Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 6
Capítulo 5 – Conselhos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?
Atualizando a fic com capítulo novinho pra vocês ;) Espero que gostem!
Um aviso: amanha eu postarei um pouco mais cedo porque a noite tem aniversário de uma amiga pra eu ir.
beijos ;**



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“Vamos lá, Annabeth, não seja covarde! Não é vergonha nenhuma pedir ajuda a uma amiga. Quer dizer, a uma colega de acampamento. O máximo que ela pode fazer é rir da sua cara. Mas você não tem outra escolha!" Repetia esse pensamento em minha cabeça várias vezes enquanto me olhava no espelho naquela manhã de sábado. Percy havia me dito ontem que pensava em sair daqui logo após o almoço. Então eu precisava resolver aquilo logo. Não tinha tempo a perder.

Terminei de trançar o cabelo e ajeitei minha roupa. Minha mão involuntariamente deslizou sobre o broche que Percy me deu um pouco mais demoradamente. Já tinha virado um acessório permanente no meu ‘look’. Eu olhei pra ele com carinho e sorri. Afinal de contas valeria a pena o meu esforço. Ele merecia que eu desse o meu melhor pra que aquilo saísse tão bem como ele imaginava que seria. Levantei da cadeira decidida e marchei rumo ao chalé de Ares.

Quando parei em frente àquele chalé, percebi que nunca tinha chegado nem perto de lá na vida. A construção era uma coisa bagunçada e agressiva. Nem ao menos consegui encontrar a campainha, se é que havia uma. Minha mente de arquiteta me dizia que algo estava errado no que eu estava vendo. Mas ao mesmo tempo eu sabia que o prédio a minha frente se encaixava perfeitamente aos seus moradores. Não precisei nem me preocupar em bater na porta ou tentar chamar Clarisse lá de fora. Ela passou por uma das janelas e sua cara foi de total espanto ao me ver parada ali na frente.

Segundos depois ela saiu de lá abrindo a porta com um golpe. Sua expressão era séria como sempre, mas dessa vez trazia algo de receio e dúvida. Ela parou bem em frente a mim e me encarou, depois me olhou de cima a baixo antes de falar.

– O que quer Anna? Por acaso perdeu alguma coisa por aqui?

– Não Clarisse. Eu só queria falar com você um instante, tem como?

– E você queria falar comigo sobre o que?

– É... – Vi que já havia alguns outros filhos de Ares que começavam a colocar as cabeças pra fora das janelas e das portas tentando ouvir o que falávamos – é tipo, particular, e muito importante. Será que podemos ir conversar num lugar mais tranquilo.

Ela olhou por cima do ombro e entendeu o que eu queria dizer ao ver os bisbilhoteiros que havia ali. Então fez um aceno com a cabeça concordando. Ela devia estar imaginando o quanto foi difícil pra eu ir até ali e dizer aquilo, então acho que de alguma forma, ela desconfiava que era algo importante. Esperava que ela não deixasse de achar isso depois que soubesse do que se tratava. Ela começou a andar e passou por mim deixando claro que era ela quem escolheria o melhor lugar pra conversarmos. Sem dizer mais nada eu a segui.

Caminhamos mais do que eu esperava, mas enfim ela parou quando alcançamos um descampado onde havia alguns aparelhos de exercícios que simulavam batalhas. Não havia ninguém ali àquela hora. Clarisse se limitou a parar no meio do local e virar-se pra mim. Ela cruzou os braços e ficou esperando eu dizer alguma coisa.

– É, então, o negócio é o seguinte... Eu queria te pedir, você sabe... – Consegui enrolar tudo e gaguejar em todas as a palavras.

– Qual seu problema? Desembucha logo garota, não tenho todo tempo do mundo pra você! – Ela me olhava como se eu fosse um bicho estranho, desses que a gente tem até pena porque não consegue nem entender o que ele é. Eu então tentei engolir toda aquela tensão e parecer a garota normal e confiante que sempre fui. Juntei todas as minhas forças e falei.

