Zargatio escrita por Koda Kill


Capítulo 5
O mestre


Notas iniciais do capítulo

Olá olá pessoas, não se esqueçam de mim, atualizando aqui, espero que gostem, beijos.



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Jason acordou sobressaltado como se estivesse pronto para lutar a qualquer segundo. Tudo que ele sentiu no entanto foram lençóis macios e uma cama quente debaixo de suas costas nuas. Ele se sentou assustado sem reconhecer o ambiente em que se encontrava. Sua visão ainda estava turva, seu coração acelerado e sua respiração ofegante.

O soldado se encontrava em um quarto mal iluminado e pouco ou quase nada era possível distinguir das sombras que o rodeava. Tudo que ele conseguia ver era a cama completamente negra, com lençóis de seda vermelho sangue onde se encontrava sentado e uma forma indistinta que pensou ser uma grande poltrona com algo estranhamente humano no meio. Algo que parecia ser uma pessoa. A única luz que iluminava o aposento vinha de três pequenas esferas que flutuavam no teto do quarto e a luz proveniente destas era tão fraca e mórbida que as pequenas “estrelas” mais pareciam estar morrendo do que verdadeiramente iluminando o quarto.

‒ Bem vindo de volta. ‒ Falou a forma sombria sentada na poltrona prolongando-se ao pronunciar as palavras como se as saboreasse.

‒ Mestre? Onde estou?

‒ Você está em um dos meus aposentos número 78.

‒ Jason. ‒ Corrigiu ele. Foi possível escutar uma leve risada vinda das sombras. ‒ Onde estão minhas roupas? ‒ Perguntou ele percebendo estar trajando apenas roupas íntimas. ‒ Por quanto tempo eu apaguei?

‒ Sues roupas estão ao seu lado. Um médico veio lhe examinar. ‒ Disse a figura se levantando e caminhando ao redor do círculo de luz, sem no entanto adentrá-lo. ‒ E não se preocupe, não foi tempo suficiente para atrapalhar os meus planos. ‒ Jason sentou e começou a se vestir, colocando sua calça.

‒ E o que eu tenho? ‒ Perguntou ele preocupado. A figura agora se encontrava mais perto, mas não o suficiente para que Jason pudesse distinguir suas feições.

‒ Agora nada. ‒ Disse simplesmente dando de ombros. ‒ Como você acha que os testes estão indo?

‒ Bom... ‒ Jason voltou a se sentar e começou a colocar seus coturnos impecavelmente limpos. ‒ Estão melhores do que eu imaginei.

‒ Mas?

‒ Mas não bons o suficiente. De qualquer modo eu ainda queria fazer alguns testes antes de afirmar com certeza.

‒ Você que sabe... Só não demore. ‒ Um curto período de silêncio se seguiu, enquanto Jason abotoava sua farda. ‒ Deixe-me perguntar uma coisa. ‒ O soldado apenas se pôs em posição de sentido, olhando para o horizonte que agora se confundia com as sombras. O mestre caminhou lentamente para dentro do círculo de luz parando a poucos centímetros do soldado que analisava seu rosto atentamente. ‒ Você não tem medo de mim?

Jason encarou longamente o mestre, que sorria desdenhoso com seus dentes extremamente pontudos se projetando para fora. Sim, dentes. Não um, não dois, mas todos os seus dentes eram estranhamente pontudos. Seus olhos possuíam um tom de cinza morto, como se houvesse ficado cego, porém continham tamanha vivacidade que era impossível pensar tal absurdo. Sua pele pálida tinha um tom arroxeado devido à certa transparência que possuía, deixando assim transparecer muitas veias disformes.

Seus cabelos eram tão pretos que confundiam-se com as sombras, tornando-se parte delas e contendo um brilho reluzente e discreto que contrastava com isso. O conjunto de seu rosto era tão estranhamente bonito que deixava dúvidas sobre a humanidade daquela figura. Porém ao mesmo tempo que era irresistivelmente incomum e sexy, também era incrivelmente amedrontador. Jason não duvidaria se lhe contassem que muitos homens de honra tremeram nas bases apenas por observar aquelas feições. Todavia ele somente encarou e sustentou o olhar.

‒ Eu não tenho medo de nada. ‒ Informou sério. O mestre o olhou intrigado andando ao seu redor com um ar investigativo.

‒ Posso testar isso, meu pupilo? ‒ Jason imaginou como ele faria isso, mas sem mais delongas deu de ombros e assentiu. O mestre colocou uma mão no seu pescoço, suspendeu-o no ar, cravou suas unhas naturalmente pretas na pele de Jason e enfiou sua língua roxa e reptiliana na boca do soldado.

Primeiro, Jason sentiu uma ardência insuportável se espalhar rapidamente pelo seu corpo. Sentia como se cada célula do seu corpo estivesse queimando, como se ele estivesse completamente encoberto por chamas muito dolorosas. Em seguida, sentiu fortes pontadas. Era como se facas espetassem e investigassem cada canto de seu corpo. Seus olhos lacrimejaram e Jason começou a ver coisas estranhas, coisas que não deveriam estar ali, havia entrado em uma espécie de transe e coisas que não deveriam sair de seu sub-consciente de repente serpenteavam na frente dos seus olhos e escorregavam de sua pele para os seus ouvidos. Além de tudo isso toda a raiva que ele normalmente conseguia conter ameaçava explodir era algo tão grande que Jason começou a suar apenas na tentativa de conter tudo aquilo.

