Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 22
Capítulo 21 – Atuando


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores queridos! Tudo bem?
Tenho duas coisas importantes para dizer hoje:
1º: fui na Bienal do Livro hoje e conheci um dos meus autores favoritos, o André Vianco *-* Alguém aqui curte os livros dele? Se não conhecem eu super recomendo ;)
2º: Queria convidá-los a lerem a nova fic da minha amiga Cat:
https://fanfiction.com.br/historia/252818/Enigmas
É super interessante a história. Tem muito romance e suspense ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/247439/chapter/22

Treinar com Connor foi um tanto quanto entediante. O              u ele estava aprendendo muito rápido, ou então já sabia tudo o que eu tentava ensinar para ele. De qualquer forma eu fiz meu papel muito bem. Quem olhasse até acharia que eu era uma excelente professora. Ainda bem que, no caso, não havia ninguém ali para olhar. Nem uma alma penada. Connor se mostrou muito satisfeito ao final do treino. Mas percebi que ele tentava errar de propósito algumas vezes depois que eu disse que ele estava indo bem.

- Acho que mais umas três ou quatro aulas eu já pego o jeito – ele disse enquanto guardávamos os equipamentos que havíamos usado.

- Que bom – disse eu tentando parecer empolgada. Na verdade a ideia de ter que aturar mais três ou quatro aulas daquelas, não me animava nada – então amanha continuamos.

Disse aquilo enquanto guardava a armadura no devido lugar, quando me virei para a saída me deparei com Connor postado bem atrás de mim. Dei um pulo com o susto que levei. Ele tinha essa assustadora mania de se interpor em meu caminho, e de invadir meu espaço pessoal. Me afastei até ficar a uma distancia considerável dele e poder me sentir confortável para continuar fingindo que estava adorando estar ali. Ele mantinha o sorriso e a expressão de brincalhão no rosto.

- Não sei nem como te agradecer, Annie. Ter o privilégio de aprender com uma semideusa tão importante como você é uma honra para mim.

- Não exagera Connor, não sou tudo isso que disse. E não precisa agradecer por nada.

- E além de tudo é humilde. Assim fica difícil encontrar algum defeito em você moça!

- Como assim? – me fiz de desentendida na cara dura. Apesar de não saber o que dizer a ele, era obvio que eu sabia muito bem onde ele queria chegar.

- É que você é uma garota linda, simpática, inteligente, determinada... Eu poderia ficar aqui o dia todo listando suas qualidades Annie. Não sei como nunca tinha me dado conta disso – ele ia se aproximando enquanto falava aquilo e eu ia tentando me afastar o máximo que conseguia – Mas tenho certeza que você já deve estar cansada de ouvir isso do seu namorado né?

- É... Mais ou menos – disse receosa. Na verdade nunca tinha ouvido nada daquilo de Percy. Não costumávamos ficar elogiando um ao outro o tempo todo. Simplesmente sabíamos o quanto nos admirávamos sem precisar dizer nada. Ouvir as palavras de Connor me fazia sentir muita falta do namorado. Me fazia lembrar por que eu o amava tanto. Eu queria era sair dali o mais rápido possível.

- Não me diga que ele nunca te disse o quanto você é bonita? Qualquer um diria que é filha de Afrodite e não de Atena.

- Gosto de ser filha de Atena...

- Claro que sim. Afinal a beleza é algo bom, mas que se vai com o tempo. Agora o nosso conhecimento é agora que levamos pra vida toda, e com o tempo só vai se aprimorando.

- Tem razão. Pena que poucas pessoas saibam disso... – eu já não sabia o que fazer para me livrar dele. Mais um pouco e ele ia estar em cima de mim de novo. Não queria ter que usar a força física para afastá-lo. Tinha que pensar em alguma coisa e rápido – Acabo de me lembrar que tenho que falar com Quíron. Foi um prazer treinar com você Connor, até mais...

