PIPER

A viagem até o acampamento foi curta e silenciosa.

Eu fiquei abraçada com Jason, assim como Frank estava com Hazel. Felizmente, Percy e Leo não estavam fazendo o mesmo, já que isso seria MUITO estranho.

Quando chegamos, encontramos um semideus que eu não conhecia. Ele era alto, loiro e tinha olhos castanhos claros. Era um garoto bem bonito, para dizer a verdade, mas resolvi deixar essa informação só para mim, afinal, agora eu tinha um namorado. Oficialmente.

O garoto nos observou com um olhar desconfiado.

– Quem são vocês? – Perguntou.

– Eu sou Percy Jackson, e esses são Jason, Piper, Frank, Hazel e Leo. – Disse Percy. O garoto ergueu os olhos.

– Ah... Desculpem-me! – Disse nervoso. – Eu sou Bryan, filho de Apolo. Sou novo aqui, mas já ouvi muito falar de vocês. Entrem, por favor! Não, esperem... É melhor eu avisar o Senhor D...

– Não se preocupe com isso. – Falei. – Ele não vai se incomodar.

Bryan deu mais um olhar nervoso, mas concordou e nos deixou passar. Estava de madrugada, então todos estavam dormindo, o que imagino ter facilitado. Não ia ser legal ter todos os campistas gritando e pulando em cima de você depois de você ter batalhado contra centenas de mortos-vivos.

– O que faremos agora? – Perguntei, quando entramos.

– Eu não sei. Acho melhor não irmos para os nossos chalés, se não já viu. As pessoas vão ficar em cima, e vai levar muito tempo para nos organizarmos. – Disse Leo. Olhei para ele, surpresa.

– Organizado, Leo? Uau, que mudança. – Falei. Jason deu uma risadinha. – Mas eu acho que você esta certo. Melhor irmos dormir na casa grande.

Seguimos em silencio para a Casa Grande. Estava tudo escuro, então pedi para que Leo acendesse uma chama. Ele revirou os olhos e acendeu, e, quando fez isso, uma imagem total e abominavelmente assustadora apareceu na nossa frente.

Um centauro com bobs no rabo e nos cabelos nos fitava de olhos arregalados.

– O que estão fazendo aqui??? – Quíron perguntou.

Leo caiu na gargalhada. Jason e eu viramos o rosto, na tentativa de não rir. Quanto a Percy, Hazel e Frank encaravam Quíron horrorizados.

– Eu achei que era mentira! – Disse Percy, rindo.

– Já pensou em fazer uma permanente? – Zombou Leo, entre as risadas.

– Parem com isso! Será que dá pra me explicar o que está acontecendo? – Quíron olhou para nós, e uma expressão de duvida passou por seu rosto. – Onde está Annabeth?

Percy parou de rir na hora, com Leo seguindo seu exemplo.

– Não me digam que ela... – Murmurou Quíron, agora preocupado.

– Não. – Falou Percy. – Sei que ela está viva. Quíron, viemos do Mundo Inferior. Fechamos as Portas da Morte. Precisamos ir para a Grécia o mais rápido possível, acho que Annabeth está lá.

– Esperem. Vão descansar, e amanhã resolveremos isso. Tenho algumas novidades que podem ser uteis. Durmam, e amanhã conversamos.

Eu fiquei aliviada por Quíron ter nos mandado dormir. Não queria resolver nada agora.

Fomos para o dormitório. Os outros dormiram rapidamente. Olhei para a cama de Jason, e percebi que ele também me olhava. Sorri para ele, e ele movimentou os lábios em um “eu te amo” que quase fez meu coração parar de bater. Fiz o mesmo que ele, e em alguns minutos depois, apaguei totalmente, em um sono sem sonhos.

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– Piper? Piiiiiiiiiipeeeeeeer... – Chamou Leo.

– Que é... – Resmunguei, com a voz abafada.

– A reunião do conselho! O seu adorado Jason já está lá, então é melhor se apressar. Só falta você e a Hazel. Por que as mulheres demoram tanto? – Ele perguntou.

Levantei-me num salto. Tinham algumas roupas para nós, e vesti um short preto com a camiseta laranja. Fui para a sala de reuniões, e realmente só faltava eu. Hazel tinha acabado de chegar, e sentava ao lado de Frank. Fui para a cadeira ao lado de Jason, e, discretamente, dei um selinho nele. Quíron pigarreou.

– Ah, qual é. Eles acabaram de assumir o namoro! – Reclamou Leo.

– Nossa, que interessante. Dois jovens semideuses apaixonados, Jonathan e Pietra. – Disse o Senhor D.

– Jason e Piper, senhor. – Falei. Percy riu.

– Não importa. Semideuses, contem a história de vocês. De novo. Essa rotina ainda me mata. – Disse Dioniso.

Percy fez um pequeno resumo do que havia acontecido nos últimos dias, e Quíron ouviu pacientemente, sem se impressionar. Assentiu, e começamos a discutir o que devia ser feito agora.

