A manhã fora diferente naquele dia. Nunca fora uma garota de baixo astral, mas hoje estava definitivamente alegre. Quando achou que não teria mais nenhum presente isso. Agradeceria infinitamente o seu irmão se pudesse fazê-lo. Ela jamais se esqueceria desse aniversário. Um desfile onde ela poder sentir os cheiros, vislumbra-se com as cores e com a beleza de seu reino. Onde ela pode ver aquela imensidão de rostos. Achou sinceramente que aquele havia sido o seu presente, mas não. Ainda tinha mais. Quando chegaram em casa depois da cerimonia de apresentação à sociedade ele deu notícia. Foi tão inesperado e saiu tão normalmente que ela por um segundo pensou ser uma brincadeira, mas o seu rei não era disso. Ela tinha certeza que não era uma brincadeira e ficou tão feliz.

Quando Kemi foi até seu quarto para acordá-la teve uma enorme surpresa já que a princesa não estava mais em sua cama. E não conteve a cara de espanto quando ela apareceu já vestida.

–Ei porque quê você ta com essa cara de tonta, Kemi?

–Desculpe Rukia-chan, mas é tão estranho te ver de pé a essa hora, vestida então...

–ora e o que tem isso demais?

–Rukia você é conhecida por ser a princesa mais preguiçosa na face do império.

–Eu não sei da onde você tira essas coisas, Kemi. - Talvez ficasse chateada pelo comentário. Mas estava tão feliz naquela manhã que relevou.

Rukia atravessou o gigantesco quarto parou em frente a serviçal e deu um pequeno tapa na testa da menina. - Sua cabeça está oca como de costume - riu. Embora fosse a princesa e aquela a sua frente a serviçal, para Rukia era mais que isso. Era uma amiga. A única que possuía. Não, a única não. Mika também era sua amiga. Essas primas que há muito tempo serviam a família real eram as únicas pessoas que podia chamar de Nakama*. As únicas em todo o castelo que não dirigia-se a ela como princesa. Só Rukia. Ela adorava isso.

Desceu as escadas e viu seu irmão terminando o café. Serviu-se com uma enorme xicara de chocolate quente e sentou em seu lugar. O rei olhava com ar de reprovação porque a pequena não deixou que a copeira a servisse, mas deixou passar.

–Rukia, já mandei que dois guardas te escoltasse hoje.

–Sua majestade, não é necessário. Eu posso ir sozinha.

–Não. Você ainda é a princesa e deve ter alguma proteção.

–Mas

–Sem, mas. Sinta-se satisfeita por serem apenas dois. E eles não ficaram por perto na cidade. Só no caminho do castelo até ela. O centro é bem seguro e não preciso me preocupar tanto. Você terá sua liberdade e nem perceberá eles por perto enquanto estiverem lá.

–Obrigada, Nii-sama.

Em frente ao portão principal sua condução já esperava. Um homem forte com uma cicatriz em forma de x no rosto e outro mais atraente, moreno alto e com um ar doce. Hisagi Shuuhei e Shiba Kaien. Agradeceu mentalmente por ainda serem jovens e por assim passarem despercebidos pelos seus novos colegas.

–Princesa, nós partiremos agora - Kaein disse gentil

Rukia se perguntava por que não podia ter alguém como ele? Ora seu destino já fora traçado a muitos anos e ela não lutaria contra ele. Jamais ousaria ir contra o seu irmão.

–Segure-se, Princesa. - falou Hisagi. E partiu a voado. Este era responsável pela montaria real e sempre que saia escolhia os mais velozes entre os cavalos da estrabaria. A carruagem saiu a mil trepidando. A princesa se assustou de inicio, mas depois de se acostumar ficou animada com a velocidade. Ela adorava, estava gostando muito, embora soubesse que ficaria dolorida mais tarde.

–Nossa, o velho pegou pesado desta vez.

–Ele só queria que a gente não se atrasasse, irmão.

– nem vem, Yuzu. Ele nos acordou as duas da matina. Que Exagero

–Ele é maluco. Bem que podia ter chamado a gente as cinco, mas não ele não podia agir normalmente.

