Procuro Um Namorado! escrita por StardustWink


Capítulo 11
Extra: Casa comigo?


Notas iniciais do capítulo

E AÍIIII PESSOAL! FAZ O QUÊ, UNS 6 MESES?

...Por favor não me matem. O legal é que eu passo um tempão fora, posto um cap, e demoro mais um tempão para postar um extra, haha /gota Minha faculdade me enche demais de textos e trabalhos e provas para eu ter tempo o suficiente para pensar em longfics, infelizmente (;v;) Sem falar que, quando eu penso, eu escrevo muito pouco por dia e tudo acaba demorando muito.... vide o extra de agora, heh.

Acho que a notícia boa é que o cap 11 é um que eu quero muito escrever, então espero que ele me dê um boost. A ruim é que eu terei aulas em janeiro (culpa da minha faculdade ;v;) e, apesar de já ter terminado algumas das matérias, as que sobraram... Bom... Vamos só dizer que não são tão tranquilas.

Mas não estamos aqui para saber da autora. (uvu) O extra ficou muito maior do que eu pensei, mas eu achei que ficou beeem completinho, digno de um presente de natal! Fiz questão de fazer algo bem light e fofinho dos casais já que alguns deles estão prestes a entrar em situações complicadas /gota/ não me batam gente, é Natal (;v;)

Enfim, espero que vocês gostem desse presente!



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Seu nome é Jellal Fernandes, você tem vinte e cinco anos e está seriamente ferrado.

Olhando de novo para o quadro geral da situação, você já devia esperar que alguma coisa fosse dar errado. Honestamente, no que você estava pensando ao ir buscar ajuda logo com os amigos da Erza para pedi-la em casamento? Era a receita perfeita para o desastre - e não tinha como ficar um desastre pior do que estava acontecendo agora.

E pensar que tudo começara de um modo tão simples...

xxx

Fora um pensamento breve, que surgiu em sua cabeça enquanto se preparavam para o dia longo que viria pela frente. Ele tomava um gole de café enquanto sua namorada e companheira de apartamento mordiscava uma das fatias de bolo que tinham trazido para casa no dia anterior.

Ela comentou algo sobre o preço das bombas de chocolate, ele sobre notícias da tv, ela sorriu do jeito que fazia seus olhos brilharem ao falar sobre um gatinho que tinha visto na vitrine de um petshop na esquina do prédio e Jellal encontrou-se pensando que Nossa, eu quero me casar com ela.

E pensou outra vez, quando Erza o deu um beijo enquanto ele colocava os doces na vitrine pela manhã. E mais tarde, quando a mesma corou adoravelmente ao ser beijada na bochecha de surpresa enquanto tentava fazer algo para o jantar. Também ao observar o rosto dela ao dormir, na cama, com o cabelo escondendo seus olhos e o rosto tão sereno...

Depois de algumas cem vezes, aquele pensamento ficou difícil de ignorar.

O problema era que ele sabia as consequências de um pedido como aquele - e parte de si mesmo ainda não se via perdoada de suas ações do passado. Alguém como ele, que fizera Erza passar por tanta coisa, certamente não merecia algo assim. Ele não merecia ter a honra de chamá-la de sua...

Mas ele também observara o olhar sonhador dela ao encarar um vestido de noiva num vitrine enquanto passeavam. Via como ela sorrira depois de atender um casal de recém-casados semana passada no café, olhos grudados ao anel dourado brilhando em seus dedos.

Ele poderia não merecer tamanha felicidade... No entanto, ela merecia. Erza, que tinha o tirado da máscara que ele manteve durante anos e o salvado, merecia tudo no mundo.

E Jellal não poderia a oferecer muito – mas, por ela, ele faria o possível; e se a mesma parecia tão desejosa para dar aquele passo, a pediria em noivado o mais cedo possível; poderia pensar nas consequências depois.

Agora... Ele não fazia ideia de como fazer aquilo. Nunca pensara que poderia ter aquela ideia antes na vida; então como faria o pedido? Como escolheria o anel? Sabia de cor todas as sobremesas favoritas de Erza, suas cores de roupa favoritas e até que ela era mais tradicional do que gostaria de admitir; mas não fazia ideia das preferências dela para esse assunto.

...Talvez, no fim, ele fosse precisar de ajuda.

xxx

Como queria deixar sua decisão como um segredo, resolveu que só falaria com o mínimo de pessoas possível para aquilo.

O problema era que Lucy estava com Levy quando Jellal ligou para ela, e a última pode ou não ter sem querer mencionado o episódio com Mira... Ou seja, quando ele pensou em chamar três pessoas no máximo para sua casa enquanto Erza estava fora para conversar (Natsu, Lucy e Gray, respectivamente), tinham aparecido cinco, e provavelmente outras seis sabiam.

Bom, desde que Erza não soubesse, ele poderia deixar isso passar.

A reação de todos foi provavelmente a parte mais curiosa do processo; Lucy abrira um sorriso ofuscante e lhe dera os parabéns com as bochechas coradas; Levy ficara com os olhos brilhando e comentara que já estava na hora; e Mira entrara em um pequeno discurso de como aquilo era romântico. Céus, até Gray parecia feliz; ele apertara sua mão com um sorriso de lado e o desejara boa sorte, parecendo já estar esperando por aquilo.

Natsu, no entanto, tivera uma reação um pouco diferente.

– V-você vai casar? Com a Erza? – Ele pulou do sofá em que estava sentado, o terror evidente em seu rosto. – Ficou maluco? Ela é um monstro! Se já fica que nem um demônio dando bronca em mim, imagina o que vai acontecer com você-

– Natsu, – O mesmo não pôde continuar, pois uma certa loira levantou para puxá-lo pela orelha para sentar novamente. – Não fale essas coisas para o namorado dela, idiota!

– Lucy, isso dói! – Ele reclamou, subindo uma mão para massagear o local quando finalmente foi solto. – E também, você sabe que é verdade. A Erza dá medo quando tá com raiva!

A jovem pausou por um momento, parecendo ponderar sobre a frase; depois, continuou com uma expressão tensa.

–... Bom, mesmo assim, Natsu. – Ela olhou para Jellal em seguida, abrindo um sorriso. – Quando você quer casar com alguém, isso quer dizer que você está pronto para passar o resto da vida com essa pessoa, não importa os defeitos que ela possa ter. Certo?

