Procuro Um Namorado! escrita por StardustWink


Capítulo 8
Tentativa 8: Sombras do passado.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal.... Então, sabe quando eu disse que a internet do lugar onde eu estava é podre? Eu não estava mentindo. ovo Não consegui entrar nela essa semana para postar o capítulo e tive que esperar até que eu chegasse *finalmente* em casa. ;A;
Já que cheguei, pude postar~ Eu espero que vocês gostem ,e tenho uma coisinha para falar lá embaixo então não deixem de ler as notas finais, ok?
Boa leitura!



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Erza não ficou nem um pouco surpresa quando, ao chegar ao seu prédio, viu Gray Fullbuster sentado numa das poltronas da recepção.

Ele sempre fazia isso, aparecia em sua casa sem aviso prévio para pedir ajuda em problemas pessoais. E, mesmo que a ruiva gostasse de descansar depois de um dia longo de trabalho, sentia falta do tempo em que o via com o resto de seu grupo na escola todos os dias.

- O que faz aqui? - Ela se aproximou do garoto, que deu um pulo na cadeira com o susto.

- Ah, olá Tita...- Ele se conteve, tossindo. - Erza. Jellal, tudo bem?

O homem que andava atrás dela sorriu educadamente, respondendo que sim, estava ótimo. O café tinha rendido muito naquele dia, com todos querendo parar para um lanche nas pausas do trabalho ou na volta da escola.

Felizmente, ele já estava acostumado com o moreno o suficiente para ser considerado seu amigo. O que era ótimo, pois Erza as vezes precisava ser segurada para não bater no idiota pelas tolices que ele fazia.

- Você não respondeu minha pergunta, Gray. - Ela o lembrou. O Fullbuster se ajeitou na cadeira, e ela teve a pequena impressão de que ele tinha corado.

- Err... Podemos falar disso na sua casa?

Aquilo não podia ser boa coisa.

-- x --

- E aí ela disse que poderia esperar, mas... - Gray estendeu as mãos para frente. - E-eu nem sei se eu quero que ela espere! Quer dizer...

- Bom, mas pelo menos Juvia é uma boa pessoa. - Erza tomou um gole de café. - Fico surpresa que ela tenha conseguido se declarar para você.

- E-espera aí... - Ele parou imediatamente o que estava fazendo. - Você sabia?

- Gray, todo mundo da escola sabia. - A ruiva o encarou cética. - Você era o único que não percebia a garota que ficava te espiando por aí.

- Eu não... - Ele a encarou. - Por que não me contou?

- Eu tinha deveres como presidente, não é como se eu pudesse perder tempo com isso. - Ela terminou a xícara, depositando-a na mesa. - Mas e aí? Vai dar uma chance para ela?

- Não sei... - O garoto passou uma mão pelo cabelo repicado. - Quer dizer, tem todo esse negócio com o Lyon, e ela é minha chefa!

- Mas talvez ela seja a garota certa. - Jellal apareceu pela porta da cozinha, segurando dois pratos com uma lasanha caseira que ele fizera no dia anterior e garfos. Ele deixou os pratos na mesa, e parou para dar um beijo na testa da noiva.

- Ele tem razão. - Erza deu de ombros, aceitando os talheres e pegando um pedaço da massa. - Ela parece realmente gostar de você. Talvez até demais, mas isso não deve ser muito ruim.

- É fácil falar para vocês. - Ele resmungou, vendo o azulado chegar com um terceiro prato e sentar com eles. - Estão juntos desde o ensino médio, se conhecem há muito mais tempo. Foram praticamente feitos um para o outro!

A Scarlet desviou o olhar do amigo, concentrando-se na comida. Ao seu lado, seu noivo tossiu ligeiramente antes de continuar.

- Mas nós tivemos muitos problemas antes de tudo se acertar. Eu... - Ele hesitou. - fiz muitas coisas ruins, coisas das quais eu me arrependo de ter feito.

- Não comente sobre isso, Jellal. - A mulher pediu, pousando uma mão num de seus ombros.

- Bom... - Gray recomeçou o assunto. - Mas o que acham que eu devo fazer? Aceitar e ter de conviver com um irmão que me odeia, ou recusar e conviver com uma chefa que me odeia?

- Por que você não só espera para ver no que vai dar, por enquanto? - Ela sugeriu. - Juvia te deu tempo para pensar, aproveite isso para se decidir.

- Eu sei, mas... - O moreno fitou suas pernas sentadas na cadeira. - Ela é bondosa, esforçada... Não quero ter que a fazer esperar por mim. Não mais do que já esperou.

