A primeira coisa que voltou a si foi o som – som confuso, de ferro arranhando e objetos quebrando. A segunda coisa da qual se deu conta foi o formigamento em todo seu corpo – um formigamento que lhe deu uma alegria violenta –, e depois ele sentiu o sangue escorrendo de sua cabeça para o rosto, certamente motivado pela pancada que o Hulk lhe causara.

Vozes conversavam e gritavam com ele e longe dele. E as que falavam com ele cessaram quando ele não pôde mais conter o riso que se
formou enquanto sentia aquele doce formigamento dominá-lo. Então Odin não havia lhe arrancado a mágica, apenas a vinculado dentro de si mesmo... Velho tolo. Seria melhor se o tivessem matado quando tiveram a chance, pensou.

No momento em que os ruídos de coisas partindo pararam, ele sentiu uma mão pressionando-se ao lado do seu pescoço. Uma mão quente e de aspereza familiar.

- Loki, você está sangrando. Pode me ouvir?

Ele abriu os olhos e encontrou Thor exatamente a sua frente. A visão ainda um pouco embaçada não o deixava se enganar quanto a identidade do louro.

Ao fundo, ele viu que um Dr. Banner recentemente voltado ao “normal” era apoiado pelo Capitão América e o Homem de Ferro.

- T-Thor?

- Eu estou aqui, irmãozinho.

Do riso, ele sentiu as lágrimas quererem avançar sem que ele pudesse contê-las. Que Valhalla o perdoasse pelo o que ele estava prestes a fazer.

- Me d-desculpe, Thor...

- Está tudo bem, Loki. Vai ficar bem. Nós vamos cuidar de você!

O Deus do Trovão não entendia. Loki fechou os olhos, concentrando-se. Sentiu a energia de sua mágica reavida sob seu pleno controle. Depois de tudo, talvez ele devesse agradecer ao grande mostro verde – se não fosse ele, sua mágica ainda estaria presa -, mas era melhor não.

- Loki – a voz de Thor era embargada ao ver o irmão mais novo com os olhos verdes fechados, sem saber o que estava acontecendo. – Por favor, irmão, olhe para mim.

Foi difícil para o Deus do Mal obedecer. A cabeça doía muito. Agora os outros vingadores ainda estavam atrás de Thor, observando-os. Ótimo, pensou, se eles permanecessem todos juntos, seria um serviço mais rápido e limpo, e isso era bom já que ele não tinha certeza da força que sua magia estava atingindo naquele momento.

Respirou fundo. Era agora. Tinha que ser agora. Sentiu quando a onda de poder se desprendeu de seu corpo e atingiu toda a instalação do hellicarrier, drenando toda a energia. Eles estavam no meio do oceano, e a queda significaria um bom estrago e talvez a morte de muitos.

Assim que as luzes apagaram e os motores silenciaram, o pânico envolveu a todos.

- D-desculpe, T-Thor... e-e-eu precisei fazer isso.

- Não!

Mas no instante seguinte, o moreno já não estava mais ali.

Loki usou sua muito bem-vinda magia para descobrir onde Rose havia sido confinada depois que a ruiva Viúva Negra a levara. E não foi a
tarefa mais difícil do mundo encontra-la. Quando ele abriu a porta, uma pequena chama verde na mão a iluminar o local sem luz, Rose correu para ele.

- Oh, graças a Deus você está bem! Estive com tanto medo! – disse ela, abraçando-o.

- Não precisa mais ter medo, eu prometo. Venha, vamos sair daqui.

A chama em sua mão cresceu, triplicando seu tamanho, e então ele atirou-a contra a parede, fazendo com que ela explodisse.

- Seus poderes...?

- Eu os recuperei. Ficaremos bem agora.

Ele a puxou para a além da fenda que abrira na parede, sustentando-a no ar por meio de um feitiço enquanto deixavam o hellicarrier.

Loki fitou a grande nave perdendo altitude. Por que Thor não tinha vindo ainda atrás de si para impedir sua fuga? Ele realmente poderia... E por que Loki se importava, afinal? Sussurrou algumas palavras na antiga língua da magia, e num átimo de segundo, o hellicarrier explodiu no ar, com todos ainda lá dentro.