Gritos lacinantes e desesperados ecoaram nos seus ouvidos, choro de crianças, passos furtivos e tiros para todos os lados. Jason estava ofegante como se estivesse correndo, ou talvez apenas se sentisse assim, como se estivesse de volta às suas memórias. A imagem de uma mulher estourou atrás dos seus olhos e a raiva ameaçou explodir pela primeira vez. O cenário e os sons mudaram, agora coisas que Jason nunca havia visto, imagens horrendas se projetavam e diferiam das sombras. Nuvens mais escuras tomavam forma de pessoas e coisas sem identificação e barulhos insuportáveis faziam seus tímpanos doerem e vibrarem. Jason cerrou os dentes e fechou as mãos em punhos.

A raiva ameaçou explodir uma segunda vez, e foi quase impossível conter. No entanto, não houve uma terceira vez. De repente toda a dor física, as imagens, os sons e a raiva desapareceram e Jason caiu estatelado no chão, sem fôlego. Ele engasgou e cuspiu uma gosma verde, meio transparente, que acreditava ser a saliva do mestre. Este o rodeou e subiu na cama apoiando o peso do corpo na ponta dos pés sobre o tecido brilhante. A figura na cama lambeu os lábios e olhou para o soldado caído com certa curiosidade e desejo.

‒ Interessante... ‒ Murmurou o mestre.

‒ O que? ‒ Perguntou Jason como se nada tivesse acontecido. ‒ O que é interessante?

‒ Você realmente não tem medos. Você conseguiu transformá-lo totalmente em raiva e ódio. Eu nunca senti tanto ódio em um só humano. Como você consegue parecer tão calmo e frio normalmente sentindo toda essa raiva?

‒ A raiva é parte de mim agora. ‒ Respondeu Jason se levantando e encostando-se na parede mais próxima.

‒ Muito interessante. ‒ Disse o mestre pulando da cama e se aproximando de Jason.

‒ Sabe, você me deu uma ideia. ‒ Confessou Jason. O mestre tocou o seu rosto, curioso.´

‒ Diga. ‒ Falou o mestre voltando a se afastar.

‒ Eu gostaria de vê-lo fazer alguns testes. ‒ O mestre soltou uma longa gargalhada.

‒ É mesmo? ‒ Perguntou encarando-o sarcástico. ‒ Você quer que eu faça os testes?

‒ Sim. ‒ Respondeu Jason audacioso.

‒ Ok. Vou fazer um teste. Vai ser divertido.

‒ Então chame aquela garota. ‒ Disse Jason.

‒ Que garota?

‒ A primeira que eu testei.

**************

Jason estava agora do outro lado do vidro, observando a figura sinistra do mestre do outro lado, apenas aguardando sorridente pela chegada da mulher. O soldado havia esquecido, depois de tantos rostos, corpos e testes, de como a garota era bonita.

Tinha cabelos castanhos longos e extremamente lisos, olhos de um castanho claro, amarelado e a pele muito pálida. Tinha um corpo pequeno e delicado e parecia muito frágil com aquele uniforme branco que todas as cobaias usavam. Suas mãos pequenas estavam amarradas e ela estava sentada com as costas contra a parede a cabeça e a cabeça levemente suspensa, pendendo sobre o ombro direito, enquanto ela lutava para acordar e para livrar-se da embriaguez que os remédios lhe davam.

Quando ela conseguiu despertar o mestre a saudou sorridente, deixando-a imediatamente apavorada. Jason observou atentamente, apenas esperando o momento certo, com o coração disparado de... ansiedade. Demorou um pouco enquanto o mestre a interrogava, mas logo ele se levantou entediado.

A garota estava tão desesperada que todo o seu corpo tremia, ela desabara em soluços convulsivos e seus olhos com um tom avermelhado buscavam qualquer tipo de saída. Ao vê-lo de pé, encolheu-se contra a parede o máximo que conseguia estando amarrada e gritou por socorro. Ele suspendeu-a pelo pescoço e enfiou sua língua na pequena boca carnuda. A menina pareceu entrar em convulsão, ela se debatia debilmente engasgando, gritando e tentando respirar. Parecia que ela estava bebendo um veneno tão forte que suas veias apodreciam imediatamente e caminhos roxos apareciam e desciam pela sua garganta.

O mestre virou lentamente seus olhos e fixou-os no vidro. Não era possível que ele estivesse conseguindo enxergar Jason através do vidro... ou era? Além do espelho falso, os olhos dele tinham um brilho negro diferente do cinza que ele vira. Imagens pareciam atravessar seus olhos rápidas como o lampejo de um trovão. E a garota parecia tão indefesa, pequena e desprotegida enquanto agonizava suspensa no ar, que Jason em um momento de adrenalina adentrou no quarto mal iluminado e gritou:

‒ Para! ‒ O mestre pareceu não ter escutado. ‒ Para! Você está matando ela!


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Dooooooorgas! kkkk Comentem ^^



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