- Ela já esperou por muito tempo, Gray, você está certo sobre isso. - Fernandes comentou. - Mas acho que ela consegue esperar um pouco mais, se for para você ter certeza.

- É... Acho que sim. - Suspirou. Teria de esconder aquilo de Lyon, já que ele certamente o diria para esquecê-la. Pensava que a garota merecia ao menos um tempo de sua atenção antes de...

Ele não sabia exatamente do quê. Talvez não soubesse até o último segundo, e tinha um medo extremo disso.

 - Bom... - Erza levantou da mesa, com o seu prato já terminado. Ela sorriu para ambos. - Agora que está tudo resolvido, vou pegar minha sobremesa. Já volto.

E saiu, indo até a cozinha. Fullbuster ficou com uma gota ao ver a cena.

- Ela não muda mesmo, hein. - Ele sorriu para o homem à sua frente. - Tem vezes que eu acho que você só aprendeu a cozinhar por causa da paixão dela por torta de morango.

- Talvez. - Jellal olhou para a porta, um sorriso também em seus lábios. - Erza sempre cuidou de tudo e todos desde pequena. Se for para fazê-la sorrir e relaxar mesmo que por um momento... É um prazer cozinhar para ela.

Ali estava. O brilho nos olhos amendoados dele ao olhar para a cozinha, mesmo que a ruiva não estivesse em seu campo de visão. Aquele era exatamente o olhar que Juvia tinha usado para encará-lo mais cedo.

Carinho. Adoração. Amor.

Como ele queria ser como aqueles dois, que, mesmo nas dificuldades, aguentaram todos os desafios e agora eram felizes com seu próprio negócio.

Se as coisas fossem mais fáceis, se Juvia não fosse sua chefa e se Lyon não estivesse interessado por ela, ele poderia ter dado uma chance à garota. Por que, para ter olhos assim o olhando todo o momento...

Ele sentia falta disso. Não havia tido relacionamentos sérios desde que Ur se fora, por medo de se machucar de novo como na morte da mãe. Mas sentia que talvez devesse deixar esse medo de lado, arriscar, ou iria perder muitas pessoas que poderiam se tornar importantes para ele.

Mesmo com imperfeições, ele pensou ao ver sua amiga de infância voltar da cozinha com um pedaço de torta e sentar-se ao lado do noivo. Mesmo com brigas e tudo mais, amar e ser amado deve ser a melhor coisa que existe.

...Ok, sua mente formulou coisas melhores do que isso, mas ainda era bem importante.

Ele os observou por mais algum tempo, como se os estivesse analisando.

Eu só espero que esses dois acabem com essa tensão logo.

Sabia por que Jellal não tinha marcado a data do casamento ainda, ou por que Erza não sorria quando alguém mencionava que foram feitos um para o outro. Ainda havia marcas do passado que ele não queria esquecer, e que ela não conseguia mudar.

Mas, mesmo assim, Gray e todos os outros amigos dos dois ainda tinham esperanças.

Já que, mesmo sendo uma cabeça dura que já tinha lhe dado umas boas surras por seu mau comportamento...

Gray ainda queria ver Erza de vestido branco e com um sorriso enorme no rosto num altar, tendo deixado para trás todas as vezes em que chorou escondida na sala do Conselho Estudantil. 

--x--

Era manhã de quarta feira, e Mirajane tinha acabado de sair de mais uma entrevista.

De todas as coisas que aceitou perder quando começou a trabalhar como modelo, a pior era definitivamente sua falta de privacidade. Não se passaram nem dois dias, e todos da cidade já deviam saber do acidente em seu apartamento.

Ela bufou levemente, ajeitando o cabelo que estava preso num rabo de cavalo, passando pelas portas que davam entrada ao hospital. Atrás dela, sua secretária falava sobre ainda outros compromissos que ela teria.

Sentia falta de quando sua vida não era tão agitada, claro. Mas precisava do emprego para sustentar-se e à sua irmã que acabara de voltar de viagem, além de tentar recuperar a perda que teve com o apartamento...

Lembrar-se de tudo o que perdera a fazia vontade de chorar, então ela resolveu voltar a prestar atenção no que Ever estava falando.

- E então, vamos para o ensaio do novo comercial de perfume, certo?

- Ah, sim, claro.

- Agora vá, você tem uma pausa até as duas para ficar com sua irmã. - Ela ajeitou os óculos, a mandando um olhar mortal. - Não se atrase, ouviu?

