Sesshomaru - Luz E Escuridão escrita por Mirytie


Capítulo 45
Capítulo 44 - A Luz Apaga-se Part II


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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Aquele tipo de noite que antes parecia passar num abrir e piscar de olhos, agora arrastava-se até parecer que cada segundo era um minuto.

Sesshomaru continuava em frente à porta do quarto da filha. Queria desesperadamente ir ver como é que ela estava mas, não tinha coragem de o fazer. Por isso, recorreu à sua segunda opção disponível.

Rin andava de um lado para o outro no templo, preocupada. Então, sabendo o que ela ia fazer, Sesshomaru levantou-se e foi ter com o filho durante alguns minutos, olhando de lado para Rin quando passou por ela.

Esta, esperou que ele tivesse saído do templo para abrir a porta do quarto onde Hikari estava e fechá-la lentamente atrás de si. É claro que Sesshomaru sabia que ela ia fazer isso se ele lhe desse oportunidade, por isso é que deixou o seu posto.

Rin aproximou-se lentamente de Hikari e ajoelhou-se ao lado dela. Hikari estava a dormir mas parecia estar a sofrer horrivelmente. Rin olhou para a ferida coberta com folhas e pomada medicinal e viu que esta ainda sangrava.

Com cuidado, tirou as folhas cobertas de sangue mas teve que fechar os olhos quando viu a ferida. Depois de conseguir controlar as lágrimas, limpou a ferida, aplicou um pouco mais de pomada e cobriu-a com folhas novas.

Rin estava descansada porque, mesmo quando os demónios perdiam grandes quantidades de sangue, substituíam-no imediatamente se fossem suficientemente fortes e ela parecia ser forte, mesmo sendo apenas meia demónio.

Rin sorriu, mas este desvaneceu-se quando ela passou a mão pela cabeça de Hikari e não sentiu as orelhas. Olhou outra vez, para se certificar que elas não estavam lá e ficou chocada ao ver que as marcas na cara dela também tinham desaparecido.

— Não. – murmurou Rin, olhando para o sangue que já tinha manchado as folhas outra vez.

Ela um hanyou por isso aquilo significava que aquela devia ser a noite e ela era agora completamente humana. Um humano não sobreviveria a uma noite com aquele tipo de ferimento se o sangue não fosse estancado.

Com as mãos a tremer, Rin pressionou a ferida de Hikari, fazendo a filha contorcer-se de dor.

— Vais ficar bem. – disse Rin, com sangue a escorrer pelos dedos dela – Uma existência tão preciosa como tu não pode morrer.

Ela esticou o braço para pegar num pano e limpar-lhe o suor da testa, mas viu que tinha sangue nas mãos e recuou imediatamente. Precisava de ajuda para cuidar dela.

Olhou pela janela e perguntou-se porque é que a noite não passava mais depressa. No entanto, quando viu alguém a trepar pela janela, sorriu. Ajuda. Ou ao menos era o que ela pensava, até ver o monge com uma faca na mão e uma sacerdotisa a entrar atrás de si.

— O que é que estão aqui a fazer? – perguntou Rin, ainda com as duas mãos na ferida de Hikari.

— A sacerdotisa que a atacou disse-me que ela era um hanyou. – respondeu o monge, aproximando-se devagar para que Sesshomaru não ouvisse – Se é um hanyou, deve ser mais fácil de matar do que os demónios.

— Eles disseram que, se alguma coisa lhe acontecesse, eles destruíam a vila. – disse Rin, observando cada movimento do monge – Não podem…

— Ela é uma humana. – interrompeu a sacerdotisa, ao notar a falta de orelhas e marcas.

O monge olhou também e sorriu. – Não. Ela é mesmo um hanyou. Mas, esta noite, ela é tão fraca como um bebé.

— Ela está a sofrer! – exclamou Rin, esperando que Sesshomaru ou Yoru ouvissem – O nosso dever é ajudá-la!

— O nosso dever é matá-la. – corrigiu o monge, posicionando a faca para a espetar no pescoço de Hikari – Agora afasta-te dela.

— Então deixou a mãe ir ver a Hikari. – sumarizou Yoru, com o pai ao seu lado – Mas porque é que não foi você?

Sesshomaru não queria nem se viu na obrigação de responder àquela pergunta, por isso ficou em silêncio, o que já não surpreendia nem magoava o filho.

— A noite está calma. – comentou Yoru, quando pensou no estado em que a irmã devia estar – Depois de a mãe lhe dizer como a Hikari está…podia dizer-me a mim?

— Podes perguntar-lhe tu mesmo. – respondeu Sesshomaru friamente.

