Eleanor

– Só eu que to achando esses dois juntos a coisa mais fofa? – perguntei sorrindo enquanto os observava conversando a alguns metros.

– É. Só. – Danielle respondeu com uma cara não muito boa.

– Mas Dani, eles são tããão fofos, olha só, olha! – apontei empolgada para os dois.

– Você sabe da fama dele... – murmurou enquanto se virava pra mim – Não é possível que ela não tenha aprendido isso com aquele cara.

Ela se referia a Evan, ex-namorado de Bella. Aquele cara é um cretino, só estava com ela por status, dinheiro e outras coisas fúteis. Tanto é que a traiu com a suposta melhor amiga, filho de uma cabra leiteira.

Não creio na hipótese de que ele faria algo que magoasse Annabella, ele parece gostar dela de algum modo.

– Eu acho que o Harry não faria isso com ela. Sabe... É diferente. – verbalizei.

– Mantenho a opinião. – disse e encostou-se no armário.

Dei de ombros e guardei alguns dos livros que estavam em minha mochila.

– Amor!

– Tchutchuco! – o abracei.

– Hã? – perguntou confuso.

– Hãm... Deixa pra lá. – ri levemente e ele me abraçou de lado, passando um dos braços pelos meus ombros enquanto eu segurava em sua cintura.

– Ei casal feliz! – Bella disse sorrindo.

– Olha quem fala... – retruquei e observei sua expressão, parecia nervosa – O que aconteceu?

Ela demorou algum tempo antes de responder, acho que estava pensando no que dizer.

– NãoestounamorandooHarrydeverdade. – disse rápido.

– O que? – perguntamos juntos.

–Eu... Não... Estou... NamorandooHarrydeverdade.

– Já tentou falar mais devagar? Sabe... Assim as pessoas podem entender o que você diz. – Louis parecia que estava conversando com uma criança.

Se bem que a idade mental da Bells é parecida com a de uma criança mesmo.

Fitei-a respirar fundo e olhar em volta, como se o que ela fosse dizer era um arquivo ultra secreto do FBI.

– Eu não estou namorando o Harry de verdade. – sussurrou pôs as mãos na cara, como se fosse se esconder.

– Mas... Mas... – acho que eu estava meio decepcionada pra dizer alguma coisa, talvez porque assim aquele enrustido me deixaria em paz – nem que fosse por algumas horas – com meu Lou-Lou.

– Então aquele filho de uma égua saltitante mentiu pra mim? – Louis perguntou incrédulo, ah não...

– Amor, olha pra mim. – tentei parecer o mais calma possível. Ele não pode explodir. Você não faz ideia do que acontece quando ele descobre contaram mentiras, algumas vezes chega a ser pior que o Zayn.

– Lou, olha pra mim... – pedi novamente, Bella olhava a cena com o cenho franzido – Me ajuda. – sibilei.

– Hãm... – esqueci que ela não sabe dessa característica dele.

– Ele... Não... Me... Contou. – sussurrou entredentes, seus punhos estavam cerrados.

– Boo Bear, por favor... – finalmente! Agora ele estava olhando pra mim. – Com certeza eles têm uma boa explicação. – olhei desesperada pra Bella, esperando que ela entendesse o recado.

E é aí que eu me lembro do quanto ela é lerda. Estava com uma das sobrancelhas arqueadas e só depois de alguns segundos refletindo, se tocou.

– AH! – acho que isso foi um pouco alto – Claro! Nós temos, eu queria ajudar o Harry, não me pergunte o porquê. É... Sabem a Jéssica? – perguntou e esperou que respondêssemos afirmativamente até continuar – Então, ela meio que estava perturbando ele, então eu usei minha mente brilhante – discordo disso. Ri com meus pensamentos, fazendo com que ela se interrompesse e olhasse confusa pra mim. Balancei a cabeça, como um “Não foi nada, continua” e assim o fez. – ok, voltando... Eu com minha mente brilhante – segurei o riso – tive a magnífica ideia de fingir um namoro. Então... Digam olá para Berry! – e terminou tudo forçando um sorriso.

Olhei apreensiva pra Louis, ele estava com a expressão mais relaxada agora. Só então notei que Danielle não estava mais ali, nem sei quando ela saiu.

Depois de alguns segundos extremamente desconfortantes ele finalmente disse alguma coisa.

– Tudo bem, converso com ele depois. – e então eu soltei a respiração que nem havia lembrado de prender.

Jade

Sabe aquela sensação de angústia, em que seu coração vai ficando mais e mais apertado a cada segundo? Sabe?! Eu estou sentindo exatamente isso. Mas no seu caso não é tão ruim, não é? Você não vai morrer com um tumor no coração, e o pior, não vai morrer sem que a pessoa que você ama saiba do seu amor.

Imagino que ele nem me ame do mesmo jeito que eu o amo.

Expirei e inspirei várias vezes antes de tentar dizer alguma coisa. Um nó havia se formado em minha garganta e eu já sentia as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto.

Eu estava imóvel, pálida. Apenas piscava e respirava, nada mais.

– J, olha pra mim. Ei. – Daisy estalou os dedos várias vezes em frente a meus olhos.

