Sesshomaru - Luz E Escuridão escrita por Mirytie


Capítulo 4
Capítulo 4 - Linha Horizontal


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/247383/chapter/4

Passaram-se horas.

O sol já se tinha posto e as pessoas na sala-de-espera, ou tinham ido embora ou tinham adormecido. Até Inuyasha estava a ressonar mas Sesshomaru estava acordado atento a todas as enfermeiras e doutores que passavam pelo corredor. No entanto, ninguém lhe dava notícias de Rin.

- Ela ainda vai demorar. – disse Inuyasha, com os olhos ainda fechados – Devias descansar.

- Só os fracos é que precisam de descansar. – replicou Sesshomaru, chateando o irmão que, apesar disso, não disse nada – Não precisas de estar aqui. Aquela rapariga precisa mais de ti do que eu.

- Referes-te à Kagome? – perguntou Inuyasha, suspirando e espreguiçando-se – Mesmo que eu estivesse lá, não podia fazer nada por ela.

- Então ela ainda é mais prestável do que tu. – comentou Sesshomaru, vendo o irmão a abrir os olhos – Quando a tua companheira está prestes a dar à luz, é natural que estejas ao lado dela, mesmo que ela diga que não precisa.

Inuyasha ignorou a primeira parte do comentário e fechou os olhos outra vez. Pensou que era aquilo que ele fazia com Rin e um arrepio percorreu-lhe a espinha. Não conseguia imaginar o irmão a fazer uma coisa assim mas, a verdade, era que já tinha feito coisas mais inacreditáveis.

- A Kagome deve querer notícias da Rin. – disse Inuyasha – Não ia gostar se voltasse sem nada.

Aceitando a justificação do irmão, Sesshomaru voltou a concentrar-se no corredor.

Quando um médico entrou na sala-de-espera e dirigiu-se a ele, Sesshomaru levantou-se e, mais uma vez, obteve a atenção de todas as mulheres na sala. Inuyasha seguiu o exemplo do irmão, porque não gostou da expressão pesada do doutor e queria impedir Sesshomaru de matá-lo se as noticias não fossem as melhores.

- Senhor Sesshomaru. – começou o médico – Infelizmente, a sua esposa perdeu muito sangue durante o parto e o coração parou quando estávamos a tentar parar a hemorragia. Conseguimos reanimá-la, mas o cérebro ficou muito tempo sem oxigénio.

- O que é que isso quer dizer? – perguntou Inuyasha, já que Sesshomaru continuava a olhar para o médico sem qualquer expressão.

- Quer dizer que não temos a certeza de quando é que ela vai acordar…ou se ela vai acordar. – esclareceu o doutor – E, mesmo que acordar, pode ter danos cerebrais irreversíveis.

- E o que é que podemos fazer? – perguntou Inuyasha.

- Por enquanto, nada. Ela consegue respirar sozinha e o coração está em boas condições mas, se o cérebro não recuperar… - o doutor parou a meio, achando que não precisava de dizer mais nada – Isto não foi provado mas, alguns acreditam que, se a pessoa em questão ouvir vozes familiares, pode acordar mais depressa. Se quiserem tentar, ela está na ala de recobro, no quarto 107.

Ainda em silêncio, Sesshomaru contornou o doutor e saiu da sala-de-espera. Em cinco segundos estava fora do hospital.

Entretanto, o doutor abanava a cabeça. – O que é que se passa com a atitude dele? Acabei de lhe dizer que a mulher está praticamente morta e ele vai-se embora?

Tal como o doutor, as pessoas na sala-de-espera sussurravam sobre a frieza de Sesshomaru. Apesar de não puder fazer nada, Inuyasha voltou a sentar-se na cadeira, confiante de que o irmão voltaria.

Sesshomaru subiu as escada do templo e entrou na casa de Kagome sem sequer pedir.

- Ah, Sesshomaru-san. – a mãe de Kagome, que tinha acordado há alguns minutos, saiu da cozinha e foi ter com o demónio – Como é que está a Rin-chan?

- Onde é que está a Rin? – perguntou Sesshomaru, ignorando a pergunta da mulher.

- Ela está a tomar banho. – respondeu ela – Não conseguia dormir, por isso decidi preparar-lhe algum leito morno. Quando a Kagome tinha dificuldade em adormecer, um bom copo de leite morno tratava sempre do problema. Se quiser, também preparo algum para si.

