P.O.V. Jade

As coisas estavam começando a esquentar. Eu e Beck já havíamos transado antes, mas dessa vez é diferente. Nós não somos “namorados”, mas eu o amo, e tenho certeza que ele me ama também. Se ele não me amasse, não estaria me beijando de um modo tão quente. Mas isso não faz parte do plano. Meu plano acaba comigo, não deixando Beck seguir em frente. Tenho que deixar Beck na vontade, tenho que fazer com que ele veja o que perdeu.

Com dificuldade, paro o beijo e o olho. Ele está perplexo. Ele devia ter achado que eu iria ceder. Aqui e agora (?). Beck... Meu querido Beck... As coisas não funcionam desse jeito. Recolho a toalha do chão e praticamente corro de volta para o banheiro. Minha roupa já esta separada e eu pretendo me trocar rapidamente.

Assusto-me quando ouço uma batida na porta. Ouço também uma respiração pesada, vindo do outro lado. Já estou vestida, mas estou esperando o momento certo para adentrar o meu quarto.

-Jade... –Percebo um pouco de angústia e dor na sua voz. –Você... vai... me...deixar maluco! –Ele da ênfase na última palavra.

Essa frase me lembra da melhor noite da minha vida. E é claro, eu passei essa com o Beck.

FLASH BACK ON

Até que aqui não estava tão tedioso quanto eu pensara que estaria. Vir viajar para a casa da avó do Beck não foi uma das piores coisas que já fiz. Já está na hora de dormir e o sono ainda não apareceu. Decido ir até o quarto do Beck. Se ele estiver acordado, posso conversar sobre alguma coisa com ele.

Essa casa é bem silenciosa de noite. Mas de dia, me dá até nojo ficar aqui dentro. No bom sentido, se é que essa palavra tem um bom sentido. Sorte minha que eu sei qual é o quarto do Beck. Iria ser bem desconfortável para eu ter que procurar de quarto em quarto um garoto adolescente. Entro em seu quarto. Ele está dormindo. Mas que dorminhoco! Ele parece um anjo dormindo, calmo e sereno. Cogito a ideia de ir embora e deixar Beck dormir em paz. Mas não... Eu vou ficar aqui e acordá-lo, para encher seu saco pelo resto da noite. Afinal... Pra que servem as namoradas?

Enfio-me de baixo do cobertor e tento acordá-lo decentemente. Mas Beck tem um sono de pedra. Vou ter que fazer o que sempre faço quando quero acordá-lo. Mordo um dos lávios dele com força. Ele desperta, já sabendo quem está o azucrinando.

-Jade, meu amor... –Ele me dá um selinho.

-Oi dorminhoco! –Ele me puxa para mais perto dele.

-Eu te amo, sabia? –Ele fala com dificuldade. Ele ainda está um pouco sonolento.

-Sabia... Por isso eu te amo também... –Eu o beijo.

O beijo vai se intensificando e ficando mais quente também. Eu não sei se estou pronta. Mas sei que Beck vai me tratar muito bem. Ele me encara, meio que pedindo permissão para seguir em frente. Eu assinto com a cabeça e ele torna a me beijar. É bom saber que ele é sou meu. Aqui e agora.

FLASH BACK OFF

Agora eu estou confiante para sair do banheiro. Ele está em pé, de costas para mim e de braços cruzados. Ele está respirando fundo.

- Jade. Porque você faz isso comigo? –Ele não se vira na minha direção.

-Faço o que? –Me faço de desentendida.

-Você sabe. –Agora a voz dele está sufocada, e ele se vira pra mim.

-Não quero ser só mais uma na sua lista, Beck. –Bom... Foi a melhor resposta que eu consegui encontrar.

P.O.V. Beck

Cara, eu estava beijando a Jade? Jade? A menina que a algumas semanas atrás disse que não queria mais nada comigo? A menina que eu sempre amei? O doce gosto dos seus lábios me faz delirar. O beijo está ficando quente. Aos poucos vou desenrolando a toalha que esta envolta no corpo de Jade. Depois de uns instantes, ela já está no chão.

Jade tem um corpo perfeito. Perfeito pra mim. Nossos corpos sempre se encaixaram bem, desde a primeira vez. Estou aproveitando o máximo que posso do beijo. Mas de repente, Jade para o beijo. Eu a olho com a expressão perplexa... Hã? Será que ela não me ama mais? Esse foi só um dos joguinhos dela?

Depois disso, ela corre para o banheiro e se tranca lá. Eu ainda estou na mesma posição que Jade me deixou. Com a respiração pesada ainda, ando até a porta do banheiro. Encosto a testa na madeira e tento recuperar o fôlego. Decido dizer logo o que anda atormentando a minha mente.

-Jade... –Vejo que minha voz saiu um pouco mais dolorosa do que o previsto. – Você... vai... me... deixar maluco!- Tento ressaltar a palavra “maluco”.

Ela não responde nada, mas consigo ouvir sua respiração daqui. Ainda está pesada, como a minha. Fico uns dois minutos na mesma posição e então ando até o outro lado do quarto. Não quero ficar bravo com a Jade, mas tudo me leva a isso. Eu a amo, e é claro que eu gostaria que tivéssemos seguido em frente. Mas vou respeitar as vontades dela, se ela quer desse jeito, desse jeito será. Não posso a perder novamente.

Ouço um suspiro dentro do banheiro. Será que ela está arrependida? A maçaneta gira, e posso ouvir o som de seus delicados pés adentrarem o quarto. Não me viro, quero que ela veja o que fez comigo. Quero que ela sinta o quão confuso eu estou. Mas não consigo ficar calado. Tenho que expor o que estou sentindo.

-Jade. Porque você faz isso comigo? –Continuo de costar para ela.

-Faço o que? –Ah meu Deus, não e faça de sonsa Jade.

-Você sabe. –Até eu percebo o sufoco preso na minha voz. Me viro até ficar de frente para ela. Agora nós estamos encarando um ao outro.

-Não quero ser só mais uma na sua lista, Beck. –Aquelas palavras me feriram. Ele não era só mais uma, ela era a Jade. A minha Jade.

-E quem disse que você é? –Tento parecer o mais romântico possível.

Chego perto dela e acaricio levemente o seu rosto. Ela fecha os olhos, será que isso é mais uma deixa para que eu possa beijá-la? Eu chego mais perto. É muito bom tê-la aqui e agora.