um único alvo - ele falou, fechando o olho esquerdo em seguida e disparando a arma de novo. Ela acertou outro alvo próximo - Agora tente você - ele mandou, e a garota tentou ignorar o turbilhão de sensações que a proximidade de Tadase causavam nela, ou os fortes arrepios que percorriam sua espinha, e ainda a terrível queimação em seu rosto, e fez como ele explicou. Finalmente conseguiu acertar um dos alvos, embora a bala tenha passado de raspão
I got – Anna murmurou incrédula, olhando abobalhada para o buraco que tinha feito no alvo - I could not believe! Thanks to the you Prince Charming, thank you! Thank you so much!! – antes que percebesse o que estava fazendo, ela tinha se virado de frente para Tadase e atirado seus braços ao redor do pescoço dele de tão feliz que estava
– Meus parabéns, mocinha. Seu namorado é mesmo um instrutor e tanto - o homem da barraca falou sorrindo, entregando o prêmio para a garota, o cãozinho fofo de pelúcia que ela tanto queria, e só então Anna pareceu se dar conta do que tinha feito. Ela pulou para longe de Tadase, como se ele desse choque, o rosto em chamas. Agradeceu, sem jeito, o prêmio que o homem da barraca lhe entregava, e murmurou
Ahn.... h-he's not my...
– Obrigado, senhor. Ande, vamos na barraca de peixinhos dourados agora, Lewis-san! - ele puxou a garota pela mão e a guiou para longe da barraca de tiro ao alvo antes que a inglesa pudesse desfazer o engano do homem. Sabia que aquilo estava errado, e que não era certo deixar as pessoas pensando que eles eram um casal ou coisa do tipo, mas... dessa vez, apenas dessa vez... Tadase sentiu-se tão feliz que alguém os visse como um simples casal de namorados ao invés dos famosos Guardiões de Seiyo, que não pôde resistir à imensa vontade de deixar que o homem da barraca pensasse isso ao invés de corrigir seu engano. Era apenas uma pessoa comum que eles nunca mais veriam de novo, então... não podia fazer tão mal assim. Perguntou-se então se Anna teria ficado incomodada com aquilo, mas ela parecia já ter se esquecido do pequeno incidente da barraca de tiro ao alvo. Olhava radiante para o céu noturno, onde agora via-se os mais belos fogos de artifício já visto pelos dois
Look, Prince Charming! The fireworks! Ahh it's so beautiful!! – ela exclamou sorridente, e Tadase teve que concordar. Aqueles eram os fogos mais lindos que ele já tinha visto em toda sua vida. Ou vai ver era a presença de Anna que tornava tudo mais belo e perfeito do que realmente era, mas isso não importava agora. Ele acenou a cabeça e sorriu para ela, concordando, e pôs-se a admirar os fogos ao lado da garota, seus dedos ainda entrelaçados nos dela.






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Enquanto isso, em um país muito, muito distante dali, onde ainda era fim de tarde por causa do fuso horário, a Diretora de uma escola dava uma inesperada notícia para um de seus estudantes:






































– Viajar?! Como assim??
– Foi exatamente isso o que eu disse - a mulher repetiu calmamente - Dentre todos os Guardiões, você é o que melhor se enquadra para essa missão. Por isso eu a estou dando à você
– Mas Diretora, isso é muito repentino! Vamos ter provas em algumas semanas, e ainda tem minhas tarefas de Guardião... eu nem sequer tenho dinheiro pra bancar uma viagem dessas, sem falar que meus pais jamais permitiriam!
– Não se preocupe com dinheiro ou provas, suas notas não serão afetadas por isso, já que você continuará estudando no exterior. E a escola irá arcar com os custos da viagem - a mulher respondeu - Também já falei com seus pais e, depois de uma longa conversa, consegui convencê-los de que é melhor você ir
– E pra onde eu supostamente devo ir? - o garoto indagou, enquanto tentava buscar mentalmente algum outro argumento para convencê-la de que aquela era uma péssima idéia
– Para o Japão
– Japão?! Isso é praticamente do outro lado do mundo!
– Sim, mas é pra lá que você vai - a mulher falou como se isso fosse uma verdade absoluta - Arrume suas coisas e esteja aqui na escola às seis da manhã da próxima segunda-feira, você partirá daqui há três dias
– M-Mas...
– Essa é uma missão muito importante, e estou fazendo isso como um favor para um antigo amigo meu - ela falou mais calma e gentilmente, pousando uma mão no ombro do garoto - Você é o único que pode realizar essa missão, meu querido. Boa sorte, vai precisar - a Diretora concluiu, se retirando em seguida, e deixando um aluno estupefato no meio do corredor da escola
– Eu não acredito nisso - o menino falou, ainda pasmo
– E então, o que vai fazer? Você vai mesmo até o Japão? - uma criaturinha flutuante perguntou ao garoto
– Eu tenho que ir, não é? A Diretora deixou bem claro que não tenho escolha - o garoto resmungou cabisbaixo - Por que ela me escolheu afinal? Tinha tanta gente melhor pra essa missão! Eu nem sequer sei falar japonês!
– Ela deve ter seus motivos, eu acho - o Shugo Chara do garoto respondeu - Não fique assim, você não estará sozinho! Irei com você até o fim do mundo, você sabe
– É muito bom ouvir isso, porque parece que me mandaram pro fim do mundo mesmo - ele murmurou aflito - Bem, mas só tenho que partir na segunda-feira, então ainda posso relaxar por enquanto...
– Não devia começar a fazer os preparativos pra viagem?
– Amanhã eu faço isso. Ainda preciso absorver essa idéia direito - o garoto respondeu, tentando processar todas aquelas informações jogadas bruscamente em cima dele - Anda... vamos pra casa.





























THE END
> TO BE CONTINUED
















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Notas finais do capítulo

Konbawa minna! Teffy-chan desu~
Como avisei anteriormente, este é o último capítulo de Revenge... ou será que não? A setinha lá em cima já diz tudo né XD
Primeiramente, quero agradecer à todas as pessoas que acompanharam essa fic desde o início, e também as que pegaram a história pela metade, não deve ter sido fácil ler essa montanha de capítulos, eu sei... também agradeço muito a todos que deixaram reviews, que comentaram sobre a história, que elogiaram e criticaram, afinal, a opinião dos leitores é fundamental para o andamento da história! Agradeço também às pessoas que não comentaram mais acompanharam a história até aqui, e também a Shiroyuki que aceitou fazer essa história louca comigo surgida de uma idéia do nada, obrigada de coração à todos!! ♥
E como vocês já devem ter percebido, nada da história foi resolvido realmente, por isso mesmo haverá uma segunda temporada futuramente, com muito mais emoção e aventura, e como vocês viram, personagens novos, então aguardem notícias! /o/
h, e só pra constar, o jogo que o Nagihiko e a Stéffanie estavam jogando se chama Bubble Bobble pra quem não conhece, é um jogo bem antigo da Sega... aqui um video pra quem não conhece:
http://www.youtube.com/watch?v=vWyLqjwOuR8
Deixem review onegai, quero muito saber o que vocês acharam do desfecho dessa fic, e espero que possamos contar com vocês também no futuro!!! *o*
Kissus^^