Ignorando a mãe de Kagome mais uma vez, Sesshomaru foi-se sentar nas escadas, à espera que Hikari descesse.

- Papá! – exclamou Hikari, surpreendida por ver o pai ali – Onde está a mamã?

- Vem comigo. – disse Sesshomaru, simplesmente, depois de se levantar – Precisas que te leve, ou consegues andar sozinha?

- Eu consigo andar sozinha! – disse Hikari, com determinação, cruzando os braços por cima do vestido amarelo que a mãe de Kagome lhe tinha emprestado.

- A tua roupa está quase pronta, Hikari-chan! – avisou a mãe de Kagome, antes de eles saírem – Não se esqueçam de vi busca-la quando voltarem!

- O que é que se passa? – perguntou Kagome, aparecendo à porta da cozinha – Pareceu-me ouvir o Sesshomaru.

- Ele veio buscar a Hikari. – confirmou a mãe, puxando uma cadeira para a filha se sentar – Agora, que tal um copo com leite morto?

- Espero que não tenha acontecido nada de grave. – disse Kagome, aceitando o copo.

Sesshomaru e Hikari chegaram ao hospital rapidamente, mas pararam de correr quando entraram no edifício.

Pai e filha chamaram imediatamente a atenção de toda a gente presente. Apesar de Hikari ter amarrado o cabelo com uma fita, de maneira a tapara as orelhas, era a beleza invulgar que atraia os presentes.

Sesshomaru dirigiu-se diretamente ao quarto 107 em silêncio, sem explicar nada a Hikari. Ela também não perguntava nada. Confiava no pai. No entanto, quando entrou no quarto e viu a mãe deitada na cama com os olhos fechados e uma agulha espetada no braço, Hikari não conseguiu ficar calada.

- O que é que a mamã tem? – perguntou imediatamente – O que é que os curandeiros lhe fizeram!?

- Ela precisa de ti, Hikari. – disse Sesshomaru – Ela está muito doente e só tua voz pode curá-la.

- A sério? – perguntou Hikari, desconfiada.

- A sério. Foi o curandeiro que disse. – garantiu Sesshomaru – Por isso, tens que ficar aqui e falar com ela.

- Eu vou falar com ela! – disse Hikari, imediatamente – A mamã vai acordar assim? Quanto tempo é que vai demorar?

- Tens de ter paciência. – Sesshomaru tirou o casaco e colocou-o por cima de Rin – Ela está num sono muito profundo. Vai demorar algum tempo.

- Não importa. – disse Hikari, sentando-se na cadeira que o pai colocou ao lado da cama de Rin – Eu tenho muito tempo. A avó está a cuidar do Yoru, afinal.

Sesshomaru tinha-se esquecido completamente do seu recém-nascido. Apesar de ele estar na companhia da sua mãe, receava que aquele bebé não fosse do tipo a que a sua mãe estava habituada. Não acreditava que, aquele poder que tinha sentido durante o parto, se tivesse dissipado de um momento para o outro.

Mas não podia voltar agora. Não enquanto Rin estivesse naquele estado. E também não podia mandar Hikari de volta depois de ter visto o sangue na roupa dela. A única opção era ficar ali até que Rin acordasse e esperar que a mãe não fizesse nada irresponsável, enquanto ele estava fora.

Mas era exatamente isso que Hana estava a fazer, ao trazer todos os seus lacaios para procurar a bruxa de uma maneira mais rápida e eficaz, enquanto ela ficava sozinha na mansão de Sesshomaru para cuidar de Yoru.

No entanto, apesar de toda a matilha andar atrás dela, a bruxa sabia como se esconder. Tinha vigiado o Sesshomaru-sama durante muitos anos sem que ele notasse, não seriam aqueles simples servos a apanhá-la.

Em vez das buscas em seu nome, era o bebé que a preocupava. Achava que Hana ainda não tinha notado, mas aquela criatura emanava uma aura negra bastante poderosa. Quase tão poderosa quanto a de Sesshomaru. Com a idade, naturalmente tornar-se-ia mais forte e, se isso acontecesse, ela teria que sair daquele país.

E depois havia aquele problema com Hikari. Aquele poder selvagem que tinha presenciado era fantástico e podia ser usado em seu favor. Afinal, a meia-humana podia não ser tão inútil como ela tinha pensado a princípio. Com algum treino, até podia enfrentar o irmão, um dia e, se o dia chegasse em que o filho se tornasse mais forte que o pai, ela iria precisar de alguém que fosse mais forte que o filho.