- Pode deixar! - Ignorando a encarada que recebeu, acenou para ela com um sorriso. - Até mais tarde, Ever!

E saiu andando pelos grandes corredores do lugar, seguindo o caminho já conhecido até o quarto onde estava sua irmã.

Ela finalmente seria liberada depois de uns dias em repouso e Mirajane não via a hora de sair daquele hospital. Mesmo que tivesse sido bom para Lis, a mulher se sentia extremamente desconfortável naquele lugar branco e cheio de pessoas doentes.

A porta do quarto estava aberta. Estranho, Elfman tinha dito que teria de tratar de umas coisas no trabalho hoje, então não apareceria no almoço...

Talvez fosse Natsu? Mas ele não disse sobre aparecer hoje por lá. Erza deveria estar bem ocupada a essa hora, assim como Gray.

A mulher pensou em Lucy, então. A jovem estava sendo muito boa para sua irmã, a emprestando livros e vindo para conversar sobre a cidade ou podres dos amigos que uma não poderia conhecer.

A modelo passou pela porta sorrindo, prestes a dar bom dia à loira...

Quer dizer, loiro.

...Espera aí, o quê?

Ela arregalou os olhos, encarando o componente inusitado que estava presente no quarto. No caso, um homem. Alto, loiro de cabelo espetado, usando o casaco de couro usual e com a infame cicatriz em um dos olhos...

Não restava outra dúvida. Era...!

- Argh! Já disse para parar com isso! - A voz de sua irmã mais nova a acordou. Ela olhou para Lisanna, que mantinha ambas as mãos no rosto massageando-o, enquanto ele encarava a garota com curiosidade.

-... Lis? O que...

- Ah! - sua irmã virou-se para olhá-la, assim como o loiro. Ela tomou uma expressão indignada no rosto. - Mana, controle seu namorado! Ele chegou aqui e começou a esticar o meu rosto como se eu fosse uma criança bochechuda de três anos!

A mulher não teve força para corrigi-la que não, não eram mais namorados há um longo tempo, mas o olhar que trocava com Laxus a impediu de abrir a boca.

Fazia quanto tempo que não se viam? Ele não mudara nem um pouco, continuava com aquele ar jovial e de rebeldia, além do corpo bem esculpido... Mas tinha algo um pouco diferente, também.

Era como se... Ele estivesse diferente. Mais respeitável, e ela não sabia exatamente pelo quê.

- O que você faz por aqui? - Ela murmurou num tom autoritário. Bixlow deveria o ter contado, ele não era muito bom em segredos.

Ele sorriu de leve, levantando-se.

- Fiquei sabendo do acidente, e resolvi fazer uma visita à Lis... - Cruzou os braços. - Não posso?

Mira estreitou os olhos. Ela chegou mais perto do homem.

- Laxus, não pense que pode chegar aqui depois de tudo que aconteceu e... E...!

- E o quê?

- E agir desse jeito, como se não tivesse nada errado aqui! - Ela exclamou, ignorando totalmente os modos. - Eu mudei, nós mudamos! Você não faz mais parte da minha vida.

O meu passado não faz parte da minha vida.

Silêncio. Lisanna encarou ambos com desconfiança, enquanto eles entravam num jogo de encaradas, como se estivessem brigando sem precisar de palavra alguma.

Por fim, Mirajane suspirou, passando a mão pela testa.

- Olha, eu... Não tenho tempo para isso. Você já deve saber que eu sou muito ocupada com o meu novo emprego, certo? Sabe...

Ela não conseguia dizer que era modelo em voz alta, por algum motivo. Talvez seja a vergonha que a antiga Mira sentiria em trabalhar assim, tratando a si mesma como um tipo de mercadoria.

Porém, isso era antes. Ela sabia que modelos não eram só isso agora - elas tinham que ter talento, carisma, e servir de exemplo para terem um caminho ao estrelato. Não era algo simples como sorrir para as câmeras e desejar a fama - era difícil, cansativo, mas valia à pena.

Então como explicar isso ao homem da sua frente?

Não queria que ele pensasse mal dela, mesmo de que desejava que sim com todas as forças para ele sair de sua vida e a deixar em paz. Por que ela já o odiava, mais do que tudo no mundo-!

E, ao mesmo tempo, ainda o amava na mesma intensidade.

Laxus observou-a por mais alguns segundos, antes de suspirar. Dando mais uma olhada para Lisanna, ele chegou mais perto da albina mais velha.