–Ah irmão, não seja duro com o papai.

Ao longe a Hisagi vinha a mil não se importando com as poças e os buracos no meio da estrada. Avistou a frente três pessoas dando sopa e não se conteve. Passou por cima de uma poça maior e sua intensão se concretizou. A água jorrou longe e molhou o garoto que jogou o corpo na frente das irmãs para protegê-las.

–Por quê você fez isso?

–Fica na tua, Kaien. Eram só plebeus

–você é um idiota.

–Irmão, vocês está bem?

–Não foi nada.

–Por quê eles fizeram isso?

–Hum você não notou o brasão? É a realeza, eles são assim. Tá vendo Yuzu aquela garota, a Serra não mentiu sobre a princesa

–Ichi-nii, o nome dela é a Senna

–Ah tá isso aê mesmo.

–Mas como você sabe que era a princesa ali?

–Além do luxo daquela carruagem e do brasão real? Yuzu, eu acho que mais ninguém usaria uma carruagem rosa.

–mas ela não parece ser assim...

Ichigo desistiu. De certa forma a princesa conquistara a sua irmã.

Pararam no centro da cidade. Não sabiam dizer como, mas ela enxergou no meio de inúmeras barracas e de gigantescas lojas dentro de uma carruagem que ia acelerada ela enxergou uma minúscula loja. Assim que a viu gritou para que parassem imediatamente. Acharam que alguma coisa acontecia e ficaram zangados ao perceber que era só um desejo de conhecer aquela loja. Eles a avisaram que poderia se atrasar, mas ainda assim ela desceu e adentrou a loja afirmando que ainda tinham tempo.

–Posso ajudar? - falou a vendedora sem olhar para a pessoa a sua frente. Subiu os olhos e não acreditou no que eles viam. - Princesa? Mas que honra. - se curvando

– sem toda essa formalidade, por favor. Estou aqui como cliente não como princesa.

–A sim. Está interessada em algo?

–ainda não sei bem. Tem tanta coisa. - Ela olhava admirada aquela quantidade de livros. Ela gostava tanto de ler. Era a sua diversão no castelo. Ao contrário do que se pensa a vida de uma princesa não era lá muito empolgante. Pelo menos não a dela. Já que o seu irmão era super protetor.

(...)

Deixou as irmãs na porta do primeiro colegial que embora pertencesse a mesma escola, era separado do ginásio. Não gostou nada do que viu. Uma escola gigantesca. Com pessoas esnobes e metidas. Em outros tempos nunca que aceitaria estudar ali, mas era aquela justamente a mais próxima de sua casa e a única que ainda tinha vaga para suas irmãs. Já que se matricularam em cima da hora. Avistou aquela garota de antes. Como era mesmo o nome dela? Serra, Senca? Sema? Ah tanto faz. Assim que ela o viu acenou para ele chamando-o para perto do grupo onde estava. Um carca mal encarado de cabelo azul, outro nada muito diferente de cabelo preto cumprido e olhar vago. E as outras duas era bem... avantajadas na frente. Uma loira e outra de cabelos verdes.

–Que coincidência estarmos na mesma escola.

–É.

–Ei cara, não sei se você sabe, mas quando a gente sai do banho usa a toalha para se secar. É para isso. - Falou o de cabelo azul debochando do ruivo. Ichigo ignorou que o fez bufar.

–Grimmjow, não seja chato com o nosso novo amigo - Embora estivesse sendo "amistosa" com o ruivo ele não a considerava uma amiga ainda. - Ichigo, estes são Ulquiorra, Rangiko e Nell. Bom esse bobão ai é o Grimmjow.

–Ham... Prazer. - falou apenas e saiu para a direção.

–Cara metido.

–Eu não acho.

–Sua nova presa é Senna?

–È isso mesmo Grimmjow

–Fica quieta Rangiku.

–Mas ele é gatinho.

–Você é cega, Nell?

–Vocês são todos uns despeitados.

(...)