O homem sorriu de volta para ela. Realmente, ele podia admitir que sua namorada pudesse se descontrolar em suas punições em outras pessoas de vez em quando; e que podia roubar pedaços de torta demais quando devia estar trabalhando; mas isso não o fazia a amar menos, pelo contrário.

Ele voltou a encarar Lucy, se perguntando se ela parecia tão convicta de que sabia do que estava falando por ser uma pessoa romântica, ser aspirante a escritora ou simplesmente estar passando por uma situação semelhante.

– Ah. – Natsu parou, virando-se para sua melhor amiga em seguida. – Então é tipo eu continuando a ser seu amigo mesmo depois dos seus surtos psicóticos pós-fim de um livro?

Lucy corou absurdamente, virando o rosto na direção dele em seguida. No seu lado oposto, no canto do sofá, Levy deu uma risadinha.

– N-não, é completamente diferente, idiota! – Ela vociferou, mãos fechadas em punhos contra o tecido do sofá. – E o que você quer dizer com surtos psicóticos?!

– Você jogou um livro contra a minha janela uma vez, Lucy.

– Isso foi uma vez!

– Uma vez é o suficiente!

Jellal continuou a observá-los silenciosamente, não sabendo se era melhor os interromper ou deixá-los continuar. Pelo que parecia, sua terceira suposição tinha sido a correta...

– Tudo bem, vocês dois, parem a briga de casal. Jellal deve ter nos chamado aqui para algo importante além de nos contar isso. – Levy finalmente os interrompeu com os braços cruzados, recebendo em troca uma encarada mortal de Lucy e risadas de tanto Gray e Mirajane por sua fala. – Então, o que é?

Ele se endireitou um pouco na poltrona em que sentava, de frente para os outros. Não tinha como isso dar errado – eles pareciam felizes com essa decisão, então estava seguro de perguntar.

–... Bom, eu queria pedir ajuda a vocês. – O mesmo começou, - Eu sei que a Erza sempre sonhou em se casar, então eu quero que isso seja o mais perfeito possível, e...

– Ah, é claro que vamos ajudar! – Mirajane abriu um sorriso largo, parecendo animada. – Erza e eu podemos ter sido inimigas quando crianças, mas eu ainda sei muitas coisas sobre ela!

– Sim, sim! Ela não é do tipo de comentar em voz alta, mas a Erza seeeempre ficava nos arrastando para olhar vitrines de lojas de vestidos de noiva, não é Lucy? – Levy comentou também, sorrindo para sua amiga que assentiu.

– Hm! E ela até chegou a provar um uma vez. Ah, eu me lembro de ter tirado uma foto, será que eu ainda tenho...?

– Eeeh? Ela provou um vestido? Eu quero ver!

– Sim, sim! Era um daqueles super rendados, ficou perfeito nela! Agora deixa eu procurar...

– Ah, Lu, só espero que você não tenha perdido a foto!

Os homens do aposento resolveram deixar as garotas conversarem entre si mesmas; pareciam muito animadas com a ideia de que sua amiga iria se casar no futuro. Em meio a seus rostos felizes Jellal ficou um pouco receoso em comentar que não fazia ideia de quando queria que eles realmente se casassem.

Bom, ele enfrentaria o problema quando estivesse de frente para ele.

– Eeeh, mas para pensar que você realmente vai casar com ela... – Natsu, que antes tinha se calado com uma expressão pensativa no rosto, voltou a comentar. – A Erza pode sim ser assustadora, mas ela também é minha amiga de muito tempo. – Ele voltou seus olhos para Jellal outra vez, rosto estranhamente sério. – Cuide bem dela.

O homem demorou um pouco para responder, encarando o outro a sua frente. Não falava muito com Natsu; nunca andara muito com os amigos de Erza antes, e era mais próximo de Gray por ele os visitar às vezes, mas...

Ele lembrou momentaneamente dos corredores da escola, de Natsu o encarando com um olhar assustador logo depois de ver Erza entrar numa sala com o rosto triste. Fechou os olhos, suspirando.

...Sim. Os amigos de Erza realmente se preocupavam com ela, apesar das broncas que ela dava neles de vez em quando. Era ótimo ver que a mesma era rodeada de pessoas boas.

E enquanto ele não podia apagar erros do passado, não queria dizer que não pudesse consertar suas consequências agora.

–... Pode deixar, eu vou. – O homem respondeu enfim, assentindo. Natsu pareceu satisfeito com a resposta, pois abriu um sorriso largo em seguida.

– Ótimo! Se precisar da ajuda de um cara, é só falar!

– Heh, como se você fosse ajudar em alguma coisa, cabeça flamejante. – Gray debochou ao seu lado, o que fez o rosado virar para ele com raiva.

– O que você disse, cérebro de gelo?

– Exatamente o que você ouviu!

– E no que você iria ajudar, stripper? Tirando a roupa no meio de uma loja e fazendo vocês serem expulsos?

Hah?! Se eu não me lembro, foi você que pôs fogo numa loja uma vez quando brincava com um fósforo!

– Eu consegui parar ele depois, então sou é bem melhor que você-!

VOCÊS DOIS!

Lucy, que tinha em algum momento parado de conversar com as outras duas garotas, levantou a voz para interrompê-los quando ambos estavam quase partindo para uma briga.

– Vocês realmente querem que eu faça o papel da Erza agora? – A loira continuou, olhos brilhando perigosamente. Tanto Gray quanto Natsu engoliram em seco.

– N-não, Lucy, estamos bem! – Responderam em uníssono.

– Espero mesmo. – A aspirante à escritora bufou.

–... Bom, mas agora que decidimos ajudar. – Levy começou em seguida, direcionando seus olhos para Jellal. – Vamos começar a decidir! Você já pensou num lugar para fazer o pedido?

– Para falar a verdade, não...

– Ah, mas tem que ser num lugar romântico! – Lucy voltou a falar em seguida, olhos brilhando em animação. – Talvez depois de uma caminhada na praia no por do sol! Ou depois de um jantar romântico num restaurante chique...

– Ah, eu ouvi falar que aquele italiano famoso da Rua 6 é ótimo!

– Hmm, eu já fui lá uma vez com a Ever depois de um ensaio! Mas é realmente um pouco caro...

– Ah, mas é uma ocasião especial! Você não se importaria, não é, Jellal?

O homem piscou para os olhares das três garotas, bem como o rosto de pena de Gray e o confuso de Natsu, abrindo um sorriso sem graça.

– N-não, claro que não...

