-Pensei que estivesse de castigo- falou Harry assim que abriu a porta de casa na tarde de domingo e se deparou com Charlie.

-E tecnicamente eu estou- falou a menina dando de ombros- Para todos os efeitos, eu fui à padaria comprar pão.

Harry riu enquanto se afastava para dar lugar para que a garota pudesse passar. Charlie entrou e se dirigiu diretamente para a cozinha, um lugar extremamente significativo para os dois.

-Então, - falou Harry se encostando a bancada da pia-O que a levou a inventar uma desculpa tão esfarrapada só para sair de casa? Saudades de mim?

-Claro que não!- negou Charlie- Você se acha a última bolacha do pacote.

-E não sou?

-Meu mundo não gira em torno só de você, Harry Styles- Charlie falava com um sorriso
exposto no seu rosto.

Ela estava implicando com Harry, apenas para ver no que aquilo iria levar. Ela estava com
saudades sim, mas não ia admitir jamais essa verdade.

-Sério. O que você veio fazer aqui?- perguntou o menino.

-Por quê? Já quer me expulsar?

Harry revirou os olhos.

-Claro que não- disse- Eu só quero saber se você tem algo importante a me dizer. Porque se não tiver, podemos pular essa parte e começar logo a nos pegar.

Charlie gargalhou alto.

-Eu não vim aqui para me agarrar com você.

Harry fez cara de decepção.

-Então porque veio?

-Para tratar de assunto muito importante.

-E o que é tão importante que não pode ser discutido entre nossos beijos?

-Olivia e Liam.

Harry parou de repente.

-O que têm eles?

-Nós precisamos fazer alguma coisa.

Harry se desencostou da bancada e foi em direção a geladeira, onde começou a procurar
algo que pudesse comer. O menino estava visivelmente desinteressado e Charlie notava isso.

-Harry, ele é seu amigo.

-Eu sei que é- falou Harry- Mas porque eu iria quere me meter em um assunto que não me
interessa?

-Porque os dois se amam e merecem ficar juntos- falou Charlie- E alguém tem que mostrar
isso a eles porque eles são idiotas bastante para não perceber.

-Como nós dois-falou Harry.

-É, como nós dois!

-E ninguém nos ajudou.

Realmente, ninguém tinha ajudado os dois, não porque não quisessem, mas porque tanto a
garota como o garoto não queriam escutar os conselhos dos amigos. E era por ter experiência própria no assunto, que Charlie sabia que seria pior se os dois não se acertassem.

Olivia e Liam estavam sofrendo, e muito. Mas nada iria se comparar com a dor que ambos sentiriam depois, quando percebessem que não haviam tomado a decisão certa.

E Charlie queria evitar que os amigos chegassem a sentir isso.

-Harry, nós deveríamos fazer isso pelo bem deles.

-E como você sabe que será para o bem deles?- perguntou Harry

-Porque eles se amam, mas não veem isso- respondeu Charlie- Como nós dois, eles precisam de alguém para forçá-los a ver o que escondem dentro de si mesmos.

-E como vamos fazer isso?

-Você ainda tem a chave da sala dos zeladores?

A sobrancelha de Harry se ergueu um pouco, o que a menina estava pensando? Ele estava receoso da ideia dela.

-Tenho, por quê?

-Bom, eu já falei com o Louis. Você e ele irão convencer o Liam a ir para a sala, e eu e a
Carol iremos fazer com que a Olivia vá para lá também.

-E aí?

-Aí a gente prende os dois e deixa eles se resolverem.

Harry riu.

-E vai dá certo?

-Se não der certo, temos um plano b.

Harry balançou a cabeça em concordância, mesmo achando aquilo um pouco meio maluco. Mas fazer o quê? Era Charlie que estava pedindo, e ele seria capaz de fazer qualquer coisa para aquela garota. Ainda mais agora em que tentava arrumar as coisas.

-Já que estamos de acordo com eles, porque não falamos de nós?

-Porque não há nada para se falar.

-Com não?- Harry a encarava com uma expressão de surpresa no rosto. Como ela poderia agir assim depois de tudo.

-Harry, eu não quero apressar as coisas.

-Mais apressadas do que já estão?- falou o menino- Charlie, nós dormimos juntos, isso já é um passo enorme.

-Eu sei, mas...- Charlie parou de falar.

Como explicar aquilo para o garoto?

Ela queria muito assumir o namoro, queria poder sair dizendo que as coisas entre eles
estavam acertada, mas não podia. Não queria dizer que estava namorando o Harry e uma semana depois não estar mais. Ela não queria dar falsas esperanças para as pessoas, nem para ela mesma. Ela queria ir com calma, um passo de cada fez, não queria atropelar tudo.

-Ok, Ok- falou Harry indo em direção a sala.

Charlie a seguiu. O menino estava decepcionado, e chateado com ela, mas a garota não ia mudar as suas convicções. Harry deveria aceitar isso.

O menino estava jogado no sofá, com o controle na mão e mudava de canal constantemente. Charlie sentou no sofá ao seu lado, e olhou para a televisão sem na verdade prestar atenção.

-Sua mãe não vai brigar contigo?- falou Harry em um determinado momento.

-Eu digo que a padaria estava cheia- falou dando de ombros.

-Mas você vai chegar sem pão.

A menina não havia pensado nisso. E agora?

Harry riu.

-Tem pão aí, leva o que tiver- Charlie já estava agradecendo o menino quando ele acrescentou- Mas isso vai ter um custo.

-Qual é o preço?
-Um beijo

-Só um?- falou Charlie estranhando o preço baixo.

-É

Charlie se aproximou para dar o beijo. Foi quando o Harry a puxou pela mão e a segurou em seus braços. Ele beijou o topo de sua cabeça e foi descendo aos poucos.

Beijou sua bochecha, a ponta da sua orelha, o pescoço e a parte onde ombro e pescoço se
encontram. Depois fez o caminho inverso, onde terminou em seus lábios.

Ele começou dando pequenos selinhos, logo após, ele forçou os lábios de Charlie a se abrirem e inseriu a sua língua.

Charlie apertava o braço do garoto com entusiasmo, ela estava gostando e Harry notava isso.

Mas quando as coisas estavam começando a esquentar, o menino se afastou.

-Acho que já está na hora de você ir.

Charlie o encarou visivelmente desapontada. Agora que estava ficando bom.

A menina foi para a cozinha, pegou os pães e voltou para sala.

-Tchau- ela disse beijando o pescoço do garoto.

Harry respondeu a despedida quando a menina já estava do lado de fora. Ele estava chateado por Charlie não querer assumir o namoro. Chateado e preocupado.