- Mira, você devia parar de mentir para si mesma. - Ele colocou uma das mãos no rosto dela, acariciando-o e mandando arrepios por todo o corpo da mesma.

- Eu não estou...!

- Tanto faz. - Ele retirou sua mão, se afastando dela e indo em direção à porta. Antes de ir, porém, se virou. - Quando você estiver mais calma, vamos conversar. Talvez na reunião de turma, sim?

Mirajane engoliu em seco, continuando a encará-lo.

- Até mais, Strauss.

Com outro aceno, ele tinha saído. A albina encarou a porta vazia, xingando a si mesma por sentir falta do toque dele que agora fazia sua bochecha pinicar.

-... Ei, Mira?

- Ah, Lis... - A mais velha foi até sua irmã, que estava deitada em sua cama. - Ele fez algo com você?

- Não, ele... - Ela piscou. - Você não contou que tinha terminado com ele. Quando foi isso?

- Uns dois meses depois que você foi embora. - Ela deu um sorriso fraco. - Eu não podia continuar vivendo daquele jeito, não depois de ter que te perder. Então eu...

Lisanna ficou olhando para a irmã, deixando de ouvir sua pequena explicação. Era óbvio que ela ainda gostava de Laxus. E, por mais que a mesma soubesse da responsabilidade que ele tivera em fazê-la morar com os tios até os 21, queria que Mira fosse feliz...

Aquilo era complicado. Amor era complicado. E ela só insistia nele porque sabia que devia valer à pena no fim.

Mesmo assim... Não sabia o que fazer para ajudar sua irmã. Talvez ela devesse falar com Laxus ou coisa assim? Mas nem sabia como poderia fazer isso...

Bom, ela daria um jeito. Cedo ou tarde, aqueles dois tinham de se acertar.

--x --

Lucy jazia sentada em sua cadeira, tendo finalmente terminado o capítulo em que estava presa desde o fim de semana. Estava editando-o quando seu celular vibrou, avisando de uma nova mensagem.

A jornalista segurou-o com uma das mãos e sorriu ao ver que Levy tinha a mandado outra mensagem. Desde que marcara um encontro com o “cara perfeito de Magnolia”, sempre contava tudo o que descobria sobre ele.

Ela está mesmo animada. Digitou uma resposta com um dos dedos e clicou enviar, pondo o aparelho outra vez na escrivaninha.

- Princesa? - A loira olhou para a porta, onde Virgo tinha entrado. - Posso preparar o jantar?

- Ah, não precisa... Eu não estou com muita fome hoje. - Ela sorriu educadamente, com uma gota. - E também não precisa me chamar de princesa, só Lucy está ótimo.

- Você vai me punir se eu continuar a chamando assim?

-... Não, Virgo.

- Tudo bem. - A empregada pareceu levemente decepcionada, mesmo com o seu semblante sério. - Boa noite.

- Boa noite! - A loira acenou enquanto a outra fechava a porta. Após isso, suspirou, apoiando seu rosto uma das mãos.

Ela não precisava de empregada, poderia se virar muito bem sozinha; mas seu pai tinha de ir lá e mandar alguém para ficar a vigiando?

Não é como se eu fosse me rebelar, ela estreitou os olhos. E mesmo que Virgo fosse até uma boa companhia - apesar de suas manias estranhas -, a garota sentia que seu pai poderia usar isso de vantagem para pedir favores a ela.

Se ele me casar com um cara ou coisa assim, eu fujo outra vez. Ela ameaçou-o mentalmente, mesmo que a possibilidade de ter um casamento arranjado não fosse tecnicamente possível. 

Ah, os prazeres de ser maior de idade.

- Bom, Lucy, você ainda tem que terminar uma matéria. - Ela murmurou para si mesma, arrumando as folhas que usava para escrever e pondo-as dentro da escrivaninha, antes de fechá-la com um cadeado.

Para outros não lerem enquanto não estivesse pronto, especialmente se esses outros tivessem cabelo rosa e um cachecol no pescoço vinte e quatro horas por dia.

- Ei, Lucy!

Falando no diabo.

A garota virou-se, a tempo de vê-lo descer da janela com facilidade e sentar-se na cama. Ela o encarou por alguns segundos.

-... Oi, Natsu.

Ela não sabia que aconteceria tão rápido. Tivera tempo o suficiente para pensar depois do incêndio, para bater com a cabeça na parede e perguntar-se se estava louca, mas mesmo assim não sabia se estava pronta para aquilo.