Rukia perdera a noção do tempo naquele pequena livraria. Parecia uma criança lendo um livro naquela velha, porém aconchegante poltrona no interior da loja. A vendedora andava de um pro outro sem parar e sem querer esbarrou numa luminária despertando a princesa do seu transe. A Morena percebeu a inquietação da menina e perguntou.

–Aconteceu alguma coisa?

–Bom é que - dizia sem jeito - é que eu já estou atrasada para aula.

–Quê? - Rukia olhou para um bonito relógio-cucu pendurado na parede. - E por que não falou antes?

–É que a senhora parecia tão confortável que eu não quis atrapalhar.

–Primeiro eu não sou senhora. Chame-me de Rukia, Segunda também estou atrasada. Vamos. Eu te dou uma carona.

Pegou a vendedora pelo braço não se importando com os apelos dela dizendo que estava tudo bem e que poderia ir andando.

(...)

Mal ele chegou naquele lugar e já se metera numa confusão. Num dos corredores três caras encurralavam um jovem querendo dinheiro. Não importa o quão sofisticado seja uma escola. Teria idiotas como aqueles em todas. Não pensou duas vezes e partiu para cima deles com socos e chutes. Esses percebendo que perderiam para o ruivo saíram fugindo em disparada. O menino que estava sendo extorquido já ia oferecendo dinheiro para ele quando foi interrompeu.

–Não me compare com esses caras

–você não quer dinheiro?

–não.

Os olhos do menino se encheram de brilho e este agarrou o ruivo dando um abraço

–Obrigado novo amigo

–Ei me solto. Você ta maluco ou quê?

–ora não seja mal. Só estou te agradecendo.

–E pra isso você tem que ficar me agarrando. Me solta se não vai levar.

Imediatamente o soltou.

–Bem vindo a Escola Central de Karakura. Sou Asano Keigo.

–Sou Kurosaki Ichigo. E ae Keigo?

–Que? Me chamou pelo nome? Om que bom que aceita a minha amizade. - Agarrando o ruivo de novo.

–Deveria ter os deixado acabarem com você - pensou.

A vida era mesmo uma caixinha de surpresas pensava Senna, quando viu o que o mais novo alvo estaria na mesma sala que ela. Para ele nada foi pior do que saber que estaria na mesma sala do que aquele baka de cabelo azul e com aquele outro que não saia do seu pé. Foi um saco ter que se apresentar lá na frente. Todo mundo ali já se conhecia ou seja, não precisava dessas bobagens de apresentação porque não demoraria nem cinco minutos para todos perceberem que tinha um aluno, e menos de 10 para saberem o seu nome. Odiava tudo aquilo. A primeira aula foi de português. Odiava essa matéria. Até achava isso estranho porque tinha uma paixão avassaladora por livros. Muitos o olhavam curioso, mas já estava acostumado com isso. Só três alunos agiam normalmente por ali. Um magro de óculos de porte elegante, deveria ser o Nerd da sala. Um outro grande, e quando digo grande é grande mesmo de pele morena. E um outro que não desligava o celular. Na verdade, esse ai nem percebeu que já começou a aula.

Faltava menos de meia hora para aquela infernal aula acabasse e para começar uma que ela adorava matemática. Adorava números. Aprendeu bem cedo a lidar com eles com a ajuda de sua mãe. Ficou triste ao lembrar-se dela.

(...)

–Muito obrigada pela carona, Rukia-chan.

–Não há de que. Afinal, está atrasada por minha causa.

–Não nada disso. Você não tem culpa - Rukia estava satisfeita pela menina não mais a tratar com tanta formalidade. Agora ela até agia como se a princesa fosse alguém norma. Gostou muito disso. - a proposito, qual o seu nome?

–Ah eu Sou Inoue Orihime.

–É um prazer Hime, espero que sejamos amigas. Afinal você também é uma hime não é ? - riu.

–Claro que podemos ser amigas, mas, mas eu não sou uma princesa.

–Bom para mim você é. - Rukia não sabia explicar. Só sabia que gostou e muito da nova amiga. Queria saber mais sobre ela e aproveitaria esse "passeio" para isso.