O problema seria arranjar uma maneira de controlar a rapariga. Para começar, ela era muito nova para as poções que tinha mas, se bem se lembrava, havia uma maneira.

Se a matasse e a trouxesse de novo à vida como sua serva, não precisaria de preocupar-se com traição ou se as poções resultavam nela. Para matá-la, havia mil maneiras. Só tinha que a afastar do pai.

Enquanto Hikari falava incessantemente com a mãe, Sesshomaru permanecia encostado à porta do quarto, do lado de fora, pensando numa maneira de apanhar a bruxa que tinha dado a poção a Rin.

Sesshomaru sabia que havia uma bruxa que o seguia há muito tempo, mas não se preocupara o suficiente para se livrar dela. Se tinha sido essa bruxa a entregar a poção a Rin, a culpa de ela estar presa àquela cama era dele.

Quando voltasse, certificar-se-ia que ela acabava morta.

No entanto, naquele momento, tudo o que importava era Rin e não sairia dali enquanto ela não acordasse.

- Estás bem? – perguntou Inuyasha, aproximando-se. Mas Sesshomaru não respondeu – A Rin está lá dentro, certo? Fizeste bem em trazê-la aqui. Tenho a certeza que a Rin vai acordar depois de ouvir a voz da filha.

- Não preciso que me confortes. – disse Sesshomaru, quando o irmão sentou-se no chão, ao lado da porta – E não sei o que é que ainda estás aqui a fazer.

- Precisas de alguém para libertar a raiva. E esse tenho sido eu durante muitos anos. – disse Inuyasha – Até eu tenho os meus momentos, de vez em quando.

- A humana amoleceu-te. – comentou Sesshomaru, mas sentou-se ao lado de Inuyasha – Sabes que só não te mato porque tens que criar o teu herdeiro, antes, não sabes?

- Claro, claro. – disse Inuyasha, fechando os olhos – Quando eu criar o meu herdeiro, vamos ter aquela batalha que temos adiado durante tanto tempo.

Inuyasha abriu os olhos e olhou para o irmão, estranhado a falta de comentário e viu-o com os olhos fechados, claramente a dormir. Inuyasha sorriu, levantou-se e começou a dirigir-se para a saída do hospital.

Estava na altura de fazer alguma coisa pelo irmão…pela primeira vez.

Hikari falava sem parar, às vezes sobre coisas sem sentido, apenas para que a mãe reconhecesse a sua voz, tentando conter as lágrimas porque o pai podia entrar a qualquer momento.

Mas, apesar de Hikari estar empenhada no seu trabalho, Rin não conseguia ouvir a voz da filha. A única coisa que sentia, no meio da escuridão na qual estava perdida, era o casaco de Sesshomaru por cima dela, e o cheiro familiar do seu amado.

Tinha sido ela a escolher acompanhá-lo, tinha sido ela a implorar que ele a usasse para criar um herdeiro e tinha sido ela a cometer o erro de aceitar a poção daquela bruxa. Como é que podia deixá-lo sozinho com duas crianças?

No entanto, não conseguia sair, não tinha forças, não conseguia mexer-se, nem sequer sabia onde estava ou o que tinha acontecido. Estava completamente desnorteada.

Provavelmente Sesshomaru deixaria o bebé com Hana e Hikari já era forte suficiente para viajar com o pai. Se pensasse no assunto, ela não era precisa de todo. Não havia razão para se agarrar àquela réstia de esperança.

Não havia razão para continuar a lutar.

Sesshomaru acordou, surpreendido por ter adormecido daquela maneira e com os paços que se dirigiam rapidamente para ali. Decidido a proteger Rin, Sesshomaru levantou-se, barrando a passagem aos doutores e enfermeiras que tentavam entrar no quarto.

- Saia da frente, senhor Sesshomaru! – exclamou o doutor que tinha falado com anteriormente – A sua esposa teve uma recaída.

Afastando-se imediatamente, Sesshomaru viu-os a entrarem no quarto, viu Hikari a chorar, assustado, sem perceber o que se estava a passar, ouviu um barulho irritante e contínuo proveniente de uma máquina que mostrava uma linha horizontal e viu os médicos a tentarem trazer Rin de volta à vida.

Não havia mais nada que ele pudesse fazer por ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sesshomaru - Luz E Escuridão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.