The 68th escrita por Luísa Carvalho


Capítulo 21
Fogueiras


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem (:



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Não sei em que momento me tornei a líder. Talvez isso tenha acontecido devido à minha nota 12 nas sessões particulares, mas isso só porque ninguém mais sabe o que está por trás dessa pontuação fora a sorte. De qualquer maneira, acabo decidindo o que cada um de nós faria para que consigamos matar Trevor e, principalmente, pegar a mochila.

– Então esse é o plano: - começo a dizer, então engato em uma lista planejada por mim mesma não mais do que vinte segundos antes de minha fala - Joy, você vai acender uma fogueira perto do acampamento, e então voltará para a Cornucópia, certo?

– Certo - ela confirma.

– Amelia - continuo -, você ficará a postos perto da fogueira com sua espada, caso Trevor veja Joy e resolva atacá-la. Entre todos nós, você é a que tem mais chances contra ele.

Ela balança a cabeça em concordância. Depois, pega uma pedra e, com ela, começa a afiar a arma em suas mãos.

– Mad, você fica aqui com Cameron caso nos descubram. Ele não tem chances contra ninguém com esses ferimentos.

– Ok - ela também confirma -, ficar aqui e proteger Cameron. Eu posso fazer isso.

Cameron. Estou realmente preocupada; ele está dormindo no momento. Sua camisa sem mangas deixa à mostra seu ferimento no braço esquerdo, e esse é o que mais me preocupa. Esse e o do pé infeccionam e pioram cada vez mais. Temos que conseguir aquele remédio antes que seja tarde demais.

Por fim, anuncio minha parte do plano:

– É culpa minha que estamos sem o remédio, eu não deveria ter desgrudado daquela mochila. Então - respiro fundo, tentando parecer forte e decidida. A verdade é que morro de medo de arriscar-me dessa maneira porque sei que não estou nada preparada -, o mais justo é que eu tente pegá-la de volta. Não vou precisar fazer nada tão arriscado se Trevor não estiver por lá. Tudo vai correr bem caso a barra fique limpa.

Todos concordam. Bom, todos com excessão de Cameron, mas sinto que concordaria se estivesse acordado, mesmo que depois de uma hesitação ou típica teimosia.

Depois de um curto período de silêncio, Joy se manifesta:

– Mas, June - ela começa -, ainda não sabemos onde Trevor se escondeu. Não podemos executar o plano se nenhum de nós sabe onde ir.

Chego a abrir a boca para falar, mas Amelia é mais rápida; pelo jeito eu e ela havíamos tido o mesmo raciocínio.

– Pense, Joy - ela explica de um jeito calmo que deveria me impressionar, mas realmente não o faz -, Trevor ainda é um Carreirista como nós, que estamos aqui no centro da arena gritando como se não houvesse amanhã. Isso significa que ele ainda pensa como um, ou seja, não vai ter medo de ser descoberto; sabe que venceria qualquer tributo. Portanto, quando a noite cair, ele provavelmente vai acender uma fogueira. É só seguirmos a fumaça e encontraremos seu acampamento. Simples assim.

Na verdade, eu havia considerado bolar um plano para atrai-lo sem ter de fato pensado em qual esse seria. Decido, portanto, permanecer quieta e deixar que todos pensem que eu tinha em mente o mesmo raciocínio elaborado que Amelia.

– Simples assim? - Retomando a última fala, surge uma voz que ainda não se manifestara: a de Cameron. - Não vou deixar nenhuma de vocês ir atrás daquele maluco por mim. Sei que isso não vai acabar bem. Além do mais, ficarei bem logo, estou certo disso.

– Não, não ficará. E não está certo de coisa alguma! - Exclamo, contrariando-o imediatamente. - Sem falar que não temos tempo para "logo". Cameron, você está piorando cada vez mais, e eu não vou deixar que isso - aponto para seu ferimento - cresça a ponto de matar você.

– É - Madeline me apoia. - Estamos juntos nessa, ok?

Cameron ri.

– Eu não entendo vocês, meninas. Não precisam fazer isso por mim.

Começo a ficar irritada com o fato de Cameron ser tão teimoso. Sempre odiei isso nele.