– Então está ótimo! Vai ser lá!

Ele encarou as três mulheres que discutiam agora anéis, sentindo a carteira de seu bolso pesar muito mais do que deveria.

Pelo visto, pedir alguém em noivado era mais complicado (e caro!) do que parecia.

xxx

No fim, Jellal acabou sendo acompanhado das três jovens para comprar o anel; e Mirajane tinha até feito questão de cancelar alguns eventos do dia para poder estar presente.

– Mira, tem certeza que está tudo bem em fazer isso? – Levy perguntou com uma expressão levemente preocupada ao ficar sabendo. – Evergreen deve ter ficado furiosa...

– Ah, não tem problema! Essa é uma ocasião especial, então! – A albina sorrira para eles em resposta.

– Hmm. Mas, para vir aqui... – Lucy abriu um sorriso um tanto malicioso em seguida. – Você deve realmente se interessar nesse assunto. Está planejando se casar em breve, Mira?

A modelo piscou, corando um pouco com isso; e levantou as mãos para balança-las levemente em negação.

– N-não, Lucy, eu posso gostar sim desse tipo de coisa, mas... – Jellal piscou de seu canto enquanto observava-as conversar; era impressão sua, ou Mirajane tinha um brilho melancólico nos olhos? – Eu não... Tenho ninguém com que eu queira fazer isso.

Não mais, era a frase escondida nas entrelinhas. Um flash de realização passou na cabeça dele, do tempo em que a albina não era nem modelo e muito menos comportada. Se não estivesse enganado, ela tinha um namorado naquela época. Era...

– Ah, mas eu posso dizer o mesmo de você, não é verdade? – Antes que pudesse levantar mais suspeitas, Mira foi rápida para debater com um sorriso. – E você, ao contrário de mim, tem até um pretendente.

– Arrrgh! – Lucy corou até as orelhas com aquilo, fazendo bico. – Quantas vezes eu preciso repetir?! Eu e o Natsu não temos absolutamente nada-

– E quem foi que mencionou ele, Lucy? – Levy adicionou, um sorriso travesso em seu rosto. A loira corou ainda mais, cruzou os braços e desviou os olhos.

– Vocês duas podiam realmente parar com isso...

Jellal encarou as três com uma sobrancelha arqueada. Pelo visto, também tinham alguém de seu passado que permaneceram em suas mentes até hoje. Bom, menos...

Ele dirigiu o olhar à Levy.

Sim, menos ela.

– Eh, Jellal?

O homem piscou, percebendo que elas olhavam para ele, confusas.

– Desculpa, nós acabamos nos distraindo... – Lucy tinha um sorriso sem graça no rosto. – Mira tinha perguntado em que loja de jóias você gostaria de começar a procurar.

– Não tem problema. E... – Ele levou uma mão para coçar sua cabeça, sem graça. – Eu realmente não sei...?

As três riram um pouco com isso.

– É, já esperávamos isso. – Levy sorriu para ele, e seu olhar se tornou travesso. – Então, acho que você está em nossas mãos agora!

– Vamos escolher o melhor anel de noivado do mundo! Não se preocupe! – Mirajane adicionou com um de seus sorrisos doces, mas ele sentiu um arrepio na espinha ao invés de ficar calmo.

Ele devia ter trazido algum homem com ele para fazer aquilo; tinha medo do que poderia acontecer se ficasse um dia inteiro com aquelas três...

Ao final do dia, quando já haviam andado o shopping praticamente inteiro e suas pernas pareciam ter parado de funcionar, ele teve certeza disso.

– Obrigado pela ajuda... – O homem murmurou com uma voz cansada, encostado à parede de fora da última loja enquanto tentava achar forças.

– Ah, não tem problema! – As outras três não pareciam nem um pouco cansadas; tinham andado animadamente por aí o dia inteiro, só parando uma vez para o lanche.

Mulheres eram mesmo fortes para essas coisas.

– Mas pelo menos achamos o anel, certo! – Levy comentou em seguida, as mãos em sua cintura. – Eu achei que não conseguiríamos nunca depois de andar tanto...

Se você está dizendo isso, por que não parece nem um pouco cansada? Era o que ele queria perguntar no momento, mas ficou quieto.

– Sim, é mesmo. – Mirajane sorriu ao lado dela, colocando uma mão no rosto. – E é ainda melhor que eles também tenham aceitado trocar a pedra de diamante do centro por um rubi! Ficou tão melhor assim...

E mais caro, também. Ele observou em sua mente. Mas, como ele sabia que Erza gostaria muito mais do anel assim, tinha achado melhor aceitar a proposta delas.

– Ah, mas me desculpe por ter que pegar ele por mim, Lucy. – O homem virou em seguida para a loira, que até então estivera calada.

– Não tem problema nenhum! – Ela sorriu, abanando sua mão. – Aqui é praticamente do lado de onde eu trabalho.

A mesma deu uma pausa, abrindo um sorriso travesso.

–...E, também, eu posso fingir que eu ganhei isso de um namorado para minha chefa. Quero só ver a cara dela!

– Hmm, Lucy... – Mirajane tombou a cabeça para o lado antes de continuar, - Eu acho que isso só funcionaria se você realmente fosse usar o anel...

– É. E não seria estranho você ter ganhado um anel de noivado assim, do nada? – A mais baixa do trio apontou.

Lucy parou, e seu rosto ficou triste.

–... Eu não tinha parado para pensar nisso...

Jellal, observando a expressão cabisbaixa dela um pouco sem graça, resolveu intervir:

– Não se preocupe Lucy. Tenho certeza que o Natsu te dará um presente assim alguma hora...

A loira virou o rosto para ele, atônita, enquanto Levy e Mira começaram a rir.

– Você também não, Jellal! – Ela choramingou, parecendo ficar mais triste do que já estava.

O homem piscou, confuso.

Será que ele tinha entendido a situação errado...?

xxx

E, depois de contar para os outros, escolher o anel e confirmar os lugares no tal italiano caro que as garotas haviam recomendado, a única coisa que faltava era fazer o convite.

– Erza. – A ruiva desviou os olhos do prato que terminava de lavar para olhar para o lado, onde Jellal tinha acabado de pôr o pano que estava usando para secar os copos na bancada.

– Hm? – Ela curvou um pouco sua cabeça, franja caindo mais sobre um de seus olhos, e ele afastou a vontade momentânea de levantar uma mão para ajeitá-la. Aquilo era algo importante, afinal.

