“Eu sou culpado, ok? Eu me sinto assim e sei que sou extremamente culpado. Sei que você não quer falar comigo, mas só me ouve. Eu preciso que você me ouça, pelo menos por dois minutos. Me desculpa, tá? Sério. Me desculpe. Você sempre me pareceu tão forte e eu não achei que você iria fazer isso, mas no seu lugar eu faria o mesmo, ou até pior. Eu arrependo de tudo que eu falei. Mas isso é só pra tirar a culpa dos meus ombros, sei que você não vai me perdoar, de qualquer jeito. Vou embora, pra não te irritar mais.”

Ele falou se levantando, e agora ia em direção à porta. Ele me pareceu sincero e tinha me ajudado bastante, mesmo sendo o causador do meu quase suicídio.

Acho que eu devia perdoa-lo.

“Harry, espera”.

Eu gritei, fazendo que ele virasse para mim. Eu realmente não sabia o que dizer, mas queria falar o que eu sentia também.

“Obrigada.”, eu disse com um sorriso sincero no rosto. Eu estava agradecida pelo que ele tinha feito. Pedir desculpas é pra pessoas corajosas e normalmente eu não tenho essa coragem.

 “Por quê?” , ele se surpreendeu o que era evidente.

“Por tudo”

 “Então me chame de Hazza.” Ele abriu um sorriso de lado.  Eu podia estar louca, mas aquele era o sorriso mais lindo do mundo.

 Aquela cena se repetiu na minha cabeça umas quinhentas vezes. Agora éramos amigos? Ou apenas conhecidos? Espreguicei-me e ameacei a levantar, mas lembrei de que estava em repouso e se eu levantasse a Hay ia me matar.

Olhei para os meus pulsos pela primeira vez, desde que voltei do hospital. Pude ver que estava enfaixado com ataduras, um curativo perfeito feito por um médico ou pela Hayley. Se Hay não quisesse ser cantora ou pianista, podia ter entrado na faculdade de Medicina e iria se dar muito bem. Ela tem aquele toque de preocupação maternal, que a faria uma ótima profissional.

Hayley entrou pela porta, todo feliz e desejando um caloroso e radiante “Bom dia”. Ela desfez as ataduras e me pôs para tomar banho, com uma pressa assustadora.

Ela saiu e eu me despi, entrando no Box. Encarei meus pulsos nus que estavam embaixo da água quente.

Estava feio. Foi a pior crise que eu já tive. Não era a primeira crise, eu já me cortei várias vezes, mas aquela foi a pior. Pela primeira vez, eu percebi que havia cortes ao longo dos braços. “Perdi muito sangue.”, eu pensei. Aquele era o objetivo, perder o sangue e a vida.

Saí do banho, me enrolando numa toalha felpuda tomando cuidado para não suja-la com o sangue do meu braço e indo em direção ao quarto, encontrando uma muda de roupa na cama escolhida pela Hay.

Não questionei a mim mesma ao vestir uma roupa que a Hay escolheu. Estava agradecida de mais para negar a escolha da minha roupa pra ela. Ela me deu um lugar pra acertar as ideias, me consola e me livrou de um suicídio. Bitch please, ela é a melhor amiga do mundo.

Desci e encontrei a Hay com uma roupa que a descreve perfeitamente: fofa. O mais estranho era que as nossas roupas não eram de ficar em casa. Eram de sair.

- Vamos para a casa de um dos meninos? – eu perguntei, mesmo sabendo da resposta.

- Do Liam, vamos encontrar a Amy lá. Um almoço. Topa? – eu assenti.

Fomos em direção à casa do Liam, na Ranger da Hay, e todos nos esperavam para almoçar. O Liam tinha feito macarronada, com a ajuda da Amy. Ficou maravilhosamente deliciosa. Niall já estava desesperado e reclamava de cinco em cinco minutos. Quando eu cheguei, Lou e Liam me cumprimentaram normalmente. Niall comemorou minha chegada. Harry disse “Oi”. E o Zayn avisou que já tinha lavado o banheiro.

A Amy estava muito linda. E fazia o Louis jogar uma piadinha o tempo todo. Eu acho que não era pra provoca-lo pra ver o que ele perdeu. E sim o que ele ia ganhar.

Ok, essas pessoinhas não existem.

E Eu estava mais próxima dos meninos.

Eles me ajudaram e isso não tem preço. Eles eram verdadeiros e não me deixavam mal, o que pra mim é o que amigos de verdade necessitam.

O mais irônico de tudo isso era eu estar falando normalmente com o Harry. Não éramos melhores amigos desde pirralhos, mas não dávamos patadas ao tempo todo. Éramos como colegas que fizeram o oitavo ano junto.

- Amanhã, vamos ao estúdio. – o Liam disse assim que todos acabaram de comer. – Vou apresentar o Simon pras meninas.

- Vocês poderão trabalhar com a gente. – o Louis disse raciocinando.

- Não vai ser demais? – o Niall gritou animadíssimo.

Pelo o que já ouvi falar do Simon, ele é um homem totalmente severo. Muito detalhista e perfeccionista. Que põe defeito em tudo e procura a perfeição a todo o tempo. E saber que na manhã seguinte eu vou conhecer Simon Cowell, o tal cara perfeccionista?

Ok, gelei só de pensar nisso.