Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 15
Capítulo 14 – Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores! Tudo bem?
Hoje o capítulo está bem #mimimi, se é que me entendem! rs
Aproveitem ;)



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Não sei o que os outros esperavam daquele tesouro. Não sei nem o que eu esperava. Mas com certeza todos ficamos surpresos quando descobrimos o que era. Percy foi quem se aventurou primeiro a se aproximar do baú para tentar abri-lo. Havia um enorme cadeado dourado no fecho, então logo Percy olhou para Quíron que vinha se aproximando lentamente. Ele trazia uma chave dourada que parecia ser perfeita para o tal cadeado. Ele se ajoelhou no chão de terra e inclinou o corpo para abrir o baú.

Neste momento todos que estavam lá, os semideuses do meu grupo, do grupo de Percy e de outros grupos que também haviam chegado pouco depois, se posicionaram atrás de Quíron e tentaram encontrar uma brecha para poder olhar. Consegui ficar bem à frente, ao lado do centauro e senti um brilho azulado invadir minha visão quando a tampa do baú foi aberta. Depois de alguns segundos para me acostumar com aquela luz repentina eu vi o que havia no interior da peça. Dois pequenos unicórnios azuis de vidro, um deles era mais claro que outro. Eles pareciam conter um líquido dentro. Antes que eu, ou qualquer outra pessoa, tivesse chance de perguntar o que diabos era aquilo, Quíron se apressou em explicar.

– Esses frascos contêm poções confeccionadas pela feiticeira Medeia. Este faz com que você obtenha sucesso em tudo que fizer durante um dia inteiro – disse ele mostrando o frasco com o líquido mais escuro – E este aqui tem o poder de te fazer ficar mais leve que o ar. Ou seja, te possibilita voar por aí, mas o efeito dura apenas alguns minutos.

Todos continuaram compenetrados nos frascos que Quíron tinha na mão. Nesse momento os membros de meu grupo e os do grupo de Percy se entreolharam. E agora, quem ficaria com cada um dos frascos? Nem eu sabia qual eu preferiria. Então o diretor do acampamento interveio de novo para solucionar aquele problema. Levou as mãos as costas escondendo os frascos de minha visão, fez como se embaralhasse os dois entre as mãos e então se dirigiu a mim ao falar:

– Qual de minhas mãos você escolhe Annabeth? Esquerda ou direita? – eu demorei pra responder. Fiquei pensando como se pudesse de alguma forma tentar adivinhar em qual mão estava a poção mais escura, eu tinha decidido que era aquela que eu queria.

– Direita! – disse de uma vez, antes que alguém me matasse. Pelos olhares que alguns me lançavam, estavam mesmo a ponto de fazer isso.

Quíron então estendeu-me sua mão direita e eu vi o frasco com a poção mais clara. Droga! Aquele realmente não era meu dia de sorte. Ele me entregou o pequeno unicórnio de vidro e depois entregou o outro a Percy.

– Os frascos contêm poção suficiente para os cinco integrantes de cada grupo. Já imaginava que aconteceria um empate. Seria difícil um só grupo conseguir as pistas suficientes para encontrar e desenterrar o baú.

Percy levantou o frasco enquanto todos os outros campistas gritaram e aplaudiram fervorosamente. Eu, entretanto, continuei segurando o meu frasco e me limitei e agradecer com um aceno de cabeça aos que me parabenizavam. Depois de receber atenção de muita gente que lhe dava tapinhas nas costas, Percy se dirigiu a mim. Eu gelei sem saber o que fazer. Ele continuou vindo e me abraçou. Não consegui reagir. Só fiquei ouvindo o que ele dizia.

– Parabéns heroína! Pena que não vou poder sair voando com você por aí.

Meu coração reagia a ele da mesma forma que antes. Eu queria abraçá-lo, beijá-lo, sentir a textura de sua pele sob meus dedos. Mas minha cabeça não estava na mesma sintonia. Eu ainda me sentia magoada com o que tinha ouvido da conversa dele com a Rachel. E o pior de tudo é que eu não sabia o que fazer a respeito. Quando ele se afastou, eu me limitei a mirar o chão para não ter que olhá-lo nos olhos.

– Obrigada. Parabéns pra você também, Percy. Desculpe-me, mas preciso voltar ao meu chalé e pegar umas coisas antes do jantar – Torci para que ele não percebesse nada errado comigo. Então me virei e sai.

***

“Definitivamente você não pode deixar que as coisas fiquem assim, Annabeth! Lembre-se de abrir seu coração. Deixe a razão de lado e confie no que você sente. No que ele sente. Esclareça essa história com Percy de uma vez e acabe com esse sofrimento!”. Essa sou eu, novamente, falando comigo mesma em frente ao espelho. Afinal, se eu era assim tão mandona e chata como alguns diziam, eu tinha que conseguir convencer a mim mesma! Outra vez.