Dessa vez não dei chance dele me segurar ou se colocar em meu caminho novamente. Deixei a arena quase que correndo. Resolvi ir procurar Quíron de verdade, mesmo que aquilo tivesse sido só uma desculpa esfarrapada para dar o fora dali. Talvez fosse uma boa forma de evitar ter que conter os avanços de Connor, e manter o ‘teatro’ perto de Percy.

Andei por alguns minutos pelo acampamento, torcendo para não esbarrar com um certo semideus. Eu sentia falta de estar com ele, mas ao mesmo tempo ter que ficar fingindo que eu não sabia de nada me incomodava muito. Quando eu estava com Percy era difícil tentar mentir ou esconder alguma coisa. Sentia como se ele fosse olhar em meus olhos e descobrir tudo. Mas afinal de contas quem estava mentindo primeiro era ele. Ele sabia que eu nunca ia aprovar o que ele tinha feito. No fundo eu esperava que ele se desse conta de que fez uma grande besteira, se arrependesse e viesse me contar tudo. Talvez fosse esperar demais, mas eu não ia desistir.

Quando cheguei próximo aos estábulos avistei uma figura singular postada sobre uma grande pedra de onde se podia olhar a praia. Era Nico di Ângelo, ele vestia suas roupas pretas, apesar do intenso sol que fazia aquela manha. Me aproximando dele percebi que mantinha uma expressão pensativa, como se estivesse refletindo sobre algo. Não gostava de interromper ninguém, nem de me meter onde não havia sido chamada, mas tive que ir falar com ele. Talvez eu conseguisse descobrir algo sobre o que Percy estava tramando as minhas costas.

- Belo dia não acha? – puxei assunto. Ele nem ao menos se sobressaltou quando falei com ele. Mesmo não tendo olhado na minha direção ele parecia ter percebido minha presença ali há algum tempo.

- Sim, para quem consegue apreciá-lo deve ser muito bonito – ele tinha um tom amargo na voz.

- Quanto tempo ainda vai ficar por aqui?

- Estou pensando em partir ao anoitecer. Já avisei a Quíron e Percy. Acho que só faltava dizer a você – apenas agora ele virou a cabeça em minha direção para me olhar – Acho que são os únicos que realmente se importam se eu estou ou não aqui...

- Não diga isso Nico, muitos aqui sabem o quanto você é importante para esse acampamento. E os que não sabem, bom, eles é que saem perdendo por não terem um amigo como você.

- É muito gentil de sua parte dizer isso Annabeth. Vou tentar acreditar – ele riu daquele jeito sombrio que só ele conseguia fazer. Decidi aproveitar a deixa e introduzir o assunto “Percy”.

- Você falou com Percy ontem a noite não é? Sobre o que conversaram?

- Falei sim. Ele me disse que vocês tinham passado um ótimo dia na praia, mas que ele terminou com vontade de arrancar a cabeça de um certo semideus. Vocês brigaram por isso?

- Não, quer dizer. Brigamos ontem, mas hoje já está tudo bem, eu acho... – deixei escapar minha insegurança quanto ao que estava se passando entre mim e meu namorado naquele momento.

- Bom, seja lá o que for espero que vocês fiquem bem. Não deixem que uma coisa tão boba interfira na relação de vocês.

- Você tem razão Nico – sorri para ele me sentindo realmente grata pelas suas palavras de consolo. Mas eu ainda queria saber mais – E hoje, você falou com ele?

- Com Percy? Sim, encontrei-o perto da arena de combate há uns cinco minutos. Não sei o que ele foi fazer lá, mas ficou meio constrangido quando eu o vi. Bom, mas isso não importa. Tenho que pegar minhas coisas e partir. A gente se vê Annabeth.

- Até logo Nico, mande notícias! – eu dizia meio automaticamente enquanto tentava processar a informação que ele tinha acabado de me dar.