Ainda pensava que tinha sido Rin a atacar Hikari, por isso não sabia bem o que pensar em relação àquilo tudo. Quando isso acontecia, era melhor não fazer nada.

— Não ouviu nada? – perguntou Yoru, mas Sesshomaru estava demasiado distraído para ouvir Rin – Parecia a mãe.

Sesshomaru olhou para dentro do templo mas só ouviu o grande “Não” que Rin soltou, que podia ter acordado a vila inteira. Quase ao mesmo tempo, Sesshomaru e Yoru levantaram-se, mas Sesshomaru foi o primeiro a chegar ao quarto.

Rin estava inclinada sob o corpo de Hikari. A barreira que tinha criado à volta delas tinha partido a lâmina da faca do monge que, surpreendido com a ação de Rin, ainda continuava no mesmo lugar, na mesma posição.

No entanto, a sacerdotisa que o tinha acompanhado, deu um passo atrás ao ver os demónios à porta do quarto.

— Por muito simpática que sejas, é uma blasfémia proteger um demónio! – exclamou o monge, depois de se recompor. Tal como a sacerdotisa, o monge também já tinha visto Sesshomaru e Yoru mas manteve-se no mesmo lugar – Podes justificar que estavas a proteger a vila daqueles ou até mesmo que ela estavas a proteger uma humana, mas ela é um hanyou, mesmo que não esteja nessa forma agora! Mas isso não vai impedir a vila de te punir. Nem o fato de seres o raio de uma sacerdotisa sagrada!

— Ela é minha filha! – gritou Rin, chocando todos os presentes – Mesmo que morra, não vou deixar que mates a minha filha!

— Já chega. – disse Sesshomaru, calmamente, cortando o monge – Yoru, fica aqui com a tua mãe e a Hikari. Eu vou escoltar os outros dois até à porta.

A sacerdotisa começou a chorar quando Sesshomaru se aproximou e o monge tentou fugir, mas Yoru impediu a passagem.

— Vamos ver como é que os deuses do tempo e espaço lidam com o fato de nós destruirmos uma vila inteira por causa deles. – disse Sesshomaru, caminhando atrás do monge e da sacerdotisa até saírem do templo.

Enquanto isso, Yoru fazia companhia à irmã e à mãe, que ainda estava abraçada a Hikari. Quando ouviu a mãe a sussurrar, Yoru ficou em choque e depois fechou os olhos e baixou a cabeça.

Durante semanas, Hanna tinha tentado e tentado apelar ao conselho para que eles aceitassem Hikari como sucessora de Sesshomaru sem que tivesse de haver uma luta entre herdeiros. Agora, que Kagome estava grávida outra vez, Hanna tinha tido uma ideia.

— Pudemos fazer um combate entre herdeiros. – disse Hanna – Mas, e se um dos filhos do Inuyasha ganhar?

— O bastardo? – perguntou o chefe do conselho – Mas ele nem quer ter nada a ver com este clã.

— Mas os filhos podem querer. – lembrou Hanna.

— Mas ele é um hanyou e casou com uma humana! – exclamou um dos membros do conselho – Se um dos filhos ganhasse, iria ser uma humilhação para o nosso clã!

— Seriamos uma anedota entre os outros clãs! – disse outro – Seriamos atacados imediatamente!

— Não há necessidade de haver uma luta entre eles, quando o atual sucessor já escolheu um dos filhos para o seguir. – disse Hanna.

— Sim, o tal de Yoru. – disse o chefe do conselho – Tem de trazê-lo até nós para o conhecermos.

— Não! – exclamou Hanna – A Hikari!

— Ela é uma hanyou. – disse o chefe, chocado com o que Hanna dissera – Como é que ela pode ser uma sucessora digna? O Yoru é um demónio completo e, apesar de ser mais novo, daria ao nosso clã a dignidade que perdemos quando o jovem mestre decidiu que não queria ter nada a ver connosco.

— A Hikari foi treinada pelo meu filho desde pequena. – contrapôs Hanna – Em caso de ataque, ela seria muito mais apropriada do que o Yoru, que não foi treinado devidamente.

Os membros do conselho começaram a falar entre si. O fato de que Hikari era uma hanyou ainda pesava muito nas suas decisões e, se quisessem ser sinceros, o fato de ela ser uma mulher. No entanto, como era Hanna que liderava o clã presentemente, eles nunca o admitiriam…a não ser que quisessem morrer.

Yoru era o candidato ideal. Mesmo vindo de uma relação entre um demónio e uma humana, ele era completamente demónio e, mesmo que não tenha sido devidamente treinado, era muito poderoso.

