Estávamos no subterrâneo, treinando. Parecia fácil demais para Urahara, e nós não avançávamos ao menos um centímetro. Era o tempo todo ele defendendo e eu atacando inutilmente. Eu não queria usar a shikai; não depois da ultima vez. O que mais me irritava é que ele não atacava. Duas semanas se passaram desse jeito. Eu não tinha sequer aprendido o shunpo.

-Chega. -eu disse, abaixando minha zanpakutou.

-Já cansou, Risu-san?-Urahara perguntou.

-Não. –falei - Eu não quero lutar desse jeito. Eu não avancei nada nessas duas semanas. Tudo o que você fez foi falar sobre essa shikai, a Soul Society e as coisas que aconteceram com vocês e depois vem lutar comigo desse jeito. Por que você não ataca?

Urahara pareceu rir, e guardou seu leque no bolso.

-Por que você não ataca? - ele falou – Você nem ao menos está tentando. Eu não posso atacar alguém que luta desse jeito.

O que ele estava dizendo? Então a culpa era minha? Mas eu liberasse a Kurohana e o atingisse...

-Você está com medo de atacar? Acha mesmo que pode me ferir? Quanta presunção a sua. –continuou – Se você não tem coragem para atacar, nunca será forte o bastante para vencer. Isso é meio óbvio, não?

Aquilo era verdade. Eu temia o poder da Kurohana. Eu não o conhecia.

-A questão é: você está preparada para ganhar mais poder?- Urahara continuou. –É bom que você saiba, mas eu não irei avançar com você enquanto ainda tiver medo.

Então ele não atacava porque eu tinha medo? Eu teria que liberar a Kurohana, se quisesse provar o contrário; se quisesse que ele lutasse comigo. E se quisesse ficar mais forte. Eu não devia ter medo de matar, nem de morrer. Assim deveria ser. Então eu tomei a única decisão cabível, para o meu próprio bem.

- Senshi, Kurohana.

Os espinhos se espalharam a minha volta, e por uma fração de segundo, eu hesitei. Mas ataquei. Queria prometer a mim mesma que jamais hesitaria novamente. Naturalmente, Urahara escapou daquela rajada de espinhos. Os mandei segui-lo, mas ele sumiu da minha vista. Senti uma dor latejante nas minhas costas. Tinha sido cortada.

-Não é meu feito bater em mulheres, mas definitivamente não pegarei leve agora. Você vai perder.

Ele ia me cortar de novo, mas eu saí logo dali. Estava lenta demais; não era párea para seu shunpo. Fiz a Kurohana segui-lo, mas com aquele shunpo, eu estava perdendo feio. Comecei a me concentrar em desviar; se conseguisse fazer isso, poderia atacar.

Urahara não estava mesmo pegando leve. Mesmo eu sendo mulher, estava sendo derrotada friamente. Mas eu ainda me sentia grata por isto. Não precisava de ninguém sendo legal comigo, principalmente por ser mulher.

Mesmo ferida, meus movimentos estavam ficando mais rápidos, só que não era o bastante. Sentia que desse jeito ia acabar mal. Estava ofegante, e meu corpo doía.

-Chikasumi no Tate!Kirisake, Benihime!

Flechas. Eu não sei como, mas consegui desviar. Lancei meus espinhos numa rajada forte, mas ouvi ele dizer:

-Tsupanne, Benihime!

Ele descreveu um circulo no ar com a zanpakutou, e quando meus espinhos tocaram aquilo, se tornaram pó. Imediatamente, recuei os que ainda não tinham tocado. Sobrou menos da metade; a maioria da zanpakutou tinha sido reduzida a pó. Nessa situação, a melhor opção seria reagrupá-la. Correria um grande risco com isso, por isso eu me afastei o máximo possível.

-Nake, Benihime!

Eu fui atingida em cheio. Que fracasso... Eu não podia mais me mover. A dor não deixava que eu ao menos respirasse. E minha visão estava embaçada. Eu era uma inútil. Não tinha ao menos conseguido usar o shunpo. Por que tinha que ser assim? Eu realmente me tornei shinigami apenas para sobreviver? Mas eu não queria uma existência patética como essa. Se era assim, eu preferia desistir. Isso mesmo, desistir.

–Eu não vou deixar isto acontecer,idiota!