Capítulo 40

-Então é mesmo verdade? – perguntou Kol. – Tu e Klaus vão mesmo casar-se?

Acenei com a cabeça, sabendo que aquele era um assunto delicado perto de Kol.

-Sim, é verdade. E estás mais do que convidado para o casamento!

Ele sorriu e colocou um braço por cima dos meus ombros.

-Claro que estou! Tu não terias coragem de não convidar o Mikaelson mais lindo para a tua festa.

Gargalhei e coloquei um braço á volta da sua cintura.

-Kol… Sobre o que aconteceu na noite do Baile…

-São águas passadas, Sam. Eu sei que entre marido e mulher não se mete a colher.

-Ainda não estamos casados – admiti, um pouco envergonhada.

-O que é um pedaço de papel? Apenas a comprovação de que se amam muito – disse ele. – E quem vais convidar?

-Queria convidar a minha família humana.

Ele pareceu surpreendido.

-Tens uma família humana?

-Os meus irmãos tiveram filhos, e esses filhos tiveram filhos e por aí fora.

-Eish, Sam, não precisas de me contar esses pormenores da tua família! Eu sei como se fazem bebés – ele sussurrou a última parte no meu ouvido, fazendo-me rir.

-Oh, eu sei que sabes! – exclamei e corei imediatamente.

Parámos e Kol colocou-se à escuta.

-Damon e Elena estão cá – afirmou ele e olhou para mim. – Quero que fiques aqui. Não quero que saibam que estás comigo. Pode ser perigoso.

Acenei com a cabeça, preocupada.

-Está bem.

-Já volto, darling – disse ele, continuando a andar e virando na esquina.

O meu telemóvel tocou e eu atendi.

-Olá, Caroline.

-Já arranjei as flores! São lindas! Lírios e rosas brancas. Também teremos hortênsias e rosas cor-de-rosa bebé. O que achas?

-Perfeito – afirmei.

Ela estava verdadeiramente animada com a festa. Talvez até um pouco mais do que eu.

-E quanto ao bolo?

-Ainda estou à espera que telefonem, mas já tratei do Menu e envio-te daqui a pouco por e-mail, está bem?

-Ótimo! – exclamei. – Mais alguma coisa?

-Não, é só – respondeu ela, desanimada. – Amanhã trato do espaço e do número de convidados. Já encontraste a tua família?

-Vivem em Vancouver. Algo me diz que amanhã já estarei a caminho de lá – respondi.

-Com Kol?

-Sim, com ele – respondi e até imaginei ela a franzir o nariz.

-Klaus não gosta dele – observou ela. – Quero dizer, não perto de ti.

-É um pouco mais complicado do que isso e ele sabe. Não te preocupes, Klaus não vai fazer nada contra o seu próprio irmão. Pelo menos, enquanto eu estiver com ele.

Elena, Jeremy e Damon viraram a esquina a andar determinados na minha direção. Virei-me de costas e continuei a girar quando eles passavam por mim, de maneira a não me verem.

-Tenho que ir. Falamos mais logo.

-Está bem. Até mais logo!

Desliguei o telemóvel e corri para o campo de treino de basebol. Kol estava deitado de barriga para baixo, com um taco de basebol partido a atravessar-lhe o peito.

-Kol! – exclamei e ajoelhei-me ao seu lado. Rodeio-o para ele ficar de barriga para cima e tirei a estaca improvisada do seu peito, atirando-a para um lado qualquer.

Telefonei a Klaus.

-Olá, love – cumprimentou ele.

-Damon e Elena estão cá – informei. – Eles empalaram Kol com um taco de basebol!

-Ele está bem? – perguntou ele, preocupado. – E que fazem eles aí?

-Ele vai acordar – acrescentei rapidamente. – Não sei, mas sei que Jeremy vê fantasmas. Será que eles querem encontrar quem é o Original que os criou?

-É possível. Katerina transformou os Salvatore, quem a transformou foi Rose e quem transformou Rose foi Mary Porter.

-E quem transformou Mary? – indaguei.

Klaus ficou sem voz.

-Klaus? – ele permaneceu calado, mas o seu silêncio dizia tudo. – Tu não fizeste isso.

-Eu estava a sentir-me horrível! – justificou ele apressadamente e Kol começou a ficar com a cor normal. – E ela implorou tanto para ser uma de nós! Samantha…

-Kol vai acordar. Tenho que lhe contar o que se está a passar. É preciso encontrar essa Mary e bem depressa, senão…

Kol tossiu e sentou-se no chão. Coloquei uma mão nas suas costas, amparando-o.

-Tenho de ir – disse e desliguei o telemóvel, guardando-o no bolso do meu casaco. – Kol! Ainda bem que já acordaste!

-Aquele sacana! – exclamou ele, levantando-se logo de seguida. – Ah, Damon vai morrer!

-Kol, acalma-te – pedi e segurei no seu braço, impedindo-o de seguir o rastro deles. – Eu sei o porquê deles estarem aqui.

-E qual é? – ele ficou subitamente interessado.

-Eles querem saber quem criou a sua linhagem.

-Malditos! – gritou e atirou ao chão um monte de tacos de basebol, assustando-me. – Eles não deviam de ter matado Finn! Eles não podiam!

Então tudo o que estava guardado dentro dele desde ontem veio ao de cima. Os seus olhos encheram-se de lágrimas de fúria e tristeza.

Finn tinha morrido ontem à noite. Era tudo muito recente e só recebemos a notícia horas depois, quando o corpo dele foi encontrado por um grupo que tinha ido jantar ao Mystic Grill. A Xerife Forbes falou com Klaus e disse que ia investigar, mas quem podia incriminar alguém por ter morto um vampiro Original aos olhos da Justiça?

O pior de tudo foi descobrir que se um Original morrer, a sua linhagem inteira morre, ou seja, eu tinha que manter Kol a salvo para não morrer logo de seguida. E não podia perder Klaus, ou então o meu Mundo iria desmoronar. Estava num triângulo de Originais em que não me devia ter metido, mas não me arrependo por ter pedido Kol para me transformar. Se tal não tivesse acontecido, eu estaria morta e Klaus não teria ninguém no Mundo a não ser a sua família. Klaus precisava de ser amado, tal como uma criança precisa da atenção dos pais para singrar na vida.

Abracei-o com força e ele soluçou.

-Vai ficar tudo bem, prometo – disse, sabendo que seria praticamente impossível cumprir tal promessa, mas iria tentar.

Kol, Rebekah, Elijah e Klaus não mereciam aquilo. Desta vez o grupo de Mystic Falls tinha ido longe de mais.

©AnaTheresaC