Mas dessa vez acho que o assunto era um pouco mais delicado. Afinal eu ia chegar e dizer o que? “Percy, é verdade que você já beijou a Rachel?”. Não existe uma forma discreta de se perguntar isso. Fora que no mínimo ele vai querer saber como eu soube dessa informação. E então? Eu ia ter que dizer que ouvi “sem querer” a conversa dele na floresta? Oh, meus deuses! Aquilo seria muito, muito mais difícil do que eu pensei. Mas não tinha jeito. Eu tinha que encarar mais essa.

Cheguei ao refeitório alguns minutos depois. Ainda tive que parar e respirar fundo muitas vezes até conseguir sair do meu chalé. A cena que eu vi a seguir não ajudou nenhum pouco a controlar meu nervosismo. Exatamente o contrário. Me fez ficar totalmente enfurecida a ponto de desistir de tudo que eu tinha ensaiado e ir pisando forte até minha mesa. Eu havia visto Percy novamente com Rachel. Conversando sozinhos. Se ela tinha um novo namorado, onde ele estava agora? Porque ela não estava com ele em vez de ficar no pé do meu namorado? Já não tinha um bom histórico de amizade com aquela menina ruiva, agora então, eu estava considerando colocá-la na minha lista de inimigos.

Tentei desviar meu olhar para outro ponto do lugar. Respirei fundo de novo e tentei relaxar. Mas o que estava acontecendo comigo? Eu nunca havia agido daquela maneira. Nunca tinha sentido que alguém pudesse ameaçar minha relação com Percy. Eu nem sabia realmente o que estava acontecendo com essa história da Rachel. Mas só o fato de ela estar com ele me fazia querer arranjar algum motivo para enfrentá-la em uma batalha. Mostrar a todos a quem ele pertencia de verdade. Esse último pensamento me assustou. Quando eu havia me tornado tão agressiva e descontrolada?

Nesse momento eu entendi o que significava deixar a emoção nos dominar. Não pensar e apenas sentir o que seus instintos te indicam. E o que meus instintos me diziam era que eu não queria que ele desse atenção a mais ninguém além de mim. Oh, meus deuses! Um ínfimo fio de razão que restava em mim naquele momento me dizia que o que eu sentia era ciúmes. Eu quis tentar negar a mim mesma essa possibilidade, mas não dava. Era evidente. Para mim mesma e para os outros que me vissem naquele momento. Eu fulminava Rachel com os olhos enquanto ela conversava e ria com Percy.

Não consegui comer nada naquela noite. Nada desceria pela minha garganta. De longe, eu vi Percy indo pegar comida e depois se sentando em sua mesa sozinho. Quando todos começavam a se encaminhar para a fogueira ele levantou e veio até minha mesa. Tentei me controlar ao máximo para não surtar e dar algum vexame. Ele se sentou ao meu lado e colocou sua mão sobre a minha. Eu ainda olhava fixamente para a mesa quando ele disse:

– O que você tem, amor? Não comeu nada, saiu daquele jeito depois da “Caça ao Tesouro”...

– Sério que reparou? Estava tão entretido conversando com a Rachel que achei que nem notou que eu tinha chegado aqui.

– Do que você está falando? Não está com ciúmes da Rachel está? Sabe que não tem nada a ver, somos só amigos! – Ele logo deu um jeito de se justificar, o que só me fez pensar que aí tinha algo a mais.

– Nada, esquece. Melhor irmos se não vamos perder a fogueira.

Me levantei e sai andando, deixando Percy com aquela cara de que não tinha entendido nada. Ele se levantou e me seguiu de qualquer forma. Sentei num banco próximo à fogueira e ele se sentou ao meu lado. Deixei que meu olhar se perdesse nas chamas enquanto um silêncio desconfortável pairava sobre nós. Felizmente Rachel não deu mais as caras por perto. Ela devia ter percebido alguma tensão entre mim e Percy ou então só tinha cansado de importuná-lo. Eu agradeci por isso, não queria mais motivos para despertar o meu... Desgosto.

Apesar de sermos a atração da noite, por termos vencido a “Caça ao Tesouro”, eu e Percy nem ao menos nos levantamos. Os outros membros de nossos grupos é que ficaram recebendo os elogios por parte dos outros campistas.

A fogueira já estava quase sem chamas e todos os campistas já tinham se retirado aos seus chalés, quando Percy, corajosamente, quebrou o silêncio entre nós.

– Annie, você pode, ao menos, me dizer o que eu fiz para você estar assim comigo?

– Assim como? – perguntei, me fazendo de desentendida.

