POV Narradora

            Os amigos encaravam Julie. Se olharam. Pareciam ler a mente um do outro. Então eles decidiram.         

            - Tudo bem. Você pode vir com a gente. Mas é só até você encontrar um lugar para ficar. – Daniel disse com um visível tom de desprezo na voz.

            - Muito obrigada. – Julie sorriu um pouco triste por ouvir como Daniel a tratava agora.

            Ele caminhava até a porta do carro e Félix agarrou o braço dela.

            - Você vai no banco da frente. Do lado do nosso segurança. – ele disse e ela assentiu tristemente.

            Ela foi e os rapazes se sentaram no banco de trás.

            - Você não tem vergonha, garota? Agradeça a eles pela boa vontade deles, senão eu te dava uma bela lição que você nunca iria esquecer. – o segurança disse enquanto ligava o carro. Julie se encolheu num canto, assustada.

            Daniel estava calado olhando o caminho pela janela do carro. Félix e Martim o olhavam. Não sabia o que dizer.

            - Você está bem, Daniel? – Martim perguntou.

            - Eu pareço bem por acaso?

            - Não, mas...  – Félix o interrompe colocando a mão em seu ombro.

            - Deixe-o, Martim. Se eu tivesse no lugar dele, com certeza eu estaria bem pior.

            - Dá pra vocês pararem de falar. – Daniel disse virando o rosto para eles e voltando a olhar o caminho.

            - Olha cara... Eu posso até parar de falar... Mas não vou deixar você ficar assim. Eu e o Martim somos seus amigos. E vamos de apoiar e te consolar se for preciso.

            Daniel os olhou mais uma vez e sorriu. Os três amigos se abraçaram.

            - Mas, será que a gente pode confiar nela? – Félix perguntou.

            - Eu não sei. Mas eu achei que ela foi sincera no que disse agora pouco. – Martim disse.

            - Eu também não sei. Espero que eu não me arrependa uma segunda vez. Eu não costumo dar uma segunda chance. Tomara que ela saiba usá-la e a aproveite para se redimir. – Daniel disse.

            - É... Eu espero também.

            Daniel, Martim e Félix ficaram conversando no banco de trás. Julie, no banco da frente, chorava silenciosa e sem parar. O segurança, que estava ao seu lado, dirigia e reparou as lágrimas que caiam do rosto dela. Voltou a olhar pra frente e balançou a cabeça.

            - Não entendo por que chora. Você fez o que fez e agora se arrepende?

            - Eu fui obrigada. Eu nunca quis fazer nada disso. Ainda mais com eles. Eu sou fã da banda. Você não sabe quem eu sou nem pelo o que eu passei. Então não me julgue. – Julie disse. E finalmente o segurança se calou.

            O carro finalmente parou e eles estavam numa casa bem grande e luxuosa. Julie saiu do carro e encarou a casa de boca aberta. Era linda, na opinião dela. Tinha dois andares, com um lindo jardim, uma garagem para três carros, no fundo uma varanda com mesas e cadeiras e uma grande piscina.

            - Gostou da minha casa? – Daniel perguntou sem emoção e sem uma expressão no rosto.

            - É sua. – ele assentiu. – É bem bonita.

            - Entra. Fica a vontade. – disse a última frase num sussurro que ela ouviu.

            Julie entrou e ficou encarando a casa por dentro. Tão bonita quanto do lado de fora. Uma sala imensa, uma escada que leva ao segundo andar, uma cozinha toda branca, uma sala de jantar com uma mesa grande. Mais a frente ela viu um estúdio. Criou coragem e entrou. Havia vários instrumentos. Julie viu um piano e se sentou de frente para ele. Quando mais nova, ela aprenderá um pouco de piano. Tocou algumas notas. Quase uma hora depois, ela havia composto uma música.

♪“Notice me

Take my hand

Why are we

Strangers when

Our love's strong

Why carry on without me?”♪

(Me note

E pegue minha mão

Porque nós somos como

Estranhos quando

O nosso amor é tão forte?

Porque continuar sem mim?)

♪“Everytime I try to fly

I fall without my wings

I feel so small

I guess I need you, baby

And everytime I see you in my dreams

I see your face

It's haunting me

I guess I need you, baby”♪

(Toda vez que eu tento voar

Eu caio sem as minhas asas

Eu me sinto tão pequena

Acho que preciso de você, amor

E toda vez eu te vejo nos meus sonhos

Eu vejo o seu rosto

Você está me assombrando

Eu acho que preciso de você, amor)

♪“I make believe

That you are here

It's the only way

I see clear

What have I done?

You seem to move on easy”♪

(Eu me faço acreditar

Que você está aqui

É a única maneira

Que eu vejo

O que foi que eu fiz?

Você parece ter superado fácil)

♪“Everytime I try to fly

I fall without my wings

I feel so small

I guess I need you, baby

And everytime I see you in my dreams

I see your face

You're haunting me

I guess I need you, baby”♪

(Toda vez que eu tento voar

Eu caio sem as minhas asas

Eu me sinto tão pequena

Acho que preciso de você,amor

E toda vez eu te vejo nos meus sonhos

Eu vejo o seu rosto

Você está me assombrando

Eu acho que preciso de você, amor)

♪“I may have made it rain

Please forgive me

My weakness caused you pain

And this song's my sorry”♪

(Eu só posso ter feito chover

Por favor, me perdoe

Minha fraqueza te fez sofrer

E essa música são as minhas desculpas)

♪“Ohhhh”♪

“At night I pray

That soon your face

Will fade away”♪

(De noite eu rezo

Para que em breve seu rosto

Desapareça)

♪“And everytime I try to fly

I fall without my wings

I feel so small

I guess I need you, baby

And everytime I see you in my dreams

I see your face

You're haunting me

I guess I need you, baby”♪

(Toda vez que eu tento voar

Eu caio sem as minhas asas

Eu me sinto tão pequena

Acho que preciso de você,amor

E toda vez eu te vejo nos meus sonhos

Eu vejo o seu rosto

Você está me assombrando

Eu acho que preciso de você, amor)

            - Gostei. Você tem talento. Tenho que admitir. – Daniel apareceu.

            - Obrigada. Os últimos... Acontecimentos... Deixou-me um pouco inspirada. Às vezes eu componho muitas músicas.

            - Hum. – Daniel disse apenas. – E então... Vai me dizer quem é você, de verdade? Você não acha que eu preciso de uma explicação? Se abre comigo, por favor. Eu preciso disso.

            Julie sorriu de lado timidamente. Assentiu e segui Daniel até um escritório. Ele fechou a porta. Seria agora a hora da verdade.