Capítulo 35

-E estás entregue – disse ele, abrindo-me a porta do carro.

-Obrigada, Klaus – falei, saindo do carro e subindo os primeiros degraus da enorme mansão que era a minha casa e a de Bridget.

-Sam…

Virei-me para trás.

-Sim?

-Vais-te embora?

Sorri.

-Tenho motivos para ficar?

Ele parecia tão vulnerável naquele momento, com o rosto um pouco corado e o olhar abandonado, a fitar o chão a seus pés.

-Não sei. Tens-me a mim, se quiseres.

Coloquei uma mão no seu rosto, obrigando-o a olhar para mim.

-E tu, Niklaus Mikaelson? Queres-me a mim?

Ele acenou com a cabeça e deixou escapar uma lágrima do seu rosto.

-O que foi? O que se passa que não me estás a contar?

Prendeu-me nos seus braços, quase não me deixando respirar.

-Não te quero perder. Ao fim destes anos todos, tu foste a única que tiveste motivos para te ir embora. Nunca me abandonaste por motivos injustificáveis.

-Klaus… - abracei-o com força, brincando com os cabelos da sua nuca, numa tentativa de o confortar.

-Tu és a única que me pode destruir. E o que fiz eu? Destruí-te. E mesmo assim voltaste sempre para mim.

-Porque eu amo-te.

-Eu não mereço o teu amor. Não mereço o amor de ninguém.

-Klaus, nunca digas isso! – exclamei, sentindo as lágrimas a queimarem os meus olhos. – Tu és muito melhor do que aquilo que julgas.

-Não, não sou. Sou um monstro. Magoei-te, desfiz o teu amor por mim em mil pedaços, e mesmo depois disso consegues encontrar uma ínfima pista de que nos amámos em tempos.

Afastei-me um pouco dele de maneira a ficarmos cara a cara. As suas mãos continuavam nas minhas costas, prendendo-me a ele.

-Nós não escolhemos quem amamos, Nik. Nunca o fizemos. É uma coisa humana, que se intensifica quando nos transformamos. Tu partiste-me o coração, não o vamos negar, mas de alguma forma, eu volto a erguer-me do chão e volto a amar-te ainda mais. Doentio? Sem dúvida. Mas que posso eu fazer?

Ele deslocou as suas mãos para o meu rosto. As suas palmas estavam tão quentes que queimavam o meu rosto frio.

-Isto é uma doença. Tu és uma droga para mim…

-O que é, Nik? – insisti, sabia que a frase estava por acabar.

-Mas tu és a minha parte humana e muitos dos meus inimigos poderão usar-te contra mim.

Uma luzinha acendeu-se na minha cabeça.

-Foi por isso que me deixaste ao longo dos anos. Tu vias uma ameaça e deixavas-me.

Ele fechou os olhos e acenou lentamente.

-Desculpa, Sam! – apressou-se ele a dizer, e eu abracei-o com força.

-Oh, Nik! Eu nem acredito! Tu sempre me amaste!

-Claro que sim – quem parecia confuso agora era ele. – Alguma vez pensaste o contrário?

Afastei-me dele e dei-lhe um estalo na cara. Ele ficou rígido imediatamente, com rosto virado para a direita.

-Nunca mais me voltas a fazer isso, ouviste bem? – eu estava furiosa com ele, naquele momento. – Se achas que deixares-me de rastos é uma prova de amor, pois então deixa-me dizer-te que se não fossem Bridget, Elijah e Kol, eu não estaria viva hoje.

Ele olhou-me e inclinou a cabeça. Um sorriso diabólico apareceu-lhe nos lábios.

-Essa é a minha Samantha! – pegou-me ao colo e eu entrelacei as minhas pernas na sua cintura.

Beijei-o com desejo. Os nossos problemas, ou pelo menos, o problema da nossa falta de comunicação, estava resolvido. E naquele momento, eu ia amá-lo, sabendo que tudo o que ele fez comigo ao longo dos séculos, foi por me amar.

©AnaTheresaC