– Eu quero te perguntar uma coisa. – Ele falou, suspirando, virando-se completamente na direção dela. Erza, como se percebesse que aquilo era importante, deixou o prato na pia e secou as mãos em sua calça jeans, também se virando.

– O que houve? – Ela perguntou, olhar preocupado tomando conta de suas feições. Depois, arregalou os olhos e continuou, - Ah, você não gostou da sugestão de um novo cheesecake para o café?

– Não, não é sobre o café. Eu–

Jellal parou, respirando fundo. Ele queria seguir com tudo aquilo, mas, primeiro, tinha de fazer algo antes.

– Você está feliz, Erza?

A ruiva à sua frente piscou, momentaneamente confusa. Antes que ela pudesse responder algo para sua pergunta, porém, o homem continuou, levantando suas mãos para pousá-las gentilmente em seus braços.

– Eu não quero que você tente me reconfortar. Eu sei o que eu fiz, e não importa o quanto você diga que isso não tem mais importância, eu não sei se vou conseguir me perdoar por todas as coisas que eu disse para você.

– Jellal, você não...

– Mas eu sei de uma coisa. – Ele levantou uma das mãos para acariciar seu rosto, fazendo a mulher congelar no meio de sua resposta. – Eu te amo. E, acima de tudo, eu quero que você seja feliz. E se você quiser continuar ao meu lado, depois de tudo o que aconteceu, eu... Posso tentar compensar os meus erros.

Erza o observou por mais alguns segundos, antes de abrir o que era um dos sorrisos mais bonitos que ele vira em seu rosto. Ela subiu uma das mãos para segurar a dele que pousava em sua bochecha e direcionou seus olhos castanhos para os seus.

– Eu estou feliz, sim. E não sei de onde surgiu isso, mas me alegra saber que você não quer se prender mais ao passado. – Ela disse para ele, entrelaçando seus dedos nos dele. Jellal retribuiu o sorriso com isso, inclinando sua cabeça para baixo para beijá-la.

– ...Mas, nós realmente precisamos terminar de lavar a louça. – A mulher murmurou após se separarem, mesmo que tenha continuado com o rosto a milímetros do seu.

– Ainda está cedo. Podemos terminar mais tarde. – Ele sorriu para ela, trazendo-a mais para perto e a beijando na bochecha.

Ela suspirou com o toque, trazendo uma mão para a nuca do namorado para possivelmente continuar o que estavam fazendo antes, mas a voz dele a interrompeu novamente,

– Acho que podíamos ir a algum lugar para comemorar isso.

– Hm? Que tipo de lugar? – Erza se afastou um pouco de seu rosto, olhos curiosos outra vez.

– Talvez um que tenha tortas boas para sobremesa. Eu tenho um italiano em mente...

– O que te deixou com vontade de fazer essas coisas de repente? – A ruiva perguntou em seguida, um sorrisinho se formando em seus lábios. Se ela estava desconfiada de seus planos ou não, ele não sabia; mas aquilo realmente não importava agora.

Ela iria descobrir mais tarde, de qualquer forma. Ele já obtivera a resposta que queria, tinha preparado tudo, e ela não desconfiara do convite.

– Estou feliz, só isso. – Ele sorriu de volta para Erza.

Nada mais podia dar errado.

xxx

Como assim você esqueceu o anel?

Ah, não, isso não podia estar acontecido. Hoje era para ser o dia perfeito para Erza e Jellal, Lucy tinha feito tudo para que fosse o mais maravilhoso possível, mas claro que teriam de haver imprevistos.

Afinal, sua vida nunca fora muito normal a partir do momento em que começara a ter o garoto idiota à sua frente como seu vizinho.

– Eu devo ter esquecido em cima da sua cama quando estávamos saindo, ou-

– Natsu, a única coisa que você tinha que fazer no meu quarto era pegar a sacola do anel e colocar ele na sua mochila. – Ela exclamou para ele, segurando-se para não pular em cima dele de raiva. – O que exatamente você fez todo aquele tempo no meu quarto?!

–... Eu fiquei olhando seus quadros? – Ele sorriu sem graça, e Lucy se parabenizou internamente por pelo menos ter o intimidado a esse ponto.

Mas Natsu não era do tipo de perder tempo olhando fotos que já estavam lá há anos desde que se conheceram. Então o que ele poderia ter feito para usar esse tipo de desculpa?

Lucy estreitou os olhos.

– Você estava procurando o meu projeto de livro, não é.

– Err... Não?

– Natsu, eu já disse um milhão de vezes que eu não quero que ninguém leia aquilo antes de eu-!

– Ei, dá para vocês pararem?

Tanto a loira quando o jovem à sua frente pararam, virando-se para uma Mirajane estranhamente calma à passos de distância.

– Eu já passei por muitos imprevistos na minha vida piores que esse, e a solução não é ficar discutindo desse jeito. – A mulher falou, mãos postas sobre sua cintura e olhar sério. – Esses dois acabaram de chegar, ainda devemos ter tempo o suficiente até que Jellal precise do anel.

– Ela tem razão. – Levy suspirou ao lado da janela de vidro do restaurante, espiando uma última vez antes de virar-se para os dois. – Natsu, Lucy, vocês tem alguém que possa trazer o anel até aqui?

A loira piscou, colocando um dedo sobre o queixo.

– Bom, eu suponho que a Virgo possa fazer isso, mas...

– Não precisa! Eu já tomei conta disso. – O rosado ao seu lado a interrompeu, um sorriso surgindo em seus lábios.

– Já? – Levy arregalou os olhos, - Eu te subestimei, Natsu. Você ligou para o Gray ou algo assim?

– Nah, aquele cabeça de gelo só iria atrapalhar. – Ele negou com a cabeça, e Lucy estreitou os olhos ao seu lado ao notar que ele provavelmente não tinha falado com Gray porque ele também o daria uma bronca.

– Então quem você chamou, Natsu? – Mirajane piscou, curiosa.

– Wendy, claro! – Ele sorriu, mostrando seus caninos afiados quando o fez. – Ela está passando o fim de semana na minha casa, então!

Silêncio.

– Natsu... – Lucy começou, voz gélida e parecida suficientemente com a de Erza para assustar o garoto. – Você realmente mandou sua irmã de treze anos vir trazer um anel para uma parte da cidade que ela não conhece?

Ele piscou, só aí parecendo perceber a gravidade da situação.