Me virei para encará-la, então mais lágrimas começaram a cair.

– Sinto muito. – percebi que ela se segurava pra não chorar, então a abracei.

– Não chora não. – sussurrei enquanto a soltava.

Fitei-a assentir levemente e voltei à atenção ao Dr. Thompson, que tentava disfarçar algumas lágrimas.

– Quanto tempo? – perguntei assim que sequei o rosto.

Ele parecia pensar no que dizer.

– Se você se cuidar e não fizer muito esforço físico e mental, alguns meses. Talvez um ano, mas será difícil. Os remédios terão que ser cada vez mais fortes e também terá que tomar mais doses diárias. – respondeu se recompondo.

Balancei a cabeça absorvendo todas as informações antes de voltar a fazer perguntas.

– E se eu não fizer isso? – perguntei com certo medo da resposta que poderia ser dada.

– Bem...

Bella

Eu sou péssima com mentiras, odeio mentir, acho repugnante. É algo que eu não consigo fazer, já disse que odeio mentir?

Pois eu não resisti e tive que contar pra alguém, sei que eles dois não vão sair espalhando. Louis muito menos, apesar da reação que teve. Eles que se entendam mais tarde.

Não posso deixar de ajudar Harry, eu prometi que o ajudaria até Jéssica desencanar. Espero que não demore.

Flashback

– Harry, não sei se consigo continuar com isso. – fui bem direta.

Ora! Eu o chamei pra conversar, tenho que ser direta.

– P-por quê? – o sorriso que estava em sua face desde que o chamara desmanchou-se.

– Não sei mentir. – escondi o rosto com as mãos.

Não suporto desapontar as pessoas, odeio o sentimento de culpa que vem após. Por isso que odeio mentiras, elas destroem a confiança que você deposita em alguém. É terrível.

– Mas eu... Eu pensei que você ia me ajudar. Por que... Você disse Bella. Disse. E eu... Já sei, não suporta ficar perto de mim, é? Eu sou tão ruim assim de aturar? Por favor, eu não vou mais dizer gracinhas. Não vou ser rude com você. Eu, você... Hãm... Bella, eu preciso de você. Digo... Da sua ajuda. Eu... Por favor, Annabella, eu vou mudar. – É sério que Harry Edward Styles estava, hm... Implorando?

E ele disse tudo tão rápido, parecia desesperado. E também... Com essa cara de cachorro abandonado. Eu não vou deixá-lo na mão.

Suspirei.

– Não Harry, não é isso. É que eu odeio ter que mentir, mas eu comecei com isso, tenho que ir até o fim. Vou te ajudar. – sorri fraco.

Sua face se iluminou, só faltou o coro pra dar aquele “tchan”.

Mas... O que é tchan? Se falar rápido parece sutiã. Tchan, tchan, tchan, tchan, tchan... Hm, vou ficar quieta.

– Sério?! – disse antes de me sufocar num abraço.

– É... Sério... – respondi e mesmo assim ele não me soltou – Harry. Você tá me esmagando. – consegui dizer.

– Ah... Desculpa. – disse ele sem graça enquanto me soltava.

– Tudo bem. – ele continuou me encarando – O que foi?

– Promete que vai me ajudar? – seu sorriso havia diminuído um pouco.

Suspirei novamente antes de responder.

– Prometo. – e novamente vi aquele sorriso.

Me sentia bem em vê-lo sorrindo... Não sei por quê.

Flashback

Vou tentar ao máximo fazer com que minha promessa seja cumprida ou eu não me chamo Annabella Stewart.

Jade

Aquela sala de consultório já estava me dando náuseas. Eu esperava o doutor responder minha pergunta.

– Bem... – ele me fitou por alguns segundos antes de continuar – Se você não fizer o indicado, talvez tenha apenas algumas... Semanas.

Assenti e controlei as lágrimas que estavam por vir. Agradeci e saí de lá, com Day em meu encalço.

[...]

– Quer comer alguma coisa? – ela me perguntou enquanto caminhávamos sem rumo algum há pelo menos 40 minutos.

Optei por não dizer nada, apenas balançar a cabeça afirmativamente. A segui por dentre as frias ruas de Londres, nem eu mesma sabia onde estava.

Poucos minutos depois e paramos em frente a um restaurante com um clima meio retrô.

[...]

– Não me sinto muito bem. – comentei enquanto terminava de beber meu suco de laranja.

Daisy nada respondeu, apenas pegou minha bolsa e vasculhou a procura de meus remédios.

Peguei o comprimido e engoli junto a um pouco de suco. Era simplesmente horrível, a dor que eu sentia aumentava assim que eu o tomava, apenas alguns minutos depois ela aliviava.

– Talvez eu opte por não seguir as “regras”. – disse me referindo às recomendações do médico.

Observei-a ficar pálida.

– C-como assim? – perguntou. Eu pude perceber certo medo em seu olhar.

– Não quero viver à base de remédios. – respondi.

– E eu não quero viver sem minha cabeça de fósforo. – rimos.

– É muito ruim Day. Muito. – baixei os olhos.

– E quanto ao Niall? – olhei-a.

– Bem, eu tenho que tomar uma decisão.