Eram muitos pontos contra Hikari mas, no fim, para surpresa de Hanna, podia ser Hikari a sucessora de Sesshomaru. Eles deram explicações. Ela era suficientemente forte para cuidar do clã e, pelos vistos, suficientemente autoritária para ganhar o respeito dos membros do clã. Claro que teriam de submeter a informação aos restantes membros do clã, mas aquela era a decisão final.

Hanna podia acreditar em tudo o que eles estavam a dizer, se já não comandasse o clã há centenas de anos. Era óbvio que não tinham escolhido Hikari pelas razões que lhe tinham dito.

Hikari tinha o apoio dela e do filho. Em outras palavras, tinha o apoio da líder e do futuro líder do clã. Mesmo que se opusessem e escolhessem Yoru e mesmo que o resto do clã também o aceitasse, eles ficariam para sempre do lado errado de Hanna e de Sesshomaru. Coisa que eles não queriam fazer.

Provavelmente tentariam fazer Sesshoumaru mudar de ideias quando ele fosse o líder do clã, mas isso não aconteceria e, pela primeira vez na história daquele clã, uma mulher comandaria o clã por escolha do líder e aceitação do conselho.

E apostava que aquilo estava a deixar o conselheiro chefe com os cabelos de pé.

Rin também seria a primeira humana e sacerdotisa a governar um clã de demónios quando Sesshomaru subisse ao “trono”, por isso podia-se dizer que Hanna estava satisfeita e mais do que ansiosa para lhes contar.

Queria ver um sorriso na cara do filho outra vez. Ou, pelo menos, felicidade a brilhar nos olhos dele quando dissesse que a família inteira podia ficar descansada.

Sesshomaru decidiu deixar o monge e a sacerdotisa viverem. Se calhar estava a ficar mole por passar tanto tempo com Rin, mas Chronos e Aion apareceriam em breve, disso ele tinha a certeza.

Mesmo sem matar uma única alma, Sesshomaru tomaria aquela vila como sua, com a ajuda do filho. Um evento tão grande que afetaria dezenas de vidas não agradaria a Chronos e a Aion e então eles viriam. Daquela vez, ele não os ia deixar fugir.

Com o sol quase a nascer, Sesshomaru entrou no quarto quase com um sorriso nos lábios.

— O que é que se passa? – perguntou Sesshomaru, quando viu Yoru de cabeça baixa e Rin de mãos dadas a Hikari – Ela piorou?

Rin olhou para Sesshomaru com traços de lágrimas no rosto. – Ela não está a respirar.

Sem se mexer, Sesshomaru olhou para Yoru quando este cobriu os olhos com um braço e depois para Hikari. Pequenos raios de sol apareceram no horizonte e bateram na face pálida de Hikari, como se estivessem a gozar com ele.

Mesmo sendo de dia, pensou Sesshomaru, nem as orelhas nem as marcas de Hikari tinham aparecido. O sangue já tinha parado e estava agora seco nas folhas medicinais.

Sesshomaru aproximou-se e ajoelhou-se à beira da filha, do lado oposto do futon. Afastou o cabelo que ela tinha na cara e olhou seriamente para ela.

— Devemos enterra-la na vila do bastardo? – perguntou Sesshomaru, surpreendendo Rin e Yoru.

— O que é que está a dizer!? – gritou Yoru, olhando para o pai – Ela acabou de morrer e já quer enterra-la!? Não tem uma única emoção!? Era você que estava sempre a dizer que tinha orgulho que ela fosse a sua herdeira!

— Não adianta chorar por uma coisa que não pode ser desfeita. – replicou simplesmente Sesshomaru.

Chateado e com lágrimas nos olhos, Yoru deixou o quarto rapidamente. Já Rin, em vez de gritar, olhou simplesmente para ele. Apesar de não mostrar nenhuma emoção na cara, Rin já tinha visto a mão dele, a apertar a mão da filha subtilmente, para que ninguém notasse.

Rin levantou-se, seguida pelo olhar de Sesshomaru.

— Eu vou… - Rin limpou as últimas lágrimas que tinha nos olhos – Eu vou ver se temos alguma coisa apropriada para ela vestir.

Sesshomaru limitou-se a voltar o olhar para a filha, enquanto Rin saia do quarto.

Finalmente, quando se viu sozinho, vergou-se um pouco, encostou a sua testa à testa de Hikari e fechou os olhos.

Seria agora que Jaken choraria por sua vez, certo?


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Notas finais do capítulo

Nada de perguntar "Porque é que ele não usou a Tenseiga?"
Fica para o próximo capítulo.
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