Nico seguiu seu caminho e em um segundo já tinha sumido da minha vista. Ele parecia se esgueirar pelas sombras tão rápido quando Percy nadava nas águas do mar. Me coloquei no lugar onde Nico havia estado segundos atrás , sentando-me na pedra e olhando o mar. Seria possível que Percy estivera aquele tempo todo me espiando enquanto eu treinava com Connor? Logo depois de me dizer que confiava em mim e não iria se meter na minha vida? Pensar naquilo me doía mais do que eu poderia ter esperado. Não conseguia enxergar o fato de que talvez ele estivesse fazendo aquilo para me proteger. A mentira e a desconfiança dele eram coisas muito mais graves no meu ponto de vista.

Senti que meus olhos se enchiam d’água enquanto tudo aquilo soava em minha cabeça como um toca fitas quebrado que fica repetindo sempre a mesma estrofe de uma música. O que é que havia de errado afinal? Não podíamos simplesmente ignorar o que estava acontecendo a nossa volta. Não podíamos construir nossa relação dentro de uma bolha, isolados do resto do mundo. Tínhamos que aprender a lidar com tudo aquilo. Cedo ou tarde isso ia acabar acontecendo. Um amor só se torna realmente verdadeiro depois de passar por certas provas. Eu enfim conseguia compreender o que Afrodite me dissera em meu sonho. Mas será que Percy e eu estávamos realmente preparados para enfrentar isso?

- Resolveu parar de ficar de papo para o ar e voltar aos treinos, Anna? – era a voz de Clarisse que obviamente se dirigia a mim. Limpei as lágrimas que haviam escorrido pelo rosto rapidamente, depois olhei para ela.

- Não tem nada melhor pra fazer do que ficar conferindo se eu estou ou não me dedicando aos treinos? – respondi com um mau humor que surpreendeu até a mim mesma. Toda aquela história com Percy e Connor estava me deixando amargurada.

- Nossa, trocou a ferradura hoje, foi? – disse ela ao levantar as mãos na altura da cabeça como sinal de ‘eu me rendo’ – Não me importa se está treinando muito ou pouco. Só estava me perguntando se você realmente é tão ingênua para cair na conversa do idiota do Stoll. Esta mesmo bancando a professora dele?

- Como você soube disso?

- As notícias voam nesse acampamento, minha cara!

- Seja como for, isso não é da sua conta.

- E Percy o que acha disso? Eu não colocaria minha mão no fogo por ele, mas o mínimo que espero é que ele não tenha gostado nada dessa história.

- Ele não gostou, mas nem por isso eu vou deixar que ele diga o que eu posso ou não fazer – quis dar uma de garota independente. Como se não me importasse se Percy estava se opondo ou não ao que eu estava fazendo. Obvio que tudo aquilo estava longe do que realmente acontecia.

- Sei... – ela não parecia ter caído muito na minha conversa, e pra falar a verdade estava bem difícil de acreditar mesmo naquele papo de “eu faço o que bem entender” – espero que saiba o que está fazendo e que não se arrependa depois e venha chorar as pitangas comigo.

- Não se preocupe, eu sei me virar sozinha.

- Ah é mesmo? Porque da outra vez, quando teve aquele problema com Poseidon e a viajem ao fundo do mar você não parecia assim tão segura...

Ela tinha conseguido, enfim, tocar num ponto vulnerável. Simplesmente eu não tinha resposta para aquilo. Ela estava certa. Eu já tinha ido pedir ajuda a ela uma vez por causa de um problema relacionado a Percy. Uma coisa tão boba, comparada ao que eu estava passando agora. Não era de se admirar que ela estivesse duvidando da autoconfiança que eu estava tentando transmitir. Eu tinha que me decidir; ou continuava atuando com ela também, mesmo que ela não acreditasse em mim; ou deixava todo aquele papo furado de lado e lhe contava a real situação.

- O que foi? O gato comeu sua língua?

- Não – respirei fundo. Eu tinha tomado minha decisão – Clarisse, se eu te contar uma coisa, você promete que isso fica só entre a gente? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

beijos, bom final de domingo e começo de semana pra vcs! ;)
@SarahColins_