– O mais sensato é vocês partirem para Grécia imediatamente. Mas antes, devo contar. Todos os chefes de chalés foram para a viagem, e houve alguns contratempos. Gigantes foram mortos, o que é bom. Gaia mandou seu exercito para Grécia assim que descobriu a nossa estratégia, e presumo que os únicos gigantes que ainda permanecem vivos são Efialtes e Alcioneu. Não temos mais como nos comunicar, com a deusa Íris sequestrada, mas as ultimas noticias que eu soube foi as das Caçadoras terem partido na frente, na intenção de se separar das Amazonas, com quem tinham constantes brigas. E também que, quem está liderando o nosso exercito de semideuses é Reyna e Clarisse.

– Não estou surpreso. – Disse Percy.

– Ao que parece elas estão se dando muito bem. – Quíron disse, com uma risada irônica. – Mas, agora, a pergunta crucial. Como vocês vão para Grécia? Não tem mais o Argo II. Não creio que o barco de Caronte possa ajudar mais do que isso.

– Não sabemos Quíron, mas qualquer coisa... – A fala de Percy foi interrompida quando a porta da casa grande foi aberta com um estrondo. Ouvi alguns gritinhos do lado de fora, e reconheci o homem que acabara de chegar. Alto, lindo, loiro, quente... Ops. Preciso controlar minhas coisas de “Filha de Afrodite”.

– Apolo! Que surpresa desAGRADÁVEL! – Disse Dioniso, com falso entusiasmo.

– Sei. Esses semideuses me devem uma coisa! – Apolo falou, fechando a porta. – Esqueceram-se do que sua amiguinha loira fez? Ela roubou o meu carro!

– HÁ! HÁ! HÁ! – Gargalhou Dioniso. – A jovem Anna Bell? HAHAHA, sempre soube que eu treinei bem aquela menina!

– Como assim Annabeth roubou seu carro? – Perguntou Quíron.

– Eu não tenho tempo para explicar, Ok? Alguns países da América do Sul estão congelando, e tenho certeza que irá nevar. Nos países tropicais! Isso é um desastre!

– Tá, mas o que você esta fazendo aqui se devia estar fazendo seu trabalho? – Perguntou Leo.

– Querido filho de Hefesto. – Começou Apolo. – Eu acho que já mencionei que vocês me devem um servicinho. A lourinha lá roubou o meu carro, e a partir daí, ele não está funcionando direito! Ou seja: Agora vocês me devem dois serviços!

– Annabeth nunca se deu muito bem com automóveis mesmo... – Comentou Percy, distraído.

– Devo fazer um haicai sobre isso. – Falou Apolo. Todos murmuravam reclamações, negando. Apolo levantou a mão, e se concentrou:

“A loura rebelde rouba o carro sagrado

Do deus olimpiano mais desejado

Seis semideuses irão pagar

Enquanto Apolo vai para praia se bronzear” *

– O que? – Exclamou Jason. – Então nós vamos fazer o serviço pesado enquanto você se bronzeia?

– É, hum... É, é isso mesmo. – Apolo concordou. – Vou usar uma das minhas técnicas infalíveis e levar vocês para Roma. Consertem o que foi quebrado, e depois, façam o que quiser.

– Mas Gaia esta para despertar! Os deuses olimpianos vão cair! – Eu disse.

– Filha de Afrodite, eu não queria decepcionar uma bela dama como você. Mas se você visse quantas pessoas desabrigadas estão, não negaria que Roma precisa de ajuda. Como vão fazer, eu não sei.

Fiquei aborrecida. Ninguém ali sabia o que pensar, muito menos eu. Até que Percy sorriu, triunfante.

– Já sei! Nos leve para o Empire State, preciso falar com uma deusa em particular. – Falou.

– Quem? – Perguntou Jason.

– Depois. Leve-nos para lá, Apolo, e depois vamos para Roma, eu prometo. Juro pelo Estige.

Apolo olhou desconfiado, mas aceitou. Antes que nos levasse para lá, Quíron nos deu algumas coisas, como Ambrosia e Néctar, comida, dracmas e dinheiro mortal. Nos desejou boa sorte e, assim, partimos.

Foi como a primeira vez. Apolo nos teletransportou para o Empire State, e devo confessar que odiava quando ele fazia isso. Nunca fui fã dos poderes dos deuses, mas aquilo ali era demais. Por que não podíamos simplesmente ir voando, ou de barco, ou o que quer que fosse?

– Seiscentésimo andar! – Disse Percy. O porteiro deixou-nos entrar, e nos esprememos no elevador.

– O que pretende fazer, Percy? – Perguntou Jason.

– Os desabrigados. Jason, é sobre isso que se trata. As casas foram destruídas, os abrigos, os lares. Quem você acha que devemos pedir ajuda?

Entendi na hora o que ele quis dizer. Não posso negar que achava Percy muito inteligente, apesar de Annabeth ter contado algumas histórias sobre ele, quando estava desaparecido. As histórias geralmente me faziam pensar em alguém demasiadamente lerdo.

As portas do elevador se abriram, e corremos. Avistamos uma pequena fogueira perto das portas para o Olimpo, e uma mulher se sentava perto daquela fogueira, pensativa. Na verdade, ela aparentava ter uns 12 anos. Tinha pele branca, cabelos avermelhados e olhos vermelhos, como o fogo. Quando nos viu, sorriu, e fizemos uma breve reverencia.

– O que desejam, semideuses? – A mulher disse, com a voz doce.

– Lady Héstia. – Disse Percy. – Precisamos da sua ajuda.