– Estou com um problema com o Percy e precisava conversar com alguma garota mais experiente nesse assunto de namoro do que eu. Pronto, falei! Ufa! – Essa última parte não era pra ter saído, mas eu fui tão no embalo pra não perder a coragem que acabou saindo. Clarisse ficou sem expressão por um momento e depois eu percebi que ela fazia força pra não rir – o que foi? Não tem graça!

– Tem sim! Annabeth Chase, filha de Atena, vindo pedir conselhos amorosos pra mim, filha de Ares? Isso não poderia ser mais inadequado.

– Não sei do que está falando, Atena nunca foi lá muito boa com relacionamentos amorosos!

– Ares muito menos!

– É eu sei, não pense que eu não ponderei outras possibilidades antes de vir falar com você. Mas, depois de pensar bem, você é uma das pessoas que conheço há mais tempo por aqui, apesar de só termos nos falado mais nos últimos anos. Você namora há mais tempo que eu, e além do mais, teve ajuda da Silena que era com certeza uma expert nesse assunto.

– Mesmo “nos falando” mais nos últimos anos, Anna, nunca chegamos a ser amigas. E porque não tentou procurar alguém do chalé de Afrodite afinal?

– Nunca me dei muito bem com os meio-sangues de lá, principalmente aquela nova conselheira-chefe a Drew, não vou com a cara dela.

– Você também nunca se deu bem comigo, nem nunca foi com a minha cara...

–Eu sei, eu sei... Pode acreditar que ainda acho isso estranho. Mas, sei lá, de alguma forma acho que você é a única que vai entender a minha situação. Exatamente porque já passou por ela também.

–Tá bem, tá bem. Vamos ver, no que você acha que eu posso te ajudar?

– Bom, primeiro de tudo eu acho que dei a pior mancada do mundo quando esqueci completamente do nosso aniversário de namoro.

– Você o que? – Ela quase deixou cair a espada que só agora eu percebi que estava em sua mão o tempo todo. Ela sempre com um pé atrás. Não ia me importar com aquilo agora. Afinal estava prestes ouvi-la zombar de mim ou fazer algum comentário maldoso.

– É isso mesmo que você ouviu! O pior é que ele me fez uma surpresa linda e eu não tinha nada pra ele, não deu nem pra disfarçar. Mas isso ainda não é o pior...

– Ah meus Deuses! Ainda tem mais? – Me surpreendi ao ver que ela usava a mesma expressão que eu “meus Deuses”, mas achei melhor não comentar nada sobre isso.

–Tem. Depois da mancada eu disse que ele poderia pedir o que quisesse pra mim. Então ele me fez prometer que eu aceitaria qualquer coisa. E agora eu estou prestes a ir numa viajem, talvez sem volta, para o palácio de Poseidon no fundo do mar, pra que ele conheça a “bela” semideusa que arrumou como nora – Percy tinha razão, parecia que eu estava tendo aulas com ele, olha só eu fazendo piada de novo da minha ‘desgraça’. Dessa vez Clarisse não conseguiu se segurar, soltou uma risada, mas logo depois parou e se recompôs, disfarçando.

– É, eu acho que agora você esta perdida Annabeth Chase! Quer que eu mande preparar uma mortalha bem bonita pro seu velório ou algo do tipo?

– Pode parando vai! Te chamei aqui para que me ajudasse, não para que ficasse zombando de mim – Dessa vez eu fiz uma cara emburrada e cheguei a começar a me arrepender de ter ido pedir ajuda a ela.

– O que você quer que eu diga? Que fez uma burrada imensa e que agora vai pagar a altura? Pois é, mas isso provavelmente você já sabe! Talvez Percy Jackson não seja assim tão tonto quanto eu imaginava, ele está querendo te dar uma lição.

– Não fale bobagem, não é nada disso. Ele esta crente de que essa é a melhor ideia do mundo e que vamos nos divertir muito nessa ‘viajem’.