– Opa.

xxx

Wendy olhou em volta novamente, apertando a sacolinha que carregava mais para perto de si mesma. As ruas daquele lugar eram estreitas, e ela estava começando a temer que tivesse errado o endereço que seu irmão a enviara às pressas pelo celular.

O motorista do ônibus disse que era aqui, mas... Ela engoliu em seco ao passar por um homem alto com cara de poucos amigos, e apressou o passo. Estou começando a duvidar que esse não seja o lugar certo...

E, certamente, não parecia haver nenhum restaurante italiano famoso à vista, quanto mais nas próximas quadras à frente. As ruas estavam quase desertas, aquele não parecia ser o lugar para andar por aí com um anel de noivado caro nas mãos e Wendy estava começando a ficar com medo.

W-wendy, fica calma. Você prometeu para o seu irmão que levaria isso para ele. A garota de cabelos azuis pensou para si mesma, parando para respirar fundo. Se não for aqui, você vai simplesmente achar um lugar relativamente seguro, ligar para seu irmão, pegar o endereço outra vez e ir para lá!

Se ela achasse algum lugar seguro, no caso. Não parecia muito provável.

Ela se apressou novamente, tentando afastar os pensamentos negativos da cabeça. Estava tudo bem, tudo ótimo, ela definitivamente iria sair dali sem imprevistos!

– Ei, garota!

Ai não.

Ela não deveria mesmo se virar, sua mente concluiu, então Wendy se apressou mais. O problema era que, ao fazer isso, ela deu de cara com o tal homem que vira passando antes... E ele não parecia mesmo muito amigável.

– Você não está no lugar errado para brincar não, mocinha? – Ele perguntou, voz grave, e Wendy deu um passo para trás. – Precisa de ajuda?

– E-eu... – Wendy começou, tropeçando nas palavras, seu medo fazendo ela quase deixar a sacola cair.

Ela se lembrou de Porlyusica e suas velhas lições de como afastar pessoas indesejadas, e tentou se concentrar.

– N-não preciso de ajuda, obrigada. – A garota declarou, fechando o rosto o máximo possível e tentando imitar a carranca de sua mentora. O homem a olhou por um momento, parecendo que ia rir, mas aí seu rosto se transformou em um de terror e ele se virou para sair correndo logo em seguida.

– F-funcionou? – Wendy falou para si mesma, abrindo um sorriso hesitante – então ela conseguia ser assustadora quando queria! Natsu ficaria orgulhoso, ela teria de comentar isso com ele quando o encontrasse.

Porém, sua calmaria só durou até ela perceber que havia outra pessoa atrás de si.

A mesma sentiu um calafrio percorrer sua espinha, virando para trás bem devagar. E, ao encontrar-se com um homem alto de cabelo negro longo, piercings e uma cara de dar medo, a garota fez a coisa mais sensata que qualquer um faria no momento.

Ela correu.

Tinha que sair dali; encontrar algum lugar para ligar para seu irmão ou pedir para Porlyusica ir buscá-la. Se não fizesse isso, certamente estaria em apuros naquele lugar cheio de pessoas assustadoras e sua gata Charle iria se tornar órfã-!

Claro que esse tinha de ser o momento perfeito para ela tropeçar numa pedra.

Wendy sentiu seu corpo cair para frente em câmera lenta, a sensação de pavor tomando conta de seu ser ao pensar de que aquele homem de antes ainda poderia estar a seguindo. Ela não deveria ter saído de casa naquele dia. Deveria ter pedido ajuda para a empregada legal de Lucy na casa ao lado, ou até para sua mentora, mas não ter ido sozinha para um lugar que nem conhecia e achar que conseguiria saber para onde estava indo.

Só esperava que alguém continuasse a alimentar Charle depois que ela se fosse. A gata provavelmente chiaria para ela em reprovação se soubesse que ela tinha feito isso. E sua mentora também...

A garota piscou. Espera aí.

Seus pensamentos se interromperam quando ela finalmente notou que não tinha atingido o chão no momento que isso deveria ter acontecido. Wendy, reprimindo o medo ainda presente em si mesma, olhou para cima.

Os orbes negros da mulher de cabelos azuis claros que caíam como cachoeiras por seus ombros encontraram os dela, e Wendy sentiu uma súbita vontade de chorar de alívio.

– Está tudo bem com você? Esse lugar é perigoso para uma garotinha da sua idade... – A desconhecida perguntou, ajudando-a a recuperar o equilíbrio. Wendy assentiu, apertando a sacola contra seu corpo.

– Eu me chamo Juvia. Qual o seu nome? – A mais velha sorriu, abrindo um sorriso doce para ela.

Sentindo-se relaxar um pouco, a garota engoliu em seco antes de responder.

– W-wendy...

– É um prazer! Mas diga para a Juvia, por que você está aqui? – A mulher parecia ser amigável, então supôs que seria melhor pedir a ajuda dela.

– Eu tinha que levar algo que meu irmão mais velho esqueceu em casa, mas acho que peguei o endereço errado com ele...

– Hmm... Você sabe o nome da rua? – Juvia tombou a cabeça levemente para o lado.

– Aqui. – Wendy tirou o celular da bolsa, achando a mensagem que Natsu a mandara e entregando para ela ver. A mulher aceitou o aparelho com um sorriso, e seus olhos se arregalaram depois de lê-lo.

– Juvia tem quase certeza que esse endereço é à no mínimo dois bairros daqui! – Ela concluiu, voltando seus olhos para a mais nova. – O quão urgente o seu irmão precisa dessa coisa que ele esqueceu?

– M-muito urgente. – Wendy respondeu, engolindo em seco. Se não estava errada, era para um dos amigos dele pedir sua namorada em casamento, mas...

– Hmm... – Juvia colocou uma mão no queixo, pensando por um momento. – Eu posso pedir ajuda para um amigo meu se for assim... Estava indo encontrar com ele, então...

– Seu amigo? – A garota piscou. O amigo dela morava por aqui? Isso não era perigoso?

– Sim. – Juvia sorriu para ela outra vez antes de apontar para a rua à sua frente. – Ele trabalha numa mecânica aqui perto. Vamos?

– Ah, sim! – Wendy assentiu, andando mais rápido para alcançar a mais velha. – M-mas, ele vai se importar de me levar?

– Não se preocupe! – A mulher de cabelos longos e azuis tinha um sorriso reconfortante no rosto. – Ele pode ser rude e um pouco mal humorado a maior parte do tempo, mas é uma ótima pessoa. Juvia o conhece desde os tempos de escola!

