- O que foi? – ele me encarou – Já tirei a tampa.

- Não tem copo? – logo que acabei de perguntar, ele gargalhou, uma gargalhada gutural que me irritou por um instante.

- Esqueci que era da cidade...

- Ainda sou. – o interrompi.

- Ok. – ele deu de ombros me ignorando – Aqui bebemos na boca da garrafa.

- Na boca? – arregalei os olhos.

- É, não se preocupe. A bebida fica até mais gostosa. Principalmente o Rum. – ele mordeu os lábios – Opa. – ele ergueu sua mão enorme – Meu nome é José.

- O meu é Sara. – sorri.

- Engraçado! – ele balançou a cabeça pegando um cigarro e acendendo.

- O que? – levei a garrafa até a boca, dando um gole.

Balancei a cabeça quando desceu queimando, e isso me fez lembrar-se de anos, anos e anos atrás quando sai com meus amigos e andamos pelas ruas bebendo, tudo na boca da garrafa, compartilhando da mesma bebida...

- A minha mulher às vezes fala de uma tal de Sara. E olha só, conheci uma Sara!

- Coincidência hen. – dou outro gole daquele rum que realmente era bom, depois da queimação que ele aplicava em minha garganta.

- Sim. – ele riu.

Fiquei longos minutos conversando com José ou talvez fosse até horas. Depois de ele me perguntar pela quarta vez, decidi aceitar seu cigarro, que também era compartilhado.

Há muito tempo que eu não bebia então eu estava meio tonta.

Eu estava rindo, melhor, dando longas gargalhadas que poderia acordar a todos que estavam dormindo em seus quartos perto dali.

- José?! – uma voz formosa vinha de trás. Eu e José olhamos pra trás vendo uma mulher alta bonita, mas... mas com bigode o que me fez cair na gargalhada. José me acompanhou, rindo junto comigo – Quem é essa rapariga José?

A mulher de bigode andava em nossa direção ficando mais furiosa a cada segundo que riamos mais.

Cai por cima de José de tanto rir, e é claro que ele me segurou pra que eu não caísse no chão.

- Por que esta rindo tanto Sarinha? – José tentava não rir mais.

-Sarinha? – A mulher gritou cruzando os braços.

- É que ela parece com a Annita! - encarei a mulher tentando não rir mais.

Ele que me fuzilava com o olhar, agora franziu o cenho e me avaliava.

- Mas como você adivinhou o nome da minha esposa? – ele me olhou.

- Sara? Sara Sidle? – encarei a mulher parando realmente de rir.

Esfreguei os olhos com a palma da mão, largando a garrafa de rum já vazia, estreitei os olhos.

- Ai meu Deus, Annita?

- Então você é a tal Sara? – José se afastou um pouco sorrindo, gostando daquilo.

Annita parecia se tremer toda, cheia de raiva.

- Você roubou meu Nick, meu namorado, meu Nick Stokes. – ele berrou – Levou ele pra longe de mim e agora esta tentando roubar meu marido?

- O que? – franzi a testa, estava meio tonta – Não roubei ninguém de você! Se ele não te quis, foi por causa desse... Desse seu bigode. – eu ri, fazendo José rir logo depois – E só para constatar, eu só estava conversando com José e estávamos bebendo como amigos. – pisquei pra ele.

- Vou arrancar seu coro.

Arregalei os olhos me ajeitando pra correr dela.

- Sua vadia, venha aqui! – parei quando ouvi essas palavras.

Parei virando pra Annita que tinha o olhar de um demônio querendo me matar. Mas eu também estava com raiva.

- Ninguém me chama de vadia, seu bigode de italiano. - me aproximei dela.

- Vadia ladra de namorados... – antes de ela terminar de falar dei um soco em seu rosto, jogando-a no chão.

Na hora me senti bem, mas ela começou a se levantar e só agora reparei o quanto ela era maior que eu e tinha mais corpo que eu, parecendo mesmo um homem. Ela ficou de pé com mais raiva ainda e só pude ouvir a voz baixinha de José atrás de mim.

- Sarinha, corre!

**~~

Talvez eu devesse tomar outro banho quando entrasse naquele quarto horrível, porque o suor não parava de escorrer. Eu não olhava nem pra trás, não queria ver aquele monstro correndo atrás de mim. Mesmo que José tenha tentando impedir dela vim atrás de mim, até um pouco antes eu pude ouvir o grito dela.

Eu estava ofegante, cansada e minhas pernas estavam doendo. Tentei usar a mente naquele momento e dei a volta por aquele lugar parando agora no corredor que permanecia em um silencio assustador. Ao encontrar minha porta, a porta no qual poderia me refugiar fiquei feliz e a abri rapidamente entrando no quarto e trancando a porta.

A luz permanecia acesa, mas Grissom estava deitado na cama.

Parei encostada na porta e tentando respirar. Vi Grissom me olhando com reprovação. Olhei também pra ele e depois pro nada.

- Pode saindo da cama! – falei ofegante.

- Já chega querendo mandar! Nossa! – ele se cobriu mais – Essa cama dá muito bem pra nós dois.

- Não vou dormir com você! – franzi a testa, desencostando da porta.

- Então durma no banheiro. – ele sorriu.

- É claro que não. Nem pensar. Você que durma no banheiro. – parei de frente a cama revoltada e cansada.

- Ok. – Grissom ficou sentado na cama, respirou fundo e me olhou – Vamos tirar cara ou coroa!

Pensei um pouco, passando a mão no suor de minha testa, tentando secar.

- É bem justo. – fiz que sim com a cabeça.

Grissom se virou pegando uma moeda de seu bolso.

- Se cair cara, você dorme no banheiro e se cair coroa eu durmo na cama! – ele me olhou.

- Jogue logo essa moeda.

Grissom tacou a moeda pra cima e a pagou colocando-a em seu pulso e retirando a mão. Eu olhei bem pra sua mão, pra ter certeza de que ele não roubou e havia caído coroa.

- Bem, eu ganhei. – Grissom voltou a se deitar na cama.

- Nada disso, quero melhor de três.

- Aceita Sara, apenas aceite.

- Mas como vou dormir no banheiro? – eu o fuzilei com o olhar.

- Tem cobertas ali e a banheira você pode fazer de cama.

- Eu te odeio. – peguei as cobertas que estavam atrás de mim e fui pro banheiro. Onde eu poderia tomar outro banho.