– É, tem razão, Percy não seria assim tão esperto e malicioso pra te fazer pagar de verdade. Mas de qualquer forma, agora você vai, e não tem escapatória.

– É, não tenho...

– É, não tem!

– Sério? É só isso que vai me dizer? – Olhei-a com cara de total desapontamento. Mesmo que fosse uma tentativa desesperada, eu tinha apostado minhas fichas nela. Esperava que pelo menos a ouviria caçoando mais de mim ou me dando uma bela de uma bronca. Talvez fosse disso que eu precisasse – Vejo que perdi meu tempo vindo até aqui me humilhar pedindo ajuda a você.

Me virei totalmente cabisbaixa pra me retirar dali. Porém, Clarisse se adiantou me contornando e parando na minha frente. De novo com os braços cruzados e aquela expressão tão dura na face.

– Talvez tenha razão. Talvez apenas tenha perdido seu tempo vindo me pedir ajuda. Afinal é você que sempre tem uma solução pra tudo não é? A verdade é que qualquer um que te conheça, Anna, acha que não existe nada que você não possa enfrentar. Ninguém nesse acampamento ousaria duvidar de suas qualidades como guerreira e como estrategista. O problema é que quando se trata de garotos, namoro e etc, isso não vale de nada. Não adianta ser uma filha de Atena, que acredita que pode encontrar as respostas pra tudo através da lógica? Nem uma filha de Ares que acredita que não exista nada que não seja resolvido através de uma boa guerra. Isso tudo perde o valor quando estamos lidando com os nossos sentimentos. Uma das coisas que Silena sempre me dizia era que você não tem como entender e aprender a lidar com o que sente, se você nem ao menos tem coragem de compartilhar isso com a pessoa que gosta ou ao menos de admitir isso pra si mesma.

– Tá, e isso tudo quer dizer que... – Eu não estava conseguindo pegar a linha de raciocínio de Clarisse. Talvez porque ela não estivesse raciocinando afinal. Talvez por que ela estivesse tentando me fazer ver as coisas de outra perspectiva. Uma perspectiva que eu definitivamente não conseguia entender.

– Quer dizer que não adianta ir atrás de conselhos com outras pessoas, nem adianta ficar querendo quebrar a cabeça pra resolver isso sozinha. O melhor a fazer é falar abertamente com Percy sobre o que pensa disso e mostrar como se sente.

– Não sei se consigo...

– Bom, ai já é com você. Não posso ajudar nessa parte. Mas não fique pensando que ele vai adivinhar que você está morrendo de medo do tal encontro com Poseidon, porque ele não vai. Ainda mais sendo ele quem é – Ela teria ofendido mais meu namorado caso não tivesse visto a minha cara de desaprovação quando ela começou. Mas no fundo eu sentia que ela tinha razão. Mas como eu iria mostrar pra Percy como me sentia em relação àquilo, se eu nem ao menos conseguia mostrar direito como me sentia em relação a ele e ao nosso namoro? Encontrar a forma de resolver o meu problema não fez ele parecer mais fácil de forma alguma. Mas eu tinha que admitir, o que Clarisse disse era verdade, e eu tinha que, no mínimo, agradecer.

– Vou ver como eu faço pra tentar falar com ele sobre... sobre o que eu sinto e essas coisas, você sabe. Enfim, obrigada por tentar ajudar.

– Não tem de quê! Só tenta não fazer com que Poseidon cause muitos maremotos e tsunamis por ai ok? E caso nada do que eu disse funcione, e você perceber que não terá mais saída, manda uma mensagem numa garrafa me avisando pra poder preparar sua mortalha – E essa foi a forma dela de dizer que, lá no fundo, até tinha gostado de me ajudar. Não tive mais remédio que responder com um singelo:

– Como quiser, Clarisse!



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Notas finais do capítulo

meu twitter: @Sarah_Colins