Quer dizer... Estava planejando contá-lo que gostava dele. Tinha decidido isso no dia anterior, depois de um filme maravilhoso de melhores amigos que se apaixonam, casam e tem filhinhos lindos...

Mas Lucy tinha medo de não conseguir falar as três palavras, de gaguejar e parecer uma idiota. E sabia que o garoto não era de perceber indiretas, então ou ela dizia que o amava logo de cara, ou...

Ela poderia o beijar.  

Não, não, não, eu não vou conseguir fazer isso. A loira corou só com o pensamento.

De uma maneira, a ideia de beijá-lo a tornava uma garota insegura de doze anos ao invés da mulher de vinte e três que já tinha experiência o suficiente com relacionamentos. E, além disso, queria que fosse perfeito, exatamente como num livro.

É, se declarar agora está fora de questão. Decidiu. Abrindo um sorriso meio que forçado, ela encarou o garoto sentado.

- Mas e aí... O que faz aqui? Não é quase hora de ir para o seu trabalho?

- Ah, é. - Ele coçou a cabeça. - Mas eu tinha que entregar isso aqui.

Ele estendeu um saco. Curiosa, Lucy levantou da cadeira e foi até ele, tirando-o de suas mãos. Lá estava o livro de Shakespeare que tinha comprado há dias atrás.

- O livro... - Droga, com toda essa confusão ela tinha o esquecido! - Onde você...

- No dia do incêndio, você o esqueceu lá. - Natsu comentou. - E fugiu quando eu tentei te entregar no dia seguinte lá no hospital.

Então ele estava mesmo me seguindo. Ela ficou um pouco mais aliviada, pensava que estava vendo coisas.

- Eu queria saber, Luce... Por que você tá me evitando? - Ele parecia um pouco frustrado. - Quer dizer, eu não fiz nada de errado, certo? E eu já me desculpei pelo troço da cozinha de dias atrás!

- Calma, Natsu. - Ela sentiu vontade de sorrir ao vê-lo tentando se explicar, antes que uma onde de culpa o atingisse. - Eu não estava te evitando... Só estava...

Rápido, que desculpa esfarrapada pode-se criar em dez segundos?

-... Cansada. Ocupada com matérias da revista, e eu estava com um bloqueio criativo, aí... - Ela fitou o chão. - Desculpa, eu não queria te deixar assim.

- Ah... Sem problemas. - Ele sorriu, do jeito que agora fazia seu coração palpitar mais forte. - Você tava mesmo mais estranha que o normal!

- Por que você sempre me chama disso? - Sentindo uma veia brotar em sua testa, ela bateu o pé no assoalho do quarto. - É mais estranho que eu!

- Pfft!

- Do que está rindo?! - Agora ela estava brava.

- Você bate o pé quando está com raiva. - Ele apontou para a sandália da garota, se controlando para não dar uma gargalhada. - É engraçado!

- Ei, seu...! Não ria de mim! - Ela protestou, quase partindo de cima dele. Ao invés disso, cruzou os braços, desviando o olhar e se fingindo de emburrada.

- Tá, Luce, desculpa... - Pôde ouvir o tom que ele usava quando fazia alguma besteira e queria que ela o perdoasse. - É até meio que bonitinho.

Ela corou até as orelhas e o encarou. 

- Quê?

- Que foi? - Ele arqueou uma sobrancelha.

- Uh... - Rápido, Lucy, se controla! - N-nada, não é nada.

- Tá bom então. Acho que tô indo. - ele sorriu, nem desconfiando que o comentário anterior deixara sua melhor amiga envergonhada. - Amanhã não vou ao trabalho, então não posso me atrasar hoje.

- É melhor não se atrasar mesmo. - Ela concordou, para depois perceber o que ele dissera. - Espera... Você vai faltar amanhã? O que houve?

- Eu tenho um jantar.

- Vai visitar a Wendy?

Adorava a irmã mais nova dele: ela era pequenina, bondosa e seria uma linda garota no futuro. Morava na cidade junto com a madrasta de Natsu, cujo nome começava com P, mas era complicado demais para ela gravar.

- Ah, não! Mas ela vem passar o fim de semana aqui. - Ele sorriu.

- Eh? Mas e o encontro de turma no sábado, Natsu?

Ele a olhou por um minuto inteiro antes de arregalar os olhos em realização. Típico.

- Você esqueceu, né?

-... Talvez.