– Entendo... – Wendy sorriu hesitantemente de volta, sentindo-se ficar mais calma. Se aquela mulher o conhecia por tanto tempo assim, ele não devia ser perigoso. Felizmente, ela ainda estaria viva para levar uma bronca de sua gatinha de estimação mais tarde.

– Eh? Seu turno já acabou, Gajeel?

Ao ouvir a voz da mulher à sua direita, Wendy desviou seus olhos do chão para procurar com quem ela estava falando...

E encontrou o homem assustador de antes, que a encarava com certa curiosidade.

Kyah! – Wendy soltou um gritinho, correndo para se esconder atrás de Juvia. A mulher mais venha piscou, voltando seus olhos para ela.

– Wendy? O que houve?

A garota engoliu em seco. Ela realmente estava em apuros, não estava?

xxx

Jellal checou discretamente seu relógio, encarando novamente a mulher no outro lado da mesa em seguida. Eles tinham acabado de pedir o jantar, e o mesmo fizera questão de escolher algo leve o suficiente para que Erza quisesse pedir uma sobremesa depois.

Se bem que, provavelmente, ela pediria mesmo que fosse um prato grande. Ele sorriu involuntariamente ao pensar isso, o que fez a ruiva arquear uma sobrancelha.

– O que foi agora? – Ela se aproximou mais dele pelo outro lado da mesa, cabeça apoiada em uma das mãos. – Você está estranho desde hoje de manhã.

– Ah, nada. Estava só pensando sobre uma coisa. – O homem riu um pouco, anotando internamente para não agir de forma mais suspeita do que já estava, se possível.

– Que coisa? – Erza franziu a testa em confusão, e ele engoliu em seco.

– Uh... É que teve hoje uma senhora no café que-

Ele estava indo muito bem com sua desculpa de última hora, mas acabou sendo interrompido por uma voz que gritou alto do lado de fora do restaurante.

Você esqueceu o quê?!

– Essa não é a voz do Gray? – Erza desviou os olhos dele para olhar na direção da entrada, o que fez Jellal arregalar os olhos.

Se ela soubesse que eles estavam lá – provavelmente para deixar o anel como o combinado – provavelmente acabaria descobrindo o resto.

– Deve ser só sua impressão, Erza. – Ele tentou dizer, mas a ruiva continuou a se esticar para tentar observar o que estava acontecendo.

– Não, eu estou ouvindo o Natsu também! Eles parecem estar brigando por alguma coisa... – A expressão dela tornou-se sombria logo depois, - Eu não posso acreditar que aqueles dois estão fazendo isso na frente de um restaurante.

– Erza, espera-! – Ele se esticou em direção a ela e segurou seu braço antes que ela pudesse se levantar, e a expressão de pura raiva em seu rosto voltou ao normal ao encará-lo. – Não acho que sejam eles, Gray não trabalha a essa hora hoje?

–... Ah. – Ela piscou, e um rastro leve de vermelho pincelou suas bochechas. – Você tem razão. Desculpa, eu devia ter percebido antes...

– Não tem problema. – Ele sorriu para ela mais uma vez, suspirando de alívio por dentro e voltando ao seu lugar. Pelo menos conseguira evitar isso. Agora...

O que ele quis dizer com ‘esqueceu’? O homem voltou seus olhos para a taça de vinho tinto em sua mesa, encarando-a preocupado. Será que... Não, não pode ser. Lucy é responsável o suficiente para cuidar do anel, não acho que ela o esqueceria em um lugar qualquer.

Ele tentou afastar o pensamento de sua cabeça e concentrar-se em manter Erza ocupada para evitar outras distrações. Felizmente, a comida não demorou muito para chegar, e ele pôde se distrair um pouco enquanto se preparava para o que inevitavelmente viria depois.

Isso é, até que, pelo canto do olho, ele visse a pequena figura de Levy atrás do vidro do restaurante. Ele piscou, estreitando os olhos para tentar ver o que ela estava fazendo com os braços. Eles estavam... Cruzados em um x... E ela estava negando com a cabeça repetidamente, como se quisesse que ele parasse com...

Jellal se endireitou rapidamente, olhos arregalados. Ele estava certo. Como assim ele estava certo? Lucy tinha o ligado ontem avisando que o anel já estava com ela, então como poderia ter perdido em menos de um dia?!

– Jellal? Aconteceu alguma coisa? – A voz de Erza o acordou de seus pensamentos, e ele virou-se para ela novamente, tentando se manter calmo.

– N-não, nada.

– Ok. Então, eu acho que podíamos pedir a sobremesa logo. – Ela sorriu, dirigindo-se ao garçom que tinha acabado de parar na mesa para recolher os pratos de ambos. – Com licença, vocês têm tortas?

– Ah, Erza, espera, acho melhor se nós... – Ele a interrompeu, uma mão instintivamente estendendo-se na direção dela.

– O seu acompanhante tem razão, senhorita. Acho que você ficará mais satisfeita com a sobremesa especial da casa. – O homem deu um sorriso discreto para Jellal, que sentiu um calafrio de pavor descer por sua coluna ao perceber que ele tinha percebido errado. – Eu a trarei em breve. Se me derem licença.

O homem de cabelo azul escuro colocou sua mão novamente na mesa, sentindo como se uma montanha tivesse se alojado em suas costas. Aquilo estava dando errado, tudo estava dando errado, e ele não sabia mais o que fazer.

– Jellal? O que foi?

Ele olhou para Erza novamente, para como ela estava usando um vestido vermelho que a deixava linda e tinha os cabelos soltos com sua franja caindo pelos olhos, e suspirou. Queria que aquilo fosse perfeito, ela merecia que fosse assim, mas como sempre, tinha estragado tudo.

– Erza... Eu tenho que te contar uma coisa. – Ele passeou uma das mãos pelo seu cabelo, olhos voltados para a mesa. – Na verdade, eu tinha planejado esse jantar porque eu...

– Espera. – Ele levantou os olhos ao ouvir a voz dela. – Aquele é o Natsu! Então eles estavam aqui, afinal!

– O quê? – O homem se virou, avistando o outro de cabelo rosa em questão enquanto ele ia em direção à cozinha do lugar, uma garçonete o seguindo e parecendo aflita. Ambos observaram curiosos enquanto Natsu a ignorava completamente e continuava a andar, só para ser impedido por um Gray que acabara de entrar e o puxara pelo braço.