– Lembre que que você está nessa Arena por minha causa. Você por acaso se lembra de que veio para me proteger, mesmo isso não sendo necessário? Lembra que eu te amo? - Respiro fundo, e continuo assim que ninguém se manifesta em resposta a meus últimos comentários. - Pois é - concluo-, acho que esses já são motivos bem convincentes para que eu faça questão de fazer uma coisa dessas por você.

– É - Joy diz -, e, falando por todas nós que, digamos, não somos suas irmãs nem partilhamos desses motivos... Somos aliados, não? Nosso trabalho é matar todos os outros e nos protegermos. O que faremos depois disso acontecer é outra história.

– Além disso, demos sorte de cair em uma arena cheia de Carreiristas sentimentais - comento, fazendo com que as três rissem em resposta.

Então eu, Joy, Madeline e Amelia nos aproximamos de Cameron e nos juntamos em um abraço coletivo. Isso, é claro, tomando cuidado com seus ferimentos.

**

A noite cai e o frio desce. Vamos então para fora da Cornucópia, nos revezando em quem tomaria conta de Cameron.

Primeiro, fico com ele e as três permanecem em alerta para um possível indício de fogueira. Quando fico sozinha com meu irmão, nenhum de nós dois pronuncia uma palavra se quer; estamos ambos preocupados demais. Então, chega a vez de eu, Joy e Madeline sairmos e esperarmos calmamente por algum sinal da fogueira de Trevor. Tempo vai, tempo vem, acabo quebrando o silêncio:

– Acham que Cameron vai sobreviver? - indago, pois realmente não tenho noções a respeito de ferimentos e chances que os envolvem.

Espero naquele momento um óbvio "sim", mas, na verdade, Madeline e Joy se entreolham.

– O que foi? - pergunto, curiosa.

– June... - Joy começa, mas Madeline continua, vendo que Joy não seria capaz de me dar a tal resposta.

– Cameron está piorando muito - confessa. - O ferimento do braço não pára de sangrar e seu pé, de inchar. Ele está sem condições de se levantar e a cada dia parece mais fraco. Se quer uma resposta sincera, eu acho que não, June. Cameron não vai aguentar muito tempo.

Então, automaticamente começo a chorar. Penso em tudo o que aconteceu na arena e em tudo que poderia ter sido diferente.

– É tudo culpa minha! - exclamo em meio aos soluços. - Cameron estar aqui, ter sido ferido dessa maneira... Nada disso teria acontecido se não fosse por minha causa. Se ao menos eu não tivesse vindo para a Arena, ele estaria bem.

– Bom, June, não adianta chorar pelo leite derramado. - Joy me acalma com um antigo provérbio. Não que isso tenha de fato funcionado, é claro. - Era isso que você queria naquele momento, as consequências fazem parte do processo.

– Mas e se ele não sobreviver? - questiono. - E se morrer e eu voltar para a casa? Isso não seria justo, ele está aqui por minha causa, e...

Joy me olha nos olhos, como se quisesse me lembrar do verdadeiro motivo de estarmos aqui. Madeline me interrompe antes mesmo de eu terminar a frase:

– Se você sobreviver é porque merece, June. O que todos os tributos querem quando entram na Arena é ter a chance de sairem vivos, e quem consegue fazê-lo não poderia merecer mais.

E eu de fato penso nas palavras de Madeline. É verdade que tenho chances de sobreviver, o que é bom. Por outro lado, talvez uma vida sem Cameron repleta de culpa seja pior do que uma morte trágica.

Mas, talvez, ele não sobreviva de qualquer maneira, e minha vitória seja digna, tanto para mim quanto para Joy, cuja vitória seria de mesma importância para mim. Ninguém sabe o que acontecerá com ela ou comigo, mas, se uma de nós ganhar, tudo isso realmente terá valido a pena.

De repente, meus pensamentos são interrompidos por uma fumaça vinda do meio das coníferas.

– Trevor - afirmo, e Joy e Madeline parecem pensar o mesmo.


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Notas finais do capítulo

Suspense! (Rescrito em 06/12/2014)



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