Correram desesperadas pelos os corredores. A Princesa não sabia onde ficava nada naquela lugar. Ainda bem que estava com Orihime. Ficou mais feliz ao perceber que ela estaria na mesma sala. Foi um grande alívio. Se recompram parando em frente a sala. E bateram a porta. A professora levantou e levou um susto.

–Mas? você?

–Desculpe o atraso. Aconteceram uns imprevistos

Há essa altura todos já queriam saber quem ousava chegar tão tarde na aula duma das professoras mais bravas. Com certeza era um novo aluno que não sabia da fama dela. Os alunos já esperavam pela chuva de sermões e da humilhação quando a professora posicionou-se em frente ao quadro.

–Bom, embora as apresentações já tenham sido feitas...

–apresentações... só eu era novo aqui - bufou

–Temos uma nova aluna

Todos ficaram espantados.

–Entre, por favor, não se acanhe.

A reação foi igual para todos. Muitos ficaram boquiabertos, inclusive certo ruivo.

–Prazer. Sua Kuchiki Rukia.

Murmúrios começaram nessa hora. Eles não acreditavam em seus olhos. A realeza estava presente e não era qualquer. Era a princesa. A professora apontou para o lugar onde ela sentaria. Na fileira ao lado do novo aluno com um espaço de uma cadeira a frente. Andando até ela fitou os olhos deles. Foi estranho. Um segundo parecia uma eternidade. Sentou-se, mas não se incomodou em abrir os livros. Sabia que já perdera todo o conteúdo. Depois pegaria emprestado com alguém.

Orihime andava em direção ao seu lugar na sala. O ultimo lugar vago perto de uma amiga conhecida quando a professora a interrompeu.

–Inoue. Onde pensa que a senhorita vai?

–Vo... Vou me sentar, professora.

–Conhece muito bem as regras.

–sim, senhora.

Agora ela se ferrou ouviu uma voz irritantemente conhecida. Era a voz da insuportável na Senna. A única coisa ruim naquele dia era saber que teria que aturar aquela metida. Mas ela não deixaria sua amiga sozinha uma hora dessas.

–Pegue as suas coisas e vá até a diretoria.

Orihime se levantou e ia em direção a porta quando Rukia se levantou e andou até a porta justamente com ela.

–Rukia, o que está fazendo? - Perguntou a professora curiosa. Todos estavam na verdade.

–Senhora, eu também cheguei atrasada então assim como a Orihime devo ir até a diretoria.

Todos ficaram surpresos. Senna ria debochada pensandoa que ela já começou bem, mas ao perceber que o seu alvo se comoveu com aquela Senna logo se pôs a pensar que ela só estava se exibindo.

–Não misture as coisas. Você é nova aqui e não sabia das regras.

–Sim Rukia-cham, não se meta em encrencas por minha causa.

–Nada disso Inoue. Professora, Orihime se atrasou por minha causa. E não seria justo ela pagar por isso. Então se a senhora se decidir por aplicar uma punição, o mínimo que eu possa fazer é receber o mesmo castigo.

Diante desses argumentos ela não teve o que dizer e pela primeira vez voltou atrás em uma decisão.

–Orihime, pode se sentar. -A ruiva olhou sorridente e agradecida para sua nova nakama. - Mas Não esqueça que aqui não são permitidos atrasos. Isso serve para você também Rukia. Esta apenas assentiu com a cabeça. As duas voltaram para os seus lugares. Dez minutos depois o sinal do primeiro tempo soo e uma multidão de alunos cercaram a ilustre estudante. Senna morreu de inveja nessa hora.

–É Senna, parece que você vai perder o título de princesa da escola.

–Hum você acha mesmo? - riu debochada.

–Não faça essa cara, menina. Estou só brincando.

–Sua idiota - pensou. - Vamos lá cumprimentar nossa nova colega, Rangiki - deu um sorriso irônico.

– Vamos.

–"Você está muito enganada se acha que vai tomar o meu posto princesinha idiota...”.