– O que eles estão fazendo...? – Jellal murmurou, franzindo a testa. No segundo seguinte, porém, Natsu pareceu avistar algo ao fundo, pois empurrou o moreno que o segurava com um braço e continuou na mesma direção, olhos fixos no...

Foi aí que Jellal avistou o garçom de antes com o bolinho de morango que ele fizera especialmente para a ocasião, que tinha os dizeres “Quer casar comigo?” em cima. Era para a caixinha de o anel estar junto do prato quando ele fosse entregue, mas não havia nada.

Então Natsu estava tentando parar o bolo? Ele piscou, voltando os olhos para Erza, só para perceber que ela tinha levantado da mesa e estava com o mesmo olhar mortífero de antes.

– Erza...? – ele a chamou, hesitante, uma gota de suor descendo por sua testa.

– Eu não acredito que eles estão brigando dentro de um restaurante! – Ela exclamou em seguida, chamando a atenção das mesas em volta, e começou a pisar firme na direção dos dois que agora trocavam insultos próximos à cozinha.

– Eu disse para esperar, cueca flamejante! O que você pensa que isso vai adiantar? – Gray tinha uma mão segurando Natsu pela sua blusa, enquanto ele tentava empurrá-lo com um dos braços enquanto observava o garçom que parara momentaneamente para observar o ocorrido.

– Isso pelo menos é melhor do que ficar lá fora sem fazer nada como você, cérebro de gelo-!

– E por que exatamente nós estamos esperando do lado de fora, huh, seu idiota-?

VOCÊS DOIS!

E-Erza?! – Os dois garotos viraram o rosto ao mesmo tempo, encontrando a mulher à centímetros de distância com o rosto de quem estava quase matando alguém. Gray soltou a mão que segurava Natsu por impulso, e o outro perdeu o equilíbrio com isso, tentando se equilibrar dando um passo para trás...

Que era, no caso, para cima do garçom que levava a bandeja com o bolo. Jellal viu o que aconteceu em seguida quase que em câmera lenta.

O garçom deixou a bandeja escapar de suas mãos enquanto estava caindo, e a torta de morango que ele tinha preparado especialmente para aquela ocasião voou para frente, caindo justamente na cabeça da pessoa para quem ele fora dedicado.

Erza fechou os olhos, respirando fundo e levantando uma das mãos para apanhar um morango que tinha ficado preso em sua franja. Depois, encarou os dois homens que tinham se encolhido um do lado do outro.

– Err... Oi, Erza. – Gray abriu um sorriso sem graça, dando um passo discreto para trás.

– Acho que você tem um pouco de bolo no seu cabelo... – Natsu comentou, fazendo o mesmo, e uma veia brotou na testa da ruiva à sua frente.

– Sim, eu tenho. – Ela respondeu, voz assustadoramente calma, fazendo ambos estremecerem. – O bolo que era para mim e vocês derrubaram.

– E-erza, espera, foi ele quem fez isso, eu não-

EU NÃO QUERO SABER!

E Jellal observou atônito enquanto sua namorada partia para cima dos outros dois, ainda congelado um pouco atrás deles sem saber o que fazer. Tinha dado tudo errado. Era para ela estar feliz agora, não furiosamente dando uma bronca em pessoas com o cabelo cheio do bolo que ele ia usar para pedi-la em casamento.

Ele suspirou. Agora que tinha tudo dado errado, ele tinha de consertar as coisas. Se aquilo continuasse, eles iriam mesmo ser expulsos do restaurante.

– Erza, espera.

– Jellal? – A ruiva se virou, ambas as mãos ainda segurando Gray e Natsu por suas camisas, parecendo perceber que ele ainda estava lá.

– Pode soltar eles, só estavam tentando ajudar. – O homem pediu, suspirando, e Erza soltou-os mesmo ainda estando confusa.

– Ajudar com o quê?

–... Para falar a verdade, eu estava planejando usar esse bolo para te pedir em casamento hoje. – Ele explicou, olhando para os restos da torta que jazia esparramada no chão do restaurante. – Mas o anel não chegou a tempo e, agora... Agora está tudo acabado.

– Jellal... – A ruiva arregalou os olhos, dando um passo em sua direção. – Você ia mesmo me pedir em casamento?

– Sim. – Ele abriu um sorriso fraco para ela. – Eu posso ainda não ter me perdoado, mas eu quero te fazer feliz. E se você está feliz querendo passar o resto da sua vida comigo, então eu...

O homem suspirou outra vez.

– Mas eu acabei estragando tudo de novo.

Ele voltou seus olhos para o chão, não sabendo mais o que dizer, mas foi surpreendido quando ela começou a falar em seguida.

– Hmm... Esse é o bolo novo que você tinha feito para mim semana passada, não foi? – Erza perguntou, lambendo parte do glacê que tinha ficado em seu dedo ao tirar um resto mísero de bolo de seu cabelo.

– Ah, sim... – Jellal piscou, a encarando em confusão. A mulher sorriu para ele, olhos cintilando em alegria – mas aquilo não podia ser, ele tinha sim estragado tudo, então porque-?

– Obrigada por fazer tudo isso. – Ela disse, dando um passo em sua direção. – Eu fiquei muito feliz quando você me convidou para vir aqui, e até admito que esperava algo assim.

Erza esperou um pouco antes de continuar.

– Mas você não precisava de tudo isso, Jellal. – Ela pôs-se à frente dele, sorriso tão belo que o lembrou do momento em que se conheceram, a tantos anos atrás, quando eram apenas crianças e ela era apenas Erza.

Naquele dia, ele a dera o sobrenome que a mesma carregava consigo até hoje, e o sorriso de agradecimento da mesma fora tão único que ficara gravado em sua mente mesmo com o passar dos anos.

Por um tempo, aquele sorriso era uma praga, uma cruel lembrança de algo que ele não podia ter. Mas agora, depois de tudo que ambos tinham passado, depois que eles tinham recebido finalmente a chance de serem felizes outra vez, tinha se tornado uma de suas mais preciosas memórias.

– Afinal... Eu já disse a você que queria passar o resto da vida ao seu lado, não disse? – Erza falou, por fim, e ele sorriu em resposta.

–... Sim, você disse. – Ele pegou uma de suas mãos delicadamente em seguida, e voltou a olhar para ela. – Mas eu ainda acho que você merece o pedido tradicional.