– Assim, toda fria e estranha. Desde quando você se importa tanto com quem eu converso ou deixo de conversar – Ele estava tocando no ponto certo. Mais alguns estímulos e eu ia acabar falando tudo.

– Não é esse o problema, Percy. Pode conversar com quem bem entender...

– E então? Tem que ter algum motivo para você estar me tratando assim. Sinceramente eu acho que não mereço isso – Pronto, ele tinha conseguido. Eu não ia aguentar mais segurar, minha cabeça estava quase explodindo.

– Tem certeza de que não merece? Pense, Percy. Não tem nada que você fez que esteja se esquecendo de me contar? – Tentei ser o mais direta possível na pergunta, se ele confessasse seria muito mais fácil pra mim.

– Não, não me lembro de nada que tenha me esquecido de te contar. Pelo menos nada importante. Do que está falando? Pode ser mais clara? – Ou ele estava se fazendo se sonso, ou então ele realmente não considerava aquilo digno de importância. Ou pior, ele não pretendia me contar nunca porque se sentia culpado por ter beijado a Rachel.

– Você quer que eu seja mais clara? Ok, vou ser bem clara. Por que você nunca me falou que você e a Rachel já se beijaram? - Minha pergunta pegou Percy de surpresa. Ele com certeza não esperava me ouvir dizendo aquilo. Seus olhos confusos fitaram o chão e depois voltaram a me olhar.

– Ok, não sei como você ficou sabendo disso, a única pessoa que viu morreu alguns minutos depois – Ele se calou como se aquilo lhe trouxesse uma lembrança ruim – Mas isso não importa. Ann, isso aconteceu muito antes de a gente pensar em ficar juntos. E eu não a beijei, ela que me beijou. Aliás, aquilo não significou nada pra mim, não foi nada de mais...

– Está dando explicações demais para algo que não foi ‘nada de mais’! – O acusei na cara dura!

– É que você falou disso como se fosse a coisa mais grave do mundo.

– O grave não é você tê-la beijado, Percy. O que me deixa magoada é você não ter me contado nada. Não que eu queira saber detalhes de sua vida amorosa inteira antes de começarmos a namorar. Mas sendo a Rachel alguém tão próximo a você, eu sinto como se estivesse fazendo papel de idiota esse tempo todo.

– Me perdoa, eu realmente não pensei que você iria querer saber disso. Ainda mais porque você sempre teve certo ciúme dela.

– Isso não é verdade – Me defendi, mesmo sabendo que ele estava certo – Mas te ver todo atencioso com ela hoje não ajudou em nada!

– Ann, de certa forma eu gosto de saber que você tem ciúmes de mim. Faz com que eu me sinta querido e levanta muito minha moral. Mas ao mesmo tempo sinto como se não confiasse em mim. Você acha que eu iria querer alguma coisa com a Rachel ou com qualquer outra garota?

– Não, não acho! Eu confio em você, Percy. Mas não sei, não consigo evitar. É como se eu quisesse ter a certeza de que você é apenas meu. Quando te vi conversando com a Rachel queria que estivesse com uma faixa na testa dizendo que pertence a mim!

– Wow, não conhecia esse seu lado possessivo! – Ele riu, achando graça.

– Tenta me entender pelo menos. Como se sentiria se chegasse algum “ex-namorado” meu e eu ficasse conversando com ele enquanto você está sozinho num canto? – Ele parou um momento para pensar e imaginar aquela possibilidade.

– Eu provavelmente arrancaria a cabeça dele! – disse Percy sério, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. Eu não pude deixar de rir imaginando a cena em minha cabeça.

– Então me entende?

– Perfeitamente! Me desculpa de novo, eu nem me dei conta de que poderia estar te causando isso.

– Tudo bem, amor. Agora que consegui te dizer tudo o que estava sentindo me sinto bem melhor. Mas isso não quer dizer que vou aturar você muito tempo perto daquela ruiva sem graça!

– Não se preocupe – Disse ele enquanto colocava seus braços em volta de minha cintura. Eu estava ansiosa por isso, já fazia muito tempo que estávamos ‘separados’ – Para que eu vou querer a ruiva se tenho a loira mais linda do acampamento só pra mim?

Ele falou aquelas últimas palavras num tom mais baixo bem próximo ao meu ouvido. Sorri e encostei meu rosto no seu. Virei o rosto e o beijei por um longo tempo. Depois decidimos sair dali para não sermos comidos pelas Harpias. Fomos os dois rumo ao chalé de Poseidon.



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Notas finais do capítulo

twitter: @SarahColins_
blog: http://triipe.blogspot.com.br/
Bom finzinho de domingo a todos!
beijos ;**
Sarah
Pitaco da Manu: Chalé de Poseidon? Huuummm...