- Pode deixar, qualquer coisa eu falo com a Virgo e ela toma conta da Wendy. - Ela abanou uma das mãos. - Mas com quem é então?

- Mira me chamou. Eles vão jantar fora para comemorar a saída da Lisanna do hospital.

- Ela saiu de lá? - Um sorriso largo abriu caminho pelos seus lábios. - Isso é ótimo!

Ela poderia fazer uma visita, se não tivesse ocupada.

- Elas disseram para te chamar, também. - Ele comentou. -... Mas eu me esqueci dessa parte.

Lucy suspirou.

- Tudo bem, eu não poderia ir mesmo. Tenho uma matéria para entregar sexta e não estou nem na metade ainda.

- Ah, ok então! - Ele sorriu. - Boa sorte, eu acho.

- Obrigada. Mande um oi para eles amanhã, ok? - Lucy sorriu. - E diga para a Lisanna que passarei lá para emprestá-la outro livro depois.

- Tudo bem. - Ele falou, para depois piscar. - Espera... vocês se falam?  

- Hm? Ah, sim, desde quando fui visitá-la no hospital. - A loira deu de ombros. - Ela é legal, tem várias histórias para contar...

E sabe dos seus podres, o que é a melhor parte.  

- Ah, é. - Ele sorriu alegremente. - Somos bem próximos. Eu lembro que ela até queria casar comigo quando a gente tinha uns sete anos.

-... Uh? - Lucy congelou, desfazendo seu sorriso lentamente.

- É, engraçado, não? - Ele sorriu, nem percebendo que ela o encarava atônita. - Eu gostava dela antes, cheguei até a pensar que iríamos mesmo ficar juntos, mas...

Ele olhou para o relógio de cabeceira, e levantou num pulo.

- Droga, eles vão me matar! - Ele se virou para a loira, que ainda o encarava. - Até depois, Luce! Não se mate de trabalhar aí, tá?

E com um aceno, ele foi até a janela e pulou como sempre fazia. Mas Lucy estava confusa demais para gritar com ele outra vez.

A cabeça dela estava um caos. Nunca na sua vida teria imaginado que Natsu, seu melhor amigo desde sei lá quando já teria gostado de outra pessoa, e que ela estivesse tão perto assim dos dois.

Quer dizer, Lis era ótima, e ela conseguia ver o porquê de alguém gostar dela, mas... E agora? E se eles já tivessem tido um caso antes dela ir embora? E se ela ainda gostasse dele?

E se ele ainda gostasse dela?

Não conseguia se concentrar. Andou até sua cama, sentando-se no lugar em que o rosado ocupava há poucos minutos atrás e olhando para o nada.

Tentou esquecer isso. Tentou reforçar que ele tinha usado o passado do verbo gostar, o que indicava algo que passou, mas aquilo também era o passado imperfeito então tinha a possibilidade de...

- Ugh! - Ela se jogou para trás, aterrissando no colchão macio. Ela olhou para o teto, sentindo uma sensação ruim no estômago.

- Natsu, seu idiota... Por que você foi me falar isso agora? - Murmurou para o nada.

Lucy sabia que talvez estivesse se precipitando, que passado era passado e que ainda havia a chance dele corresponder seus recém-descobertos sentimentos. Mas ainda assim...

Por mais que tentasse, não conseguia tirar da cabeça a imagem de seu melhor amigo casando com a albina enquanto ela ficava num dos bancos, fingindo que estava chorando de felicidade.


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Notas finais do capítulo

É, eu gosto de drama. Quem não gosta de drama? Drama é legal cara. ...Por favor não me odeiem.
**** NÃO PULEM ISSO ***
Caham. É o seguinte, seus lindos: Eu tenho costume de fazer extras nas histórias cada vez que eu alcanço minha meta de dez capítulos. Como já estamos quase lá, eu queria abrir uma mini votação para quem quiser participar para saber o que vocês preferem que eu escreva no extra :3
1 - Como o Jellal pediu a mão da Erza!
2 - A primeira semana da Lucy na escola!
3 - Um dia qualquer no bar da Raijinshuu!
São essas. Avisando que eu mencionarei sim os itens ao longo da história, mas eu achei que um extra poderia dar mais detalhes e mostrar mais coisas aos curiosos~ ovo
Então é só falar qual das três opções vocês querem! Eu encerro as votações quando postar o cap 10, então vocês tem até o 9 para se decidir. :3
Bom, até mais povo lindo~ ♥33 Nos vemos no capítulo 9.... Semana que vem, provavelmente, se eu continuar inspirada.