Pelo canto do olho, ele pôde ver que Lucy, Mirajane e Levy tinham adentrado no restaurante no meio daquela confusão toda, e elas permaneciam paradas próximas à parede com sorrisos nos rostos. Natsu e Gray tinham aproveitado para se afastar, também, mas pararam para ouvir o que ele tinha para dizer. Algumas pessoas das mesas ainda encaravam, e o garçom que tinha sido jogado no chão sorria encorajadoramente para ele.

Jellal respirou fundo, e se ajoelhou.

– Erza Scarlet, você quer casar comigo?

– Sim. – A ruiva respondeu, sorrindo, o abraçando apertado assim que ele levantou novamente. Ele riu, envolvendo-a pela cintura, e nunca pôde imaginar que fosse se sentir tão leve e feliz como naquele momento.

Mas, também, ele nunca achara que fosse ter a chance de fazer isso um dia. Talvez Jellal realmente devesse aprender a seguir em frente ao invés de ficar preso aos seus erros do passado, como Erza o ensinara.

Eles ainda teriam um longo caminho pela frente... Porém, talvez, fosse dar tudo certo no final.

Em meio aos aplausos e ao casal abraçado por entre restos de torta de morango, Wendy adentrou pela porta do restaurante com a sacolinha segura em suas mãos.

– Será que eu cheguei muito tarde...?

No entanto, ao ver os dois parecendo estar tão felizes, ela sorriu; talvez as coisas tivessem dado certo sem precisar de um anel, no final.

xxx

– Ah, será que ela conseguiu? Parecia tão preocupada por acabar não chegando a tempo... – Juvia falou para o homem que dirigia o carro ao seu lado, cabeça espiando para fora das janelas abertas.

– Deve ter ido bem. – Ele respondeu, olhos ainda assim desviando-se por um momento para o letreiro do restaurante da rua. – Nós viemos até aqui bem rápido, então.

– Mesmo assim... Se Juvia fosse o noivo, iria querer que fosse tudo perfeito... – Ela pousou sua cabeça por entre as mãos que seguravam a porta, suspirando. – Se bem que ela provavelmente preferiria um pedido de noivado na praia... Ele se ajoelhando com o pôr-do-sol encontrando o mar ao fundo, ela aceitando e pulando para abraçá-lo, aí eles rolariam na areia e...!

– Você tá pensando naquele stripper enquanto fala isso, não é. – Ele comentou, dirigindo os olhos para ela com um olhar cético. Não era uma pergunta porque ele tinha absoluta certeza de que estava certo.

O vermelho que se apossou das bochechas dela e o bico que ela fez comprovaram sua teoria.

– Não fale assim dele!

– Tá,tá, que seja. – Gajeel suspirou, dirigindo o olhar para a estrada e girando a chave do carro. – É melhor irmos logo. Não parece que ela veio para o lugar errado dessa vez.

– Hm. – Ela murmurou em resposta, voltando-se a se sentar direito em sua cadeira e dirigindo um olhar a ele. – Juvia acha que vai pedir comida chinesa hoje. O que você acha?

– Desde que não seja aquela coisa horrível que você pediu da última vez, eu não me importo. – O moreno respondeu quase que num resmungo, lançando um último olhar para o restaurante antes de voltar-se para sua frente. Justamente quando ele acelerara o carro e entrara na estrada novamente, Juvia exclamou de surpresa e enfiou a cabeça para fora da janela novamente.

– Gajeel-! Do lado de dentro do restaurante, era o Gray lá! – Ela tinha os olhos arregalados, dedos apertando a margem da porta. O moreno bufou.

– Deve ser só sua imaginação, você o vê em tudo quanto é lugar.

– M-mas dessa vez eu tenho certeza! – Ela se virou para ele, mas o homem a ignorou e continuou a olhar para a estrada. – Gajeel!

Ela realmente sabe como ser insuportável, não é? O homem suspirou internamente, olhos vermelhos concentrados na estrada à sua frente. Ainda assim, a imagem da garota de antes voltou à sua mente novamente quando parou no sinal vermelho.

Aquela menina... Juvia não tinha a reconhecido, mas aquela era a irmãzinha do Dragneel que aparecia na escola de vez em quando para voltar para casa com ele. Ela provavelmente não o reconhecera também – felizmente– mas, ver alguém daquele lugar outra vez, era...

Ele lembrou-se então de quando ela finalmente chegara ao local, agradecendo profundamente mais uma vez. Ela também dera mais uma dica de como manter Lily de arranhar seu sofá – eles acabaram tocando no assunto enquanto Juvia tentava deixar Wendy mais calma – e sorrira uma última vez para ele pelo retrovisor do carro.

– E m-me desculpa mais uma vez por ter me assustado com você, não era minha intenção! – Ela dissera enfim, aumentando seu sorriso. – Eu... Achei que você fosse perigoso antes, mas você realmente é uma ótima pessoa. Desculpa mais uma vez!

Heh. Ele abriu um sorriso irônico com isso, pisando no acelerador quando o sinal abriu novamente. Se ela soubesse que fora ele o causador daquele acontecimento de anos atrás, definitivamente não teria dito aquilo.

– Sabe... Eu acho que, se você quiser ser desculpado pelos seus erros, tem que aprender a andar na luz, Gajeel. – Juvia murmurara para ele, olhando-o de sua posição no sofá com o queixo apoiado nos joelhos.

O jovem que ele fora um dia não se preocupara em responder, apenas fechando a porta do seu então apartamento dividido. Mas Gajeel já aprendera muitas coisas nesses últimos anos, e poderia dizer sim que, se não já fosse, pelo menos estava tentando mudar.

A garota daquele dia, porém, provavelmente nunca chegaria a ver isso.

Talvez fosse melhor assim.


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Notas finais do capítulo

EEEEE AQUI ESTÁ! Vou contar para vocês que só percebi que tinha feito a Erza falar a mesma frase que a Lucy disse quando estava "agindo como ela" quando fui reler tudo asldjasdlfkjsdfl Mas eu achei legal então deixei assim, mesmo. uvu

Deixei o finalzinho assim para ser um callback legal para as coisas que virão no capítulo que vem. É, pelo visto vocês estão muito próximos de descobrir o que realmente aconteceu entre o casal principal no passado~ Espero que não morram de curiosidade até lá, hohohohohoho!!

Bom, Feliz Natal para quem comemora, Feliz Ano Novo e ótimas férias para todos vocês! Aproveitem bastante!!