Música do capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=TGXW2n33QfI (ouçam quantas vezes forem necessárias)

Quinn P.O.V

Nunca uma sexta demorou tanto para chegar. Mas também quando chegou, voou e logo a noite já abraçava NY.

O jantar seria às 19h e a casa de Shelby era em frente ao Central Park, enquanto eu e Puck morávamos em East Village. De carro, com um bom transito, demoraríamos quase 30 minutos.

Rachel, para variar se atrasou, isso porque ela morava a duas quadras daqui. Quando chegou, parecia a ponto de ter um ataque.

Tocamos a campainha do apartamento de Shelby às 19h08, com Rachel pálida, Puck ansioso e eu praticamente quicando no lugar.

Ouvimos conversa lá dentro, gritos na verdade. Shelby mandava Beth recolher algo da sala, mas a teimosinha não queria. Vi Puck sorrir de canto e revirei os olhos.

_ Oi. – cumprimentou Shelby, abrindo a porta. Seus cabelos estavam mais curtos do que eu lembrava, na altura dos ombros e seu rosto parecia um pouco mais velho e cansado, mas ela sorria – Entrem, vamos.

Rachel foi primeiro e eu e Puck logo atrás. Pelo corredor dos quartos, podia ver uma cabeçinha nos espiando pelo vão de uma porta. Enquanto Shelby e Rachel se cumprimentavam, eu e Puck começamos a ir lentamente naquela direção.

A cabeçinha lentamente saiu do quarto, parecendo tímida. Os olhos dela, castanhos como os meus me encaravam curiosamente. Os cabelos outrora dourados agora estavam num tom quase cobre e, assim como o pai fazia quando nervoso, ela mordia o lábio inferior.

_ Oi Beth. – meu noivo cumprimentou, se abaixando em um joelho – Você se lembra de mim? – ela negou – Bom, era de se esperar... Você tinha o que? Nem dois anos na época, nem falava direito. Você sabe quem eu sou? – ela confirmou – Eu posso te abraçar?

Ela parecia em duvida e olhou Shelby, que a incentivou. Ela se aproximou lentamente, colocando seus braçinhos em volta do pescoço de Noah, que a abraçou. Ela logo deitou a cabeça em seu ombro e ele sorriu, apertando os olhos para não chorar e beijando-a no topo da cabeça.

_ E eu? Você sabe quem eu sou? – perguntei me abaixando ao lado deles. Ela pareceu um pouco mais relutante, mas assentiu – Você mudou bastante sabia? Quando eu te vi a ultima vez, você tinha apenar alguns cachinhos, bem loirinhos.

_ Que nem o seu cabelo? – ela perguntou e eu confirmei, maravilhada com a voz de anjinho dela.

_ Exatamente igual o meu... – eu respondi, sorrindo – Eu posso te dar um abraço também?

Ela confirmou, levantando do joelho de Puck, onde ela estava apoiada. Como eu fiquei mais baixa que ela, ela se apoiou nos joelhos também, me abraçando. Eu a abracei apertado, mas ainda sim tentando não assustá-la. Logo depois, ela deitou sua cabeça em meu ombro e eu senti algumas lágrimas teimosas escorrerem.

_ Olha, nós trouxemos um presente para você. – eu contei, afastando-a de mim. Seus olhos brilharam, admirando o embrulho que eu tirava da sacola – Não tem problema né Shelby? – perguntei e ela negou.

_ Fiquem a vontade... Rachel, você me ajuda na cozinha? – ela pediu a minha amiga que assentiu – Querida, a mamãe vai lá na cozinha terminar o jantar. Você fica brincando com eles?

Minha filha confirmou, distraída com o embrulho e as duas saíram, deixando-nos ali no chão da sala com nossa pequena.

_ Uau, uma casa da Barbie! – maravilhou-se ela.

_ Nós ficamos com medo que você não gostasse... – brincou Puck – As crianças hoje em dia só gostam de vídeo game e coisa assim.

_ Eu prefiro brinquedos. – garantiu a pequena, abrindo a embalagem – Mamãe diz que uma futura atriz tem que brincar para exercitar a imaginação.

_ Ah, então você quer ser atriz? – perguntei e ela deu de ombros.

_ Talvez... Você é o que Quinn? - perguntou.

_ Estou fazendo faculdade de jornalismo e trabalho como modelo. – ela me perguntou se eu queria ser jornalista e eu neguei – Quero ser escritora... Mas digamos que jornalismo é um caminho.

_ E você Puck? – perguntou ela, curiosa.

_ Eu sou cantor... Você já ouviu uma música chamada Fix? Anda tocando muito na rádio.

_ É você que canta Fix? – se maravilhou ela e ele riu – Mary sempre ouve na rádio, eu adoro. – ela voltou sua atenção para a casinha e bufou – Eu não vou conseguir montar tudo isso.

_ Você quer ajuda? – ofereci e ela me olhou, em duvida.

_ Você não é muito velha para brincar de Barbie? – eu e Puck rimos e ela nos encarou curiosa.

_ Sozinha sim... Mas se for com você, não tem problemas... Você tem alguma Barbie? – perguntei, assustada. Tínhamos esquecido isso.

_ Tenho sim. – comemorou ela – Vamos lá, ai a gente monta a casinha lá mesmo.

Ela levantou-se num pulo, pegando a casinha e puxando nossas mãos. Levantamos e a seguimos pelo corredor. Sua porta era branca, cheia de borboletas, com um B entalhado.

Para um quarto de apartamento era surpreendentemente grande. Ela correu até uma gaveta, de onde tirou uma malinha rosa e abriu, revelando as Barbie’s perfeitamente organizadas.

Sentei-me ao seu lado, ajudando-a a montar cuidadosamente a casinha. Enquanto o fazíamos, senti ela relaxar e ficar cada vez mais sorridente, como fossemos realmente mãe e filha.

_ Olha... Dá para fingir que é sua casa. – observou Puck – Tem um B, que nem sua porta.

_ Mas a minha Barbie não chama Beth... – chateou-se ela.

_ Se você quiser, podemos comprar uma e chamá-la de Beth. – propus e ela me olhou maravilhada.

_ Pode ser a Barbie Veterinária? – eu confirmei rindo e ela me abraçou, espontaneamente.

_ Nossa... Que casa linda! – comentou Shelby, entrando no quarto com Rachel.

_ Mamãe, a Quinn e o Puck falaram que vão me dar a Barbie Veterinária. Assim, eu posso chamar ela de Beth e o B da casinha vai ser do nome dela! – disse a pequena, num fôlego só, fazendo todos rirem.

_ Que legal! – disse a mulher sorrindo – Agora, que tal lavarmos as mãos para comermos? Depois vocês três podem brincar mais. Você até pode pegar aquele jogo novo...

_ Jogo da Vida? – comemorou ela, levantando-se – Vem Quinn, vem Puck. Vamos jantar!

Nós dois rimos nos levantando e ela nos puxou pela mão até o banheiro, mandando-nos lavar bem as mãos com sabonete e vistoriando se o tínhamos feito.

Depois, quis sentar-se ao nosso lado na mesa, deixando Shelby e Rachel lado a lado. Eu a olhei e olhei Noah, sorrindo. Ele a olhava encantado e sabia que ele também faria de tudo para ela saber o quanto a amávamos.